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A construção da primeira fábrica de semicondutores do Brasil não deve sofrer atraso significativo com a saída de Eike Batista da Six Semicondutores, disse nesta segunda-feira (13), o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.

A venda da participação de Eike na Six, uma joint venture iniciada em 2012 com a Internacional Business Machines (IBM) e o BNDES, segue-se aos problemas do seu grupo industrial devido a dificuldades financeiras. A Six está negociando com a argentina Corporación América a compra de pelo menos parte da participação de 33% de Eike Batista na empresa.

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"Se houver um atraso, será de dois ou três meses, mas poderemos recuperar o tempo perdido", afirmou Coutinho. A fábrica deve iniciar a produção em 2015 e fabricará chips destinados a usos específicos, comuns em setores como a indústria farmacêutica. Segundo Coutinho, eles são diferentes dos chips produzidos por outras companhias, como a Intel, para tablets e outros aparelhos.

Esses chips requerem menos investimento inicial do que chips para usos gerais. Coutinho afirmou que o investimento inicial será de cerca de R$ 1 bilhão e que dois terços dos chips serão vendidos na América Latina, enquanto o restante será expandido para mercados como Europa e Ásia.

"Sempre foi nosso sonho ter uma fábrica de semicondutores no Brasil. Por mais de três décadas, sonhamos com isso", disse Coutinho. Ele afirmou que isso não foi possível por muitos anos devido à instabilidade econômica e à falta de investidores interessados no setor.

Ele também saudou o interesse de investidores argentinos no projeto. "Foi bom negociar com essa companhia, porque traz alguém do Mercosul para investir nisto", disse ele. A chegada de um novo parceiro também permite que o BNDES comece a pensar em uma estratégia de saída. Segundo Coutinho, o banco não tem planos de aumentar seu investimento na companhia e pode começar a reduzir sua participação no futuro.

"Qualquer mudança futura será uma redução - e não um aumento - na participação do BNDES", disse ele, acrescentando que o banco também espera abrir a companhia para investidores adicionais no futuro, o que inclui a possibilidade de uma oferta pública inicial de ações. Fonte: Dow Jones Newswires.

Uma portaria publicada no início do mês pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) facilitará a importação de máquinas, equipamentos e bens de consumo usados para projetos beneficiários do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis). A maior beneficiada é a SIX Semicondutores, fábrica de chips em construção em Ribeirão das Neves (MG).

Considerado estratégico pelo governo, o projeto enfrenta um revés com a crise da EBX, principal acionista da SIX ao lado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A alteração permite que a unidade, projetada para fabricar semicondutores de uso específico, traga de fora bens de capital usados.

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A medida revoga artigos de uma portaria de 1991, que impõe condições para a importação de equipamentos usados, como a inexistência de similar nacional e a realização de consulta pública à indústria local para atestar que há produção no País. Também elimina o veto à compra no exterior de bens de consumo usados.

De acordo com o diretor de Indústrias de Base Tecnológica do MDIC, Alexandre Cabral, a portaria é mais um ajuste do programa para facilitar o despacho aduaneiro nessa cadeia, cujo conteúdo local é muito baixo. A estimativa de Cabral, com base em dados de mercado, é que o custo de máquinas usadas seja ao menos 40% inferior ao do equipamento novo.

O Padis zera as alíquotas de PIS/PASEP e Cofins, incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda doméstica de circuitos integrados. O mesmo vale para imposto de importação e IPI incidentes na importação de máquinas, aparelhos, instrumentos, equipamentos e software.

Remendo

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) critica a portaria, classificada de “remendo” pelo diretor executivo de tecnologia, João Alfredo Delgado. Embora admita que a produção local de maquinário para a indústria de microeletrônica é quase nula, ele acredita ser desnecessário criar um regime especial. “Já existe uma legislação (para importar usados). Não há por que não segui-la”, afirma.

Para Delgado, da Abimaq, há uma “questão filosófica” envolvida: “Qual a probabilidade de estarmos na vanguarda trazendo máquinas que foram desativadas e substituídas em outro país? Vamos ter uma fábrica, mas não uma indústria de semicondutores”, questiona.

A crítica é rebatida pelo professor doutor do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Wagner Rodrigues. “O ambiente da microeletrônica é muito competitivo e há uma rotatividade gigantesca. É praxe comprar máquinas de fábricas fechadas. É vital para semicondutores, onde os custos são caríssimos”, afirma.

Pesquisador da área, Rodrigues comemora a desburocratização da compra de usados, uma restrição que reduz a competitividade brasileira, em sua opinião. “Um dos motivos pelo qual a Ceitec ainda está patinando foi a exigência de comprar material zero”, diz, em referência à estatal criada há 13 anos no Rio Grande do Sul, para atuar no mercado global de circuitos integrados. Produzindo chips para rastreabilidade bovina e de passaportes, a Ceitec já consumiu cerca de R$ 600 milhões, mas até hoje não saiu do vermelho.

Hoje, há grupos internacionais especializados em reformar (ou “retrofitar”) equipamentos do setor.

Procurados, o BNDES e a SIX não comentaram o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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