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Com apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), os deputados querem suspender os aumentos das tarifas de energia de distribuidoras estaduais aprovados este ano pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O setor imediatamente reagiu. O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Aurélio Madureira, afirmou que a medida é quebra de contratos e pode causar "danos importantes para o setor elétrico". Ele não descartou uma eventual judicialização caso o decreto avance no Congresso.

A votação, com ampla maioria (411 votos a favor), de requerimento de urgência para votação de decreto legislativo assustou as empresas do setor porque, se aprovado, o projeto pode ter efeito geral e suspender reajustes em outros Estados, passando por cima da decisão do órgão regulador.

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Em ano de eleições, o reajuste das tarifas de energia tira votos dos candidatos e se soma à alta dos preços dos combustíveis que segue incomodando os parlamentares. Uma bateria de requerimentos foi aprovada convocando a Aneel a dar explicações em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara. A articulação visa a pressionar as empresas e a Aneel, criticada por não dar transparência à decisão.

A fatura do reajuste pode acabar sendo repassada para 2023, após as eleições deste ano. Com a urgência do projeto, os parlamentares pressionam para abrir espaço às negociações que possam reduzir o tamanho do reajuste em 2022 ou mesmo alongá-lo, transferido parte dele para o ano que vem. Bolsonaro já prometeu uma queda de 20% nas tarifas de energia.

A proposta susta os efeitos de resolução da Aneel, de 19 de abril, que autorizou reajuste de 23,99% nas tarifas de energia de consumidores residenciais no Ceará. O impacto médio para todos os tipos de consumidores é de 24,85% no Estado. A resolução também abarca reajuste na Bahia (Coelba), em média de 21,13%, e no Rio Grande do Norte (Cosern), de 20,26%.

Com aprovação da urgência na noite de terça-feira, o projeto poderá ser votado logo pelo plenário. Lira já antecipou que a medida pode "anular atos em geral". Ele discutiu o projeto com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, ontem. A estratégia é alterar o texto no plenário para que a medida barre todos os reajustes autorizados pela Aneel nos Estados. O projeto é de autoria do deputado Domingos Neto (PSD-CE).

"Estamos sendo massacrados pelos reajustes dos combustíveis e agora fomos premiados com esse reajuste de energia que foi de uma forma abrupta e aviltante", disse Danilo Fortes (PSD-CE), presidente da Frente Parlamentar de Energias Renováveis. Ele apresentou dois requerimentos para ouvir a Aneel.

"O que justifica um reajuste anual de 24,85% na média para um Estado pobre como o Ceará, que tem excedente de energia limpa e barata?", questionou. Para ele, falta transparência nas decisões da Aneel. Fortes citou o caso no Ceará da inclusão na tarifa de uma conta de uma usina de energia térmica que já teria sido amortizada e que a Petrobras nem forneceu gás no ano passado. "Os contratos podem ser revistos. Está previsto no direito do consumidor rever o contrato, quando ele é leonino e tem usura", acrescentou, destacando que os Estados também são sócios das tarifas altas porque aumentam a arrecadação do ICMS.

REAÇÕES

Marcos Madureira, da Abradee, classificou a medida como um "movimento inesperado". Segundo ele, os reajustes deste ano correspondem, principalmente, ao que ficou represado pelas distribuidoras em 2020 e 2021, por conta da pandemia. Ele também disse que há um dano relevante, além do financeiro, caso o projeto avance: a credibilidade dos contratos e todo o papel das agências reguladoras brasileiras.

A Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace) também reagiu à pressão da Câmara. Em nota, considerou que o projeto em tramitação é uma "afronta ao processo regulatório do setor elétrico". A associação considera que os consumidores são os principais interessados em reduzir os custos de energia. "Mas isso não pode ser feito por meio de uma canetada, muito menos com a intromissão do Congresso no trabalho de uma agência reguladora, como é a Aneel", criticou.

A Anace acusou parlamentares que, segundo eles, reclamam da alta da conta de luz e, ao mesmo tempo, "inserem jabutis" em projetos de lei do setor.

Para Paulo Pedrosa, presidente da Associação dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace) e ex-secretário executivo do Ministério de Minas e Energia no governo Temer, a medida, caso aprovada, seria mais um "jabuti" incluído no setor elétrico pelo Congresso. "Intervir nas regras do setor é como quebrar um termômetro que está apontando a febre. Não resolve o problema", criticou.

Procurada, a Aneel informou que está disponível para prestar todos os esclarecimentos necessários sobre o processo de cálculo do reajuste tarifário citado. O Ministério de Minas e Energia não se manifestou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira, 27, que os aumentos nas tarifas de energia são passageiros e consequência da estiagem no Nordeste e Sudeste do País. "Quando a água falta no Brasil, e todo mundo tem de saber disso que é algo esclarecer e transparente dizer, aumenta o preço de energia sim, porque você passa a pagar aquilo que não pagava quando usa a água e o vento", disse a presidente, durante inauguração do parque eólico Geribatu, em Santa Vitória do Palmar (RS).

Dilma ressaltou que, por ser um problema climático "os aumentos dos preços de energia são passageiros". "O fato de o país enfrentar a maior falta d'água nos últimos 100 anos não significa que vamos ter problema sério ou mais sério na área de energia elétrica, porque temos todo um sistema de segurança", afirmou.

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Segundo Dilma, o sistema energético no Brasil hoje ainda é "fundamentalmente movido pela água" e que o Brasil sempre precisará de energia para crescer, "elétrica em especial". "E quando tem água suficiente é muito bom", disse.

Ela destacou, no entanto, que o Brasil não pode depender de ter água suficiente. Por isso, tem investido em fontes alternativas. "Não se põe todos os ovos numa só cesta. O Brasil botou uma parte importante dos ovos na cesta das hidrelétricas, é bom porque é a mais barata, mas (o governo) botou seus ovos em outras cestas e é isso que garante a segurança energética do País", disse, destacando além dos investimento eólicos, os em biomassa e as termoelétricas.

A presidente disse ainda que é responsabilidade do governo garantir a oferta de energia "24 horas por dia e 365 dias do ano", mas cobrou da população o consumo racional. "Nossa parte é garantir a oferta, a parte do cidadão é não desperdiçar energia", afirmou. "Diversificação da matriz e desperdício zero é a garantia de segurança energética do país", reforçou.

Dilma lembrou sua carreira na área de energia no início dos anos 2000 e disse que "lutou muito" pela segurança energética do País e afirmou que é preciso produzir e fornecer energia para garantir "o crescimento do país e o conforto da população".

As viagens da presidente Dilma pelo Brasil são parte de uma estratégia traçada para a retomada de popularidade. No início desta semana, ela esteve em Feira de Santana (BA) para evento de entregas de residências do programa Minha Casa, Minha Vida. Dilma deve participar no próximo domingo das comemorações pelos 450 anos do Rio de Janeiro.

Helicóptero

 

A assessoria da Presidência da República optou por modificar o trajeto da presidente Dilma Rousseff no Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira, devido aos protestos dos caminhoneiros. Dilma, que cumpre agenda no sul do Estado, se dirige de helicóptero de Pelotas a Santa Vitória do Palmar para escapar dos bloqueios dos manifestantes.

A comitiva seguiria via terrestre e encontraria um grupo de motoristas que trancam parcialmente a BR-471, entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar. Produtores de leite também estão no local, onde derramam leite que ficou impróprio para o consumo devido à falta de transporte.

Com a mudança de planos, Dilma deve encontrar resistência apenas na inauguração do Parque Eólico Geribatu, em Santa Vitória do Palmar, onde cerca de 300 manifestantes a aguardam.

Nesta tarde, são registrados em todo o Estado 70 pontos de bloqueio em rodovias federais e estaduais. Pela manhã, Força Nacional e a tropa de choque da PRF (Polícia Rodoviária Federal) desbloquearam a BR-101, na altura da cidade de Três Cachoeiras, no litoral norte gaúcho.

O desbloqueio foi feito após tentativas de negociação entre PRF e os motoristas que ocupavam a estrada nos dois sentidos. Cerca de dois mil caminhões estavam parados na via. A tropa de choque da PRF precisou utilizar bombas de efeito moral para afastar os manifestantes. Alguns caminhões foram danificados por manifestantes com o intuito de serem impedidos de deixar o local. Neste momento a via está liberada.

Os cálculos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre as receitas e despesas da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) apresentaram um déficit de R$ 5,6 bilhões para 2014, que deverá ser repassado para as tarifas de energia, com impacto para os consumidores de aproximadamente 4,6%, a partir dos próximos reajustes tarifários. Os números foram apresentados nesta terça-feira (11) durante reunião da diretoria da Aneel.

Segundo cálculos da agência, as despesas do fundo setorial devem ficar em R$ 17,994 bilhões este ano. A CDE serve para cobrir gastos do setor, como com o Programa Luz para Todos, subsídios para o uso de termelétricas no Norte do país e também o custo da redução em 20% da tarifa de energia determinado no ano passado pelo governo federal.

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Os valores ainda serão debatidos em audiência pública promovida pela Aneel, que pode receber sugestões até o dia 16 de março. Do total das despesas da CDE, o montante de R$ 1,55 bilhão é referente às despesas de 2013 e R$ 3,8 bilhões são para subsidiar descontos tarifários. Entre as receitas do fundo está um aporte de R$ 9 bilhões do Tesouro Nacional, além do pagamento de concessões, de multas e do financiamento da Reserva Geral de Reversão (RGR).

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