Tópicos | Tatiana Weston-Webb

A brasileira Tatiana Weston-Webb ficou com o vice-campeonato mundial de surfe. Nesta terça-feira (14) ela perdeu para a havaiana Carissa Moore na final do Rip Curl WSL Finals e ficou na segunda posição na praia de Trestles, na Califórnia (Estados Unidos). No masculino, Gabriel Medina foi tricampeão, Filipe Toledo ficou em segundo e Italo Ferreira em terceiro.

O resultado de Tati iguala os feitos de outras brasileiras, como os vice-campeonatos mundiais de Silvana Lima (2008 e 2009) e Jacqueline Silva (2002). A derrota foi considerado normal porque Carissa era a favorita na prova. Ela é pentacampeão mundial e atual campeã olímpica, pois ganhou o ouro nos Jogos de Tóquio há pouco mais de um mês.

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Tati teve uma temporada muito boa que culminou em chegar para a disputa do WSL Finals, em Trestles (EUA), na segunda posição do ranking mundial, atrás apenas de Carissa. Nas sete etapas que disputou, a brasileira teve dois terceiros lugares, um vice (em Narrabeen, nas Austrália) e um primeiro lugar, em Margaret River (Austrália), além de outros resultados.

Chegou então para a disputa do evento decisivo com a intenção de desbancar o favoritismo de Carissa. Mas antes passou pela australiana Sally Fitzgibbons ao ganhar de 13,17 a 11,73, garantidno vaga na final, que seria realizada em melhor de três baterias, ou seja, quem vencesse duas seria a campeã mundial.

Na primeira bateria, Tati começou atrás, mas se recuperou, acertou boas manobras e venceu por 15,20 a 14,06. Depois perdeu por 17,26 a 15,60 e, após o título de Gabriel Medina no masculino, voltou ao mar e acabou perdendo novamente para a surfista do Havaí por 16,60 a 14,20.

Tati nasceu em Porto Alegre e logo se mudou para o Havaí. Cresceu na ilha da Kauai e foi lá que aprendeu a surfar. Ela é filha de Tanira Guimarães, que costumava pegar ondas de bodyboard. O pai, o inglês Douglas Weston-Webb, também surfava e logo a menina pegou gosto pela modalidade.

Aos 25 anos, ela tem dupla nacionalidade, mas fez sua escolha para representar o Brasil e foi assim que começou a construir uma carreira sólida no Circuito Mundial de Surfe. Ainda representou o País nos Jogos Olímpicos de Tóquio, mas não chegou à disputa de medalhas, parando nas oitavas de final.

Em um novo formato para definir o campeão mundial de surfe, a decisão da temporada será realizada em um dia único na praia de Trestles, na Califórnia (Estados Unidos), no melhor dia de ondas durante a janela de disputa que começa em 9 de setembro e vai até o dia 17. Tatiana Weston-Webb é a única brasileira entre as cinco com chances de levantar o troféu. No masculino, entre os surfistas nacionais, estão Gabriel Medina, Italo Ferreira e Filipe Toledo.

O formato de disputa também é diferente dos outros anos. A quinta colocada do ranking mundial (a francesa Johanne Defay) enfrenta a quarta (a australiana Stephanie Gilmore). Quem ganhar a bateria encara a australiana Sally Fitzgibbons. Quem passar daí encara Tati, que é segunda colocada no ranking. E a vencedora desta disputa vai pegar a havaiana Carissa Moore em uma melhor de três. No masculino o formato é o mesmo.

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Focada na disputa do título mundial, Tati já está na Califórnia se preparando para a decisão do Circuito Mundial de Surfe. Ela vem analisando as condições do mar e aperfeiçoando seus equipamentos para tentar buscar um título inédito para o Brasil, que nunca foi campeão mundial na elite no feminino. Aos 25 anos, ela vive ótima fase e espera ver uma festa verde e amarela nas areias de Trestles.

Qual sua expectativa para as Finais?

Agora por enquanto não tenho muita expectativa na minha cabeça. Estou focada em surfar bem e ter o equipamento 100% nos meus pés. Quero deixar para pensar em algo mais específico no dia e vou entrar para surfar bem.

Como está sendo sua preparação?

Depois da etapa no México eu fui para Salina Cruz e fiquei só surfando e me divertindo. Vou receber mais três pranchas novas na sexta e estou treinando bem.

Como é seu desempenho nas ondas de Trestles?

Já tenho treinado lá e estou sempre vendo as imagens, pegando equipamentos para o dia, dormindo e me alimentando bem. Competi lá vários anos, ganhei muitas etapas, mas era mais nova. Tenho ótimas memórias e estou bem acostumada a surfar essa onda.

Desde a última etapa na Austrália, seu desempenho em comparação com suas adversárias caiu um pouco. Isso é motivo de preocupação ou foi um relaxamento natural por já estar praticamente garantida na decisão?

Acho que isso não vai fazer diferença. Às vezes é apenas um momento. O que vale é que estou em segundo lugar, uma ótima posição para as Finais. Então quero aproveitar e vou fazer tudo que posso para vencer.

O formato de disputa das Finais te agrada?

É um formato novo, todas têm as mesmas chances, e quem está em cima no ranking tem vantagem, mas acredito que são chances iguais para todo mundo.

Você precisa ganhar apenas três baterias para ser campeã do mundo. Como se preparar para isso?

É algo que precisa visualizar bastante e se ver ganhando essas três baterias. Estou começando minhas visualizações e estou me preparando bastante no lado psicológico. Não tenho expectativa sobre quem eu vou enfrentar, mas vou estudar as surfistas para ver os pontos fracos e fortes delas.

Como foi a sua experiência olímpica no Japão?

Foi incrível. Pude participar de um evento histórico e um dia vou contar isso para meus filhos. Foi muito especial, vi o Italo ganhando o ouro, o time foi bem o tempo todo, nunca vou esquecer.

O que mudou na sua vida por ter participado dos Jogos de Tóquio?

A Olimpíada mudou bastante. A gente tem uma visão maior e as pessoas estão tendo mais respeito por nosso esporte. É importante perceberem que fazemos algo bem sério. As pessoas acham que é só estilo de vida, mas a gente trabalha bem forte para competir.

Do ponto de vista financeiro, a situação está melhor também?

Eu ganhei alguns patrocínios por causa da Olimpíada, mas às vezes eles não continuam para outros anos.

Você é a única brasileira no feminino, mas no masculino temos três representantes. Acha que pode ter uma festa verde e amarela na Califórnia?

Eu acho que pode ter com certeza. Especialmente porque Italo é segundo, Gabriel está em primeiro, então a chance de o Brasil ganhar é mais do que 50%.

Após meses de treinos físicos e de surfe, Tatiana Weston-Webb voltará a competir neste domingo. Ela e mais 15 surfistas vão disputar uma exibição na piscina de ondas de Kelly Slater, nos Estados Unidos, em evento chancelado pelo Circuito Mundial, mas de caráter beneficente. Será uma boa oportunidade para a brasileira retomar o ambiente competitivo depois de meses de suspensões e cancelamentos no calendário do surfe.

Classificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio, Tatiana lamentou o adiamento do megaevento esportivo para 2021, em razão da pandemia do novo coronavírus. E viu também o Circuito Mundial ser cancelado, o que atrapalhou ainda mais a sua programação para Tóquio.

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A surfista, contudo, já começou a refazer o seu planejamento e projeta chegar mais bem preparada na Olimpíada. "Terei ainda mais tempo para treinar, ficar mais preparada e espero chegar ano que vem melhor ainda do que estaria agora", disse a surfista, em entrevista ao Estadão. Confira outros trechos abaixo:

Já dá para encarar esta exibição como preparação para Olimpíada?

Acho que ainda não. Até porque serão ambientes totalmente diferentes. Porém, será ótimo competir novamente, colocar a Lycra do Brasil. Você não tem ideia de como sinto falta disso.

Você conseguiu surfar durante a pandemia?

Sim. Quando a pandemia começou a ficar mais forte, eu tinha acabado de chegar na Nova Zelândia para um campeonato. Cheguei num dia e fui embora no dia seguinte. Voltei para o Havaí, que graças a Deus foi super controlado. Até mesmo porque, sendo uma ilha, acho que fica mais fácil o controle de quem entra e sai, né? Tivemos algumas dificuldades no começo, mas logo a praia foi reaberta para o surfe.

O que fez para manter o preparo físico nestes últimos meses?

Eu aproveitei que os campeonatos foram cancelados com a pandemia e resolvi fazer um reforço muscular pois sentia uma dor no joelho. Como no Havaí tudo também estava fechado, consegui com o COB (Comitê Olímpico do Brasil) de fazer uns treinos de fisioterapia online e que me ajudou muito. Fiz esse reforço quase todos os dias e hoje me sinto 100% preparada.

Você já refez a programação de preparação para a Olimpíada?

Terminei a temporada do ano passado com a cabeça preparada para fazer um início de ano puxado para chegar 100% agora, data da Olimpíada. É um pouco frustrante, mas ao mesmo tempo sempre tento ver como o copo meio cheio, em um momento ruim, onde tem muitas pessoas ficando doentes, morrendo por causa dessa terrível pandemia. Eu tentei me cuidar ao máximo e, graças a Deus, estou saudável. Terei ainda mais tempo para treinar, ficar mais preparada e espero chegar ano que vem melhor ainda do que estaria agora. Já estou treinando forte há alguns meses e agora que a WSL e a ISA lançaram seus calendários (de competições), já estou com a programação pronta e torcendo para que esse vírus acabe logo.

Quais as maiores diferenças entre surfar no mar e pegar onda em uma piscina?

Poxa, é totalmente diferente, né? A piscina do Kelly tem uma onda perfeita, onde já sabemos o que temos que fazer e tentar ir no nosso limite. Gosto muito de treinar na piscina, mas, quando falamos de competição, não tem nada igual ao mar, onde toda onda é diferente. Não tenho somente um adversário do meu lado, mas tem toda a relação com a natureza, tentar prever o imprevisível. Acaba sendo muito mais difícil, mas também muito mais prazeroso você tirar uma grande nota no mar do que na piscina.

A entrada do surfe na Olimpíada de Tóquio, em 2020, fez o Brasil ter uma nova representante no Circuito Mundial desde abril de 2018. Tatiana Weston-Webb, que antes representava o Havaí, passou a competir pelo país onde nasceu. Na Olimpíada, o Havaí não é considerado uma nação esportiva como no surfe. Então, entre poder representar os Estados Unidos ou o Brasil, Tatiana decidiu pela bandeira verde e amarela.

Filha de mãe brasileira e pai inglês, Tatiana nasceu em Porto Alegre, mas com apenas dois meses mudou-se com a família para o Havaí. "Eu amo o Brasil, é minha segunda casa", diz a surfista de 23 anos.

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Como o Brasil tem poucas surfistas de alto nível, a entrada de Tatiana foi boa para ambas as partes. Enquanto ela enfrenta uma concorrência menor do que seria se estivesse representando os Estados Unidos, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) vislumbra oportunidade de medalha no surfe feminino.

O principal método de classificação à Olimpíada é o ranking do Circuito Mundial, que, se terminasse hoje, garantiria Tatiana em Tóquio no ano que vem. Atualmente, ela é a oitava colocada, atrás de duas australianas e cinco americanas.

Como cada país poderá ter apenas duas representantes na Olimpíada, ela só ficará fora se for ultrapassada por quatro surfistas de outras nacionalidades. Algo tão improvável que Tatiana já pensa até em conquistar uma medalha em 2020. "Já imaginei isso. É um sonho chegar lá (pódio). Estou lutando muito", afirma.

Como passou a representar o Brasil, Tatiana começou a receber apoio do COB. Ela agora tem um técnico à disposição para acompanhá-la durante as etapas do Circuito Mundial e ajuda financeira para os gastos com viagens e hospedagens. O COB também oferece o centro de treinamentos no Rio de Janeiro, mas ela ainda não teve tempo de trabalhar lá. "Estão me ajudando bastante. Estamos lutando para criar um time brasileiro bem forte", comemora.

Além de evoluir no surfe, Tatiana tem outro objetivo até a Olimpíada: dominar a língua portuguesa. Ela ainda "enrosca" em algumas palavras, mas não perde o bom humor: "É mais difícil falar português do que surfar (risos). Estou tentando melhorar a cada dia".

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