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A Federação Paulista de Futebol (FPF) e os 16 clubes que disputam o torneio estadual criaram uma ação para ampliar a presença das mulheres nos estádios em São Paulo. É o movimento "#ElasNoEstádio". A primeira iniciativa é o atendimento especial às mulheres nas arenas para que possam relatar eventuais casos de assédio, ofensas e violência. Nos jogos na capital, haverá, preferencialmente, delegadas para atender o público feminino.

Outra iniciativa importante é o incentivo dado a coletivos e grupos femininos na ida às arenas. "Nossa intenção é aumentar o público feminino. Para isso, estamos criando condições favoráveis a elas nos estádios", afirma Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF.

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Para planejar as ações, a entidade encomendou duas pesquisas de opinião entre mulheres. A última delas, realizada pelo Ibope/Repucom em dezembro, indicou que familiares ou amigos próximos costumam desencorajar a ida delas aos estádios. Neste contexto, as entrevistadas relatavam falta de companhia ou incentivo de seu círculo social para ir aos jogos.

Para ilustrar o processo de exclusão das torcedoras nos estádios, a federação permitiu que apenas jornalistas mulheres e cinegrafistas acompanhassem in loco a entrevista da diretora de futebol feminino da FPF e embaixadora do movimento, Aline Pellegrino, e da coordenadora de Marketing do Botafogo de Ribeirão Preto e representante dos clubes, Laura Louzada.

Torcidas femininas, como Bancada Das Sereias (Santos), Movimento Alvinegras (Corinthians), São PraElas (São Paulo) e VerDonnas (Palmeiras) participaram do evento. Os homens assistiram à coletiva pela TV.

O livro 'Mulheres no Campo: o ethos da torcedora pernambucana', será lançado no dia 27 de maio no espaço SinsPire, localizado na Praça do Arsenal, no bairro do Recife. A escritora Soraya Barreto entrevistou 500 mulheres frequentadoras dos estádios para entender o que fez elas virarem torcedoras.

As entrevistas aconteceram de duas formas: pessoalmente e pela internet. Soraya entrevistou 300 torcedoras nos Aflitos, Arruda, Ilha do Retiro e Arena Pernambuco durante o Campeonato Pernambucano de 2018, as outras entrevistadas responderam de forma on-line.

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A escritora Soraya fez questionamentos como: 'o que motiva uma garota a ir aos jogos de futebol no nosso estado?', 'Quem são as pessoas que influenciam essas mulheres? Os pais, tios, avôs?', 'Quantas meninas têm a iniciativa própria de querer ir a um estádio? E com quem vão?' As perguntas foram respondidas de forma detalhada no livro e buscaram entender a relação da mulher com o futebol.

“Como sócia e torcedora, ainda não me sinto contemplada. Sinto que há pouca atenção, apatia da direção com a torcida feminina, com o futebol feminino. As meninas do Elas e o Sport e as Coralinas me falaram que já têm uma participação mais ativa nos clubes, que há uma melhora. Mas é só o início”, comentou.

“Os dados encontrados apontam para o descortinar de um novo cenário no que diz respeito à participação das mulheres enquanto consumidoras de futebol. As falas das torcedoras, bem como as análises, ajudaram a demonstrar o quão essa relação é enviesada por questões que dialogam com a resistência, quebra de padrões naturalizados e tensionamentos", completou Soraya.

No livro, Soraya explica que 33,5% das mulheres escolheram o time com base nos resultados conquistados nos campeonatos que participaram. 82% dessas mulheres tem idade entre 16 e 20 anos.

“Com conquistas femininas, as próprias meninas se empoderaram e começaram a participar desse processo de escolha com mais autonomia”, finalizou. Recifense, Soraya é doutora em Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, Portugal. Publicitária e professora do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Em tempos em que as mulheres têm cada vez mais conquistado espaços, o futebol ainda resiste em ser um esporte machista com pouco espaço para o público feminino. A luta, porém, vem sendo árdua, Recentemente nas sociais da Ilha, um ato machista foi relatado exclusivamente ao LeiaJá por uma rubro-negra. Bruna Maria é sócia do clube e frequenta a Ilha há 10 anos. Ela acompanhava a partida entre Sport x Salgueiro, no dia 13 de março, e reagiu com vaias a entrada de Juninho e acabou sendo vítima de machismo.

“Quando Juninho foi entrar eu critiquei, vaiei igual como faria com qualquer outro jogador que não me agradasse, as meninas que estavam comigo fizeram o mesmo e os meninos também. Um senhor de idade, que estava na fileira de baixo, começou a me chamar de 'falsa torcedora', dizendo que não era para eu pisar na Ilha do Retiro mais porque eu não apoiava o clube. Falei que quem pagava minha mensalidade de sócia era eu e que ele não tinha que palpitar sobre isso. Ele começou a vir mais para perto, botou dedo na minha cara, gritava muito”. Relata Bruna.

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“Um amigo me tirou de perto e me fez sentar, ele veio para cima de mim, nenhum segurança ou policial interviu, mesmo tendo alguns por perto. Depois disso o homem foi para longe e ficamos quietos, e ai os torcedores a nossa volta começaram com as palavras baixas, eu ouvi de mulheres coisas como: 'Juninho deveria passar a r*** na tua cara pra tu parar de falar besteira' e ouvimos de um homem atrás da gente depois do gol dele, ‘’Juninho, eu te dou minha mulher pra tu bater nela se quiser", completou.

O começo

Para combater isso, cinco mulheres torcedoras se reuniram no dia 16 de fevereiro de 2016 e fundaram a torcida feminina Elas e o SportA criação teve um proposito claro e gira em torno justamente de dar voz as esses casos que volta e meia acontecem e são abafados, como nos conta Vivianne Barros de 27 anos, uma das cinco fundadoras: “A ideia nasceu da necessidade de as mulheres terem um espaço para expressar suas ideias e acompanharem o Sport Club do Recife, pois na época não havia nenhum tipo de ação no clube voltada para torcida feminina”, lembra.

Vivianne junto de Charleny Flor, Danielle Bandeira, Rafaella Amorim e Renata Rangel, que já eram atuantes nas redes sociais do clube, resolveram então fundar a torcida.

“Criamos o 'Elas' pois era notável que a estrutura machista estava presente no futebol como em poucos lugares, e criar o diálogo entre as torcedoras seria fundamental para que este preconceito não nos impedisse mais de torcer. Precisávamos marcar nosso espaço e lutar pelos nossos direitos como torcedora, tanto na arquibancada quanto além dela”, ressalta Vivianne.

O que começou de forma tímida, três anos depois acabou conquistando seu espaço no clube através das suas ações. Uma delas ficou conhecido como “caixinha colaborativa”. Nela as meninas depositam absorventes que ficam a disposição para uso em caso de necessidade.

O Elas e o Sport foi criado em feveireiro de 2016 e hoje conta com bom número na Ilha do Retiro. Foto:cortesia

“A ideia da caixinha surgiu quando vimos em outros lugares a ideia sendo executada, daí pensamos que seria uma ótima ideia colocá-la também na Ilha do Retiro, pois assim daria conforto para as mulheres que frequentam a Ilha nos momentos de apuros”, disse Vivianne que ainda completou.

“É muito importante para nós zelar pelo conforto e bem-estar da torcedora em todos os aspectos, e ficamos felizes que essa ideia está sendo bem recebida. Hoje temos caixinha na sede e no setor das sociais do clube, pretendemos ampliar para todos os setores, mas para isso os banheiros precisam ter estrutura”, comentou Vivianne que deseja levar isso para todos os banheiros da Ilha do Retiro e contam com apoio do clube para que reformas sejam feitas.

Fora do seio futebolístico ainda existe o projeto 'Amor Além das Arquibancadas' que já fez campanha para ajudar uma creche e um asilo. "Na última ação, recolhemos livros para doação no Hospital do Câncer, onde conseguimos arrecadar recursos para a compra de dois colchões pneumáticos. Nós também trabalhamos em campanhas de prevenção e cuidado ao câncer de mama, que pelo segundo ano foi na Ilha do Retiro, além de duas campanhas para doação de sangue”, completa Viviane.

Sonho

Com apoio do clube para a realização das suas ações o Elas e o Sport tem conquistado seguidores e adeptos. “Hoje contamos com 6 meninas na organização e uma rede de 150 contatos em nosso grupo aberto no Whatsapp, além de um grande número de seguidoras nas nossas páginas no Facebook e Twitter”, No Instagram são cerca de 17 mil seguidores.

Com todo esse alcance conquistado, as meninas seguem sonhando alto na busca por espaço e quem sabe um dia acabar com o machismo nos estádio: “Nosso sonho e objetivo é que o futebol seja um lugar de acolhimento para todas as pessoas, sem nenhum tipo de distinção. Fazer do Sport Club do Recife e do futebol ferramentas de transformação para um mundo melhor. O desafio é grande, porém estamos aqui para tentar”, finalizou.

 

O Movimento Coralinas tem reunido mulheres para acompanhar os jogos do Santa Cruz no Arruda com a intenção de tornar o futebol cada vez mais um espaço para as torcedoras. Em meio à luta contra o machismo nas arquibancadas, surge uma proposta de cunho solidário: levar cinco meninas de comunidades do Recife para assistir ao jogo entre Santa Cruz x América-MG, no dia 7 de outubro, em homenagem ao Dia das Crianças. O ojbetivo é realizar toda uma ação e por isso foi criado um financiamento coletivo online, que já começa a dar resultados.

"Levar cinco meninas de comunidades para viver essa paixão em um dia de lazer e de conscientização: meninas também amam o futebol e o clube precisa de seus torcedores, independente da classe e do gênero. A realidade dos torcedores corais muitas vezes não permite que famílias inteiras vivenciem essa paixão de forma mais aproximada do clube. Quando se trata de meninas, então, as dificuldades são ainda maiores", diz o texto no site da arrecadação.

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A meta é somar R$ 500 que serão utilizados para formar os kits contendo uma camisa oficial do Clube, que deve ser autografada pelos jogadores, um par de ingressos para os responsáveis pelas crianças, um livro infantil e educativo sobre o empoderamento feminino, além de um lanche para as crianças. O Movimento deixa claro que todo o dinheiro arrecadado será destinado à ação e a prestação de contas será apresentada por meio das contas do movimento nas redes sociais. 

Com previsão para ser encerrada no dia 29 deste mês, a campanha já arrecadou R$ 125, o que corresponde à 25% do total. Para ver os detalhes e contribuir, é preciso acessar o site da campanha.

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Na festa armada para receber a seleção brasileira, em frente ao hotel onde ficará hospedada ate o jogo com o Uruguai, na Zona Sul do recife, o nome de Neymar foi o mais aclamado pela torcida. Maior símbolo do futebol nacional na atualidade, ele provocou gritos histéricos ao sair do ônibus que levou a delegação do Aeroporto Internacional dos Guararapes até o local. Mas, para um determinado grupo de torcedoras, a grande estrela do time é o zagueiro David Luiz. Conhecido pela simpatia na relação com os fãs, o defensor é o principal dono dos elogios e vibrações positivas dessa ala feminina que marcou presença na Avenida Boa Viagem.

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A jovem Jeinice Santos, de 20 anos, estudante de Direito, falou em nome do grupo das admiradoras de David Luiz, e listou as principais qualidades que enxergam no defensor, fora o fator técnico dele entre as quatro linhas. “Além de ser bonito e bom jogador, tenho um apreço muito grande pela sua vida pessoal como cristão. Por tudo isso, vim prestigiá-lo. Ele também é muito simpático, inclusive na interação com os fãs através das redes sociais”, elogiou a torcedora, expondo um largo sorriso.

A seleção chegou ao hotel por volta das 14h, mas a ‘Missão David Luiz’ começou hora antes disso. “Saímos cedo para procurar onde a delegação iria se hospedar, pois não sabíamos direito onde seria. Ainda assim, conseguimos chegar com antecedência”, contou. E declarou, mesclando frustração e compreensão: “Esperava chegar perto de David Luiz, porém ele passou direto. Só acenou de longe. Mas eu entendo. O tempo do grupo deve estar apertado. Agora, o que importa é que o time mantenha o foco, para fazer um bom jogo contra o Uruguai”.

Em meio à recepção, uma das amigas da entrevistada, inclusive, demonstrava esse afeto por David Luiz utilizando o uniforme do PSG, da França, onde o zagueiro brasileiro atua. Mas as declarações ficaram mesmo por conta de Jeinice. Bem articulada e dona de uma simpatia que chamou atenção, ela explicou o porquê de Neymar não ter sido o protagonista das homenagens de seu grupo.

“Neymar também é um ótimo jogador, mas já é muito reconhecido no mundo inteiro. Todos gostam do futebol dele. Portanto, acho interessante prestigiarmos David Luiz, que é nosso preferido, e os outros jogadores do elenco, pois a seleção brasileira é formada por um conjunto de atletas. O grupo todo deve receber o carinho da torcida”, explanou, finalizando sua entrevista.

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