Um advogado condenado por tráfico de pessoas foi preso pela Polícia Federal no Recife. Luciano José Ribeiro de Vasconcelos, de 63 anos, estava sendo procurado pela polícia e só foi encontrado por causa de uma cirurgia que havia realizado.
De acordo com a assessoria da PF, o advogado possuía mais de 15 endereços onde possivelmente poderia estar. Ele foi encontrado após as investigações descobrirem que ele havia viajado a São Paulo para realizar uma cirurgia de transplante de rins. O homem foi localizado na última quarta-feira (7), no Hospital Português, na área central do Recife, onde estava fazendo exames periódicos.
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Luciano já é condenado há 14 anos de reclusão em regime fechado por uso de documento falso e por promover ou auxiliar a efetivação de envio de criança ou adolescente para o exterior para obter lucro. O condenado também já teve sua carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) cassada.
A Polícia Federal tem o conhecimento de dois casos envolvendo o advogado. O primeiro data de 9 de julho de 1993. Na ocasião, policiais receberam um telefonema anônimo denunciando que em um local em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), havia um grande número de estrangeiros e podia-se ouvir choro de crianças.
No local, foram encontradas três crianças aparentando ter um ano de idade. Elas estavam em péssimas condições de higiene e saúde, não eram alimentadas há dias e apresentavam sinais evidentes de dermatoses (conjunto de doenças de pele).
A investigação apontou que as crianças eram mantidas pelo advogado Luciano José Ribeiro de Vasconcelos, que não possuía a guarda delas. Ele foi preso em flagrante na época. Os empregados do local contaram que estavam trabalhando há cerca de um mês. Nem os funcionários sabiam o nome das crianças das quais estavam tomando conta. Um funcionário contou ter presenciado uma criança de oito anos ser levada por um italiano.
Em 1999, Luciano, acompanhado de um suspeito identificado como Oscar Melo, foi acusado de aliciar uma mulher que estava no sexto mês de gestação, para que ela vendesse o filho por R$ 800. Segundo a PF, a gestante aceitou a oferta por se encontrar em dificuldades financeiras.
Após o nascimento da criança, a mãe se arrependeu do acordo e o administrador da maternidade onde o bebê nasceu denunciou o caso. A criança seria levada por um casal de italianos, também aliciados por Luciano.
A Polícia Federal informou que Luciano se aproveitava da sua profissão de advogado para mascarar a prática criminosa. Ele foi suspenso preventivamente pela OAB ainda em 1997. Já Oscar fazia a captação de potenciais mães doadoras de crianças. O caso tramitava na esfera estadual desde 1999, mas em 2008 a competência foi para a Justiça Federal, por se tratar de crime previsto na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança. Luciano de Vasconcelos foi levado ao Centro de Observação e Triagem, em Abreu e Lima, na RMR, onde ficará à disposição da Justiça.