O clima de perplexidade, nesta quarta-feira (13), tomou conta das pessoas que se reuniram no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco. Dos servidores públicos aos jornalistas, a expressão desoladora dominou os rostos de quem esteve no local para acompanhar as informações do acidente aéreo que vitimou o ex-governador Eduardo Campos. “Poderia ter sido eu naquele voo”. As palavras de Manoel Guimarães, assessor de imprensa do governador João Lyra, saíam com dificuldade.
Muita gente ainda está em choque com a morte de Eduardo Campos. A cada instante, alguém comenta sobre a última vez que viu o político. O assunto mais falado nas rodas de pessoas que estão na sede do governo é a entrevista do candidato à presidência, concedida na noite da última terça-feira (12) ao Jornal Nacional.
Alguns chegaram a chorar durante a cobertura jornalística, sem acreditar que perderam os colegas de profissão Carlos Percol, Marcelo Lyra e Alexandre Severo, que também estavam no voo. “Parece cena de filme de terror. Ainda não caiu a ficha”, disse um cinegrafista de uma equipe de TV local. “Era um povo muito novo, um até recém-casado”, sobre Carlos Percol, que se casou em abril deste ano com a também jornalista Cecília Ramos.
Ivan Maurício (à direita), secretário de imprensa de Pernambuco, relembra o momento em que a notícia chegou ao Palácio. “Fui o primeiro a saber, por volta das 10h30, uma repórter de São Paulo me ligou para confirmar se quem estava no voo era Eduardo. Eu só sabia da queda, mas nunca imaginei que fosse o (avião) dele. Tentei confirmar a informação, mas ninguém atendia. Pouco depois já imaginei o pior. Quando confirmei, comuniquei os colegas de equipe”.
“Todo mundo chorou. Foi um choque! Até os seguranças ficaram com os olhos cheios de lágrimas. Uma funcionária passou mal e foi socorrida. Estamos ainda sem acreditar” completou, Félix Filho, gerente de relacionamento com as assessorias governamentais. O Palácio Campo das Princesas foi a segunda casa de Eduardo Campos por quase oito anos, durante os dois mandatos no governo de Pernambuco. Nesta quarta, o local se encheu de silêncio e, ao escurecer, pareceu ainda mais sombrio sob o pesar à morte do presidenciável pernambucano.
“Convivi com Eduardo e Percol por sete anos, quase que diariamente, aqui no Palácio. Estou sentindo como se tivesse perdido um parente. É muita tristeza”, contou um servidor que preferiu não se identificar. Enquanto falava, enxugava as lágrimas como se tentasse apagar a tragédia ou apenas entender: “A cidade toda deve estar com a mesma sensação que a minha, ainda sem acreditar que isso aconteceu”.