Tópicos | Transplante de fezes

A primeira medicação que utiliza como matéria-prima a microbiota fecal (soma de todos os microrganismos), que pode ser administrada por via oral, foi aprovada nos Estados Unidos na última quinta-feira (27). A medicação produzida pela empresa Seres Therapeutics em parceria com a Nestlé Health Science, desde 2020, pode ser um tratamento substitutivo para o transplante de fezes.

O Vowst, medicação aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), tem como objetivo a prevenção contra infecções recorrentes pela bactéria Clostridium difficile. Esse patógeno causa infecção intestinal que se manifesta com diarreia, e pode levar a quadros graves de desidratação, desnutrição e morte.

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De acordo com estudos, o acometimento pelo C. difficile - principal agente causador de quadros diarreicos – pode estar associado ao uso constante de antibióticos, que eliminam não apenas o patógeno, mas também causa danos externos à microbiota saudável.

O transplante fecal visa a restauração da microbiota intestinal, fortalecendo o sistema imunológico.

O tratamento, geralmente utilizado para minimizar danos, é o transplante de fezes. Nesse tipo de intervenção, fezes com microbiota saudável são transferidas para o paciente em tratamento, via colonoscopia. Já existe no mercado uma medicação com efeito similar, chamado Rebyota, no entanto, sua administração é via anal. Mas esses tratamentos podem ser substituídos, em breve, por um tratamento via oral.

A medicação utiliza bactérias vivas, manufaturadas a partir da matéria fecal de um doador saudável. Processando o material, a farmacêutica faz a coleta das bactérias benéficas e as condensa em uma cápsula.

De acordo com a empresa, a medicação deve ser ingerida por via oral e é indicada para pacientes com mais de 18 anos, que já tenham realizado intervenção com antibióticos. O tratamento dura três dias, e o paciente deve ingerir quatro cápsulas, uma vez ao dia.

Em publicação em seu site, a Seres Therapeutics demonstra o resultado positivo no tratamento com o Vowst, que mostrou eficácia contra recontaminação por C. difficile em 88% dos casos, em até oito semanas após o quadro inicial. Os dados da pesquisa também foram publicados no The New England Journal of Medicine, em 2020.

A expectativa dos pesquisadores é de que o Vowst possa substituir o transplante de fezes, e que haja como uma forma de prevenção, diminuindo os casos, facilitando o acesso e uso. De acordo com dados da FDA, entre 15 mil e 30 mil pessoas morrem nos Estados Unidos anualmente, devido à infecção pelo patógeno. A previsão é de que a medicação esteja disponível no mercado americano a partir de junho deste ano.

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