A jogadora de basquete Brittney Griner, bicampeã olímpica com os Estados Unidos, desembarcou em solo americano, no Texas, nesta sexta-feira, um dia após ser libertada pelo governo russo após uma troca de prisioneiros com a Casa Branca. A atleta de 32 anos ficou quase 10 meses presa no país europeu depois que a polícia disse que encontrou vape contendo óleo de cannabis, um derivado da maconha, em sua bagagem no aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou. Viktor Bout, traficante de armas russo que está cumprindo uma sentença de 25 anos nos EUA e que já ganhou o apelido de "Mercador da Morte", será envolvido na troca.
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, falou por telefone com Griner. Autoridades americanas disseram que ela receberia serviços médicos especializados e aconselhamento. "Tão feliz por ter Brittney de volta em solo americano. Bem-vindo ao lar BG!", escreveu Roger Carstens, o enviado presidencial especial para assuntos de reféns, no Twitter.
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Griner foi detida em março e, em julho, admitiu a posse da substância. Em seu depoimento, ela afirma que se descuidou e os embalou com pressa, mas não tinha intenção criminosa. A defesa apresentou declarações escritas dizendo que ela havia recebido cannabis para tratar de dores. No entanto, ela foi condenada a nove anos prisão no dia 4 de agosto por posse e contrabando de drogas.
Os advogados de Griner argumentaram que a punição era excessiva. Eles disseram que em casos semelhantes os réus receberam uma sentença média de cerca de cinco anos, com cerca de um terço deles com liberdade condicional. Ela foi transferida para uma colônia penal em Yavas, no oeste da Rússia, em setembro.
Antes de sua condenação, o Departamento de Estado dos EUA declarou que Brittney Griner estava "detida injustamente" - uma acusação que a Rússia rejeitou com veemência. Refletindo a crescente pressão sobre o governo Biden para fazer mais para trazer a jogadora para casa, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, revelou publicamente em julho que Washington havia feito uma "proposta substancial" à Rússia para levar a jogadora de volta aos país de origem, junto com Paul Whelan, um americano que cumpre uma sentença de 16 anos na Rússia por espionagem.
Esta é a segunda troca de prisioneiros entre EUA e Rússia em menos de um ano. Em abril, Moscou liberou o veterano dos fuzileiros navais dos EUA, Trevor Reed, em troca de os EUA libertarem um piloto russo, Konstantin Yaroshenko, que foi condenado por uma conspiração de tráfico de drogas.
QUEM É BRITTNEY GRINER?
Brittney Griner, de 31 anos, foi campeã da WNBA em 2014 pelo Phoenix Mercury e bicampeã olímpica pelos Estados Unidos (nos Jogos do Rio-2016 e Tóquio, no ano passado). Brittney Griner é a mulher com mais enterradas na história da liga feminina, com 17 na temporada regular, cinco no All-Star Game e uma vez nos playoffs.
Mesmo sendo considerada uma das maiores jogadoras da história, a atleta estava no país para participar da temporada russa de basquete, pelo UMMC Ekaterinburg. É comum que jogadoras americanas participem de outras ligas durante a intertemporada da WNBA. Isso acontece, principalmente, pelos baixos salários. Enquanto estrelas do basquete masculino, como Stephen Curry, LeBron James e Kevin Durant, ganham cerca de US$ 40 milhões (R$ 209 milhões) por ano, o teto da liga feminina fica em torno de US$ 228 mil (R$ 1,1 milhão) por temporada.
QUEM É VIKTOR BOUT, O 'SENHOR DAS ARMAS'?
Os americanos vão enviar para Moscou o traficante de armas russo Viktor Bout, conhecido como "Senhor das Armas". Por ideia do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que negociou com o chanceler russo, Serguei Lavrov, a Rússia aceitou a proposta americana para a libertação de Brittney Griner e Paul Whelan. Bout ficou conhecido do grande público ao ser interpretado pelo ator Nicolas Cage no filme O Senhor das Armas, de 2005.
Autoridades russas pressionavam pelo retorno de Bout desde sua condenação em 2011 por um júri de Nova York por quatro acusações que incluíam conspiração para matar cidadãos americanos. Os promotores disseram que ele concordou em vender armas antiaéreas para informantes da repressão às drogas que estavam se passando por compradores de armas para as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
O procurador-geral da época, Eric Holder, chamou Bout (pronuncia-se "Boot") de "um dos traficantes de armas mais prolíficos do mundo". Bout tornou-se notório entre os oficiais de inteligência americanos, ganhando o apelido de "Mercador da Morte" por ter evitado a captura por anos.