Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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Déficit de capacidade preditiva

Adriano Oliveira, | seg, 22/08/2011 - 09:02
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São variadas as hipóteses surgidas por conta da “faxina” de Dilma. Alguns suspeitam de um possível impeachment da presidenta. Outros acreditam que a opinião pública apoiará Dilma. Existem os que sugerem a possibilidade de uma aliança entre Dilma e o PSDB. Estão presentes razões para o nascimento destas hipóteses. Contudo, a sugestão de hipóteses deve vir acompanhada da predição.

Ao contrário da economia, a Ciência Política brasileira sofre de déficit de capacidade preditiva. São raros os ensaios ou artigos preditivos construídos por politólogos. Os politólogos podem se afastar do “lugar comum” da Ciência Política, e desenvolver prognósticos. Ou análises com prognósticos. Existem ferramentas metodológicas na Ciência Política para tal empreitada.
Hoje, no Brasil, os prognósticos sobre o comportamento dos atores no contexto político são realizados, majoritariamente, por jornalistas. Alguns acertos são constatados. Entretanto, observo muitos erros.

Por outro lado, é essencial para a construção de prognósticos, a leitura de textos de jornalistas como Merval Pereira, Vinicius Torres e Dora Kramer. Eles interpretam muito bem os eventos. E em alguns momentos, realizam prognósticos. Ressalto, ainda, que prognósticos são e só são realizados com o auxilio da informação.

As recentes notícias e análises advindas da imprensa sugerem que Dilma, em razão da sua “faxina”, poderá sofrer impeachment. A “faxina” não é e não será suficiente para o impedimento da presidenta. Outros fatos, os quais qualifico de cisnes negros, pois não são identificados facilmente, podem proporcionar o impeachment de Dilma. Porém, a presidenta sabe que não pode “ir tão além” em sua faxina. Portanto, a hipótese levantada, certamente, não encontrará comprovação.

A opinião pública apóia as ações de Dilma contra a corrupção. Inclusive, Dilma, em razão delas, se posicionará ao lado ou à frente de Lula. Dilma adquirirá autonomia em relação a Lula nos âmbitos da imagem e da capacidade caso continui a ter comportamento firme em relação à corrupção. Contudo, o apoio da opinião pública não será suficiente para ela realizar uma ampla e forte cruzada contra a corrupção.

Dilma não se aliará ao PSDB. Mas poderá romper com o PT caso não seja competitiva em 2014. É interessante para o PSDB apoiar Dilma neste instante, pois contribui para que a opinião pública veja o ex-presidente Lula de modo diferente – tolerante com a corrupção.

Recomendo aos analistas que diante da informação, prognósticos plausíveis sejam construídos.

Vamos falar em 2014

Adriano Oliveira, | sex, 19/08/2011 - 09:15
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Prognosticar cenários é necessário. São os cenários que orientam a ação dos atores. Cenários são hipóteses, as quais são comprovadas ou falseadas. Costumeiramente atores políticos definem o que irão fazer no futuro sem o auxílio de cenários. Por conta disto, perdem tempo e se decepcionam.

Olho para 2014. Vislumbro cenários para a disputa presidencial e para o governo de Pernambuco. No âmbito da disputa presidencial, atores apostam no retorno de Lula. É um cenário plausível. Mas não tão plausível como a candidatura de Dilma a reeleição. É plausível também prognosticar o papel ativo que Eduardo Campos exercerá na disputa presidencial. Ele poderá ser vice ou candidato à presidente.

Não será surpresa se Eduardo Campos for vice numa chapa do PSDB. Como também não será surpresa, se Eduardo for candidato à presidente com a benção de Lula. Isto é possível? Sim, basta que o governo Dilma não esteja bem avaliado, mas que ela seja candidata a reeleição. Diante de um impasse no PT e o receio de Lula de perder a eleição caso seja candidato, Eduardo se apresentará como a terceira via. E será uma opção ao PT no Nordeste. E uma opção ao PSDB no Sul e Sudeste.

Em Pernambuco, três pólos de poder existem. O primeiro pólo, o qual é o mais forte, é o de Eduardo Campos. O segundo pólo, com poder mediano, é o de Armando Monteiro. E o terceiro pólo, com menor força, é o do PT. Todos estes pólos exercem uma força centrípeta junto aos atores/competidores – atraem aliados.

Eduardo Campos está numa situação privilegiada. Ele pode exercer forte controle sobre o PT. Basta que ele apóie João da Costa e o reeleja. Com isto, Eduardo irá dizer a Lula e a qualquer outro: “Em 2014 quem manda sou eu”. Em razão da sua capacidade de diálogo, Eduardo tem condições de atrair membros do DEM e do PSDB.

O PT só será ator principal e favorito em 2014 caso mantenha a prefeitura do Recife e se o PT nacional, em razão de Eduardo Campos desejar, abrir espaço para o PSB na disputa de 2014. Se isto não ocorrer, o PSB é favorito para manter o controle do governo do Estado em 2014.

E Armando Monteiro? Aos poucos ele constrói a sua candidatura. Entretanto, ele precisa de um aliado na capital. João Paulo é uma opção. Mas João Paulo sairá do PT? Outro problema para Armando é se a disputa em 2014 ocorrer com três atores: PT, PSB e PTB. O ideal é que o PT lhe apóie contra o PSB. Por enquanto, esta hipótese não é factível.

E a oposição? A reconstrução desta passa pela eleição do Recife. Caso vença, ela poderá ofertar um candidato ou se aliar ao candidato de Eduardo Campos em 2014. Esta última hipótese ocorrerá, caso Eduardo se alie nacionalmente ao PSDB.

Enfim, em 2014 descubram se acertei os meus prognósticos.

A imprensa “desestabiliza positivamente” governos

Adriano Oliveira, | qui, 18/08/2011 - 09:12
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Na era Lula, diversos integrantes do governo e o próprio presidente da República estimularam o controle da imprensa. Em nome da democratização dos órgãos de comunicação, atores sugeriram que a imprensa precisaria ser controlada, e, por consequência, democratizada. Ora, este raciocínio fere a lógica de uma criança de um ano.

O que é controlado, certamente não é democrático. Ou não sofre um processo de democratização. A ideia de integrantes do governo Lula era que o estado (logo ele?)tivesse papel ativo junto a imprensa – os órgãos de comunicação no Brasil são majoritariamente privados. O presidente Lula, inclusive, criou a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) – empresa estatal.

Lula, apesar dos variados méritos do seu governo, errou ao insinuar que desejava controlar a imprensa. A imprensa precisa ser livre, principalmente em um país em que as instituições estatais dependem de incentivos para investigarem e fiscalizarem. É a imprensa que incentiva as instituições a agirem.

A denúncia do mensalão veio à tona em razão da imprensa. No governo Dilma, a imprensa “derrubou” Palocci, Alfredo Nascimento e Rossi. A presidente Dilma, de modo acertado, demitiu estes ministros em razão da pressão da imprensa. Jobim saiu do governo porque pediu para sair.

A “faxina” promovida por Dilma, apesar dela ficar restrita, infelizmente, a “sala”, foi provocada pela imprensa. Governos ficam ansiosos para saber o que as revistas semanais noticiarão no as sextas-feiras. Costumeiramente, nas eras FHC e Lula e agora no governo Dilma, a imprensa traz novidades no final de semana.

A imprensa contribui para desestabilizar governos. Contudo, é uma desestabilização necessária. Imaginem, se não existisse imprensa livre no Brasil? Ministros, mesmo acusados, não seriam demitidos.

No governo Dilma, a imprensa continua a contribuir para a desestabilização dos governos. Mas é uma “desestabilização positiva”, pois sem a imprensa a “faxina” sugerida por Dilma não começava.

Vocês sabem o que as revistas semanais trarão amanhã?

Não se animem: a “faxina” só chega até a sala

Adriano Oliveira, | qua, 17/08/2011 - 09:09
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A presidenta Dilma iniciou desde meados de julho a “faxina” em seu governo. Os atores desta “faxina” são a presidenta e a Polícia Federal. Ambos estão dispostos em realizar uma grande “faxina” na República. Contudo, a “faxina” não chegará aos quartos, à cozinha e ao banheiro. A opinião pública reclamará dos “faxineiros”.

Qualquer presidente da República tem dificuldades de realizar “faxinas” por conta do presidencialismo de coalizão e do tamanho do estado brasileiro. Os partidos aliados ao governo desejam cargos, verbas, favores diversos. Os presidentes precisam atender as demandas, caso não, a coalizão é ameaçada.

FHC e Lula souberam lidar com o Parlamento. Atenderam as bases, mas também impuseram limites. FHC foi audacioso na realização da “faxina”, pois realizou as privatizações. Estas diminuíram o tamanho do estado e a disponibilidade de cargos. As privatizações enfraqueceram o clientelismo e a corrupção.

Lula, no inicio do seu mandato, também mostrou audácia. Incentivou, através do ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos, as ações da Polícia Federal no combate à corrupção publica. Porém, no final do seu primeiro mandato, a disposição de Lula para o enfrentamento a corrupção diminuiu.

Ressalto, contudo, que Lula, FHC e Dilma não são os únicos responsáveis para o combate à corrupção. Em um Estado de Direito, as instituições coercitivas precisam ter autonomia em relação ao Poder Executivo. Sem esta autonomia, as instituições perdem funções e razões de existência.

O que adianta para a sociedade uma Polícia Federal sem independência? Faço semelhante pergunta para o Ministério Público e o Poder Judiciário. Portanto, antes dos presidentes, estas instituições devem enfrentar a corrupção pública.

FHC e Lula sabiam que não poderia estender a “faxina” para outras partes. Sugiro que leiam dois fantásticos livros: A arte da política, de FHC; E o Lulismo no poder, de Merval Pereira. Ambas as obras mostram que presidentes da República não têm condições de estender a “faxina” além da sala. Portanto, Dilma recuará em sua faxina, caso não, a estabilidade do seu governo será ameaçada.

Falácias e verdades sobre a eleição do Recife

Adriano Oliveira, | ter, 16/08/2011 - 08:27
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Todos os atores que não são do PT crêem que podem ser eleitos prefeitos do Recife em 2012. Estão apressados. Muito apressados. Apesar da reduzida aprovação de João da Costa, a qual é detectada por variadas pesquisas, o atual prefeito do Recife tem condições de ir para o segundo turno. Neste instante, não consigo vislumbrar um segundo turno em Recife sem João da Costa.

João da Costa deverá ser o candidato do PT. Caso não seja, o que dirá o PT à opinião pública? Nada. Pois não tem como justificar a sua retirada da disputa. João da Costa só não será candidato do PT se não quiser. Pois condições de se recuperar ele tem. É plausível prognosticar que João da Costa conquistará durante a campanha eleitoral, 40% a 45% de intenção de votos.

Na eleição do Recife existem ainda duas incógnitas: João Paulo será candidato? Quem será o candidato de Eduardo Campos? Caso João Paulo sai do PT, ele é um candidato competitivo. Mas não diria imbatível. O apoio de Eduardo Campos pesa. Campos avança sobre o tradicional eleitorado do PT em Recife.

A oposição tem bons candidatos – Jungmann, Mendonça, Henry, Daniel Coelho e Bruno Araújo. Caso pensem estrategicamente, todos têm chances de sucesso. É importante salientar que todos não podem ser candidatos. Três precisam desistir da candidatura. É falácia acreditar na premissa de que quantos mais candidatos pior para a situação e melhor para a oposição.

Tenho a hipótese de que quanto menos candidatos da oposição, mais informações concentradas/focadas para o eleitor. Com isto, o eleitor focará em um candidato. Se a oposição tiver, por exemplo, três candidatos, são três atores disputando a fatia do eleitorado e a atenção do eleitor oposicionista.

A informação é um instrumento de conquista do eleitor, mais candidatos, mais informação sobre os atores da oposição. Entretanto, a informação chegará ao eleitor através de vários atores. Com isto, o eleitor pode ficar em dúvida quanto a quem escolher. Cria-se, inclusive, um curto-circuito de informação – choque de informações sobre um mesmo assunto e concorrência na retórica, por exemplo. Com isto, o eleitor pode não optar pela oposição.

A diminuição de candidatos oposicionista não reduzirá, necessariamente, o número de informações sobre a oposição para o eleitor. Mas a informação estará mais concentrada em razão do menor número de candidatos. O eleitor tende a focar em um competidor. Diminuirá também a possibilidade de ocorrer curtos-circuitos entre os candidatos.

Portanto, é falácia supor que quanto mais candidatos, maior a probabilidade da oposição vencer o pleito eleitoral. Outra falácia, João da Costa não tem chances de ser reeleito. Ele tem. Uma única verdade: a eleição do Recife será acirrada no primeiro turno.

A conjuntura do governo Dilma

Adriano Oliveira, | seg, 15/08/2011 - 11:04
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Prognósticos eleitorais requerem a compreensão da conjuntura e a construção de cenários. De acordo com a Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal), a economia brasileira deve crescer em torno de 4%. A taxa de inflação, conforme especulações do mercado, tenderá a ficar fora da meta estipulada pelo Banco Central.

É necessário também considerar a conjuntura econômica dos Estados Unidos e da Comunidade Européia. Ambos enfrentam dificuldades nos âmbitos da dívida pública, oferta de emprego reduzido e baixo crescimento econômico. As situações econômicas dos Estados Unidos e da Comunidade Européia afetam o desempenho da economia brasileira.

No âmbito político, a presidente Dilma sofre ameaças da sua ampla coalizão partidária. O Partido da República (PR), através do senador Alfredo Nascimento, já ameaçou rompimento com o governo. Em alguns instantes, a relação Dilma-PMDB revela-se conflitante. Por conta do corte de gastos anunciados no início do ano, parlamentares ameaçam não colaborar com Dilma no Parlamento – O ato de colaborar deve ser compreendido em diversos sentidos, inclusive no ato de evitar aberturas de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

É importante salientar, o papel fiscalizador da imprensa. São corriqueiros os casos de corrupção trazidos por ela. Estes fatos incentivam a oposição a agir, como também despertam a atenção da opinião pública.

Diante de fatos de corrupção, turbulências no Parlamento e conjuntura econômica desfavorável, a média de aprovação da administração do governo Dilma é de 48% (Datafolha). A média da confiança é de 69,5% (IBOPE). Ambos os percentuais sugerem que Dilma ainda está bem. Entretanto, as conjunturas política e econômica precisam melhorar. Caso não, ela não adentrará 2014 como favorita a reeleição.

Falsa interpretação da realidade social

Adriano Oliveira, | dom, 14/08/2011 - 15:12
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As recentes convulsões sociais ocorridas na Inglaterra evidenciaram que ideias conservadoras e, por conseqüência, absurdas, ainda encontram espaço na esfera pública. Não discordo do espaço conquistado por essas ideias. Mas fico surpreso com a presença delas. 

Por muito tempo, estudiosos, políticos e imprensa sugeriram que os conflitos nos morros cariocas eram provenientes da desigualdade social. Bastava o estado oferecer casa, comida, escola, emprego e divertimento, para o tráfico deixar de existir. Lentamente, o poder coercitivo estatal adentrou nos morros e o efeito esperado apareceu, qual seja: diminuição do tráfico e dos conflitos.

Por várias vezes, José Beltrame, secretário de segurança do Rio de Janeiro, expôs a necessidade de que comida, escola, emprego e divertimento fossem oferecidos às comunidades cariocas que estão ou estavam dominadas pelo tráfico. Beltrame tem razão. Ou seja: o poder coercitivo é variável necessária, mas não suficiente para inibir ou findar com o tráfico de drogas.

O debate que surgiu em razão das convulsões sociais na Inglaterra foi de que jovens querem casa, comida, escola, emprego e divertimento. Inicialmente, isto é um exagero, basta olharmos para os indicadores sociais da Inglaterra. Além disto, jovens, provenientes de variadas famílias, as quais possuem rendas diferenciadas, foram vetores das convulsões. Portanto, alegar que os conflitos na Inglaterra são provenientes de uma “bomba social” é falácia.

O estado de bem-estar social é necessário. Mas este não é mais possível diante das limitações fiscais dos estados do Ocidente. Ele precisa ser recriado, o qual precisa ter como função básica o atendimento das demandas dos setores fortemente excluídos. Não acredito, por exemplo, que o Brasil possa criar um estado de bem-estar social semelhante aos existentes na Europa na década de 70.

Casa, escola, comida, emprego e divertimento são necessários. Não questiono isto. Estes devem ser ofertados pelo estado e pelo mercado. O estado deve dar condições para que indivíduos qualificados possam aproveitar as oportunidades geradas pelo capitalismo. Mas é claro, e esta é uma característica da sociedade capitalista, desigualdades sociais existirão. E cabe ao estado amenizá-las.

Não alimentem e difundam a falsa hipótese de que indivíduos traficam ou geram conflitos em razão dos problemas sociais que enfrentam. E que a igualdade econômica é necessária para por fim a convulsões sociais.

O estado deve ofertar igualdade de condições e punir aqueles que buscam transgredir as normas. Na discussão em torno de atos ilícitos, acreditar que distúrbios sociais ou crimes devem ser justificados fortemente pela variável social, é sugerir uma falsa interpretação da realidade social.

É possível nascer o dilmismo?

Adriano Oliveira, | sex, 12/08/2011 - 18:25
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Manifestações dos eleitores são observadas em momentos eleitorais ou durante o governo do ator político. Eleitores escolhem presidentes. Eleitores passam a confiar em presidentes. As escolhas possibilitam que o presidente governe democraticamente.

A confiança do eleitor para com o presidente surge durante o exercício do governo. Presidentes que adquirem a confiança do eleitor são presidentes bem avaliados administrativamente. Presidentes bem avaliados podem ser reeleitos.

FHC foi reeleito. Os eleitores avaliavam positivamente a sua administração e confiavam nele. Semelhante fenômeno eleitoral ocorreu com o presidente Lula. Embora, a média de aprovação de FHC, em seus oitos anos de mandato, foi inferior a de Lula – FHC, 30,4%; Lula, 52,26%.

A média de confiança dos eleitores em relação ao presidente Lula foi de 65,8%. No caso de FHC, 45,3%. Em razão dos indicadores “Avaliação da administração” e “Confiança no presidente” afirmo que existiu o lulismo. Entretanto, não posso afirmar que houve o fernandohenriquismo (termo por mim criado!).

Neste instante, reflito quanto à possibilidade de existir o dilmismo. Para tal, é necessário que os percentuais das variáveis “Avaliação da Administração” e “Confiança” sejam próximos aos obtidos por Lula ou superiores.

Considerando as conjunturas econômica e política e vislumbrando o que ocorrerá nos âmbitos político e econômico nos próximos três anos, não acredito que nascerá o dilmismo. Em razão disto, friso que a oposição tem chances de reconquistar a presidência em 2014.

O lulismo, o eduardismo e 2018

Adriano Oliveira, | qui, 11/08/2011 - 11:21
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O comportamento dos eleitores sofre mutações. Em razão delas, ciclos eleitorais surgem. Em dado instante, partido X ou ator Y vencem a disputa eleitoral. Em outros, perdem as disputas. Os ciclos eleitorais revelam que o poder não é eterno.

Muitos, e a própria imprensa, apostam em Lula para a disputa presidencial de 2014. Por diversas vezes frisei que Lula não voltará. Desde a chegada de Lula à presidência da República, o PT virou o partido da moda em razão do lulismo. O lulismo é um fenômeno eleitoral visível no eleitorado brasileiro, mais visível na região Nordeste. Por meio do lulismo, candidatos vencem as eleições. Este foi o caso de Dilma. Entretanto, neste instante, tenho dúvidas quanto à influência do lulismo junto à escolha eleitoral dos indivíduos.

Lula é admirado, mas isto não significa que os eleitores querem ele de volta à presidência. Ou que ele é um forte cabo eleitoral. Líderes podem ser admirados em razão do seu passado. Mas eleitores podem não desejá-los para o futuro.

Lembro, que por muito tempo, o PFL, hoje o DEM, tinha ministérios, secretários de estado e uma grande quantidade de prefeitos. Muitos atores precisavam do PFL para conquistar um mandato. Hoje, nem todos precisam. São os ciclos eleitorais. O lulismo, portanto, não é perene.

Em Pernambuco, desde a vitória de Eduardo Campos, um novo ciclo político surgiu. O PSB é o partido da moda. Todos querem fazer parte do PSB ou serem aliados dele. Em Recife, o PT cresceu em razão da liderança de João Paulo. Porém, o PT hoje depende – eleitoralmente e politicamente –  claramente do PSB ou de Eduardo Campos para manter a prefeitura do Recife e para conquistar o governo do Estado em 2014.

Eduardo Campos avança sobre o eleitorado do PT na Região Metropolitana do Recife (RMR). As Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), o seu estilo, a conquista de adeptos em prefeituras da RMR e a associação com o ex-presidente Lula, possibilitaram que Eduardo conquistasse à opinião pública. As obras viárias anunciadas reforçarão a imagem de Eduardo Campos junto ao eleitor.

Mesmo que a oposição vença a disputa eleitoral em Recife, Eduardo manterá a sua liderança. E, prevejo, que caso um ator oposicionista conquiste a prefeitura do Recife, ele buscará uma aproximação política com o governador.

É claro que o quadro sucessório em Recife não está claro. Surpresas podem ocorrer, pois ainda existem duas dúvidas: 1) Quem será o candidato da oposição? 2) E qual será a escolha de João Paulo? A oposição poderá, caso dado ator vença a disputa, criar uma sombra para a liderança de Eduardo. O retorno de João Paulo a prefeitura poderá trazer problemas para a base de Eduardo na eleição em 2014.

Contudo, neste instante, a conjuntura é caracterizada pelo eduardismo. Todos desejam ser aliado de Eduardo Campos. Prevejo que a forte expectativa (Eduardo Campos forte eleitoralmente) de poder do eduardismo e sua forte influência sobre os atores durará até 2018 em Pernambuco.

As ações da Polícia Federal, Dilma e o marketing

Adriano Oliveira, | qua, 10/08/2011 - 10:22
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Na era Lula, a Polícia Federal brasileira (PF) conquistou a opinião pública por conta da sua atuação. Funcionários públicos foram detidos. Esquemas de corrupção descobertos. A criminalidade organizada endógena, a qual tem origem no estado, foi enfrentada.

Entretanto, no Brasil, as ações das instituições coercitivas têm limites. E as ações da PF tiveram limites. Em pesquisa realizada em parceria com Jorge Zaverucha, comprovei esta assertiva. Em dado instante, na era Lula, a PF recuou no enfrentamento ao crime organizado endógeno.

Diversas pesquisas de opinião, inclusive uma realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau em 2009, mostram que a Polícia Federal tem credibilidade e é admirada pela opinião pública. Saliento que Lula utilizou as ações da PF em sua retórica para angariar votos.

Presidentes da República são chefes da Polícia federal. Mas a Polícia Federal tem, supostamente, autonomia em relação ao presidente da República. No caso, o diretor-geral da PF não precisa avisar ao presidente sobre determinada operação ou prisão. Do mesmo modo, suspeito que delegados não precisam informar ao Diretor geral as investigações em andamento.

A PF, portanto, tem autonomia em relação ao presidente da República. E delegados têm parcial autonomia em relação aos diretores. Se assim for, a PF realiza investigações de modo autônomo. Portanto, a prisão de A ou de B não é comunicada previamente ao presidente da República.

As prisões realizadas pela Polícia Federal no ministério do Turismo mostram que Dilma não sabia de nada. Foi pega de surpresa – hipótese palatável. Se assim ocorreu, Dilma, mais uma vez, mostrou para a opinião pública que não tolera corrupção em seu governo. Embora, a intolerância tenha limites. Ou seja: alguns atos por parte de atores importantes serão tolerados.

As operações da PF ofertam atributos mercadológicos para Dilma. Por consequência, a sua imagem junto à opinião pública é construída. “Intolerância com a corrupção”, “Doa a quem doer”, “Não admito corrupção no meu governo”, “A Polícia Federal tem autonomia”, “Enfrentaremos os corruptores”.

As frases sugeridas poderão, aos poucos, ser utilizadas por Dilma. E com isto, conquistar eleitores. Dilma tem um oportunidade única para construir a sua marca junto ao eleitor. Qual seja: utilizar as ações da Polícia Federal como instrumento de marketing e consolidação da sua imagem junto à opinião pública.

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