Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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Acontecerá o óbvio em 2012?

Adriano Oliveira, | ter, 27/12/2011 - 10:05
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Estamos acostumados ao desenvolver análises eleitorais, a mostrar o óbvio. Quando este não é apresentado ou analisado, críticas florescem. Pesquisas eleitorais, por exemplo, apresentam, costumeiramente, o óbvio, já que os analistas se preocupam apenas com as variáveis intenção de voto e avaliação da administração. Quando alguns analistas buscam mostrar o não óbvio através de pesquisas eleitorais, muitos se assustam.

O óbvio faz parte do senso comum. O óbvio é o esperado. O óbvio é aquilo que todo mundo já sabe e prever. O não óbvio não faz parte do senso comum. Ele é identificado através de raciocínio complexo e inovador. São poucas as pessoas que conseguem prever o não óbvio. É comum, nas disputas eleitorais, o óbvio fazer parte da agenda midiática. E o não óbvio ser relutado.

De acordo com recente pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), João Paulo é um candidato competitivo caso não tenha adversários. Esta assertiva não é óbvia. Uma indagação não óbvia: se João Paulo for o candidato do PT a prefeito do Recife, o que ele, o PT e João da Costa dirão ao eleitor?

Caso João Paulo seja candidato a prefeito do Recife, a oposição poderá perguntar o não óbvio, ou seja: “João Paulo: por que João da Costa não é candidato a reeleição? João Paulo: você aprova ou desaprova a administração do prefeito João da Costa?” Estas duas indagações parecem, agora, óbvias, pois transformei o não óbvio em obviedade.

Outra discussão óbvia: Eduardo Campos deseja manter a aliança com o PT, pois ele pertence ao mesmo campo político do PT. Mas, Eduardo Campos deseja ser um político de expressão nacional. E para a contemplação de tal desejo, o PT pode ser um empecilho. Sendo assim, é correto apostar cegamente na manutenção da aliança PT e PSB em 2012 e em 2014?

A disputa municipal em Recife depende dos interesses dos atores em 2014. Três pólos de poder estão presentes na Frente Popular. Quais serão as escolhas dos atores Humberto Costa, Armando Monteiro e Eduardo Campos? Esta indagação é óbvia. Mas não é óbvia em razão de muitos não a fazerem quando decidem opinar sobre as eleições em Recife. 

A pesquisa eleitoral do IPMN divulgada semana passada revelou que a administração de João da Costa sofre forte rejeição dos eleitores recifenses. Mas, mesmo assim, ele continua à frente dos candidatos da oposição. Constatação óbvia, mas como ninguém mostrou isto, a considero não óbvia.

Friso, ainda, que João da Costa tem condições de ser reeleito em razão de que os candidatos da oposição não conseguem superar João da Costa em votos. Afirmação óbvia para mim, pois a encontrei. Mas para outros, ainda continua sendo uma afirmação não óbvia.  

O óbvio, como frisei, faz parte do senso comum. Recomendo que os atores fiquem atentos aos fatos que não são óbvios, pois desta forma, estratégias eficientes poderão ser construídas. Considero que em 2012, o obvio nem sempre acontecerá.   

Feliz 2012 a todos. Volto dia 10/01/2012.

Os sentimentos do eleitor sugerem indefinição

Adriano Oliveira, | ter, 20/12/2011 - 20:09
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Eleitores têm sentimentos e sentem emoções. As emoções precedem os sentimentos. As reações emocionais do eleitor estão fortemente associadas às reações do organismo, por exemplo, batimento cardíaco, pressão arterial. Por sua vez, os sentimentos estão associados ao ambiente social, especificamente a cultura.

No entanto, emoções e sentimentos estão interligados. Emoções provocam sentimentos. E sentimentos provocam emoções. Apesar da interligação de ambos, é possível dissociá-los e com isto construir interpretações para cada um. A interpretação de um pode vir a contribuir para a interpretação do outro. Ou ambas as interpretações serem similares.

Sentimentos representam o sentir do indivíduo em relação a um fato ou pessoa. Valores e crenças podem construir sentimentos nos indivíduos. Neste sentido, o indivíduo sente medo de algo em razão de que ele foi condicionado a isto durante a sua história de vida. Eventos ocorridos na trajetória do indivíduo podem ter contribuído para ele ter medo alguma coisa. De modo semelhante, eventos permitem que indivíduos confiem em algum ator, já que este tem atitudes que são aprovadas e admiradas por eles.  

Pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) procurou decifrar os sentimentos do eleitor recifense, através de sua faculdade ou capacidade de sentir e externar admiração, medo, confiança, merecimento e preparo em relação aos diversos atores políticos.

Quando se associam essas impressões mentais com um conjunto de variáveis eleitorais, dentre as quais, as intenções de voto, torna-se possível construir prognósticos eleitorais mais fundamentados.

Os dados do levantamento do IPMN fornecem indícios de que a eleição para prefeito do Recife está indefinida, apesar da forte rejeição do prefeito João da Costa – 45% dos eleitores reprovam a sua administração, 71% afirmam que ele não merece ser reeleito e 74% não o admiram. Diante da rejeição do atual prefeito do Recife, é factível para a oposição acreditar que um segundo turno é possível. Mas isto não significa que João da Costa não estará no segundo turno.

Por conta da interação constante entre eleitores e candidatos, os sentimentos dos eleitores em relação a um candidato podem ser modificados ou criados. Deste modo, João da Costa tem condições, caso crie estratégias eficientes, de modificar, parcialmente, os sentimentos dos eleitores a sua pessoa.

A pesquisa do IPMN revela que João Paulo é o candidato mais forte dentre todos os nomes submetidos à apreciação do eleitor.  Esta assertiva deriva das seguintes constatações: 1) Os cenários eleitorais com a presença de João Paulo o colocam à frente de alguns dos demais pré-candidatos com considerável percentual de votos; 2) 42% dos eleitores consideram João Paulo o candidato mais preparado para ser prefeito do Recife; 3) 37% acreditam (Confiança) que ele cumprirá com as promessas de campanha; 4) 44% afirmam que o ex-prefeito merece ser eleito prefeito do Recife; 5) e 38% dos eleitores admiram João Paulo.

Apesar dos sentimentos dos eleitores indicarem que João Paulo é um candidato fortemente competitivo, a sua permanência no PT enfraquece a sua possível candidatura a prefeito, já que 64% dos eleitores frisam que João Paulo e João da Costa não são mais aliados e 14,3% consideram que o ex-prefeito do Recife é o ator que melhor representa a oposição a João da Costa. Então, como o PT justificará para os eleitores a candidatura de João Paulo?

Os possíveis candidatos Daniel Coelho, Raul Henry, Raul Jungmann, Priscila Krause, Mendonça Filho e Silvio Costa Filho são competitivos caso ocorra uma aliança entre eles e duas candidaturas sejam apresentadas ao eleitor. Dentre esses candidatos, Mendonça Filho é o que melhor se posiciona perante os eleitores recifenses, tanto no que tange ao conjunto de sentimentos captados nesta pesquisa, quanto à performance de intenção de votos mostrada nos diversos cenários.   

Entretanto, seu desempenho pode estar relacionado ao fato de ser o candidato da oposição mais conhecido, o que suscita a possibilidade de haver chances eleitorais para todos os candidatos da oposição, caso condições políticas sejam criadas.

Eduardo Campos, João Paulo e Jarbas Vasconcelos aparecem na pesquisa como os grandes eleitores da disputa eleitoral de 2012. A aprovação da gestão do governador Eduardo Campos e a admiração que lhe devotam os eleitores fazem dele um grande eleitor. Eleitores têm memória. E a pesquisa do IPMN revela que os eleitores lembram positivamente das gestões do ex-prefeitos Jarbas Vasconcelos e João Paulo. Além disto, os sentimentos dos eleitores são favoráveis a eles.

A pesquisa do IPMN revela que a eleição do Recife tende ao segundo turno. Mas para tal fato ocorrer, a oposição precisa apresentar dois candidatos ou optar por uma disputa polarizada com João da Costa. Não está descartada a possibilidade de Fernando Bezerra Coelho crescer eleitoralmente, caso opte por ser candidato, já que teria, possivelmente, o forte apoio do governador Eduardo Campos. Nesta condição, pode-se até aventar a hipótese de um segundo turno entre João da Costa e Fernando Bezerra. 

Existe uma alternativa ao PSDB e ao PT?

Adriano Oliveira, | sex, 16/12/2011 - 09:48
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Desde a eleição de FHC, em 1994, os eleitores brasileiros assistem ou passaram a assistir disputas polarizadas na eleição presidencial entre PSDB e PT. Esta disputa só ocorre, vale salientar, na eleição presidencial. Nas eleições municipais e estaduais outros partidos pleiteiam espaços com o PT e o PSDB.

A concentração da disputa entre PT e PSDB possibilitou que partidos e atores políticos fossem ofuscados. Com isto, o eleitor não teve a oportunidade de realizar outras escolhas. Majoritariamente, os eleitores brasileiros fizeram a opção pelo PT ou PSDB.

A polarização entre PT e PSDB ocorreu, inicialmente, em razão do Plano Real. Através dele, o PSDB chegou ao poder. E, por meio de Lula, o PT, após várias disputas, conquistou a presidência. Se não fosse o Plano Real e Lula talvez a polarização entre PT e PSDB não existisse.

Ciro Gomes e Marina Silva tentaram interferir na polarização entre PT e PSDB, mas não tiveram sucesso. Eles não tiveram condições e nem souberam conquistar eleitores.

Vislumbrando 2014, prevejo que o bipartidarismo tende a continuar na disputa presidencial brasileira. Tanto o PT como o PSDB tendem a ofertar candidatos competitivos, os quais possibilitarão a permanência da polarização.

Entretanto, tenho a hipótese de que três atores políticos poderão contribuir para o fim da polarização entre PT e PSDB. A possível ida de José Serra para o PSD ou PPS ameaça a polarização. Assim como, as candidaturas do governador Eduardo Campos pelo PSB e de Marina Silva por outro partido a ser criado, ou pelo PPS.

A filiação de José Serra ao PSD ou ao PPS depende dos conflitos internos no PSDB. Desconfio que Serra não apóia Aécio. E de que o PSDB não chancelará a candidatura de Serra. Mas Serra que ser presidente. Portanto, é possível que Serra seja candidato à presidente pelo PPS ou PSD.

O governador Eduardo Campos sonhou e talvez não sonhe mais em ser vice de Dilma. Porém, desconfio que Eduardo não conseguirá espaço na chapa de Dilma. Saliento, contudo, que ele tem condições de ser uma alternativa ao PT e ao PSDB. Claro, para Eduardo ser um candidato competitivo, ele precisa torcer para que Serra não seja candidato pelo PSD ou PPS.

Marina Silva poderá ser sempre uma alternativa para o eleitor, pois Marina tem uma dificuldade semelhante a de José Serra, qual seja: não agrega fortemente eleitores e partidos políticos. Portanto, tenho a hipótese de que Marina sempre será uma alternativa assim como foi Ciro.

Pesquisa, intenção de voto e engodo

Adriano Oliveira, | seg, 12/12/2011 - 10:02
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Em razão da aproximação do pleito eleitoral 2012, candidatos e outros atores realizam fartamente pesquisas eleitorais com o objetivo de verificar a posição dos candidatos. Diante da pesquisa, os competidores decidem se serão ou não candidatos. O candidato que está na frente é previamente encorajado a se candidatar, pois as chances de vitória são reais.

Na dinâmica eleitoral, a posição do candidato nas pesquisas orienta basicamente as ações dos atores. Candidato na frente é candidato vitorioso. Se o candidato perder, após, obviamente, a abertura das urnas, foi a pesquisa que errou. Infelizmente, este raciocínio tão costumeiro no cotidiano da política, é falso.

Intenção de voto importa. Mas a intenção de voto analisada desprovida dos sentimentos dos eleitores não diz quase nada. Eleitores possuem sentimentos. Ou seja: eleitores sentem aflição, tem desejos, admira o outro, tem necessidades e sentem medo. Além disto, campanhas, ou melhor, estratégias eleitorais, mudam as escolhas dos eleitores. A conjugação das estratégias com os sentimentos representa a ação diante do sentir.  

O candidato X tem 42% das intenções de voto. Diante disto, alguém diz: “O nosso candidato é este”. Porém, 38% dos eleitores desejam mudança; 48% sentem medo do passado; 21% admiram o candidato Y, pois o consideram trabalhador; e 43% desejam um candidato que vem a representar o futuro da cidade.

Diante dos números sugeridos, constato que o candidato X, o favorito, representa o passado, apesar de ser bastante conhecido. Ele tem o apoio do atual prefeito, o qual não representa para os eleitores o futuro. Sendo assim, e em razão de que campanhas eleitores importam, assevero que o candidato X não é favorito. O favorito é Y, pois as circunstâncias lhe são favoráveis.  

Quando a pesquisa se resume a intenção de voto, ela é um engodo.     

Oposição e a (im)possível chapa Aécio/Eduardo

Adriano Oliveira, | seg, 05/12/2011 - 17:33
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Costumeiramente, em qualquer país democrático, realizar oposição a um governo representa a discordância e o confronto. Os atores da oposição ficam atentos as ações do governo. Críticas e propostas surgem, as quais se contrapõem as práticas da situação.

No Brasil, o PT realizou uma oposição sábia a FHC. Com o apoio dos movimentos sociais, o PT denunciou atos de corrupção, apelidou o governo de FHC de neoliberal, criticou o Plano Real e, em nenhum instante, estendeu a mão ao PSDB.

Em 2002, o presidente Lula conquistou a presidência da República. A política econômica de FHC foi mantida e aperfeiçoada. Em razão disto, a oposição, ou melhor, o PSDB, ficou, inicialmente, sem discurso para enfrentar o governo do PT. Em alguns momentos, o PSDB criticou o governo, mas a crítica não contagiou a opinião pública.

No ano de 2005, o então deputado Roberto Jefersson, pertencente à coalizão partidária que sustentava o governo Lula, denunciou a existência do mensalão. Segundo Jefersson, parlamentares de variados partidos recebiam mesadas para apoiar o governo Lula. Diante desta denúncia, a popularidade do governo Lula decresce. Variados atores políticos e analistas apostaram que o presidente Lula não se reelegeria.

Através de um sábio discurso em cadeia nacional, onde admitiu o caixa-dois e negou o mensalão, Lula inicia a sua jornada para reconquistar a opinião pública e ser reeleito. Por meio do seu carisma, do Bolsa família e da ampliação do consumo, o então presidente Lula cria euforia de consumo e sensação de bem-estar junto aos eleitores e conquista novamente a presidência.

O segundo mandato de Lula não sofre fortes ataques da oposição. Um novo escândalo da dimensão do mensalão não surgiu. E a euforia do consumo e o bem-estar dos eleitores chegam ao ápice da satisfação. Diante desta conjuntura, Lula contribui para o sucesso eleitoral de Dilma em 2010.

Dilma terá um mandato turbulento nos âmbitos político e econômico. Os meses iniciais de 2011 revelam isto. Entretanto, vislumbro que ela chegará com condições de ser reeleita. Mas a oposição terá chances de derrotá-la.

Neste instante, Aécio Neves e Eduardo Campos são os atores principais que podem derrotar o PT em 2014. Unidos ou separados, as condições existem para impedir a continuidade do governo do PT. Porém, considero que a chapa Aécio/Eduardo agregaria capital político e eleitoral e dificultaria, consideravelmente, a possível reeleição de Dilma.

A chapa Aécio/Eduardo não seria tipicamente de oposição a Dilma ou a Lula. Ela pode sugerir ser oposição ao PT. Aécio/Eduardo poderão mostrar para o eleitor

que representam a continuidade das coisas boas, o futuro do Brasil, a renovação da política diante de vários anos de PT no governo, o diálogo com o outro (PT), a boa relação com Lula, as novas práticas de gestão em busca do estado eficiente e a esperança de que as recentes conquistas continuarão.

Portanto, a chapa Aécio/Eduardo seria de oposição ao governo do PT, mas de continuidade e esperança para os eleitores.             

Pacto pela Vida e eleições

Adriano Oliveira, | sex, 02/12/2011 - 09:07
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O Pacto pela Vida é uma ação de sucesso do governador Eduardo Campos. Isto não significa, contudo, que todas as ações propostas pelo Pacto foram realizadas. E que as variadas ações eficientes no âmbito da segurança pública foram advindas do Pacto. Mas o eleitor não está interessado de onde vieram as ações. Ele deseja resultado.

No primeiro mandato do governador Eduardo Campos, ações meritórias foram realizadas na área da segurança pública. Dentre estas, destaco: Terceirização das viaturas policiais, contratações de policiais, aumento salarial para ambas as polícias, mapeamento das áreas com maior frequência de homicídios, estabelecimento de metas e incentivos financeiros para policiais, promoções na PMPE, despolitização das polícias, desbaratamento de grupos de extermínio e de traficantes. 

Considerando as ações destacadas, constato que para o eleitor a redução da frequência do homicídio foi a consequência visível da política de segurança pública do governador Eduardo Campos. Não tenho dados atualizados quanto à sensação de segurança da população. Mas, certamente, não houve aumento considerável desta sensação. Assim como nos variados estados do Brasil, o eleitor ainda considera a segurança pública como um grave problema a ser enfrentado.

Ressalto, que independente da sensação de segurança da população, a redução da frequência do homicídio foi um grande mérito do governador. E, certamente, os eleitores reconhecem isto.

Por outro lado, o governador Eduardo Campos, ator empreendedor na cena política nacional e que deseja ser presidente ou vice-presidente da República, precisará mostrar ao eleitor pernambucano e brasileiro que a sua gestão em Pernambuco tem méritos. Em particular, na área da segurança pública. Diante disto, a frequência de homicídio não pode crescer.

A agenda da segurança pública será, dentre outras agendas, debatida na eleição presidencial de 2014. Sérgio Cabral junto com Beltrame terão o que mostrar no Rio de Janeiro. Aécio Neves e Geraldo Alckmin mostrarão as conquistas de Minas Gerais e de São Paulo. Dilma dirá que fez alguma coisa. E Eduardo Campos, caso venha a ser candidato a presidente, precisará mostrar o que fez em Pernambuco.   

      

 

O briefing da campanha

Adriano Oliveira, | qua, 30/11/2011 - 10:44
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O termo briefing é costumeiramente utilizado pelos publicitários. Raramente, estrategistas políticos utilizam o referido termo no cotidiano. Competidores não consideram o termo briefing e optam pelo senso comum ou por uma ideia advinda de um publicitário que se considera iluminado.

O briefing é uma parte importante da campanha. Através dele, o estrategista político monta o discurso do candidato, o grande tema da campanha e o slogan do competidor. Com isto, a possibilidade do sucesso eleitoral do candidato que permite a construção de um briefing inteligente cresce.

Pesquisas qualitativas e quantitativas permitem a construção do briefing, pois elas revelam os desejos e os sentimentos dos eleitores. Desta forma, o estrategista político, após a análise do eleitor e também dos adversários, constrói o briefing da campanha.

As peças publicitárias dos candidatos, as quais revelam as boas ideias dos publicitários, precisam ser construídas com base no briefing apresentado pelo estrategista da campanha. Quando elas estiveram prontas, é adequado que sejam testadas junto aos eleitores por meio de pesquisas qualitativas.

O briefing do candidato precisa atender a realidade e considerar as conjunturas presente e futura. É por isto, que candidatos precisam de estrategistas que construam o seu briefing. Boas ideias, ou melhor, slogans, não podem desprezar as conjunturas e os desejos do eleitor.

Em Pernambuco, observo a popularização da marca É Eduardo. Por sorte do destino, esta marca é admirada por todos e utilizada por pré-candidatos a prefeito, pois o governador Eduardo Campos tem uma administração bem avaliada. Em razão disto, inclusive, o senso comum dos pré-competidores incentiva o uso indiscriminado da marca É.

Estou acostumado a encontrar os seguintes slogans: É Carlos, É Maurílio, É Jorge. Ao me deparar com estes slogans, costumeiramente indago: A marca É revela o quê? Deseja ofertar o quê? Qual é a mensagem?

A reprodução de peças publicitárias antigas sugere que pré-candidatos continuam a realizar campanhas eleitorais a partir do senso comum e, por consequência, desconsideram pesquisas, estratégias e o briefing. Quando candidatos perdem a eleição, eles culpam, costumeiramente, as pesquisas. E esquecem de responsabilizar o senso comum.      

Qual é a razão de Eduardo Campos apoiar o PT em Recife?

Adriano Oliveira, | seg, 28/11/2011 - 10:47
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Em silêncio, o governador Eduardo Campos avançou sobre o eleitorado do PT em Recife. Apesar do PT comandar a prefeitura da capital pernambucana e ter um senador da República, é visível o processo de enfraquecimento da legenda.

Os conflitos internos entre João Paulo e João da Costa, a dependência irracional ao capital eleitoral do ex-presidente Lula, a não valorização do capital eleitoral de João Paulo e o desejo de apresentar candidato ao governo de Pernambuco em 2014 possibilitaram a perda de força eleitoral do PT em Recife.

Políticos precisam pensar estrategicamente. Alguns acreditam que assim pensam. Outros desconsideram a estratégia e permite que o senso comum e a intuição os guiem. A perda de força do PT, apesar de não ser visível para alguns, mostra que o PT errou sucessivamente após a aliança com Eduardo Campos e, claro, logo em seguida a eleição de João da Costa.

A administração do PT em Recife não é bem avaliada. Entretanto, mais uma vez friso: João da Costa é, neste instante, o melhor candidato do PT. Estratégias emocionais e de gestão caso sejam utilizadas poderão possibilitar o sucesso eleitoral de João da Costa. Mesmo diante desta possibilidade, o PT não confirma a candidatura de João da Costa – erro estratégico.  

Em Recife, a administração do governador Eduardo Campos é muito bem avaliada. Com intenção ou sem intenção, Eduardo Campos conseguiu anular, provisoriamente ou não, a força eleitoral de João Paulo, já que este optou por permanecer no PT. Eduardo Campos, em um curto intervalo de tempo, anunciou várias obras viárias, além de um parque, na cidade do Recife.

O governador Eduardo Campos sabe que dificilmente será candidato a vice-presidente numa chapa com Dilma. Ele sabe também que a sua candidatura a presidente será minada, lentamente, pelo PT nacional. Além disto, o governador Eduardo Campos tem ciência de que Fernando Bezerra Coelho (FBC) tornar-se-á com o seu apoio um candidato competitivo. Então, indago: por que Eduardo Campos precisa apoiar o PT em Recife?

Desconfio que a possibilidade existe, embora pareça sonho. Mas Daniel Coelho e Silvio Costa Filho são opções eleitorais do governador Eduardo Campos. Ambos podem vir a integrar a chapa de FBC. A ida de um ou outro para a chapa de FBC pavimenta, em parte, a manutenção do governo de Pernambuco em 2014 por parte do PSB.

Algum sábio dirá: Eduardo Campos faz parte do campo político do ex-presidente Lula. Sim, admirável sabedoria. Mas, Eduardo, de modo estratégico, poderá dizer a Lula: “Diante das condições atuais, é mais adequado que a Frente Popular tenha dois candidatos a prefeito do Recife. No caso, João da Costa e FBC. Com isto, mantemos a prefeitura em nosso controle”. O que Lula irá dizer? “Argumento plausível governador”.

Enfim: qual é a razão de Eduardo Campos apoiar o PT em Recife?

Prefeitos e a memória do eleitor

Adriano Oliveira, | sex, 25/11/2011 - 05:09
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Prefeitos bem avaliados não vencem necessariamente a eleição. Prefeitos mal avaliados não perdem necessariamente a eleição. Campanhas importam, e estas, quando bem conduzidas modificam ou consolidam a escolha do eleitor. Eleitores têm memórias. Nestas, estão presentes imagens de fatos e pessoas. 

O eleitor se lembra de quê? Hoje, por exemplo, dado candidato pode ter reduzido índice de aprovação junto aos eleitores. Em razão disto, aparece em segundo lugar em pesquisas de intenção de voto. Faltando três meses para o inicio oficial da campanha, a aprovação do prefeito poderá crescer. E na reta final da campanha, o prefeito passa a ser favorito para vencer a disputa eleitoral.

O fenômeno exposto acima é plausível de ocorrer. Ou melhor: costumeiramente ocorre na dinâmica eleitoral brasileira. E ele ocorre em razão de que os eleitores lembram o passado, refletem sobre o presente e avaliam o futuro. Entretanto, eleitores são imediatistas. Neste caso, a melhora das condições de vida na cidade poderá fazer com que o eleitor esqueça o passado, elogie o presente e vislumbre um futuro promissor.

O ponto teórico central é: o eleitor não considera sistematicamente o passado para realizar escolhas eleitorais. O presente é prioritariamente levado em conta no instante dele realizar a sua escolha eleitoral. A satisfação do presente cria euforia, ou melhor, expectativa positiva quanto ao futuro.

Portanto, prefeitos com reduzidos índices de aprovação podem vencer a eleição. Contudo, para isto ocorrer é necessário que estratégias de gestão e de comunicação possibilitem ao eleitor um sentimento de bem-estar presente e criem euforia e expectativa promissora quanto ao futuro da cidade.

Estrategistas, através de pesquisas qualitativas e quantitativas, podem analisar e monitorar sistematicamente a memória do eleitor. Se o estrategista da oposição constatar que a memória do eleitor lembra fortemente do passado ruim da administração do prefeito, a oposição tem condições de vencer o pleito eleitoral. Mas se o eleitor esqueceu o passado, e a sua memória se resume ao presente, onde neste o eleitor vive com satisfação e alegria, o prefeito tende a ser reeleito. 

A desideologização das campanhas eleitorais

Adriano Oliveira, | seg, 21/11/2011 - 09:00
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O livro The European Voter – A Comparative Study of Modern Democracies, organizado por Jacques Thomassen, revela que a ideologia é uma variável em desuso para explicar o comportamento do eleitor. O raciocínio dos variados autores que participaram do livro é que mudanças socioeconômicas transformaram o eleitor europeu. E, por consequência, a ideologia não tanto importa para explicar a escolha dos eleitores.

No livro Esquerda e Direita no eleitorado brasileiro, André Singer mostra que a ideologia explica, junto com outras variáveis, o capital eleitoral de Lula nas eleições de 1989 e 1994. Considerando as transformações socioeconômicas ocorridas na sociedade brasileira nestes últimos 21 anos, tenho a hipótese de que a ideologia não explica de modo satisfatório a escolha dos eleitores.

Um pergunta básica deve ser feita: os eleitores sabem distinguir as características entre esquerda e direita? Tenho a hipótese que não. Deste modo, pesquisas quantitativas que solicitam que eleitores se posicionem entre os espectros ideológicos não revelam nada. Apenas sugerem algo.

As últimas eleições presidenciais mostraram que as variáveis Avaliação da administração e Bem-estar econômico explicam a escolha do eleitor. A partir de um olhar apressado, considero que estas variáveis explicam o sucesso eleitoral dos candidatos. Entretanto, outras variáveis existem, as quais junto com Avaliação da administração e Bem-estar econômico podem vir a explicar de modo satisfatório as escolhas dos eleitores.

Por que a maioria dos eleitores aprova a administração de dado presidente da República ou dado prefeito? Esta é uma pergunta vital para evidenciar outras variáveis que motivam os eleitores a optarem por um candidato. Quais os sentimentos do eleitor? Através desta indagação é possível identificar o estado de ânimo do eleitorado. O estado de ânimo reflete os desejos, os medos, e a visão de mundo dos eleitores na conjuntura.

Através de pesquisas qualitativas e quantitativas é possível identificar os sentimentos dos eleitores. A partir da identificação e compreensão dos sentimentos, as variáveis bem-estar econômico e Avaliação da administração adquirem condições de serem interpretadas de modo satisfatório.

Constato, portanto, mas não desconsidero a conjuntura, que as campanhas eleitorais no Brasil sofrem, há muito tempo, um processo de desideologização, pois as ideologias não importam tanto.

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