Tópicos | adoção

Para os fãs de animais, é um compromisso para marcar na agenda. Ou, como os organizadores gostam de fazer de trocadilho, é um "cãopromisso". No sábado (17), o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de São Paulo realiza mais uma edição da já tradicional Festa de Adoção, a décima nos últimos cinco anos. Cerca de 400 bichos - na maioria cães, mas há também 80 gatos e 8 cavalos - estarão à disposição para serem adotados por uma família.

"A adoção é constante no CCZ. Mas esses eventos funcionam como chamarizes", diz a gerente da entidade, Ana Claudia Furlan Mori. Para adotar um bichinho é preciso passar por um verdadeiro processo seletivo. Depois da escolha do animal, o candidato a dono bate um papo com um funcionário para saber qual o temperamento do bicho.

##RECOMENDA##

Então, passa-se por uma fase de entrevista de perfil, onde especialistas do CCZ vão analisar se ele está pronto para assumir a responsabilidade. "Sendo aprovada, a pessoa precisa pagar a taxa pública, atualmente de R$ 16,20. O animal já vem castrado, vacinado, microchipado, vermifugado e com Registro Geral do Animal (RGA), emitido na hora.

Como de praxe nesse tipo de evento, diversas atrações estão previstas. A novidade é o "cãorreio elegante", em que os entregadores de recadinhos serão os próprios cães disponíveis para adoção. "Um voluntário humano vai acompanhar a entrega", explica a gerente. A festa da adoção vai acontecer das 10 horas às 16 horas, no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Rua Santa Eulália, 86, Santana, zona norte de São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Três anos após a criação do Cadastro Nacional de Adoção, as crianças negras ainda são preteridas por famílias que desejam adotar um filho. A adoção inter-racial continua sendo um tabu: das 26 mil famílias que aguardam na fila da adoção, mais de um terço aceita apenas crianças brancas. Enquanto isso, as crianças negras (pretas e pardas) são mais da metade das que estão aptas para serem adotadas e aguardam por uma família.

Apesar das campanhas promovidas por entidades e governos sobre a necessidade de se ampliar o perfil da criança procurada, o supervisor da 1ª Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal, Walter Gomes, diz que houve pouco avanço. “O que verificamos no dia a dia é que as família continuam apresentando enorme resistência [à adoção de crianças negras]. A questão da cor ainda continua sendo um obstáculo de difícil desconstrução.”

Hoje no Distrito Federal há 51 crianças negras habilitadas para adoção, todas com mais de 5 anos. Entre as 410 famílias que aguardam na fila, apenas 17 admitem uma criança com esse perfil. Permanece o padrão que busca recém-nascidos de cor branca e sem irmãos. Segundo Gomes, o principal argumento das famílias para rejeitar a adoção de negros é a possibilidade de que eles venham a sofrer preconceito pela diferença da cor da pele.

“Mas esse argumento é de natureza projetiva, ou seja, são famílias que já carregam o preconceito, e esse é um argumento que não se mantém diante de uma análise bem objetiva”, defende Gomes. O tempo de espera na fila da adoção por uma criança com o perfil “clássico” é em média de oito anos. Se os pretendentes aceitaram crianças negras, com irmãos e mais velhas, o prazo pode cair para três meses, informa.

Há cinco anos, a advogada Mirian Andrade Veloso se tornou mãe de Camille, uma menina negra que hoje está com 7 anos. Mirian, que tem 38 anos, cabelos loiros e olhos claros, conta que na rotina das duas a cor da pele é apenas um “detalhe”. Lembra-se apenas de um episódio em que a menina foi questionada por uma pessoa se era mesmo filha de Mirian, em função da diferença física entre as duas.

“Isso [o medo do preconceito] é um problema de quem ainda não adotou e tem essa visão. Não existe problema real nessa questão, o problema está no pré-conceito daquela situação que a gente não viveu. Essas experiências podem existir, mas são muito pouco perto do bônus”, afirma a advogada.

Hoje, Mirian e o marido têm a guarda de outra menina de 13 anos, irmã de Camille, e desistiram da ideia de terem filhos biológicos. “É uma pena as pessoas colocarem restrições para adotar uma criança porque quem fica esperando para escolher está perdendo, deixando de ser feliz.”

Para Walter Gomes, é necessário um trabalho de sensibilização das famílias para que aumente o número de adoções inter-raciais. “O racismo, no nosso dia a dia, é verificado nos comportamentos, nas atitudes. No contexto da adoção não tem como você lutar para que esse preconceito seja dissolvido, se não for por meio da afirmatividade afetiva. No universo do amor, não existe diferença, não existe cor. O amor, quando existe de verdade nas relações, acaba por erradicar tudo que é contrário à cidadania”, ressalta.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando