Ser escolhida como mãe, aos 43 anos, ser adotada como filha, de forma afetiva, aos 14. Definitivamente, as vidas de Maria Silvania de Amorim e Ana d’ Azevedo, não se cruzaram por acaso.
Silvania foi colocada em março de 1991, por um erro, na sala da professora Ana d’Azevedo - ela era de uma série mais avançada. Desde então, a aluna foi indicando sinais de carinho por ela. “Desde que ela chegou eu senti que ela era especial, ela era diferente das meninas da escola. Depois eu descobri que ela era de Bezerros, e eu também sou. São os planos de Deus! Em maio do mesmo ano, ela me deu o primeiro presente de Dia das Mães”, relembra Ana.
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A aluna havia sido criada pela madrasta e sofreu muito durante sua infância. Segundo a professora, Silvania viu nela o conforto, carinho e proteção que se encontra em uma mãe. A partir daí, a relação foi ficando tão forte que ela chegou a morar na casa de Ana.
Aos 21, ela se casou e logo depois teve o primeiro filho, Bruno Lucas, atualmente com 13 anos e, logo depois, foi mãe pela segunda vez de Marco Gabriel, hoje com 9. Por uma fatalidade do destino, Silvania morreu precocemente aos 27 anos, mas sempre dizia ao marido, aos amigos e até a sogra: caso ela morresse, gostaria que os filhos fossem criados pela mãe, Ana. E a vontade dela foi feita. “É um presente, é uma coisa que estava traçada por Deus que eu não entendo, eu só tenho que agradecer, apesar da tristeza e da saudade pela perda dela. Ela que me adotou como mãe, então, eu ganhei esses filhos a partir da morte dela, que até então seriam meus netos”, conclui.
O convívio em casa é de muito amor, com a mãe-avó e também com a bisavó, Lenira Sales d’Azevedo, 94. “A gente tem os aborrecimentos normais, o pior é colocar pra estudar. Mas é um dia a dia de muita alegria. Os médicos até dizem que eles são uma terapia para a minha mãe”, explica.
FLORAIS – Ana d’Azevedo é terapeuta floral há dezoito anos e trabalha com pais e crianças adotivas ou que pretendam adotar. Segundo ela, os florais servem para harmonizar emocionalmente, já que em muitos casos de adoção, sempre há alguma situação de perda ou dor, principalmente das crianças. Ela destaca casos de sucesso no tratamento. “Teve uma criança de 2 anos que tinha distúrbio do sono, inclusive com crises de pânico no meio da noite. Não conseguia dormir, nem ela, nem a mãe. Com 2 meses de florais, ela ficou bem”.
GEAD – O Grupo de Estudo e Apoio à Adoção (GEAD) atua há treze anos no Recife reunindo pais adotivos e que pensam em adotar para trocar ideias, desmistificar o preconceito da adoção e vincular a atitude como uma forma de acolhimento. As reuniões do grupo acontecem todo o segundo sábado do mês, a partir das 16h, no Colégio Lubienska que fica na rua Paraguassu, 255, na Torre.