Por ter uma audição supersensível, a maioria dos pets tendem a ter medo do barulho de fogos de artifício. E isso por ser um problema no réveillon, já que as reações de desconforto demonstradas pelos animais podem causar danos físicos e até a morte. Além dos cachorros, os gatos também sofrem com os estrondos dos fogos por terem uma audição mais potente que os humanos.
Quadros de taquicardia, taquipneia, ansiedade e estresse muito alto causados pelo medo podem levar o animal a apresentar convulsões que podem evoluir para óbito, salientou a médica veterinária Gislaine Vasconcelos. “Infelizmente temos vários casos de pets que vieram a óbito por conta dos fogos. Nesse caso podemos citar aqueles animais que são cardiopatas ou epiléticos, que podem ter infartos, crises convulsivas e, muitas vezes, não dá tempo de socorrer esse paciente para a emergência. Ainda temos os casos de pets assustados que fogem de casa e correm risco de atropelamento, pets que, pelo medo, pulam de grandes alturas. São várias situações que podem acontecer e levar ao óbito deles por conta do medo dos fogos”, frisou.
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A médica veterinária explicou que o tutor pode adotar medidas para manter o animal mais calmo, como o uso da aromaterapia e cromoterapia. “O uso de cheiros e de luzes de cores diferentes também podem ser aliados à musicoterapia para acalmar o animal. Já existem várias playlists de músicas para acalmá-los e que realmente funcionam. Além disso, o tutor pode utilizar florais, mas é preciso de um uso de meses até vermos o efeito. Adestradores também possuem técnicas de dessensibilização que ‘treinam’ o animal para não ficar tão assustado com o barulho dos fogos”, detalhou.
Por sua vez, o adestrador Paulo Aires (@caocapaz) destacou que não dá para resolver a questão do medo dos fogos de artifício de uma hora para a outra, é preciso de tempo. No entanto, ele deu dicas do que fazer para reduzir os danos ocasionados pelo medo do barulho. “Para um cão que apenas late com medo, o ideal é levá-lo para um ambiente fechado e ficar com ele lá, caso ele não tolere ficar sozinho, pois é onde o som dos fogos é mais baixo. Colocar alguma música mais calma com um volume mais alto ajuda a abafar o som dos fogos e talvez seja suficiente”, afirmou.
Para os cães mais sensíveis, segundo Paulo, é indicado ter outros tipos de cuidados. “Os que costumam chorar, correr para se abrigar (alguns até tentam pular janelas), derrubar objetos, os cuidados devem ser mais intensos: retirar objetos que possam machucar, fechar as janelas, passear ou brincar antes do momento dos fogos para que eles estejam mais relaxados. Também há a possibilidade de trabalhar com mordedores naturais e/ou recheados no momento da queima de fogos”.
O adestrador chamou atenção para o uso de remédios que "aparentemente acalmam o cão”. “Na verdade, eles só tiram a capacidade do animal de reagir ao estímulo, o que faz a experiência ser ainda mais traumática. Se for fazer o uso de algum medicamento, consulte o melhor veterinário que você puder”, afirmou.
Ainda de acordo com Paulo Aires, os cuidados preventivos devem ser feitos antes da época em que os fogos acontecem, como o Réveillon, São João, Copa do Mundo, pois o cão precisa aprender a lidar com os estímulos de forma artificial, em casa. “O tutor pode, por exemplo, procurar vídeos na internet com som de fogos e colocar num volume bem baixo, que não incomoda o cão (mas também é percebido por ele) e brincar, dar a alimentação dele ou - o melhor de tudo - treinar alguns comandos, associando aquele som com algo bastante divertido. Conforme o cão for ficando mais à vontade, o volume pode ser aumentado aos poucos, de forma que o cão praticamente não perceba esse aumento. Tudo isso deve ser iniciado em fevereiro, não em dezembro, e de preferência com o acompanhamento de um adestrador de metodologia positiva”, pontuou.
De acordo com a médica veterinária Gislaine Vasconcelos, ainda que o animal não tenha medo dos fogos de artifício, é preciso que o tutor tenha atenção com a distância da explosão. “Assim como nos humanos, o barulho muito alto pode causar perda de audição temporária ou definitiva, bem como inflamação do tímpano, as quais podem levar a problemas de equilíbrio, como labirintite, visto que o ouvido participa do equilíbrio do corpo”, orientou.
A especialista acrescentou, ainda, que os gatos também sofrem com o barulho dos fogos e que respondem bem às técnicas já indicadas de cromoterapia e aromaterapia. “É interessante também isolar esses animais num cômodo da casa onde o barulho dos fogos seja menos audível, para que as outras técnicas tenham melhores resultados. Isso serve para os cães também”.