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Aceitação legal de uma criança como filho; adotação, perfilhação, perfilhamento, é o significado da palavra ‘adoção’ de acordo com dicionário, mas o ato não se resume apenas em palavras como aceitação ou acolhimento, ele vai muito além disso. Celebrado em todo 25 de maio, o Dia Nacional da Adoção completa 20 anos neste 2022.  

De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça divulgados neste ano, existiam 3.751 crianças e adolescentes disponíveis para adoção em todo o Brasil, sendo 279 crianças de até dois anos, outros 2,6 mil com 8 anos ou mais e 742 adolescentes com mais de 16 anos. Destas que aguardam uma família, 54,1% dão pardos, 27,3% são brancos, 16,8% são pretos e 0,8% não tiveram a etnia informada. Ainda de acordo com os números, 17,6% têm problemas de saúde e 17,4% algum tipo de deficiência. mais da metade das crianças e adolescentes têm irmãos

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Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2021, 26,1% dos candidatos a adotantes (pessoas que querem adotar) desejam crianças brancas, 58% querem crianças de até 4 anos de idade, 61,5% não aceitam adotar irmãos, 57,7% só querem crianças sem nenhuma doença e apenas 4,54% aceitam adotar maiores de 8 anos. 

Atualmente, Pernambuco ocupa o 6º lugar no ranking de estados que mais realizam adoções no País, e 149 crianças e adolescentes estão aptas ao processo. Enquanto isso, o número de pretendentes para adotar é de 948, o que deveria encorajar, mas o ‘obstáculo’ é adotar crianças mais velhas ou adolescentes. Dos 948 interessados em adoção no estado, apenas 14 pretendem adotar adolescentes.

Um dos exemplos do real significado de adoção e que vai de encontro a estatística estadual é a família do advogado Felipe Valentim, de 35 anos, que tem dois filhos, Rayane e Rian, de 15 e 19 anos respectivamente. Ambos são irmãos biológicos, que foram adotados juntos por Felipe e a sua ex-esposa, Eduarda. 

Ao LeiaJá, Felipe contou que a adoção foi bastante pensada e estudada, “foi uma verdadeira escolha de vida” em vários âmbitos da vida. “Para a minha descoberta como ser humano e para aqueles que viessem a ser meus filhos, considerando o universo de pessoas que não têm qualquer oportunidade de vida, como também porque sempre considerei a filiação genética como adotiva, absolutamente idênticas. Porque, no final das contas, biologicamente ou não, escolhemos amar e acolher as pessoas ao nosso redor”, afirmou. “Não se tratou de opção por exclusão”, ressaltou ele, que disse que podia ter filhos biológicos mas não foi a opção do casal à época. 

Valentim revelou que a ideia inicial era adotar uma criança de até 7 anos de idade, mas que tudo mudou após ele ter visto os números de crianças e adolescentes disponíveis e adotantes interessados, como mencionado anteriormente. “Com isso, resolvemos partir para um universo até então diferente da maioria. Dois irmãos, com idade a partir de 11 anos de idade, considerando nossa disposição de conhecer realmente as histórias deles. Até porque, sempre considerei que, seja qual for a história de vida de qualquer pessoa, havendo disponibilidade emocional de parte à parte, ela pode ser mudada a partir do momento que outros estímulos sejam dados, a partir da comunicação, educação, passagem de valores, e principalmente, afeto”. 

Foi quando tiveram o conhecimento da Unidade de Acolhimento de Afogados da Ingazeira (UAA) pela TV. “E vimos Rian e Rayane passando no programa "Encontro" de Fátima Bernardes, num dia em que a juíza Hélia Viegas (coordenadora da Comissão Estadual Judiciária de Adoção de Pernambuco - Ceja) foi ao programa e as cartas dos meninos foram lidas, falando sobre seus sonhos de vida, por conta de um programa da Ceja para ajudar na chamada "adoção tardia" (de adolescentes). Depois disso, entramos em contato com o Ceja e promovemos um Natal no centro de acolhimento de Afogados da Ingazeira em 2017. Na oportunidade, conhecemos Rian e Rayane, e veio na gente a certeza de adotar os dois”, explicitou.

“Passamos o final de semana em contato com o centro, e com eles, sempre em conjunto com as responsáveis pelo local, e depois disso, conseguimos obter decisão judicial no nosso processo de adoção para iniciar a aproximação”, detalhou o advogado. 

De acordo com ele, como os filhos eram de Afogados da Ingazeira e eles de Recife, a Justiça concedeu a possibilidade deles já morarem com a família no estágio inicial com acompanhamento rotineiro do Fórum de Camaragibe, para consolidar a fase de adaptação em adoção efetiva. “Ela veio em 2018, quando a adoção foi consolidada. Passamos por todas as etapas normais do processo [que durou seis meses]: abrimos uma habilitação, fizemos o curso de preparação para adoção, fomos inscritos no Sistema Nacional de Adoção. Mas como nosso registro englobava crianças de 11 anos, e que podiam ser irmãos, logo que o processo de habilitação foi encerrado, já tínhamos a possibilidade de conhecer os meninos lá em Afogados da Ingazeira”. 

Questionado sobre a mudança no perfil, Felipe salientou que foi pelo entendimento de que a adoção poderia ser feita com crianças mais velhas ou adolescentes. “E uma coisa fundamental, foi conhecer várias histórias da Ceja, de adolescentes que queriam ser adotados. O tempo nunca foi o fator. Quando conhecemos as histórias deles vendo o programa Encontro e de outros casos da Ceja. E depois passamos a entender que seria possível a adoção de irmãos para evitar separação”. 

A filha mais nova, Rayane Colaço, que foi adotada com 11 anos e atualmente tem 15 anos, contou como foi saber que seria adotada junto com seu irmão. “O nosso maior medo sempre foi sermos adotados por famílias diferentes, até porque quando ia algum casal lá, eles não queriam irmãos, queriam crianças pequenas de berço ou de 4 ou 5 anos. Como a gente era um pouco maior, nosso medo sempre foi sermos adotados separadamente por conta da idade. Ficamos muito felizes quando a gente soube que iríamos ser adotados pela mesma família porque sempre fomos muito apegados desde antes de ir para o Lar. Saber que o casal queria adotar os dois e não um só e que eless tinham a ideia de que separar um irmão do outro seria uma dor foi muito bom”. 

Rian Colaço, que foi adotado com 14 anos e hoje tem 19 anos, compartilha o mesmo sentimento que a irmã, “eu sempre sonhei em ser adotado com ela”. “Meu maior medo era ser adotado separado e estar com ela foi muito bom porque sempre vivemos muito juntos e temos um vínculo muito grande. Quando recebemos a notícia de que seríamos adotados juntos eu fiquei muito feliz em saber que sempre vou estar com ela. Eu tinha medo de que a gente fosse desmembrado ou morasse em locais muito longe que nos impedisse ter vínculo; seria muito difícil de me adaptar”, confessou. 

O pai, Felipe Valentim, expressou que após o processo da adoção finalizado a ideia de família por escolha foi consolidada. "Mas só na prática, depois do dia a dia, de cada um dos problemas, de nos conhecermos um pouco por dia, de entender como cada um é e precisa, e da criação do amor mesmo, que vem naturalmente, é que tive certeza desse modelo de constituição familiar”, finalizou. 

A professora e artesã Jaciara Aquino também faz parte do ponto fora da curva das estatísticas. Ela, que sempre teve a ideia de adotar, a consolidou depois que casou. Segundo ela contou à reportagem, o plano inicial era ter dois filhos biológicos e o terceiro pela via adotiva, mas com o passar do tempo “fomos percebendo que engravidar ia ser mais difícil do que pensamos. "Nos acostumamos com a ideia de que eu não engravidaria, mas deixamos somente duas crianças mesmo em nosso perfil de habilitação para adoção. Demos entrada no processo em novembro de 2017. A partir daí nos indicaram as reuniões do Gead Recife. Havia um número obrigatório de frequência. No final entregamos as declarações de frequência para serem anexadas ao nosso processo. Essas reuniões foram maravilhosas. Aprendemos muito mesmo. Abre nossa mente nos vários aspectos da adoção”, disse. 

Mesmo tendo alterado o perfil para dois filhos, após ver fotos na página do Facebook do Ceja, de um grupo de três irmãos, a ideia mudou novamente. “A mais velha já tinha 14 e era um grupo de três irmãos. Poucos se habilitam para adolescentes e praticamente inexiste quem se habilite para mais de duas crianças. Conversamos, meu esposo e eu, e resolvemos entrar em contato para saber mais sobre eles e conhecê-los. Tivemos que alterar nosso perfil que era de duas crianças entre 3 e 8 anos, para três de até 16 anos, pois a de 14 já ia fazer 15. Deu tudo certo e adotamos os três, somos uma família desde 2019”. 

Rafaela, de 17 anos, Gabriel, de 14 anos, e Vitória, de 9 anos levaram para a vida de Jaciara e do marido, Robson Aquino, uma outra perspectiva de vida e de vivência em conjunto. “Hoje penso família, não somente eu, ou só o casal. Pensamos em cinco. Me preocupo com coisas comuns como saúde, alimentação e educação, mas também com as amizades que tem e que ainda vão ter. Quero ensinar autonomia mas muitas vezes me sinto insegura. Mas vejo que é com toda mãe, seja biológica ou por via adotiva”, afirmou. 

Ela contou que o processo do isolamento da pandemia foi de certa forma mais leve por estar sempre com a casa cheia. “Achei que eles iam sofrer mais, mas talvez por estarem também juntos o emocional de um acaba se apoiando no do outro mesmo sem eles perceberem. Ouvi casos de adolescentes que até fugiram de casa nessa pandemia e nesses casos foi pelo isolamento. Mar de rosas? Não, claro que não, mas temos nos apoiado mutuamente. Às vezes me veem cansada e sempre tem um gesto ou um carinho de um deles ou dos três. Apesar de não serem muito agitados, a casa está quase sempre movimentada. Queria poder dar mais coisas a eles, mas acredito que são felizes. É o que vejo neles e isso acalma meu coração”, desabafou. 

Respeito a história de vida do outro 

A psicóloga, coordenadora do Grupo de Apoio à Adoção do Paulista e coautora do Projeto Universo Adotivo, Emilene Frere, afirmou que desde quando começou a atuar na área, há 11 anos, a demanda de pais aumentou significativamente. “O mais interessante nessa mudança é que o perfil da criança desejada mudou muito, mudou para melhor. Quando comecei, o perfil era menina branca, sem irmãos, de 2 anos de idade no máximo. Acompanhei casos de crianças com 4, 5 anos tratados como adoção tardia, a gente dava esse nome porque já tinha uma idade que não era muito procurada pelos adotantes. O primeiro caso que acompanhei de adoção de casal de irmãos eles tinham 4 e 5 anos, duas crianças negras, e ela com doença tratável, e foi uma alegria ter conseguido uma família para eles, porque não era um perfil tão desejado”. 

Emilene detalhou como funciona o processo da pesquisa no perfil da criança e do adolescente. “As pesquisas são feitas inicialmente no município que residem, se não tiver pessoas no perfil, vão ser procurados pretendentes no estado que a criança mora e em estados vizinhos. Essas crianças que mencionei foram adotadas por um casal de Santa Catarina, e hoje se colocar o perfil dessas crianças no Sistema Nacional de Adoção (SNA) imediatamente terão pessoas de Pernambuco interessadas e possivelmente até uma fila de pessoas. Felizmente mudou muito esse perfil que se deve a muitas questões”. 

Ela ressaltou a importância do trabalho dos grupos de apoio de adoção com a desconstrução de mitos, tabus e preconceitos. “Quem ainda tinha medo de, sendo uma pessoa branca e adotar uma pessoa negra pelo receio de como aquilo ia ser visto pela sociedade, não existe mais. A adoção interracial é super normal e a sociedade vem cada vez mais aceitando, respeitando, compreendendo e colocando a adoção nese lugar de uma filiação natural”. 

O Grupo de Apoio à Adoção (Gead) é um espaço gestacional para famílias que buscam na adoção a possibilidade de exercer a maternidade ou paternidade. O grupo é formado por mães, pais e pretendentes à adoção que prestam serviço voluntário para o preparo psicossocial de adotantes no período do pré-adoção, com reuniões mensais e apoio no suporte após a chegada dos filhos no pós-adoção. O grupo também trabalha mitos e preconceitos que ainda veiculam na sociedade em relação ao instituto da adoção. 

Questionada sobre o impacto da procura dos pais e das mães pela psicoterapia no processo pós e pré adoção Emilene ressaltou: “impacta demais, impacta muito, mesmo antes dessa relação ser constituída”. Ela explicou que os pais recebem um telefonema informando que tem uma criança ou adolescente no perfil desejado disponível, e é quando acontece a primeira visita à distância, para não gerar expectativa na criança ou no adolescente.

“O número que vem aumentando e que me chama a atenção, é de pais que estão em aproximação e já procuram por terapia. Isso fala do entendimento desse pai, da disponibilidade dele de acolher a história desse filho. Eu falo até empolgada, porque é lindo ver essa entrega, esse cuidado, essa atenção. Nós temos uma lacuna muito forte socialmente, do cuidado com a saúde. Nós temos um olhar da saúde física, todo pai que receber um filho da adoção vai procurar um pediatra, ou um hebiatra e vai olhar o cartão de vacina. Mas ninguém leva a terapia, e perceba, é extremamente prudente esse cuidado com a saúde física, super adequado”, afirmou. 

Freire chamou atenção para a consciência da dor do outro. “É uma criança/adolescente que você sabe que sofreu perda, que tem um luto pra cuidar de sua família de origem, amigos do acolhimento que ele não vai mais ver, de educadores sociais que ele se vinculou e não vai mais ver, de irmãos biológicos, que às vezes precisa se separar. Existe uma dor posta, que esse pai tenha consciência disso. Mas essa negligência não culparia essas pessoas. Eles vivem na cultura que a gente não precisa cuidar dessas coisas, se der amor tudo bem. Mas muitas vezes é preciso de um apoio profissional para essa superação”. 

“Não precisa de tanto, vejo crianças tão dispostas a resiliência, a ressignificar a história delas, que nem é um processo terapêutico muito longo. Elas estão sedentas de construir algo bonito, algo melhor com a nova família, a depender também do que viveram. Terão algumas que terão complexidade maior na história da vida, e junto vem a complexidade de superar essa história”, completou. 

Para ela, uma grande problematização na adoção acontece quando adultos procuram crianças para atender às suas expectativas. “Mas essa criança precisa ser acolhida e  respeitada na sua história. Então, o primeiro erro fatal que pode acontecer é tentar acabar com a história dessa criança, é tudo que ela tem”. 

A profissional destacou a importância do respeito com a história e as vivências do outro. “O correto seria acolher, oferecendo o suporte adequado. Se ela aparecer com uma desnutrição, um problema no desenvolvimento físico ou motor, vai procurar um médico. Mas se ela vem com uma violência, um abandono não vai se procurar uma terapia. Que sentido teria isso? Esse discurso precisamos levar forte para os pretendentes de adoção, que esse passado existiu, que não precisa ser tabu e existem profissionais para darem conta disso. Não tem porque não oferecer esse suporte a criança”. 

Famílias formadas pela adoção vão tomar a Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife, no próximo domingo (22), às 9h, para celebrar sua décima caminhada e os 25 anos de luta no estado para que crianças e adolescentes abrigadas possam estar em família. Celebração e luta estão integrados à causa dos grupos de apoio à adoção e a caminhada tem como finalidade trazer luz ao Dia Nacional da Adoção, comemorado dia 25 de maio.

Durante o percurso, que vai da pracinha de Boa Viagem até as imediações do Edifício Acaiaca, as famílias vão levar faixas com mensagens que lembram o direito de toda criança e adolescente a uma família. 

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Quem reforça essa mensagem é a psicóloga e vice-presidente do Grupo de Apoio à Adoção do Recife (Gead), Suzana Schettini. “A adoção é uma outra possibilidade de constituição familiar, podendo ser tão gratificante quanto a genética. Se, por um lado, vem atender o desejo de filiação de pessoas que não podem ou não querem gerar as suas crianças, por outro lado, é a única possibilidade para crianças e adolescentes desprovidos do convívio familiar terem resgatado o seu status de filho. Adotar um filho significa mergulhar num projeto que precisa ser fundamentado no amor incondicional. Na adoção, o filho não vem do corpo, mas precisa ser incorporado afetivamente”, explica.  

Desmistificar a adoção e acabar com determinados preconceitos a respeito da temática são preocupações do pai por adoção e presidente do Gead Recife, o médico Valdemir Rodrigues, que também lembra dos 25 anos de militância do grupo em que atua de maneira voluntária. “O Gead Recife completa oficialmente este ano 25 anos de militância na causa da adoção, que significa principalmente respeito, respeito às diferenças. E a caminhada da adoção vem trazer às ruas não só a divulgação da causa da adoção como também um convite à reflexão sobre o exercício do amor."

O presidente do Gead Recife ainda celebra o retorno da caminhada às ruas, após o período crítico da pandemia da Covid-19 e menciona a luta por direitos. “Retornamos este ano a caminhada da Adoção e não apenas pelos direitos das crianças e adolescentes de ter família e convivência familiar, mas também pelo momento ímpar que estamos, em que vemos tanta disseminação da discórdia, da falta de amor, de retrocesso em algumas conquistas de direitos. O mundo falando em guerra, isto nos diz que estar nas ruas falando de adoção e atitude adotiva é também estar dando um grito de alerta para a cultura da paz, da justiça e dos direitos de todos. Vamos estar na avenida coloridos, mostrando que somos diversos e nossas famílias são constituídas por essas diversidades de cor de pele, gênero e religiões, mas formadas, sobretudo, pelo amor”, frisou. A caminhada é aberta ao público e não é necessário se inscrever para participar. 

SERVIÇO: 

10 ª Caminhada Pernambucana de Apoio à Adoção  

Data: domingo, 22 de maio  

Hora: concentração programada para às 9h  

Onde: saída da pracinha de Boa Viagem 

Sobre o Dia Nacional da Adoção 

Neste mês, celebramos no dia 25 de Maio, o Dia Nacional da Adoção de Crianças e Adolescentes. A data foi instituída pela Lei Federal 20.447 de 2002, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Já em Pernambuco, a Lei Estadual 14.349 é datada de 2011 e incluiu no calendário oficial de eventos a Semana Estadual da Adoção, que tem por finalidade a reflexão, a agilização, a comemoração e a realização de campanhas de conscientização, sensibilização e publicização do tema.

Sobre o Gead 

O grupo de apoio à adoção é um espaço gestacional para famílias que buscam na adoção a sua possibilidade de exercer a maternidade ou paternidade. O grupo formado por mães, pais e pretendentes à adoção atua de maneira voluntária e presta um serviço imprescindível no preparo psicossocial de adotantes no período do pré-adoção, com reuniões mensais e no apoio e suporte após a chegada dos filhos no pós-adoção, que também ocorre mensalmente. Além do mais, trabalham para dissolver mitos e preconceitos que ainda veiculam na sociedade em relação ao instituto da adoção, apregoando a atitude adotiva como fundamento das relações de convivência.

*Da assessoria

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Dezenas de recifenses tomaram as ruas da capital pernambucana na manhã deste domingo (26) para reforçar uma importante pauta para a sociedade: a adoção. Em caminhada, o grupo elevou a relevância da causa e propagou a mensagem.

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 Pelas ruas do centro do recife, famílias andavam juntas com mensagens de incentivo ao ato de adotar. Crianças adotivas estavam lado a lado de seus novos pais e uma verdadeira corrente do bem tomou conta da cidade.

Sorrisos, afeto e carinho eram estampados por todos os lados por onde o grupo passava. Organizado pelo Gead, que é uma Associação Pró Adoção e Convivência Familiar, o evento culminou no Marco Zero, na área central do Recife.

O Gead foi criado em 1997 para promover a atitude adotiva e carrega consigo feitos importantes em prol da adoção e construção de novas famílias.

Uma caminhada do amor. Pais e filhos adotivos e pretendentes à adoção participaram, neste domingo (21), de uma mobilização em apoio à adoção no país. O grupo caminhou pela avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, da pracinha ao Castelinho.

Durante o encontro, foram distribuídos panfletos com informações sobre o processo de adoção. Cartazes também destacaram a afetividade entre pais e filhos adotivos.

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"O objetivo da caminhada é chamar a atenção da sociedade para a legitimidade das famílias que surgem através da adoção e a necessidade de que desenvolvamos mais celeridade para os processos de adoção, para que as crianças que estão abrigadas temporariamente nas instituições de acolhimento cheguem o mais rápido possível às suas famílias de verdade, que são aquelas que as amam", frisou o presidente do Grupo de Estudos e Apoio à Adoção (Gead) do Recife, Guilherme Moura.

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A mobilização integra as ações da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), em comemoração ao Dia Nacional da Adoção, celebrado na próxima quinta-feira (25). Ao todo, 33 cidades do Brasil terão caminhadas ou corridas até o próximo domingo (28).

"A família que surge através da adoção é uma família que surge através do afeto. E a adoção é uma questão ampla, que envolve inclusive padrastos e madrastas que amam e cuidam de seus enteados”, explicou Moura.

Pernambuco foi o terceiro estado com o maior número de adoções em 2016. No período, mais de 100 crianças foram recebidas em novos lares.

Com informações de Thabata Alves.

Para os pais que se interessem em ouvir outro ponto de vista sobre como entender seus filhos, acontece na quinta-feira (23) uma palestra com Luiz Schettini, psicólogo, filósofo e professor. Serão abordadas questões como os aspectos das relações familiares, arte da convivência, carão com carinho e pedagogia da ternura. O evento será realizado na AABB, localizada na Av. Dr. Malaquias, 204, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife. 

Os ingressos são limitados e devem ser trocados por 1 kg de alimento não perecível – exceto sal – na Sala de Estudo, na Rua Antenor Navarro, 81, também nas Graças. O alimento arrecadado será doado ao Grupo de Estudo e Apoio à Adoção de Recife (Gead Recife) para distribuição entre as casas de acolhimento da Região Metropolitana do Recife (RMR).

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Serviço

Palestra “Como entender seus filhos”

Local: AABB - Av. Dr. Malaquias, 204, Graças

Horário: 19h30

Ingressos: Sala de Estudo - Rua Antenor Navarro, 81, Graças

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As ruas do centro do Recife foram tomadas, na manhã deste domingo (24), por uma caminhada que defende uma causa muito importante: a adoção de crianças e adolescentes. O grupo formado por cerca de 300 pessoas saiu por volta das 9h da Praça da Independência e encerrou o ato nas imediações do Acaiaca, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife.

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A caminhada, organizada pelo Grupo de Estudo e Apoio à Adoção do Recife (Gead), chegou a sua quinta edição e foi realizada um dia antes do Dia Nacional da Adoção, comemorado nesta segunda-feira (25). O objetivo principal era chamar a atenção da população para as atitudes adotivas em geral.

“Essas conscientização engloba não só a questão familiar, mas também a adoção do planeta, das causas sociais”, afirmou Eneri Albuquerque, uma das fundadoras do Gead. No âmbito familiar, Eneri explica que no Brasil atualmente cerca de cinco mil crianças estão aptas para adoção e quase 30 mil famílias são pretendentes a adotar.

“Parece até estranho quando percebemos que a conta não fecha, já que temos mais famílias do que crianças. Mas é que o nível de exigências das pessoas foge no perfil dos abrigos. Normalmente elas querem bebês, brancos, e esse não é o perfil”.

Por conta disso, o Gead trabalha na perspectiva na nova cultura da adoção, debatendo o assunto com as famílias pretendes uma vez por mês. “Todas as crianças têm direito a ter uma família, e elas estão em busca disso. Por isso nós temos que trabalhar o preconceito e abrir a cabeça e flexibilizar as escolhas”, completou.

Os encontros do Gead ocorrem sempre aos segundo sábado do mês, às 16h, no bairro da Torre, Zona Norte do Recife. 

Lar doce lar

Julio de Arruda vive atualmente uma das experiências mais especiais e desejada pelo homem: tornou-se pai há três meses. Mas a espera durou mais do que uma gestação, demorou cerca de um ano. O sonho também foi realizado de forma diferente. Chegou em dobro: dois meninos de sete anos.

No ano passado ele decidiu que adotaria uma criança. Optou por meninos, que poderiam ser irmãos e tivessem entre três e sete anos. “Decidimos ampliar o leque de opções, para conseguir pelo menos um. A lista de espera é grande e normalmente o perfil nos abrigos são de crianças maiores”.

Já em casa, eles ainda vivem a normal fase da novidade. Os meninos chegaram ansiosos, curiosos, mas já se sentem parte do lar. “Elas já se adaptaram a nova família e a nova escola. É um prazer imenso”.

Apesar do sonho realizado, Julio critica o processo lento e burocrático para se adotar uma criança no Brasil. “Esses meninos chegaram no abrigo com dois anos, justamente com o perfil que as famílias buscam. Mas até ficarem aptos para adoção eles cresceram e tudo ficou mais difícil. O processo poderia ser mais rápido, para que casos como esses fossem evitados”.

O incentivo a adoção será tema de um encontro realizado pela comarca de Jaboatão dos Guararapes, na próxima sexta-feira (9). Os interessados em adotar uma criança, receberão instruções psicossociais e orientações sobre os procedimentos jurídicos que necessários para o processo. O VIII Encontro de Pretendentes à Adoção acontecerá das 8 às 13h, no auditório da Vara da Infância e Juventude, no Fórum Desembargador Henrique Capitulino, localizado na Avenida General Barreto de Menezes, em Prazeres. 

Participarão do evento: representantes do Ministério Público de Pernambuco, Defensoria Pública, Conselhos Tutelares, membros das equipes interprofissionais da Vara e das instituições de acolhimento e Grupo de Apoio à Adoção de Recife (GEAD). Alguns casais que adotaram crianças também estarão no evento para contar suas experiências.

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Durante o encontro, será apresentada aos casais a opção de adoção de “grupo de irmãos”, uma palestra do promotor de Justiça Maxwell Anderson sobre o poder da instituição familiar e a  juíza Sônia Stamford irá instruir os casais para a etapa de inclusão do Cadastro Nacional de Adoção.

Ser escolhida como mãe, aos 43 anos, ser adotada como filha, de forma afetiva, aos 14. Definitivamente, as vidas de Maria Silvania de Amorim e Ana d’ Azevedo, não se cruzaram por acaso.

Silvania foi colocada em março de 1991, por um erro, na sala da professora Ana d’Azevedo - ela era de uma série mais avançada. Desde então, a aluna foi indicando sinais de carinho por ela. “Desde que ela chegou eu senti que ela era especial, ela era diferente das meninas da escola. Depois eu descobri que ela era de Bezerros, e eu também sou. São os planos de Deus! Em maio do mesmo ano, ela me deu o primeiro presente de Dia das Mães”, relembra Ana.

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A aluna havia sido criada pela madrasta e sofreu muito durante sua infância. Segundo a professora, Silvania viu nela o conforto, carinho e proteção que se encontra em uma mãe. A partir daí, a relação foi ficando tão forte que ela chegou a morar na casa de Ana.

Aos 21, ela se casou e logo depois teve o primeiro filho, Bruno Lucas, atualmente com 13 anos e, logo depois, foi mãe pela segunda vez de Marco Gabriel, hoje com 9. Por uma fatalidade do destino, Silvania morreu precocemente aos 27 anos, mas sempre dizia ao marido, aos amigos e até a sogra: caso ela morresse, gostaria que os filhos fossem criados pela mãe, Ana. E a vontade dela foi feita. “É um presente, é uma coisa que estava traçada por Deus que eu não entendo, eu só tenho que agradecer, apesar da tristeza e da saudade pela perda dela. Ela que me adotou como mãe, então, eu ganhei esses filhos a partir da morte dela, que até então seriam meus netos”, conclui.

O convívio em casa é de muito amor, com a mãe-avó e também com a bisavó, Lenira Sales d’Azevedo, 94. “A gente tem os aborrecimentos normais, o pior é colocar pra estudar. Mas é um dia a dia de muita alegria. Os médicos até dizem que eles são uma terapia para a minha mãe”, explica.            

FLORAIS – Ana d’Azevedo é terapeuta floral há dezoito anos e trabalha com pais e crianças adotivas ou que pretendam adotar. Segundo ela, os florais servem para harmonizar emocionalmente, já que em muitos casos de adoção, sempre há alguma situação de perda ou dor, principalmente das crianças. Ela destaca casos de sucesso no tratamento. “Teve uma criança de 2 anos que tinha distúrbio do sono, inclusive com crises de pânico no  meio da noite. Não conseguia dormir, nem ela, nem a mãe. Com 2 meses de florais, ela ficou bem”.

GEAD – O Grupo de Estudo e Apoio à Adoção (GEAD) atua há treze anos no Recife reunindo pais adotivos e que pensam em adotar para trocar ideias, desmistificar o preconceito da adoção e vincular a atitude como uma forma de acolhimento. As reuniões do grupo acontecem todo o segundo sábado do mês, a partir das 16h, no Colégio Lubienska que fica na rua Paraguassu, 255, na Torre.

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