Tópicos | Airbus A320

O copiloto do Airbus A320 acusado de ter jogado o avião contra uma montanha no sudeste da França recebeu tratamento por tendência suicida em um passado distante, indicou nesta segunda-feira a justiça alemã.

"O copiloto esteve em tratamento psicoterápico por tendências suicidas há muitos anos, antes de obter sua licença de piloto", declarou o procurador de Düsseldorf (oeste), Ralf Herrenbrück. Mas nas últimas consultas médicas "não foram atestados nenhum comportamento suicida ou agressivo para com os outros", acrescentou.

Na tragédia ocorrida em 24 de março nos Alpes franceses, morreram 150 pessoas, incluindo o copiloto, Andreas Lubitz.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse hoje estar profundamente chocada com a informação de que o copiloto do avião da Germanwings aparentemente provocou deliberadamente a queda da aeronave após ter se trancado sozinho na cabine.

"Hoje, chegou a nós a notícia que dá a esta tragédia uma nova dimensão, aparentemente incompreensível", disse Merkel. "Fui atingida por esta notícia, provavelmente da mesma forma que a maioria das pessoas. Isso é algo que vai além de qualquer poder da imaginação. Nós ainda não sabemos o contexto e é por isso que continua sendo tão importante prosseguir com as investigações até que cada aspecto tenha sido investigado exaustivamente", complementou.

##RECOMENDA##

Ela reiterou a promessa que fez a líderes da França e da Espanha na quarta-feira de que seu governo faria tudo o possível para ajudar a esclarecer todos os aspectos da tragédia, na qual 150 pessoas morreram.

O copiloto, identificado como Andreas Lubitz, de 28 anos, cresceu na cidade alemã de Montabaur.

O Ministério Público da França informou que o piloto foi intencionalmente fechado para fora da cabine de pilotos minutos antes do Airbus A320 cair nos Alpes franceses. Fonte: Dow Jones Newswires.

O voo 4U9525 da companhia aérea Germanwings começou como qualquer outro, com conversas habituais entre os dois pilotos, mas, após a saída do comandante da cabine, terminou em tragédia, por uma ação inesperada do jovem copiloto.

O promotor francês Brice Rodin, a cargo da investigação judicial na França, contou nesta quinta-feira o ocorrido, baseando-se na gravação dos sons da cabine da caixa-preta do avião, que caiu na terça-feira nos Alpes franceses quando realizava o trajeto entre Barcelona e Dusseldorf.

##RECOMENDA##

"Nos primeiros 20 minutos do voo, os dois pilotos (o comandante e o copiloto) conversaram de maneira completamente normal, e inclusive cortês e jovial, como dois pilotos durante um voo". "Não acontece nada anormal", contou Robin nesta quinta-feira em referência a estes momentos, sempre a partir da gravação da caixa-preta que registrou as conversas na cabine de pilotagem.

Nesse período, o avião alcançou normalmente sua altitude e sua velocidade de cruzeiro. Um último contato foi mantido com os controladores de tráfego aéreo no momento em que o avião entrava no espaço aéreo francês.

Na gravação, "ouve-se o comandante preparando o pouso em Dusseldorf. As respostas do copiloto parecem lacônicas". O copiloto é Andreas Lubitz, de 28 anos e nacionalidade alemã.

Sozinho na cabine

"Depois ouve-se o comandante a bordo pedir que o copiloto assuma o comando, o ruído do assento que retrocede e da porta que se fecha". "Podemos pensar legitimamente que se ausentou para atender a uma necessidade natural. Neste momento, o copiloto fica sozinho, manipula os botões de 'flight monitoring system' para acionar a descida da aeronave".

Assim como a justiça francesa, os diretores das Germanwings e da Lufthansa, sua casa matriz, apontaram o copiloto como origem da catástrofe. Ele bloqueou a porta da cabine, segundo fontes alemãs.

No avião, "a ação sobre o selecionador de altitude só pode ser voluntária", disse o promotor francês. Na gravação da caixa-preta, "ouvem-se vários chamados do comandante pedindo o acesso à cabine" por intermédio do interfone com visor. "Se identificou, mas não há nenhuma resposta do copiloto. Bateu depois na porta, sempre sem receber resposta. No momento ouve-se um ruído de respiração humana dentro da cabine. Este ruído dura até o impacto final, o que quer dizer que o copiloto estava vivo".

Quando os controladores de tráfego aéreo se deram conta de que o Airbus A320 mudava de altitude e iniciava uma descida sem modificar sua trajetória retilínea, a torre de controle de Marselha (sul da França) tentou contactá-lo várias vezes. Pediu que o avião fizesse o código de emergência, o 7700, mas não receberam nenhuma resposta do copiloto, prosseguiu o promotor.

Gritos de terror

Ao se aproximar do solo, soaram os alarmes, perfeitamente audíveis na gravação. "Nesse momento ouvem-se golpes lançados violentamente para tentar derrubar a porta", mas "é uma porta blindada, em conformidade com as regras internacionais", acrescentou Robin.

"Pouco antes do impacto final, ouve-se o que pode ser provavelmente o ruído de uma primeira colisão contra um declive. O avião deslizou provavelmente por uma encosta antes de se chocar, a 700 km/h, contra a montanha. Nenhuma mensagem de socorro ou de emergência foi recebida pelos controladores de tráfego aéreo. Nenhuma resposta foi dada as suas numerosas mensagens".

Segundo o promotor, apenas alguns segundos antes do impacto os passageiros perceberam que iam se acidentar. E seus gritos de terror são ouvidos no momento anterior à colisão contra a montanha.

Para a justiça francesa, "a interpretação mais verossímil é que o copiloto, voluntariamente, recusou-se a abrir a porta da cabine ao comandante" e "acionou o botão de perda de altitude por uma razão que ignoramos totalmente, mas que pode ser analisada como uma vontade de destruir o avião".

Descrito por pessoas próximas como um profissional muito competente e sonhador, o copiloto alemão suspeito de provocar a queda do A320 da Germanwings nos Alpes franceses com outras 149 anos era um homem de 28 anos aparentemente sem problemas.

"Um jovem normal, de bem com a vida, que não fazia nada que saísse do normal. Ele era muito competente", relata à AFP Klaus Radke, de 66 anos presidente do clube de aeronáutica de Montabaur, pequena cidade do oeste da Alemanha.

##RECOMENDA##

Andreas Lubitz, suspeito de ter provocado o acidente de terça-feira, ainda vivia parte do tempo na casa dos pais, que moram em Montabaur. A casa foi cercada nesta quinta-feira por um cordão policial e revistada.

Os vizinho descrevem um jovem que gostava de praticar corrida de rua, junto com o irmão mais novo e a namorada, conquistando até alguns resultados expressivos em competições locais.

Curso interrompido

"Ainda não posso nem quero acreditar. Estou muito chocado. Cruzava pouco com ele, mas era sempre muito educado e simpático. Não sei se ele estava depressivo ou doente, mais nunca houvi falar em problemas da parte dele ou de sua família", relata Johannes Rossbach, de 23 anos.

De acordo com a Lufthansa, matriz da Germanwings, Andreas Lubitz integrou em 2008 o curso de capacitação de pilotos da companhia alemã em Bremen, no noroeste do país, e se formou em 2012, antes de ser contratado em 2013.

Quando não estava em Montabaur, morava num apartamento em Düsseldorf, base da companhia Germanwings, que fazia a conexão para cidades como Barcelona, de onde era oriundo o voo que deixou 150 mortos.

Lubitz tinha 630 horas de voo, e conseguiu em 2013 a certificação da Agência Federal Americana de Aviação Civial (FAA), de acordo com o site especializado "Aviation business gazette".

A Lufthansa revelou que o copiloto tinha sido submetido a testes psicológicos previstos no curso, e chegou a interromper sua formação "por alguns meses". A direção da companhia alegou não poder comunicar o motivo desta interrupção.

"Ele era 100% apto para pilotar, seu desempenho era irretocável, nem que qualquer anomalia seja detectada", insistiu Carsten Spohr, presidente da Lufthansa. "Não há nenhum indício sobre o que pode ter levado ele a cometer este ato horrível", resumiu.

Sem contexto terrorista

O ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, garantiu que não há "indícios de um contexto terrorista" em Lubitz. Num comunicado de pêsames divulgado depois do acidente, mas antes de suspeitas de um acidente provocado intencionalmente, o clube de aeronáutica de Montabaur exaltava a paixão do jovem alemão pelo voo em planadores.

"Ao se tornar piloto profissional, realizou seu sonho, mas o sonho lhe custou caro, custou-lhe a vida", publicou o clube no seu site.

Desde as revelações da investigação, o site está fora do ar. De acordo com o presidente do clube, Andreas Lubitz começou a pilotar há 14 ou 15 anos e ainda tinha realizado as horas de voo necessárias no ano passado para manter sua licença de piloto de planador. "Era um rapaz muito gentil, engraçado, e educado", lembrou Klaus Radke, visivelmente abatido.

O outro piloto do A32O, o comandante, não foi oficialmente identificado. Ele trabalhou para as companhias alemãs Condor e Lufthansa antes de ser contratado pela Germanwings em maio de 2014.

Com mais de 10 anos de experiência de voo no grupo Lufthansa e mais de 6.000 horas de voo, passou a maior parte de sua carreira em aparelhos do tipo Airbus. Segundo o jornal alemão Bild, ele se chamaria Patrick S. e seria pai de dois filhos.

"Até o momento, não há sinais de que alguém tenha sobrevivido ao acidente" com o Airbus A320 da companhia alemã Germanwings nos Alpes franceses, declarou nesta terça-feira (24), em Seyne-les-Alpes, o general David Galtier, da gendarmeria regional. "Nossa única preocupação é encontrar as primeiras vítimas do acidente", declarou o general à imprensa.

"Infelizmente, por enquanto, não há nenhum sobrevivente", declarou por sua vez o procuradores Marselha, Brice Robin, nesta localidade que se encontra a uma dezena de quilômetros em linha reta do local da cada do avião que transportava 150 pessoas.

A promotoria abriu uma investigação para apurar as causas da tragédia. "O primeiro problema será a identificação dos corpos", indicou Robin, afirmando que 10 médicos legistas viajaram para o local da queda.

"Uma das dificuldades que temos é o acesso ao local do desastre, particularmente hostil, (que estará) em breve sob a neve e chuva", disse Galtier. "É um lugar muito inacessível que só pode ser alcançado de helicóptero ou a pé", explicou.

O prefeito de Seyne-les-Alpes, Francis Hermitte, declarou ter organizado um ginásio e uma sala de espera para as famílias, personalidades e imprensa. "Uma moradora de Seyne-les-Alpes teria ouvido um grande barulho esta manhã às 11h00 horas", segundo o prefeito.

"Muitos alemães vem aqui para praticar voo e vela", disse o prefeito dessa comunidade de cerca de 1.500 habitantes. O A320 da Germanwings voava entre Barcelona e Dusseldorf quando caiu no maciço de Estrop, cerca de 1.500 metros acima do nível do mar.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando