Tópicos | AMARILDO

Dez anos após a morte e o desaparecimento de Amarildo Dias de Souza, a família está mais perto de receber uma indenização do estado do Rio de Janeiro. O processo criminal, no entanto, que pede a condenação dos policiais militares responsáveis ainda aguarda decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).  

O ajudante de pedreiro Amarildo desapareceu entre os dias 13 e 14 de julho de 2013, após ser detido por policiais militares e conduzido, da porta de sua casa, na Favela da Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro, em direção à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do bairro. Segundo a justiça, ele foi torturado e morto por policiais e seu corpo nunca foi encontrado. 

##RECOMENDA##

“A gente nunca imaginou passar, na vida, por uma coisa como essa. Não desejo isso nem para o meu pior inimigo. Uma coisa como esta que é perder o pai, que sempre esteve presente contigo, que sempre esteve cuidando de você e da sua família. Sumiram com meu pai de um jeito que até hoje a gente busca resposta”, diz o filho mais velho de Amarildo, Anderson Gomes Dias.  

Ele conta que a família espera, há dez anos, uma resposta efetiva do estado e a punição dos responsáveis. “O sentimento é de que gente pobre não tem voz”, opina. “Até hoje, para a gente, o estado não deu nenhuma resposta. A gente quer justiça. Enquanto a gente não encontrar o meu pai, os restos mortais do meu pai e o estado for oficialmente culpado pelo que fez com a minha família, a gente não vai se calar”, diz.  

A viúva de Amarildo, Elizabete Gomes da Silva, compartilha o sofrimento de não ter podido enterrar o marido. Ela conta que os últimos anos foram muito difíceis.

“Mudou muita coisa, a gente não tem mais a vida que a gente tinha quando ele era vivo. Ele era a coluna da casa. Só piorou, não melhorou em nada”, reclama. Para ela, a espera por justiça "é um constrangimento muito grande para a família".   

Indenização

Depois de dez anos, de acordo com o advogado da família, João Tancredo, a família está mais perto de uma indenização. Após uma longa tramitação que chegou à última instância, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, decidiu que o Estado do Rio de Janeiro deve pagar indenização por danos morais de R$ 500 mil para a companheira e para cada um dos filhos do Amarildo, além de pensão até que os filhos completem 25 anos. Já os irmãos de Amarildo deverão receber R$ 100 mil.  

Na terça-feira (11), o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) publicou despacho pedindo a intimação do Estado do Rio para que cumpra a decisão.

Procurada pela Agência Brasil, a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE) disse que ainda não tinha sido intimada até essa quinta-feira (13): “O Estado aguarda a intimação da Justiça determinando o pagamento de indenização”, informou.  

“Ao contrário do que dizem, que ‘a Justiça tarda, mas não falha’, eu acredito que a Justiça que tarda, na verdade, falha”, diz Tancredo. “Essa Justiça demorada é uma Justiça muito perversa com esse tipo de caso. É muito perversa porque, além do mal causado pelo desaparecimento, você não indeniza no tempo adequado e quando indeniza, qual o valor razoável para um caso desses? Não tem valor razoável”, salienta. 

Segundo Tancredo, outra ação cível tramita no STJ com pedido semelhante de indenização para dois outros irmãos de Amarildo. Além dessa ação, tramita também no STJ, a ação criminal contra os policiais responsáveis pelo crime.  

Ao todo, 25 policiais foram processados. Um deles morreu antes da decisão, e 12 foram condenados pelo sequestro, tortura, morte e ocultação do cadáver de Amarildo. A decisão que decretou a prisão dos policiais também determinou que eles perdessem a função pública. Dez policiais militares condenados foram excluídos da corporação. Ninguém foi preso. Os policiais recorreram da decisão.  

Desaparecimentos no Rio

Segundo a organização não governamental (ONG) Rio de Paz, o estado do Rio de Janeiro registra cinco mil desaparecimentos por ano. “Assassinato seguido de ocultação de cadáver é algo que faz parte do cotidiano do estado do Rio”, diz o fundador da Rio de Paz, Antonio Carlos Costa.

“Estamos perante um escândalo, agentes do poder público matam um cidadão brasileiro, ocultam o seu corpo e vivemos em uma cidade tomada de cemitérios clandestinos. É a barbárie”, acrescenta. 

Segundo Costa, é necessário não apenas um posicionamento do estado em relação aos casos específicos, mas mudanças efetivas na política de segurança. “O que mudou na política de segurança pública do estado? Nada. A causa deve ser o fato de que quem morre é pobre”, observa.  

Procurada, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou, por meio da assessoria de imprensa, que a Corregedoria Geral da Corporação “cumpriu rigorosamente todas as etapas previstas em lei em relação a este episódio”.  

De acordo com a Secretaria, foram instaurados procedimentos para apurar a conduta dos policiais militares de serviço no dia 14 de julho de 2013, na UPP da Rocinha.

“Ao final do processo, no qual todos tiveram o amplo direito de defesa, seis integrantes daquela equipe foram excluídos dos quadros da Polícia Militar. Em relação aos dois oficiais, a decisão final está no momento no âmbito do Tribunal de Justiça”, diz em nota a secretaria.  

*Com informações da TV Brasil 

Três dias após conquistar o bicampeonato pernambucano, o Náutico recebeu o Guarani, nesta terça-feira (3), nos Aflitos, pela Série B. No jogo do ‘bota faixa’, o time de Campinas foi um convidado indigesto e abriu o placar ainda na primeira etapa. Mas o Timbu foi guerreiro e arrancou um empate precioso aos 49 da segundo tempo.

O jogo

##RECOMENDA##

O Bugre começou a mil. Aos 16, o primeiro susto. Júlio César arriscou de longe e acertou o travessão de Lucas Perri. Cinco minutos depois, Eduardo Person achou Bruno José, dentro da área, O atacante bateu na saída do goleiro alvirrubro e abriu o placar.

Mesmo com uma formação ofensiva, o Timbu não conseguiu criar muito e todo contra-ataque dos visitantes era um ‘Deus nos acuda’. Por conta disso, Roberto Fernandes mexeu para a segunda etapa e colocou Ralph. Victor Ferraz e Pedro Vítor nas vagas de Thassio,  Niltinho e Eduardo Teixeira.

O time melhorou, mas o ataque parava na grande atuação de Maurício Kozlinski. primeiro , pegando uma bomba de Leo Passos e, depois, saindo para abafar um chute de Rhaldney, dentro da área.

O tempo passava, o gol não saia, e o técnico alvirrubro fez mais duas alterações: Ewandro e Amarildo para a saída de Luis Phelipe e Leo Passos. Foi pressão pernambucana. Aos 35, Ralph chegou a acertar o travessão do Guarani. 

Aos 43, Lucas Perri pegou um chute de Ronald, que tinha endereço certo. Mas o destino reservava um final emocionante e com uma falha de quem vinha salvando a pátria verde. Nos acréscimos, Kozlinski saiu do gol 'catando borboleta’e Amarildo apareceu de cabeça para  fazer 1 x 1.

FICHA TÉCNICA

Competição: Campeonato Pernambucano

Local: Aflitos (Recife)

Náutico: Lucas Perri; Thassio, Bruno Bispo, Carlão e Júnior Tavares; Rhaldney, Eduardo Teixeira, Jean Carlos e Niltinho; Luis Phelipe (Ewandro) e Leo Passos (Amarildo). Técnico: Roberto Fernandes

Guarani: Kozlinski; Diogo Mateus, João Victor, Ronaldo Alves e Matheus Pereira; Leandro Vilela, Rodrigo Andrade e Eduardo Person; Júlio César, Bruno José e Nicolas Careca. Técnico: Daniel Paulista

Gols: Amarildo (NAU); Bruno José (GUA)

Arbitragem: Caio Max Augusto Vieira (RN)

Assistentes: Jean Marcio dos Santos (RN) e Lorival Candido das Flores (RN)

VAR: Igor Junio Benevenuto de Oliveira (VAR-FIFA/MG)

Cartões amarelos: Carlão (NAU); Matheus Pereira, Diogo Mateus e Eduardo Person (GUA)

Público: 4.294

Renda: R$ 60.630

O novo atacante do Náutico, Amarildo, apesar de ainda não ter sido oficializado no clube, restando questões burocráticas para oficialização, já marcou presença nos Aflitos. Ele está assistindo ao jogo do Timbu contra o Caruaru City, nesta quarta-feira (9).

O jogador foi flagrado nas arquibancadas dos Aflitos antes do jogo desta quarta. Amarildo tem 23 anos e chega ao clube por conta da falta de centroavante. Hoje na equipe só Robinho assume essa posição. Kieza, que em tese é titular, está lesionado e deve ficar de fora por alguns meses. 

##RECOMENDA##

Outro nome que também está perto de ser anunciado é o do atacante Léo Passos,  que também está nos Aflitos. Léo é do Palmeiras e estava no América-MG. O jogador não costuma jogar enfiado na área e atua pelos lados do campo.

 

O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) aprovou a indenização para os familiares de Amarildo de Souza, morto por policiais militares na Rocinha em 2013. Quatro desembargadores votaram a favor do valor estipulado em 2016 e um foi contra.

Na época, a Justiça definiu que a viúva, Elisabete da Silva, e os seis filhos receberiam R$500 mil, cada um, e quatro irmãos da vítima seriam indenizados em R$100 mil, cada um. Além disso, a viúva receberia pensão mensal equivalente a dois terços do salário mínimo.

##RECOMENDA##

O advogado da família, João Tancredo, acredita que durarão mais dois anos até o fim do caso. “Eu avalio de forma positiva. O caso Amarildo se distingue dos demais e, por isso, a indenização é diferenciada." Além disso, o advogado lembrou que a família ainda não está recebendo nada e que ainda existem recursos do estado.

“O caminho já está bem andado, mas o importante é [encontrar] os restos mortais, para a gente poder enterrar com dignidade. Fica uma sensação horrível, e isso não acaba para nossa família. Dinheiro nenhum vai trazer a vida de meu marido, mas eu quero que a Justiça seja feita. Que isso não aconteça com outros Amarildos, aqui e pelo Brasil”, afirmou Elizabete.

O procurador do estado, Flávio Wileman, disse depois da audiencia que o julgamento foi histórico e o estado irá pesquisar sobre a possibilidade de entrar com recurso futuramente. "Foi um julgamento emblemático, histórico, bastante intenso. O estado recebe com muita tranquilidade e respeito o posicionamento do Tribunal de Justiça do Rio, mas vai avaliar os votos redigidos para estudar cabimento de recurso aos tribunais superiores”, explicou o procurador.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) considerou que o laudo de exame de voz do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), anexado ao processo de apuração do desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, coincide com o parecer técnico da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) sobre o caso, que identifica como sendo do soldado Marlon Campos Reis, um dos denunciados no crime, a voz do homem que ligou para outro policial fingindo ser o traficante Thiago da Silva Neris, conhecido como Catatau. A ideia era atribuir ao tráfico de drogas a responsabilidade pelo desaparecimento do pedreiro, torturado e morto em 14 de julho de 2013 por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha.

Segundo o ministério público, durante a ligação o soldado faz supostas ameaças e diz que já botou o Boi na sua conta. Boi era o apelido de Amarildo. Um laudo da Polícia Civil descartou a versão inicial de que a voz seria do traficante Catatau. Para o MP-RJ, o laudo reforça as provas apresentadas até agora, pelo órgão, sobre o desaparecimento do pedreiro.

##RECOMENDA##

Análise da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia da CSI, que comparou as vozes dos 34 policiais militares citados no processo, descobriu que Marlon foi o autor da ligação, acompanhado do soldado Vital. Com o telefone monitorado, eles foram a Higienópolis fazer a ligação. A interceptação dos celulares particulares dos dois também identificou que eles estavam na mesma Estação de Rádio Base da ligação.

Dentre as coincidências encontradas no laudo do ICCE e na análise da CSI, o MP-RJ apontou a pronúncia da palavra "nove", indicando total identificação na comparação de vozes. A análise indicou ainda que “a fala questionada indicava a possibilidade de disfarce da voz do falante”.

O laudo do ICCE, destacou também que os exames periciais foram realizados por meio de comparações fundamentais nas características linguísticas e sociolinguísticas, bem como de outros elementos informativos obtidos a partir dos áudios questionados e a relação deles com o réu. “Foram avaliadas também as características acústicas dependentes do locutor, obtidas da voz do suspeito e da voz questionada”, indicou.

Conforme o MP-RJ, o processo do caso Amarildo, que tramita na 35ª Vara Criminal, ingressará na fase de alegações finais. A denúncia do órgão contra 25 policiais, por tortura, foi encaminhada à Justiça em outubro de 2013. Entre os denunciados, oito foram na modalidade omissiva, 17 por ocultação de cadáver, 13 por formação de quadrilha e quatro por fraude processual.

A Justiça do Rio retoma, nesta quarta-feira, 2, às 14 h, a audiência de instrução e julgamento do processo do desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, de 43 anos, na Favela da Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro. Desta vez, serão ouvidas as últimas testemunhas de defesa dos 25 policiais militares acusados de envolvimento no crime. Amarildo sumiu na noite de 14 de julho de 2013, após ter sido conduzido por PMs à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade "para averiguação".

Todas as testemunhas de acusação, arroladas pelo Ministério Público, já foram ouvidas. Após o término das oitivas das testemunhas de defesa, o juízo dará início ao interrogatório de cada um dos 25 réus. Eles respondem pelos crimes de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha. O processo tramita na 35ª Vara Criminal do Rio.

##RECOMENDA##

O sargento Lourival Moreira da Silva, um dos acusados pelo desaparecimento e morte presumida do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, recebeu novo mandado de prisão nesta quinta-feira, 20. O pedido foi feito pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) para suspender a decisão da 35ª Vara Criminal, que havia revogado a prisão.

No mandando, o GAECO argumenta que Lourival, que responde, entre outros, pelo crime de tortura seguida de morte, poderia causar embaraços à instrução criminal, ao coagir testemunhas ou cometer fraude processual. Além disso, Silva está em situação similar a outro acusado que, recentemente, teve pedido de habeas corpus negado.

##RECOMENDA##

No dia 13, a juíza Daniella Alvarez Prado havia aceitado o pedido de liberdade provisória feito pela defesa de Lourival, que foi solto nesta semana.

O comandante das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), coronel Frederico Caldas, pediu nesta quarta-feira (6) desculpas à família do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, que foi torturado e morto por policiais militares na Rocinha, zona sul do Rio. “Nós devemos desculpas à família. De uma maneira humilde e humanitária. O que nós temos aqui é apresentar desculpas à família por este sofrimento, porque é inaceitável que um agente público tenha este comportamento”, disse o policial durante discurso no lançamento da cartilha Cidadão com Segurança – Respeito Mútuo entre Cidadão e Polícia, na quadra da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, na zona sul do Rio.

O coronel disse que é inaceitável que haja na polícia um instrumento de abuso e de excesso, ainda mais porque o cidadão espera que o policial seja o principal defensor das leis e da cidadania e não aquele que vai, de alguma maneira, desrespeitar o cidadão que ele deve servir. “Nós também não compactuamos com desvio de conduta, nós também não compactuamos com os excessos. Nós entendemos que a Justiça deve ser feita pelas mãos daqueles que têm o dever de fazer cumprir a lei”, disse.

##RECOMENDA##

Para o comandante das UPPs, o que aconteceu na Rocinha foi um absurdo. “É inaceitável que o policial tenha um comportamento que não seja em consonância e em observância com o que está previsto na lei, nem na Rocinha, e nem em lugar algum. O que aconteceu aqui foi um absurdo. O que aconteceu aqui na Rocinha foi um absurdo. Se ninguém disse isso até agora, eu digo. Isso foi um absurdo e é inaceitável que este tipo de comportamento de alguma maneira seja feito por um Policial Militar, por um agente público, um agente da lei. Não estou fazendo aqui um julgamento. O julgamento cabe à Justiça e nós acreditamos na Justiça. Acreditamos no trabalho isento que foi feito pela Polícia Civil”, analisou.

Falando como comandante das UPPs, Caldas acrescentou que a cartilha lançada hoje, de alguma forma, joga luz sobre os diretos do cidadão. “Observando o que está aqui, nós não teremos mais um novo caso Amarildo”, disse.

A cartilha foi produzida em parceria pelos ministérios públicos do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), Federal (MPF) e Militar (MPM) e pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e trata dos direitos e deveres do cidadão em contato com um policial e o que ele deve fazer em caso de abuso da polícia.

O subprocurador-geral de Direitos Humanos do MP-RJ, Ertulei Matos, disse que o caso Amarildo é emblemático para a coletividade e aproximou o Ministério Público das polícias Civil e Militar. "Não devolvemos a vida de Amarildo, mas responsabilizamos 25 pessoas que denegriram a imagem da Polícia Militar do Rio de Janeiro", disse.  

A cartilha mostra que todo cidadão tem o direito de ser tratado com respeito, sem ser xingado, agredido, ameaçado ou humilhado. Também não pode ser forçado a confessar um crime e deve ser levado à delegacia apenas se houver alguma suspeita fundamentada. O policial só pode usar a força física quando a pessoa resiste à prisão e, mesmo assim, com moderação.

Quanto aos deveres, o cidadão tem que respeitar os policiais, identificar-se sempre que seus dados forem solicitados e atender às intimações feitas pela polícia. Também deve permitir, sem resistir, ser revistado, mesmo que considere a revista desnecessária, podendo depois apresentar uma reclamação aos órgãos competentes (à Corregedoria da Polícia ou ao Ministério Público).

No fim das investigações e das denúncias do Ministério Público do Rio no caso Amarildo, 25 policiais da UPP da Rocinha são acusados de participar da tortura do ajudante de pedreiro no dia 14 de julho.

Uma ossada encontrada em Resende, no sul fluminense, será analisada para que se confirme ou descarte a hipótese de se tratar do pedreiro Amarildo de Souza, morador da Rocinha (zona sul do Rio) desaparecido desde 14 de julho.

Os ossos foram encontrados no último domingo, 22, por um morador do bairro Montese que caminhava perto de um matagal. A cabeça, carbonizada, estava pendurada em uma árvore. Os demais ossos estavam espalhados pelo chão. Segundo a polícia, não há nenhuma razão especial para que se suspeite tratar-se de Amarildo, mas é necessário examinar para que a dúvida seja esclarecida.

##RECOMENDA##

Um parente de Amarildo já cedeu material genético que será comparado com o dos ossos. O exame será feito pelo Instituto de Pesquisas e Perícias em Genética Forense, no Rio, e deve ser concluído na próxima quinta-feira, 3.

Após mais de dois meses de investigações, a Polícia Civil do Rio vai indiciar e pedir a prisão de policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela da Rocinha, em São Conrado, zona sul do Rio, pelo sumiço de Amarildo de Souza, de 43 anos. Está descartada a hipótese de que o pedreiro tenha sido capturado e morto por traficantes.

O delegado Rivaldo Barbosa, da Divisão de Homicídios (DH), que assumiu as investigações do caso em 1.º de agosto, deverá anunciar hoje o resultado do inquérito e divulgar quantos PMs serão indiciados. No dia em que Amarildo sumiu havia 13 policiais de plantão na UPP, dos quais quatro tiveram contato direto com ele, ao conduzi-lo em uma patrulha da PM. Amarildo está desaparecido desde 14 de julho, quando foi conduzido de sua casa, na Rua 2, à sede da UPP, na localidade conhecida como Portão Vermelho, na parte alta da favela.

##RECOMENDA##

O relatório de Barbosa com os indiciamentos foi finalizado na semana passada, depois de duas testemunhas falarem que o major Edson Santos, ex-comandante da UPP, tentou corrompê-las para acusar o traficante Thiago Neris, o Catatau, pela morte de Amarildo. Ao Estado, o major, transferido do comando da UPP para o Batalhão de Operações Especiais (Bope), negou as acusações.

Até os depoimentos das duas testemunhas, o diretor do inquérito considerava ainda não ter indícios consistentes que levassem ao indiciamento dos policiais militares que estiveram com o pedreiro no dia do desaparecimento. O delegado Barbosa chegou a confidenciar a pessoas próximas que estava se sentindo bastante pressionado para concluir o caso.

Conforme o jornal O Estado de S. Paulo noticiou no dia 10, a pressão aumentou ainda mais quando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), disse por telefone ao governador Sérgio Cabral (PMDB) que a Polícia Federal (PF) poderia abrir uma investigação paralela. Após o telefonema, ele foi chamado ao Palácio Guanabara por Cabral, que cobrou uma solução rápida.

Os depoimentos das duas testemunhas - mãe e filho de 16 anos, moradores na Rocinha - ocorreram quase que por acaso. O garoto foi atingido por um tiro de fuzil na perna em 25 de maio, ao tentar fugir de PMs da UPP que o acusavam de ligação com o tráfico. Ele teve alta hospitalar no dia 11 e foi levado pelos PMs que o escoltavam, por engano, para depor na 15.ª Delegacia de Polícia (DP). O menor deveria depor na 14.ª DP.

Na 15.ª DP, ele disse ao delegado Orlando Zaccone que acusara Catatau de matar Amarildo porque o major Santos lhe oferecera R$ 500 mensais para ele e a mãe alugarem uma casa fora da Rocinha, pois estariam jurados de morte por traficantes. A acusação contra Catatau fora feita em depoimento ao Ministério Público Militar, que acompanha o Inquérito Policial Militar (IPM) aberto pela Corregedoria da PM para investigar a participação de policiais no caso. O menor foi levado ao MP Militar pelo major Santos.

No hospital. Ainda segundo o adolescente, um policial da 15.ª DP prometeu lhe presentear com um iPhone e um par de tênis para que mantivesse a acusação contra Catatau. O mesmo policial participou da investigação que resultou na Operação Paz Armada, quando 33 suspeitos de ligação com o tráfico na Rocinha foram presos, na véspera do sumiço de Amarildo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Procuradoria Geral do Estado, impetrou recurso a respeito da decisão judicial que determinou o pagamento de pensão alimentícia no valor de um salário mínimo por mês à família do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde 14 de julho, quando foi detido por policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na zona sul do Rio.

O governo afirma ter ingressado com embargos de declaração não para contestar o pagamento, mas para esclarecer a quem o dinheiro deve ser entregue. "A decisão determina que o Estado pague um salário mínimo para a esposa e os seis filhos de Amarildo. No entanto, três dos seis filhos são maiores de idade e têm emprego, o que, em um primeiro momento, pressupõe a ausência de necessidade de receber pensão", afirma o governo, em nota.

##RECOMENDA##

"Como o valor deve ser dividido pelos autores da ação, o Estado solicitou esclarecimento para evitar uma possível diminuição de verbas que seriam destinadas a pessoas menores de idade", conclui. O governo esclarece que não vai contestar o pagamento da pensão.

A ordem para que a pensão seja paga foi anunciada no início de setembro pelo desembargador Lindolpho Morais Marinho, da 16ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). A decisão também obriga o Estado a pagar ou oferecer tratamento psicológico a nove familiares do pedreiro. O governo decidiu oferecer o tratamento por meio da rede pública.

Ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, o major Edson Santos negou ter coagido duas testemunhas a denunciarem traficantes da favela pelo assassinato do pedreiro Amarildo Souza, desaparecido há dois meses. O major disse estranhar que a moradora que acusou o traficante Catatau do sumiço de Amarildo tenha mudado sua versão, depois de denunciar à polícia o desaparecimento do filho mais velho.

"Nunca houve nenhuma oferta à testemunha, nego todas essas acusações. Acho muito estranho que ela mude a versão um dia depois que registrou o sumiço do filho mais velho. Estou aguentando tudo isso, não sei o que está acontecendo. Não coagi ninguém", disse o major, por telefone.

##RECOMENDA##

Em julho, a mulher afirmou em depoimento ao Ministério Público que Catatau a expulsou da Rocinha e ameaçava matar seu filho mais novo, como havia feito com Amarildo. O rapaz, de 16 anos, estava sob custódia no Hospital Municipal Miguel Couto desde maio, quando foi baleado, durante uma blitz. Na terça-feira passada, 10 de setembro, a mulher foi à 15ª DP (Gávea) e denunciou que o filho mais velho, de 22 anos, havia desaparecido depois de ter sido cooptado por Catatau, no dia 5, "para transportar uma carga de entorpecentes da Rocinha para a comunidade do Caju", como diz o Registro de Ocorrência (RO).

Na quarta-feira, 11 de setembro, ela e o filho menor, que teve alta do hospital, voltaram à delegacia e disseram que foram coagidos a acusar Catatau pelo major Edson Santos e por um policial civil, que teriam oferecido dinheiro e presentes e prometido pagar o aluguel de uma casa fora da Rocinha. Mãe e filho fizeram a denúncia aos delegados Rivaldo Barbosa, da Delegacia de Homicídios (DH), e Orlando Zaccone, da 15ª DP, e aos promotores Homero das Neves e Marisa Paiva.

Segundo o major Edson Santos, a testemunha mencionou a participação de traficantes no sumiço de Amarildo pela primeira vez no hospital onde acompanhava filho e foi orientada por policiais que faziam a custódia do menor a prestar depoimento ao Ministério Público, o que ela fez dias depois. Em nota, a Polícia Civil disse que as investigações do desaparecimento de Amarildo ainda estão em curso e o conteúdo dos depoimentos não será revelado.

A Polícia Civil do Rio realizará, na noite deste domingo (8), a segunda etapa da reconstituição do sumiço de Amarildo de Souza. O pedreiro está desaparecido desde a noite de 14 de julho, quando foi conduzido por policiais militares de sua casa, na Rua 2, à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na localidade conhecida como Portão Vermelho, na parte alta da favela.

Desta vez, os investigadores da Divisão de Homicídios (DH) vão refazer o trajeto da viatura da PM prefixo 54-6014, que levou Amarildo do Centro e Comando e Controle (onde são monitoradas as imagens das câmeras de segurança da Rocinha) à sede da Unidade de Polícia Pacificadora.

##RECOMENDA##

No dia do sumiço, Amarildo e os PMs fizeram o caminho da casa do pedreiro até o Centro de Comando e Controle a pé (já que o trajeto inclui várias vielas, onde carros não passam). A reprodução simulada dessa parte durou 16 horas. Teve início no último domingo (1°) e terminou na manhã seguinte.

Além do caminho entre o Centro de Comando de Controle e a sede da UPP, os policiais da DH vão refazer neste domingo (8) todo o trajeto que a viatura fez entre a noite de 14 de julho e do dia seguinte, inclusive fora da Favela da Rocinha. O roteiro completo foi revelado em 14 de agosto pela TV Globo, que teve acesso aos dados do rastreador via satélite instalado no radiocomunicador do carro da polícia. O carro esteve na zona portuária, no centro e em bairros da zona sul da cidade.

Casa do traficante Nem

Conforme o Grupo Estado noticiou esta semana, entre os locais que os investigadores da DH estiveram na primeira parte da reprodução simulada está a antiga casa do traficante Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe do tráfico da Rocinha. O imóvel, que fica na localidade conhecida como Cachopa, atualmente é utilizado como uma base da UPP.

Relatório do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (CEDDH) - ao qual o Estado teve acesso - destaca que, no dia 24 de abril, o órgão recebeu denúncias de três moradores da Rocinha dizendo que a antiga casa de Nem era utilizada pelos PMs para "práticas de tortura, como eletrochoques, para conseguir testemunhos de moradores sobre o tráfico de drogas local". Datado de 29 de agosto, o documento é assinado por Pedro Strozenberg, presidente do CEDDH, e Thais Duarte, da comissão de Segurança Pública do órgão, que é subordinado à secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos.

O advogado João Tancredo, que representa a família de Amarildo, encaminhou o relatório ao Ministério Público, cobrando providências. Pelo menos oito PMs da UPP da Rocinha serão denunciados à Justiça pelo MP-RJ sob acusação de tortura contra moradores.

Durante a reprodução simulada, os policiais da DH também estiveram no bar onde Amarildo foi abordado pelos PMs. O estabelecimento é próximo à casa onde o pedreiro morava. Depois, os policiais civis foram ao Centro de Comando e Controle.

Por fim, visitaram a sede da UPP, onde ouviram os depoimentos de 13 PMs que estavam de plantão na noite do sumiço de Amarildo - entre eles, o comandante da UPP, major Edson Santos, foi exonerado do cargo na última sexta-feira (6). O trajeto entre o bar onde Amarildo foi abordado e a sede da UPP foi refeito três vezes pelos investigadores - um PM participou de cada vez. O objetivo era encontrar contradições em depoimentos anteriores dos PMs.

Durante a reconstituição dos últimos momentos que antecederam o sumiço do pedreiro Amarildo Souza, de 43 anos, na Rocinha, no Rio, os investigadores da Divisão de Homicídios (DH) estiveram nesta terça-feira, 3, em quatro pontos da favela, entre eles na Cachopa, nas proximidades da casa que pertencia ao ex-chefe do tráfico local Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que está preso.

O imóvel atualmente é usado como uma das bases da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Foi dali que, em 14 de julho, dia do desaparecimento de Amarildo, partiu a viatura da Polícia Militar (PM) de prefixo 54-6014 que horas depois conduziu o pedreiro do Centro de Comando e Controle (CCC), na Rua 2, até a sede da UPP, no Portão Vermelho. Um dos quatro PMs que conduziram Amarildo naquela noite foi levado pelos investigadores da DH à Cachopa para indicar o local e o horário exatos de partida do automóvel até o CCC.

##RECOMENDA##

Relatório do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (CEDDH) - ao qual a reportagem teve acesso - destaca que, em 24 de abril, o órgão recebeu denúncias de três moradores da Rocinha dizendo que a antiga casa de Nem era usada pelos PMs para "práticas de tortura, como eletrochoques, para conseguir testemunhos de moradores sobre o tráfico de drogas local". Datado de quinta-feira, 29, o documento é assinado pelo presidente do CEDDH, Pedro Strozenberg, e pela coordenadora da Comissão de Segurança Pública e Privação de Liberdade da Secretaria Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, Thais Duarte.

O advogado João Tancredo, que representa a família de Amarildo, encaminhou o relatório ao Ministério Público (MP), cobrando providências. Pelo menos oito PMs da UPP da Rocinha serão denunciados à Justiça sob acusação de tortura contra moradores. Durante a reprodução simulada, os policiais da DH também estiveram no bar onde o pedreiro foi abordado pelos Pms.

O estabelecimento é próximo à casa onde ele morava. Depois, os policiais civis foram ao CCC. Por fim, visitaram a sede da UPP, onde ouviram os depoimentos de 13 PMs que estavam de plantão na noite do sumiço de Amarildo - entre eles, o comandante da unidade, major Edson Santos, que será exonerado do cargo nos próximos dias. O trajeto entre o bar onde Amarildo foi abordado e a sede da UPP foi refeito três vezes pelos investigadores - um PM participou de cada vez. O objetivo era encontrar contradições em depoimentos anteriores dos PMs.

O delegado Rivaldo Barbosa, responsável pelo inquérito que apura o suposto assassinato do pedreiro Amarildo de Souza, na favela da Rocinha, disse na manhã desta segunda-feira, 2, que a reconstituição do caso "trouxe vários esclarecimentos". "Demos um bom passo na investigação. Colocamos as pessoas nos seus lugares, pegando pelos depoimentos, e estamos confrontando com o que foi falado anteriormente", afirmou o delegado.

Barbosa disse também que a reprodução simulada deve terminar por volta das 14 horas desta segunda-feira. Se a estimativa for confirmada, o trabalho terá durado 19 horas. A reconstituição já é a mais demorada da história da Polícia Civil do Rio.

##RECOMENDA##

O primeiro lugar onde os investigadores estiveram, ainda ontem, 1, à noite, foi a localidade conhecida como Cachopa. Segundo o delegado, era ali onde inicialmente estava a viatura da PM que transportou Amarildo de sua casa, na rua 2, até a sede da Unidade de Polícia Pacificadora, no Portão Vermelho. Em seguida, os policiais civis estiveram no bar perto da casa de Amarildo, onde ele foi abordado pelos PMs na noite de 14 de julho. Depois, os inspetores foram ao Centro de Comando e Controle da UPP, ainda na rua 2, onde Amarildo foi colocado na viatura que o transportou até a sede da Unidade, na parte alta da favela. Por fim, os investigadores seguiram até a sede da UPP, onde permaneciam até as 11 horas.

Indagado sobre o motivo de familiares de Amarildo não participarem da simulação, Barbosa disse que, neste momento, não considerou conveniente. "Várias pessoas participaram da reconstituição até às 5 da manhã (desta segunda), inclusive as últimas pessoas que viram Amarildo. Repito: a reconstituição é necessária para esclarecer o que houve com Amarildo. Não estou imputando nada a ninguém. Ainda trabalhamos com aquelas duas hipóteses (de que o crime tenha sido cometido por PMs da UPP ou traficantes da Rocinha)."

Já dura mais de 14 horas a reconstituição simulada feita Polícia Civil do Rio dos últimos momentos que antecederam o sumiço do pedreiro Amarildo Souza, de 43 anos, na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro. A reconstituição teve início por volta das 19 horas desse domingo (1), quatro horas depois do horário previsto inicialmente. Amarildo está desaparecido desde a noite de 14 de julho, após ter sido conduzido por quatro policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora de sua casa, na Rua 2, até à sede da UPP, no Portão Vermelho, na parte alta da Rocinha.

Três dos quatro PMs que conduziram Amarildo participaram da reprodução simulada. Dois deles pediram para usar capuz para esconder o rosto, alegando que moram em favelas e temiam ser reconhecidos por criminosos.

##RECOMENDA##

O trajeto entre a casa de Amarildo e a UPP foi refeito três vezes pelos investigadores - um PM participou de cada vez. O objetivo da Polícia Civil era encontrar possíveis contradições nos depoimentos anteriores dos Pms.

Cerca de cem policiais civis da Divisão de Homicídios e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), tropa de elite da Polícia Civil, participam dos trabalhos.

Pelo menos 13 PMs que estavam de plantão na UPP prestaram novos depoimentos, entre eles o comandante da UPP, major Edson Santos - que será exonerado nos próximos dias.

Segundo a Polícia Civil, esta já é a mais demorada reconstituição da história da instituição. Até então, o recorde pertencia à investigação do sumiço Juan Moraes, na Baixada Fluminense, em 2010, que durou 13 horas. Quatro PMs estão presos aguardando julgamento.

Intimados a participar da reconstituição policial da sequência de eventos que antecedeu o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza na Rocinha em 14 de julho, PMs sob investigação no caso abandonaram o local antes do seu início, com autorização do chefe do Estado-Maior da Polícia Militar.

Os policiais, que tinham sido convocados na qualidade de testemunhas, só retornaram após às 18h30 deste domingo, 1º, depois que o delegado titular da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, telefonou de dentro da sede da Unidade de Polícia Pacificadora para o comandante geral da PM, coronel José Luís Castro. O oficial contornou a crise entre as Polícias Civil e Militar, ordenando o retorno dos policiais para o início dos trabalhos, que deverão se prolongar pela noite de hoje e madrugada de amanhã.

##RECOMENDA##

A reconstituição estava marcada desde a semana passada para às 15h de hoje, e os PMs - além dos quatro que abordaram Amarildo, outros 15 que estavam de plantão naquele dia também foram convocados - deixaram o local às 15h55, sob a alegação de que a equipe da Polícia Civil responsável pelo trabalho não havia "cumprido o horário". Pouco depois, Barbosa chegou à sede da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha às 16h10. Surpreendido com a situação, contatou o coronel Castro, que determinou que seus subordinados voltassem. Por volta de 19h, a reconstituição começou, com quatro horas de atraso.

"Não temos hora para terminar. Vão ser feitas várias simulações para esclarecer dúvidas e omissões", disse o delegado. Segundo ele, se as condições de luz inviabilizarem algum trecho da reconstituição, essa parte poderia ser repetida em outra ocasião.

Segundo Barbosa, a ordem da reconstituição será cronológica, desde o momento em que Amarildo foi abordado pela primeira vez até aquele em que o pedreiro teria deixado a sede da UPP, segundo a polícia. Está prevista a participação de testemunhas, de moradores e parentes de Amarildo. Não será abordado o trajeto percorrido fora da favela pelo carro da PM que levou Amarildo de sua casa até a sede da UPP. Dados do GPS do rádio da viatura registraram o percurso.

Cerca de 100 policiais civis estão no local para participar da reconstituição, entre peritos e agentes da Divisão de Homicídios e da Core (Coordenadora de Recursos Especiais). A Polícia Civil informou que dois PMs pediram para participar encapuzados dos trabalhos.

Mais cedo, antes de deixar o local, o advogado dos quatro PMs suspeitos, Marcos Espínola, disse que seus clientes (os soldados Victor Vinícius Pereira da Silva, Douglas Roberto Machado, Jorge Luiz Gonçalves Coelho e Marlon Campos Dias) haviam sido notificados para chegar à sede da UPP ao meio-dia. "Os PMs chegaram ao meio-dia e até agora a Polícia Civil não apareceu. Eles foram liberados com autorização do chefe do Estado Maior pelo motivo de a Polícia Civil não ter cumprido o horário", disse Espínola.

Em entrevista no início da noite, Rivaldo Barbosa afirmou que a PM sabia desde sexta-feira que a reconstituição começaria às 15h. O delegado afirmou ter comunicado o major Edson Santos sobre esse horário.

Os policiais até poderiam deixar de participar da reconstituição, mas isso precisaria ser comunicado formalmente, o que não ocorreu. Ao longo da tarde, representantes do Ministério Público ameaçaram representar contra os policiais. O desaparecimento de Amarildo completa 50 dias hoje. As câmeras da sede da UPP para onde o pedreiro foi levado não estavam funcionando e o GPS da viatura policial estava desligado.

Pode chegar a oito o número de policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha que serão denunciados à Justiça acusados de tortura contra moradores da favela situada na zona sul do Rio. Até esta sexta-feira, 30, três haviam sido identificados apenas por apelidos. Em relação aos outros cinco, o Ministério Público do Rio já conseguiu levantar nome completo e matrícula na PM. Pelo menos três policiais desse grupo também são investigados pelo suposto assassinato do pedreiro Amarildo de Souza, de 43 anos, morador da comunidade desaparecido desde 14 de julho.

A promotora Marisa Paiva, da 15ª Promotoria de Investigação Penal, instaurou três procedimentos criminais para apurar denúncias de tortura contra moradores da Rocinha. O primeiro foi aberto na semana passada, após um menor de 17 anos, filho de um primo de Amarildo, ter contado em depoimento ao Ministério Público que foi torturado por PMs da UPP em três ocasiões. O rapaz citou cinco policiais que teriam participado dos crimes.

##RECOMENDA##

Antes de oferecer denúncia à Justiça contra os policiais, a promotora vai ouvir mais uma testemunha. Ela ainda vai solicitar que os PMs acusados sejam ouvidos na 15ª DP.

Os outros dois procedimentos foram instaurados na última quarta-feira, após a promotora e o procurador Márcio Mothé, coordenador de Direitos Humanos do MP-RJ, visitarem a Rocinha e ouvirem os depoimentos de oito moradores.

Em um dos casos, a vítima da tortura supostamente cometida por PMs é um menor de 15 anos. Ele acusou cinco policiais. No segundo caso, uma das sessões de espancamento foi filmada e veiculada numa rede social da internet.

Nas denúncias que serão oferecidas à Justiça, a promotora Marisa Paiva não deve pedir a prisão preventiva dos PMs acusados de tortura, mas apenas que eles sejam suspensos liminarmente das funções, antes mesmo do julgamento dos processos.

A Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio vai realizar Neste sábado, 31, a reprodução simulada dos últimos passos de Amarildo, até seu sumiço. Estarão presentes todos os PMs da UPP investigados, além do promotor Homero Freitas, que acompanha o inquérito, e parentes do pedreiro.

Os investigadores vão fotografar todo o trajeto feito por Amarildo, desde que foi levado de sua casa, na rua 2, até a sede da UPP, no Portão Vermelho, na parte alta da favela. Os peritos também vão cronometrar cada movimento, com o objetivo de encontrar possíveis inconsistências nos depoimentos dos investigados.

Oficialmente, a DH considera duas hipóteses: que o crime tenha sido cometido por PMs da UPP ou por traficantes.

O inquérito da DH completou 30 dias nesta sexta-feira. O promotor Homero Freitas esteve na delegacia, onde se reuniu com o delegado Rivaldo Barbosa e deu seu parecer. PMs também estiveram ontem na delegacia para prestar novos depoimentos.

Investigadores da Divisão de Homicídios (DH), que conduzem o inquérito do suposto assassinato de Amarildo Souza, de 43 anos, realizaram na última quarta-feira, 21, uma reconstituição informal dos últimos passos do pedreiro até seu sumiço, na Favela da Rocinha, zona sul do Rio.

A mulher da vítima, Elisabete Gomes da Silva, participou da reprodução simulada. O objetivo foi dissipar todas as dúvidas do trajeto de Amarildo de sua casa, na Rua 2, até a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na localidade conhecida como Portão Vermelho. Ele está desaparecido desde a noite de 14 de julho, quando foi conduzido por policiais militares à UPP "para averiguação".

##RECOMENDA##

Bete indicou aos agentes o caminho exato que Amarildo, acompanhado dos PMs, fez a pé entre sua casa e o Centro de Comando e Controle, na parte alta da Rua 2. É neste posto que são monitoradas as imagens das 80 câmeras de segurança da Rocinha.

Se o pedreiro e os PMs tivessem subido direto pela Rua 2, eles teriam sido filmados por outras câmeras. No entanto, Bete mostrou aos policiais os becos utilizados pelo grupo para chegar ao centro de monitoramento. Foi ali que Amarildo foi colocado dentro da viatura da PM que o levou à sede da UPP. Esta é a última imagem de Amarildo vivo. Inicialmente, Bete também aparece à esquerda do vídeo. Ao avistar Amarildo, a mulher corre em direção à viatura, que deixa o local.

Todo o procedimento foi filmado e fotografado pelos próprios policiais. O delegado Rivaldo Barbosa e o promotor Homero Freitas, responsáveis pelo inquérito, não estavam presentes. A reconstituição informal foi sigilosa para não chamar a atenção de moradores da favela e da imprensa. Procurada nesta sexta-feira pela reportagem, a Polícia Civil não se manifestou sobre o caso.

A DH espera realizar a reprodução simulada oficial na semana que vem. Antes, os policiais querem ouvir novamente o depoimento de Bete, marcado para a próxima segunda-feira, 26. No dia seguinte, ela vai comparecer ao Ministério Público, para depor no inquérito policial militar (IPM) aberto pela Corregedoria da PM para investigar o suposto sequestro de Amarildo.

A oitiva estava marcada para ocorrer na Coordenadoria de Polícia Pacificadora, unidade da PM no Complexo do Alemão. Porém, a pedido do advogado João Tancredo, o depoimento será dado na sede do MP. Segundo Tancredo, que representa a família do pedreiro, Bete não ficaria confortável em falar num quartel da PM, pois se sente ameaçada.

A Justiça do Rio negou nesta terça-feira, 20, pedido de parentes do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, de 43 anos, para declarar a morte presumida dele. Amarildo está desaparecido desde 14 de julho, após ter sido conduzido por policiais militares de sua casa até a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela da Rocinha, na zona sul do Rio. O objetivo da família, que enfrenta dificuldades financeiras, era requerer uma pensão ao Estado.

Na sentença, o juiz Luiz Henrique Oliveira Marques, da Vara de Registro Público, escreveu que "o desaparecimento teria ocorrido quando Amarildo se encontrava em poder de agentes do Estado, o que, por si só, não geraria perigo de vida". "Não foi noticiado qualquer confronto armado, perigo real que justifique a declaração de morte presumida do mesmo." O advogado João Tancredo, que representa a família, disse que recorrerá da sentença.

##RECOMENDA##

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando