Duas espécies de anfíbios extintas foram descobertas na região nordeste do Brasil, junto aos restos do réptil mais antigo da América do Sul, anunciou nesta quinta-feira o Museu de História Natural de Londres (NHM, sigla em inglês).
Os dois anfíbios, similares às modernas salamandras, viveram há 278 milhões de anos e seus fósseis foram encontrados por uma equipe internacional que incluía pesquisadores da instituição londrina e colegas do Brasil e da Argentina, entre outros países.
A revista científica Nature Communications publicou nesta quinta-feira um artigo com os resultados da pesquisa.
Os fósseis foram achados no estados do Piauí e Maranhão e se encontram agora preservados na Universidade Federal do Piauí, em Teresina.
"Esta descoberta preenche uma importante lacuna geográfica em nossa compreensão sobre a evolução e adaptação dos anfíbios", explicou o Museu Natural de Londres em um comunicado.
A espécie Timonya annae era um animal de 40 centímetros que, nas palavras do NHM, "parecia um cruzamento entre uma salamandra mexicana moderna e uma enguia".
A outra espécie descoberta é a Procuhy nazariensis, próxima à Timonya, e de um porte similar.
Até agora, acrescenta a instituição, o conhecimento sobre o vertebrados quadrúpedes desse período pré-histórico se limitava à América do Norte e Europa Ocidental, sem informações sobre os animais que viviam no sul do Trópico.
"Agora que sabemos que seus parentes distantes habitavam em um vasto sistema de lagos na região tropical do supercontinente da Pangeia, em zonas que hoje correspondem ao nordeste do Brasil, podemos saber mais sobre sua abundância, paleobiologia e sobre a amplitude de sua distribuição longe do equador", explicou Martha Richter, do NHM.
Os pesquisadores também descobriram a mandíbula de um réptil similar ao Captorhinus aguti, um lagarto que se encontra na América do Norte e que é o fóssil de réptil mais antigo achado na América do Sul, com cerca de 278-280 milhões de anos, afirmou ainda Richter.
"Mais de 90% das espécies da Terra se extinguiram no final do período Pérmico, o último da era Paleozoica, porque as condições se tornaram muito inóspitas", explicou Richter.
Ela acrescentou que esta foi a pior extinção em massa até a presente data.
"Entender a composição de faunas extintas como estas encontradas no nordeste brasileiro e como mudam com o tempo, pode nos ajudar a predizer melhor hoje em dia como evoluíram os sistemas de lagos e suas complexas comunidades de animais em resposta às amplas mudanças do meio ambiente", concluiu a cientista.