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Sob orientação do seu novo advogado, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), decidiu não responder as perguntas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que investiga a invasão da Praça dos Três Poderes por bolsonaristas no dia 8 de janeiro. A estratégia já tinha sido adotada no primeiro depoimento de Cid na CPMI do 8 de Janeiro no Congresso Nacional.

"Por orientação da minha defesa técnica, farei uso do meu direito constitucional de silêncio", informou Mauro Cid nesta quinta-feira (24), no início da sessão da comissão.

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Esse é o primeiro depoimento de Mauro Cid sob a defesa do advogado Cezar Bitencourt. Na última semana, o defensor afirmou que seu cliente confessaria a participação no esquema que desviou joias da Presidência da República e apontaria Bolsonaro como mandante. Bitencourt, no entanto, recuou, conforme revelou o Estadão. Publicamente, o advogado passou a dizer que Cid apenas cumpria ordens de "resolver o problema do Rolex".

"Eu vou dar 20 ou 30 versões, posso dizer o que quiser. A versão da defesa, efetivamente, vai vir nos autos", justificou Bitencourt, em entrevista ao Estadão.

Antes de anunciar que permaneceria em silêncio, Cid leu um breve discurso aos deputados. Afirmou que não foi nomeado ajudante de Ordens de Bolsonaro por motivos políticos. Explicou também que, entre as funções do seu cargo, está a recepção de correspondências recebidas pelo presidente da República. "Não questionávamos o que era tratado nas respectivas agendas e reuniões. não estava na minha esfera analisar propostas de apoiadores", assegurou.

No início da sessão, o presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos, deputado Chico Vigilante (PT), discutiu com Bitencourt após Cid anunciar que permaneceria em silêncio. O petista afirmou que o ex-auxiliar de Bolsonaro foi convocado à Comissão na condição de testemunha, após decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes. O defensor negou e afirmou que o militar seria investigado, o que lhe daria direito de não responder as perguntas.

O Exército abriu duas investigações em razão dos fatos de domingo (8) em Brasília. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado na terça-feira, 10, para apurar a conduta do coronel da reserva Adriano Camargo Testoni, que esteve na tomada dos palácios e divulgou dois vídeos em redes sociais ofendendo o Exército e xingando generais do Alto Comando e de sua turma da Academia das Agulhas Negras (1987).

"Forças Armadas filhas da p.... Bando de generais filhos da p.... Vanguardeiros de m..... Covardes. Olha o que está acontecendo com a gente. Freire Gomes (ex-comandante do Exército), filho da p.... Alto Comando do c....... Olha aqui o povo, minha esposa. Esse nosso Exército é um m..... Vão tudo tomar no c.", esbravejou o coronel enquanto se retirava da Esplanada, no domingo, após a PM usar gás lacrimogêneo contra os extremistas. O oficial aparecia abraçado à sua mulher.

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Em seguida, o coronel, que é guerreiro de selva e tem o curso de Montanha, divulgou um segundo vídeo com ofensas. O oficial foi demitido na segunda-feira (9) do Hospital das Forças Armadas, onde era contratado como prestador de serviço por tempo determinado. Sua conduta foi reprovada de forma generalizada pelos oficiais ouvidos pelo Estadão. O IPM do caso foi aberto por determinação do general Gustavo Henrique Dutra Menezes, comandante militar do Planalto.

Testoni foi convocado para depor e devia ter comparecido nesta quarta-feira (11) ao Comando Militar do Planalto (CMP), mas entregou atestado médico para justificar a ausência. Um dia antes, divulgou vídeo desculpando-se com os colegas de turma. O CMP quer concluir o IPM até sexta-feira (13) e enviá-lo ao Ministério Público Militar, pois já dispõe das provas do delito: os vídeos publicados pelo coronel. A outra investigação vai apurar a ação do Batalhão de Guarda presidencial no domingo.

A decisão ocorre em meio ao grande desconforto dos militares que se recusaram a dar o golpe pretendido pelos vândalos e se veem agora criticados pela esquerda - que os acusa de leniência com os extremistas - e pelos bolsonaristas, que se sentem traídos. Nesta quarta-feira, o general Dutra visitou seis unidade sob seu comando. Em uma delas, justificou à tropa formada as prisões dos acampados na frente do QG do Exército, em Brasília: "Fizemos o certo. Não tem caminho fora do que é o certo."

Casos de indisciplina

Os casos de indisciplina envolvendo oficiais da reserva estão se multiplicando. Além de Testoni, outros militares da reserva estavam presentes entre os extremistas que invadiram as sedes dos três Poderes, como o general de brigada da reserva Ridauto Lúcio Fernandes (um dos oficiais ofendidos pelo coronel Testoni). Dutra , o comandante do Planalto, também é da mesma turma de Testoni. Durante os protestos, o capitão-de-mar-e-guerra da reserva da Marinha José Fortuna também participou da ação dos radicais e acabou demitido do Ministério da Defesa, onde trabalhava. Por enquanto, só Testoni foi alvo de IPM no Exército.

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