Boris Johnson jogou a carta do otimismo e Jeremy Hunt, a da honestidade, no único debate cara a cara previsto entre os dois candidatos ao cargo do primeiro-ministro britânico, que esteve dominado pelo Brexit.
Hunt, ministro das Relações Exteriores, e o ex-prefeito e também ex-chefe do Foreing Office Boris Johnson participam de uma corrida cujo vencedor será conhecido em 23 de julho, depois que os 160 mil militantes do Partido Conservador britânico tiverem eleito nas primárias quem será o futuro primeiro-ministro do Reino Unido.
"Quero saber até que ponto são sólidos os seus compromissos - se não nos tirar da União Europeia em 31 de outubro, você vai se demitir?", disparou Jeremy Hunt a Boris Johnson, que é o favorito, na emissora ITV.
Desde o começo de sua campanha, Johnson reiterou que o Reino Unido sairá da União Europeia em 31 de outubro, com um acordo renegociado do Brexit ou sem ele. A data do divórcio com a UE foi adiada de 29 de março para 31 de outubro, depois que o acordo alcançado por May em novembro foi rechaçado três vezes pelo Parlamento britânico.
Embora inicialmente tenha evitado responder, Johnson, que assegurou que o Reino Unido deixaria o bloco continental em outubro, por fim acabou declarando: "não quero gerar expectativas na UE de que poderiam incentivar minha demissão caso se recusem a fechar um acordo".
"Boris em Downing Street, então isso é a única que coisa qur importa", respondeu Hunt.
Os dois candidatos querem voltar a negociar com a UE o acordo de Theresa May, algo que o bloco descarta.
Durante o debate, Hunt quis destacar seus dotes de negociador como ex-empresário de sucesso, enquanto Johnson enalteceu sua determinação ante Bruxelas para não ceder em nada.
"Não acho que terminemos com uma saída sem acordo", disse Johnson, embora tenha relativizado que os custos de um "no deal" seriam "muito pouco perceptíveis [...] se estivermos preparados".
O Reino Unido "precisa de um pouco de otimismo, francamente", afirmou. "Já demonstramos derrotismo demais", ao que Jeremy Hunt respondeu, acusando-o de ter como único problema um "otimismo cego".
"Se quisermos fazer com que o Brexit seja um êxito, não se trata de mostrar um otimismo cego, mas compreender os detalhes que nos permitam obter o acordo mais bem adaptado ao nosso país", defendeu Hunt, destacando que tinha um plano de dez pontos em caso de uma saída sem acordo.