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A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira, 22, um homem apontado como segurança particular de Rubem Dario da Silva Villar, o Colômbia, indiciado como suposto mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.

O homem foi preso por porte ilegal de arma de fogo quando a Polícia Federal vasculhava sua casa no bojo das investigações sobre os homicídios ocorridos em 5 de junho de 2022, na Terra Indígena do Vale do Javari.

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A PF encontrou na casa do segurança de Colômbia uma pistola PT 58 HC Taurus com a numeração raspada e seis munições calibre 380. A arma e as munições foram apreendidas e o preso foi encaminhado à Delegacia da Polícia Federal em Tabatinga.

A PF chegou ao investigado preso nesta sexta após colher informações, inclusive em documentos, de que Colômbia possuía um segurança armado. Segundo os investigadores, era por meio de informações fornecidas pelo segurança preso que Colômbia chefiava uma suposta organização criminosa transnacional armada especializada em pesca ilegal e contrabando.

O superintendente da Polícia Federal do Amazonas Alexandre Fontes confirmou que o traficante Rubens Villar Coelho, conhecido como “Colômbia”, foi o mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. A dupla foi assassinada em junho de 2022, no Vale do Javari, no Amazonas. 

Colômbia está preso desde dezembro do ano passado por ter descumprido as condições impostas por ocasião da concessão de sua liberdade provisória pela Justiça Federal. Ele havia sido solto em outubro, após pagar uma fiança de R$ 15 mil. 

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“Não tenho dúvida que o mandante foi o Colômbia. Temos provas que ele fornecia as munições para o Jefferson e o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo”, afirmou Alexandre Fontes. 

Segundo o delegado, a PF também conseguiu identificar a participação de mais um irmão de Amarildo da Costa Oliveira no crime, Edvaldo da Costa Oliveira, que forneceu a arma utilizada para assassinar Bruno e Dom. “Nas nossas investigações iniciais, ele [Edvaldo] teria participado da ocultação de cadáver, mas ficou evidente que ele participou materialmente. Ele entregou a espingarda calibre 16 nas mãos do Jeferson, ciente de que ele a utilizaria no assassinato de Bruno e Dom”, informou o superintendente. 

A espingarda utilizada ainda não foi encontrada, de acordo com o delegado. A PF até chegou a usar detectores de metal no rio onde aconteceram os assassinatos e na área onde os corpos foram enterrados, mas não teve sucesso. Além disso, o irmão de Amarildo, Edvaldo, também vai responder como partícipe nas mortes. 

“A motivação é a pesca ilegal na região do Vale do Javari. E o autor intelectual, não tenho dúvidas, é o Colômbia. Era ele também que fornecia embarcações para a pesca ilegal na região”, explicou Fontes. 

Colômbia chegou a ligar para Amarildo na segunda-feira após o crime, mas as autoridades não tiveram sucesso no conteúdo da chamada, mas sabem que houve uma conversa de quase dois minutos. 

 

O suspeito de participar dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, detido em flagrante nesta quinta-feira (7) por uso de documentos falsos, disse à Polícia Federal (PF) que não tem envolvimento com os homicídios e a ocultação dos corpos.

Conhecido como Colômbia, o homem compareceu voluntariamente à delegacia da PF em Tabatinga, no Amazonas, a pretexto de saber se estava sendo investigado e para refutar acusações veiculadas na imprensa. Acabou preso em flagrante após apresentar duas identidades, uma brasileira, outra colombiana, cada qual com um nome.

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“Inicialmente, ele apresentou um documento brasileiro no qual é identificado como Rubens Vilar Coelho, nascido em Benjamim Constant [Amazonas]. No decorrer do depoimento ele acabou dizendo que nasceu em Leticia [Colômbia] e apresentou um documento colombiano com outro nome, Rubén Darío da Silva Vilar”, declarou o superintendente da PF no Amazonas, delegado Eduardo Alexandre Fontes, ao explicar por que Colômbia acabou detido em flagrante.

Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, em Manaus, Fontes disse que autoridades brasileiras e peruanas estão checando a suspeita de que Colômbia teria mais uma identidade, peruana.

“Aguardamos pela decisão judicial na expectativa de que ele permaneça preso. Até para que possamos esclarecer qual é realmente a sua identidade”, disse o delegado Fontes, ao informar que um inquérito foi instaurado apenas para investigar o uso de documentos falsos por Colômbia. “Entendemos que não é o caso de ele ficar em liberdade provisória, afinal, não sabemos sequer sua real identidade. Se ficar em liberdade, ele provavelmente vai fugir”, acrescentou Fontes.

De acordo com o delegado, Colômbia negou “veementemente” qualquer participação nos assassinatos de Bruno e Dom. Colômbia disse que conhece ao menos um dos três suspeitos detidos por envolvimento nos crimes, o pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, com quem teria “relações comerciais”, já que costuma comprar peixes dos pescadores da região do Vale do Javari (onde o indigenista e o jornalista foram mortos) para revender.

“Até o momento, o que há [evidenciado] é uma relação comercial [de Colômbia] com alguns pescadores. Agora, estamos investigando se existe apenas esta relação comercial ou se existe uma [associação com a] pesca ilegal; se ele [Colômbia] participa efetivamente, financiando-a”, acrescentou o delegado. Segundo Fontes, até o momento, as suspeitas de que Colômbia também tem ligações com narcotraficantes que atuam na região só foram apontadas na imprensa.

A Agência Brasil ainda não conseguiu contato com a defesa de Colômbia.

O Tribunal Superior Eleitoral lamentou (TSE), lamentou as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, nesta quinta-feira (16). Em nota, o presidente do tribunal, ministro Edson Fachin, enfatizou que "é imperativo constitucional que a sociedade e o Estado respeitem os povos tradicionais".

No comunicado, o presidente do TSE disse que um dos envolvidos, Bruno Pereira foi "importante parceiro da Justiça Eleitoral". Segundo o TSE, em 2014, o indigenista ajudou na instalação de cinco seções eleitorais no Vale do Javari.

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Além disso, Fachin acrescentou que uma imprensa livre, segura e plural é condição essencial para uma sociedade democrática". Sobre o jornalista, a nota ressaltou o "amor" do profissional pela região Amazônica. “Dom Phillips, jornalista britânico, veterano na cobertura internacional, era conhecido por seu amor pela região amazônica, trabalhando ativamente para relatar a crise ambiental brasileira e os problemas das comunidades indígenas".

O caso 

O indigenista e o jornalista estavam desaparecidos na região Amazônica do Vale do Javari, no Amazonas, desde 5 de junho. Porém, na noite desta quarta-feira (15), a Polícia Federal informou que Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado", confessou que teria assassinado dos dois. 

A PF informou que encontrou os restos mortais no local que Amarildo relatou. Esse material será encaminhado para perícia em Brasília a fim de confirmar a identificação das vítimas. Em relação ao suspeito, ele e seu irmão estão presos.

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