O volante Bruno Guimarães, de 22 anos, garante estar preparado para se firmar na seleção brasileira. Convocado pelo técnico Tite para o início das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, o jogador do Lyon é um dos símbolos da renovação de um elenco que vai iniciar a disputa por vaga no Catar com somente oito nomes remanescentes do último Mundial.
Em entrevista ao Estadão, o destaque do último Pré-Olímpico conta que neste primeiro ano na Europa conseguiu evoluir bastante tanto no empenho para falar francês ou para aprender os fundamentos mais modernos da posição.
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Após ter sido chamado na convocação de março, você temeu que o adiamento das Eliminatórias e a pandemia te prejudicassem?
Ficou uma incerteza sobre tudo. Sequência no Lyon, tristeza por não poder defender a seleção principal depois do primeiro chamado... Vivia um momento muito bom. Procurei seguir trabalhando, focado, e tinha certeza que mantendo o nível as chances iriam aparecer novamente.
Na sua posição de meio-campo você tem vários concorrentes de peso. Quais características suas te ajudaram a conquistar esse espaço na convocação?
Tenho procurado evoluir, crescer e entender aspectos novos do jogo desde que cheguei ao Lyon. Jogar como primeiro volante, ter uma cobrança maior para pisar na área... Tudo isso são fundamentos que estou evoluindo e crescendo demais. Intensidade, bom passe e bom posicionamento, acredito que sejam as minhas principais características.
A seleção brasileira vai começar as Eliminatórias bastante renovada. Você esperava fazer parte desse processo de renovação?
Procurei trabalhar muito para participar desse processo. O que podemos fazer, para chegar à seleção principal são duas coisas: manter o nível de atuação e o trabalho no clube. O Tite e sua comissão estão sempre observando. É procurar se apresentar bem, treinar bem e, tendo chance nos jogos, mostrar todo meu potencial.
No Pré-Olímpico da Colômbia você teve o primeiro contato mais próximo com o Tite. Como foi a conversa de vocês? Vocês tiveram algum outro contato depois?
Foi um contato bem rápido. Ele só nos disse para continuar o trabalho que todos estavam sendo observados.
Qual impacto o adiamento da Olimpíada pode ter para sua geração da seleção? O time pode ter perdido o embalo ou chegará ao Japão até mais forte, por ter um ano a mais de experiência?
Acabou interrompendo a sequência do bom trabalho que vínhamos fazendo. Sem dúvida é prejudicial. Muda momento, jogadores mudam de clube e tudo isso pode interferir no grupo final. Eu e o (Matheus) Cunha, por exemplo, fomos convocados para a principal. Temos uma quantidade, misturada com qualidade, de excelentes jogadores. Certamente a seleção chegará forte na Olímpiada em 2021.
Você chegou ao Lyon, virou titular e pareceu nem ter dificuldades com a adaptação. Por que foi tão fácil para você essa transição?
Pela maneira que fui recebido por todos e, principalmente, por todo o carinho do Juninho (Pernambucano, diretor de futebol clube) comigo e minha família desde a primeira conversa. O Lyon sempre foi muito claro comigo naquilo que buscavam, queriam e na apresentação do projeto. Essa transparência facilitou. Agradeço também ao Rafa, Marcelo, Marçal e outros brasileiros que já estavam aqui e que me ajudaram demais. No meu primeiro dia, todos me deixaram a vontade para focar no campo e bola.
Logo no seu começo na Europa você já teve de encarar um jogo contra a Juventus, do Cristiano Ronaldo. Como foi pra você esse desafio? Ficou nervoso?
Bastante ansioso. Não pelo confronto em si contra o Cristiano, mas por ser minha estreia na Liga dos Campeões que era um sonho de infância. Na hora do jogo me soltei e consegui fazer uma boa partida. São jogos assim que o jogador gosta.
Dias atrás você até deu entrevista em francês. Como fez pra aprender o idioma tão rápido? Como isso tem te ajudado?
Juninho sempre me cobrou muito e, na minha coletiva de apresentação, prometi falar rápido a língua para facilitar a comunicação com os torcedores, comissão técnica e todos no clube. Usei muito a pandemia e o tempo livre para estudar e me dedicar. Facilita muito o trabalho no dia a dia. Eu e o Rudi (Garcia, técnico do time) já falamos direto um com outro, sem intérprete. Isso ajuda.
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Velocidade de raciocínio. Se no Brasil tinha mais espaço para dar dois, três toques na bola antes de decidir a jogada, aqui precisei entender que era no máximo dois toques. Futebol francês é muito pegado e disputado. É muito importante já saber o que fazer quando a bola vem e estar bem posicionado. Acredito que essa vem sendo a minha principal evolução.