Desde o século XIX as mulheres vêm lutando para conquistar seu espaço no mercado de trabalho e há alguns anos passaram a atuar cada vez mais dentro dele. Elas deixaram o lar e passaram a estar presentes em diferentes tipos de funções. Uma delas é a de construção civil, profissão de Cristina Cruz, que entrou na área por meio de uma amiga, e que se encontrou e se sente realizada em estar numa profissão que era estritamente masculina.
A mulher também vem se qualificando, faz cursos técnicos, superiores, tira a carteira de motorista. Foi com essa carteira que Joelma Rodrigues, de 48 anos, passou de cobradora a motorista de ônibus coletivo. ”Me sinto realizada ocupando uma função que era masculina”, afirma Joelma. Sobre preconceito, ela diz: "Sofro, vários homens tiram brincadeiras comigo, mas respondo à altura, sei lidar com eles. Não me sinto menos profissional”.
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A qualificação faz da mulher, hoje, chefe de família, líder de empresas e países. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres já são mais escolarizadas que os homens, 19,2% delas possuem nível superior enquanto que 11,5% dos homens têm o mesmo grau de estudo. Essa porcentagem se torna ainda maior quando se analisa a população economicamente ativa: as mulheres que estão empregadas ou à procura de empregos eram de 54,6% em 2010 e os homens, 75,7%.
A mulher do século 21 também está em busca da autoafirmação feminina. Um indicador disso é a chamada transição capilar, ou seja, quando uma mulher resolve assumir o cabelo natural e foge dos tratamentos químicos. O processo é longo, podendo levar vários anos.
A estudante de Tecnologia da Informação Carla Malcher conta que possuía vergonha dos cachos naturais e, por uma pressão, que ela considera social, era obrigada a estar com o cabelo preso. “Nós crescemos achando o nosso cabelo feio, é imposto pra gente. O cabelo liso é um padrão. A primeira vez que soltei meu cabelo foi com 15 anos, pra ir pra escola. Quando eu era pequena minha avó sempre trançava o meu cabelo ou prendia e fazia trancinhas”, relata. Ela acrescenta que a transição é um processo de autoaceitação, em que a mulher, principalmente a negra, precisa de referências tanto na mídia quanto na vida pessoal. “Foi um processo longo até eu resolver soltar meu cabelo. Nunca tive uma inspiração. Na TV não havia referências de mulheres pretas. Fui me aceitando aos poucos, no dia que soltei o cabelo fiquei com muita vergonha na escola. Depois disso foi um processo, eu prendia em alguns dias, noutro ele ficava solto e eu comecei a mudar”, conta.
Julliana Baptista passou por um processo de transição que durou cerca de três anos. A estudante de Publicidade e Propaganda conta que por causa da química quase ficou careca e teve que usar mega hair. “Na primeira vez que eu cheguei ao colégio com o cabelo liso, um menino veio ate mim e disse: 'Isso que é cabelo, tem que ser assim', e eu fiquei feliz em ouvir aquilo, mas eu não sabia que era racismo. Com o tempo eu não me senti confortável e meu cabelo começou a cair por causa da química. Eu tive que usar mega hair pra deixar ele cacheado e poder fazer a transição e ele cresceu e hoje ele tá maravilhoso."
Durante a entrevista, Carla e Julliana explicaram como foi passar pela transição e ainda falaram um pouco sobre mulheres que inspiram e empoderamento feminino. No vídeo abaixo, confira o bate-papo completo.
Com apoio de Bruna Helena e Jhonatan Rafael.
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