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“Prefeito? Quem é esse? Aqui, nunca veio”. Em meio à ironia do comentário, a indignação de quem esperou por uma resposta política e não obteve. Valéria dos Santos é um dos quase 400 moradores da Ocupação Cacique Chicão, localizada entre a pista de pouso do Aeroporto Internacional dos Guararapes e a Avenida Recife, na zona sul da capital. Nesta segunda-feira de manhã (23), o que chegou aos moradores da invasão foi a notificação da Justiça: todos têm 30 dias para saírem pacificamente do local.
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Desde 2012 instaladas no terreno da União, pertencente à extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA), as famílias buscam desde o ano passado cadastro ou, no mínimo, a garantia de que, saindo de lá, teriam onde ir. Em entrevista ao Portal LeiaJá, em setembro de 2014, o secretário de Habitação do Recife, Romero Jatobá, garantiu que o problema seria resolvido e um terreno já estava na mira da Prefeitura para encaminhar os moradores da Cacique Chicão. Até agora, nenhum integrante da ocupação foi cadastrado.
“Eles vieram, deram o prazo, mas a gente não vai sair de jeito nenhum. Deram 15 dias para a advogada contestar. Sem cadastro, a gente não sai”, disse Daniele Freitas, que mora há nove meses na comunidade com o marido e dois filhos pequenos. Para os moradores, só um terreno basta. “Não precisa ser um habitacional, se nos derem um terreno a gente mesmo constrói as casas. A gente não tem casa e só quer um lugar digno para morar”, disse outra moradora, Maria Jaciara Ribeiro, também mãe de crianças ainda pequenas. ![](/sites/default/files/enviados-2015/DSC_4372.JPG)
Liderança da ocupação, Inaldo Monteiro disse que os procedimentos necessários serão tomados, junto à Justiça, para a permanência das famílias ou a garantia de um local para encaminhá-las. Até lá, o grupo promete manifestações e protestos. “Para o dia 11 de março está marcada uma passeata da comunidade até o Fórum Ministro Artur Marinho (sede da Justiça Federal). Mas antes disso, nas nossas reuniões internas, podemos deliberar alguma ação antes desta data”, disse Monteiro.
O representante disse que não há a possibilidade de uma desapropriação súbita, como alguns moradores chegaram a cogitar. Jaciara Ribeiro, inclusive, contou ter conversado com um policial que foi até à invasão e revelou que o Batalhão de Choque iria ainda nesta segunda (23) retirar os barracos. “Não corre esse risco. Isso é terrorismo da própria Polícia para assustar os moradores, mas todos podem ficar tranquilo quanto a isso”, garantiu Inaldo, por telefone, à reportagem do LeiaJá.
Justiça emite nota oficial
No início da noite, a Justiça Federal em Pernambuco (JFPE) afirmou, em nota, que o mandado de citação e intimação foi expedido pela 12° Vara Federal do Estado, com o intuito de desocupar imóvel da União. "Em abril de 2014, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) havia promovido uma vistoria no local e constatado a ocupação irregular, ressaltando que a área fica próxima da cabeceira da pista do Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes - Gilberto Freyre, o que motivou a Infraero a entrar no processo judicial de reintegração de posse, ao lado da União", diz a nota.