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A taxa de desemprego no País alcançou 15,1% no mês de março, segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Pnad Contínua mostrou uma taxa de desocupação de 14,7% no trimestre encerrado em março, ou seja, o resultado carrega ainda informações do mercado de trabalho referentes a janeiro e fevereiro. No entanto, uma metodologia desenvolvida pelo pesquisador do Ipea Marcos Hecksher, com microdados da Pnad, estima que o resultado isolado apenas para o mês de março tenha sido mais elevado, ficando 2,3 pontos porcentuais acima dos 12,8% registrados no mês de março de 2020, quando o País já tinha começado a eliminar vagas em decorrência dos impactos da pandemia de covid-19.

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Se neutralizados os efeitos sazonais, fenômenos característicos dessa época do ano, em que tradicionalmente há dispensas de trabalhadores temporários e aumento na busca por uma vaga, a taxa de desemprego subiu de 14,3% em fevereiro para 14,8% em março.

Considerando o resultado apenas de março de 2021, o País tinha 15,2 milhões de pessoas em busca de trabalho, um aumento de 15,1% em relação ao mesmo mês de 2020, quando essa população somava 13,2 milhões de pessoas, ou seja, dois milhões de desempregados a mais em um ano.

Já o total de pessoas trabalhando somou 85,6 milhões, uma queda de 4,8% na comparação com março de 2020, quando esse contingente era de 89,9 milhões, o equivalente a 4,3 milhões de vagas a menos.

Descontados os efeitos sazonais, o número de desempregados cresceu 1,9% na passagem de fevereiro para março, enquanto que o total de pessoas trabalhando teve redução de 0,3%.

"Por fim, os dados da Pnad Contínua indicam que, embora se verifique uma pequena queda na margem, o número de desalentados mantém uma trajetória de alta na comparação interanual. Em março, havia 6,0 milhões de desalentados no país, o que significa um alta de 22,7% em relação ao mesmo período de 2020 (4,9 milhões)", apontaram os pesquisadores Maria Andreia Lameiras e Marcos Hecksher, na Carta de Conjuntura do Ipea publicada nesta segunda-feira, 31, referindo-se ao total de brasileiros em situação de desalento, ou seja, que não estão trabalhando nem procuram emprego por acreditarem que não conseguiriam uma vaga, por exemplo.

A Carta de Conjuntura, divulgada ontem (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que há uma melhora no mercado de trabalho. A economista do Ipea, Maria Andréia Parente, observou que o setor está com sinais de recuperação. “De forma agregada, a gente viu uma taxa de desocupação caindo, combinando com um aumento da ocupação, porque até então você tinha que a ocupação começou a cair menos”.

No último trimestre até julho, apesar de a ocupação mostrar variação pequena (+0,2%), essa é a primeira variação positiva em dois anos, destacou Maria Andréia. “Já é um sinal”.

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Quando se olha o mercado de trabalho formal, com carteira assinada, há sinais de que o quadro está melhor. Segundo a economista, um indicativo disso é a redução do ritmo de demissões. “O mercado formal já está demitindo menos. Ele ainda não contrata no agregado. A população ocupada dele ainda está caindo, mas ele está reduzindo o ritmo de demissão”. A taxa de desemprego registrada no trimestre encerrado em julho teve queda de 12,8%.

Maria Andréia afirmou que outro sinal positivo do mercado formal é dado pelo rendimento. A análise dos rendimentos por vínculo de ocupação mostra que está no mercado formal a maior alta de rendimentos (3,6%). 

O déficit em transações correntes caminha para fechar o ano em torno de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Nos 12 meses encerrados em setembro, o déficit ficou em 1,3% do PIB, nível inferior à média histórica, que é de 1,8% do PIB, ressaltou o instituto na Carta de Conjuntura divulgada nesta quinta-feira (3).

"Não é exagero afirmar que o país já 'completou' o ajuste de suas contas externas, no sentido em que o déficit em transações correntes já atingiu nível inferior à sua média histórica", defende Fernando José Paiva Ribeiro, autor do documento e técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea.

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No acumulado de janeiro a setembro de 2016, o déficit em transações correntes ficou em US$ 13,6 bilhões, uma redução de mais de 70% em comparação ao mesmo período de 2015, que já estava 33,5% inferior em relação ao período de janeiro a setembro de 2014. "Contudo, já há sinais de certa estabilização do déficit na margem", ponderou o autor.

A redução é explicada, sobretudo, pelo aumento do superávit comercial. O Ipea lembra que a balança comercial brasileira vem registrando superávits da ordem de US$ 3 bilhões a US$ 5 bilhões ao mês desde o final de 2015. No acumulado de janeiro a outubro, o superávit alcançou US$ 38,5 bilhões, três vezes mais que no mesmo período do ano anterior. Mas a melhora é explicada por uma queda acentuada das importações, o que compensa o desempenho também negativo das exportações.

"Os dados dessazonalizados mais recentes sugerem, contudo, que está havendo certa estabilização das importações e uma nova queda nas exportações, levando à redução dos saldos comerciais", observou o estudo.

O fraco desempenho da economia brasileira, em recessão técnica, tem pouco a ver com uma crise internacional e está mais ligado à desaceleração da demanda doméstica e à redução dos investimentos na produção. A visão, contrária aos argumentos da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, não vem da oposição ao governo, mas de uma ampla análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Divulgada sem alarde no site do Ipea, a Carta de Conjuntura derruba dois dogmas do discurso do governo federal. O Ipea reconhece a "recessão técnica", ou seja, a queda da atividade econômica por dois trimestres consecutivos. O governo rejeita esse conceito. O instituto, vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência (SAE), também nega que a crise mundial seja a única explicação para o fraco resultado do Produto Interno Bruto (PIB) registrado ao longo dos últimos quatro anos.

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A análise, assinada pela Diretoria de Estudos e Política Macroeconômicas, sai em um momento de crise interna no Ipea e de adiamento na divulgação de indicadores negativos para a economia às vésperas da eleição de domingo. Na semana passada, o diretor de Estudos e Políticas Sociais, Herton Araújo, entregou o cargo após ser voto vencido em reunião da cúpula do Ipea que decidiu, no início de outubro, não divulgar análises com dados públicos durante o período eleitoral. Na ocasião, Araújo defendia a divulgação de estudo técnico sobre miséria no Brasil a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do IBGE.

Agora, a nova Carta de Conjuntura coloca ainda mais lenha na fogueira no debate político, partindo de análises econômicas. "Ao contrário de outros períodos em que o PIB caiu por dois trimestres consecutivos (por exemplo, 1998-1999, 2001, 2003 e 2008-2009), o momento atual não se caracteriza por crises externas, flutuações bruscas nos preços macroeconômicos e/ou "apagões" energéticos", escrevem os analistas do Ipea. "A inexistência de culpados óbvios isto é, de 'choques negativos' de grande monta torna ainda mais significativo o fenômeno da estagnação econômica recente."

Os economistas citam especificamente as últimas quatro crises vividas internamente, que deprimiram o PIB brasileiro. Entre 1998 e 1999, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a economia sofreu os abalos da crise na Rússia e, na sequência, da maxidesvalorização do real, em janeiro de 1999. Dois anos depois, em 2001, o PIB recuou forçado pelo racionamento de energia no governo FHC, o chamado "apagão". Em 2003, a economia reagiu mal à brusca desvalorização do real, contaminado pela radicalização do período eleitoral do ano anterior. Finalmente, entre o fim de 2008 e o começo de 2009, o Brasil foi atingido pela explosão da crise econômica mundial, nos Estados Unidos e na Europa.

"Reitere-se que, nas últimas décadas, recessões técnicas só ocorreram em momentos em que o país foi atingido por choques negativos importantes", afirmaram os analistas do Ipea.

O Ipea destaca que "ainda que o quadro atual de baixo crescimento econômico seja obviamente indesejável, cumpre ressaltar que seus efeitos negativos têm sido mitigados pelo fato de a taxa de desemprego permanecer baixa e dos rendimentos reais continuarem crescendo". O bom ritmo do mercado de trabalho tem suavizado os problemas macroeconômicos e mantido um nível geral de atividade que impede que o PIB recue a zero. Depois de crescer 2,7% em 2011; 1% em 2012 ; e 2,5% em 2013, o PIB deve fechar em cerca de 0,3% neste ano, segundo projeções do mercado financeiro.

Na média, o governo Dilma Rousseff deve encerrar com um avanço do PIB de 1,6% do PIB, desempenho inferior apenas ao de Floriano Peixoto (1891-1894) e de Fernando Collor (1990-1992) entre todos os presidentes.

A admissão da recessão técnica fica clara no trecho em que o Ipea assinala as duas retrações consecutivas do PIB no primeiro e no segundo trimestre deste ano. "Este resultado (do 2º trimestre) configurou um cenário de recessão técnica, uma vez que o PIB já tinha caído 0,2% no trimestre anterior".

Inflação

Quanto ao desempenho da inflação, o Ipea reconhece que o cenário de aumento de preços no Brasil "vem se mantendo pressionado, em patamar elevado". De acordo com os economistas, o índice oficial (IPCA) fechará o ano em um nível superior aos 5,91% verificados em 2013 - isto é, estará ainda mais próxima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 6,5%.

O Ipea também cita o estranho desempenho das despesas federais com programas sociais e previdenciários ao longo do primeiro semestre - as chamadas "pedaladas fiscais". O Tesouro atrasou o repasse de dinheiro aos bancos, notadamente a Caixa Econômica Federal, que continuaram realizando os pagamentos em dia de abono salarial, seguro-desemprego, benefícios previdenciários e Bolsa Família. Os atrasos nos repasses reduziram artificialmente as despesas federais. Após a revelação da manobra, o Tesouro iniciou uma correção dessas "pedaladas" em agosto e setembro, o que piorou o resultado fiscal do governo federal.

Sem citar diretamente essas operações, o Ipea assinala que houve "elementos incomuns do lado das despesas". "Os mais relevantes foram os pagamentos de abono e seguro-desemprego, que mais que dobraram, em termos reais, em relação aos registrados em agosto de 2013, compensando quedas expressivas ocorridas nos meses anteriores."

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