A Casa dos Frios, estabelecimento do ramo alimentício tradicional do Recife, se pronunciou nesta terça-feira (9) após uma das sócias da empresa publicar uma postagem preconceituosa na noite do domingo (7) em seu perfil no Facebook. "A Venezuela é aqui. Nordeste miserável", escreveu Izabel Dias logo após os resultados do primeiro turno, que mostraram a vitória de Fernando Haddad (PT) no Nordeste. A empresária apagou a postagem em seguida, mas o caso ganhou repercussão nas redes sociais.
"O comentário não reflete a opinião nem os valores da Casa dos Frios", diz um trecho da nota publicada pela empresa. "Acreditamos que em uma democracia todas as pessoas têm o direito de se expressar, sempre respeitando a escolha do outro", afirmou a empresa, que encerra o comunicado afirmando que tem "orgulho de ser nordestinos, onde nascemos e temos uma história de mais de 60 anos".
##RECOMENDA##Através do Facebook, Izabel pediu desculpas na tarde desta terça. "No calor do debate, fiz um post com um conteúdo infeliz do qual me arrependi e exclui na sequência. Gostaria de pedir desculpas e me retratar sobre esse assunto", escreveu a empresária. "Quero deixar claro que foi um erro pessoal e que o meu comentário não reflete de forma nenhuma o posicionamento da Casa dos Frios", encerrou. Antes, ainda no domingo, Izabel havia afirmado, também através da rede social, que "Frases de Gil e Caetano pode: 'o Haiti é aqui' isso pode, né? Mas a Venezuela não pode. Hora tenha santa paciência...".
RACISMO
Em 2017, a Casa dos Frios foi alvo de uma denúncia de racismo envolvendo um cliente do estabelecimento. O motorista Mário Ferreira, que é negro, foi confundido com um assaltante ao tentar fazer uma compra de 20 bolos para o seu patrão. Funcionários da loja acionaram a Polícia Militar. O caso foi denunciado nas redes sociais pelo advogado Gilberto Lima Junior, empregador de Mário, que acusou o estabelecimento de ter acionado a polícia pelo fato de seu funcionário ser um negro. Na época, a Casa dos Frios emitiu uma nota pedindo perdão ao cliente e se desculpando "perante toda a sociedade pernambucana". A empresa considerou o episódio como um "lamentável mal-entendido, fruto do sentimento de insegurança que permeia a sociedade brasileira".
A empresa também disse, ainda, que "um protocolo de segurança foi acionado após uma funcionária afirmar, categoricamente, que um cliente que já havia entrado por duas vezes naquela mesma noite, no estabelecimento, estaria portando uma arma de fogo. O procedimento adotado pelo gerente foi o de acionar a polícia, comunicando a suspeita, visando resguardar a integridade de seus clientes, empregados e do seu patrimônio, diante, repita-se, do relato apresentado pela funcionária".