O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez mais um aceno à governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), ao elogiar o rumo da gestão, ainda que reconhecendo erros políticos da chefe de Executivo em seu primeiro ano de mandato. Nesta terça-feira (30), em uma entrevista, o mandatário disse que, antes, não conhecia Lyra, mas que acredita que a gestão “está dando certo” e pediu compreensão com a tucana, que começou no Estado com uma perda pessoal, após a morte do marido, Fernando Lucena.
“Como a Raquel tá no seu primeiro ano, a gente tem que entender que essa mulher é bem formada, é procuradora, delegada da Polícia Federal, ela teve um trauma imenso no dia da campanha, que foi a morte do marido. Essa mulher está cuidando sozinha da sua família. Ao mesmo tempo, há de se compreender também o estado emocional em que essa companheira assumiu o Governo do Estado. Acho que tem dado certo”, declarou Lula à CBN Recife.
##RECOMENDA##No começo do Governo Lyra, o mandato foi marcado por impasses diante da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), que não participou plenamente na decisão do secretariado do Estado. Com baixa popularidade no Legislativo, e também entre a população geral, Raquel passou por um primeiro ano difícil, com troca de secretários e alguns indicadores no vermelho – como a segurança pública. Em 2024, houve a primeira troca dos comandos das polícias Militar e Civil.
LeiaJá também: ‘Lula diz que jantar com a família Campos não foi político’
Perguntado sobre a possibilidade de aproximar Raquel de sua base, boato que circula nos bastidores da política local, Lula disse que “se ouve muita coisa” nos bastidores, mas não negou o interesse. Anteriormente, ele já havia defendido a “companheira Lyra” e tornou público o apoio à gestão pernambucana. Raquel também já citou Lula anteriormente e mostrou ter curiosidade em aproximar o diálogo político para além das negociações por Pernambuco.
"Na conversa que tive com a governadora, eu disse que em política a gente não pode errar. Ela começou o governo com alguma dificuldade de relação com a Assembleia Legislativa [Alepe] e disso todo mundo sabe em Pernambuco. Tenho dito para ela que é importante manter uma relação bastante harmônica e civilizada com o Congresso, mesmo com oposição. A gente não precisa viver de favores, mas também não precisa viver de rancores. A gente tem que estabelecer [uma relação] da forma mais civilizada possível, porque eu preciso que as coisas sejam aprovadas na Assembleia e eu preciso pedir as coisas para gente que não gosta de mim e as pessoas não vão votar porque fui eu que fiz. Só temos 70 deputados do PT em Brasília e são 513 deputados, então a gente está sempre conversando”, continuou o presidente.
Tendo arrastado votos da classe conservadora do estado, especialmente no interior e no Sertão, Raquel foi inicialmente associada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PT) e à direita pernambucana, até mesmo pelo discurso que adotou ao tratar do tema criminalidade no estado. No entanto, desde os debates pré-campanha até esse início de segundo ano de mandato, a relação dos governos estadual e federal parece se estreitar aos poucos. Lula disse que a “ordem” é que seus ministros tratem todos os governadores com democracia e cordialidade.
"Meus ministros têm de tratar todos os governadores [bem] independentemente de terem falado mal de mim. Chegando em Brasília, ele será tratado da forma mais decente possível. O que nós vamos levar em conta é se ele tem projeto bom, se é viável. Isso vale para governador e prefeito. Raquel é bem tratada aqui, assim como outros companheiros que vêm a Brasília. Não vejo ela falando mal do Governo Federal em lugar nenhum. Isso é um bom sinal; ela pode cobrar de nós o que ela acha que deve cobrar, mas eu sempre manterei com ela uma relação respeitosa, até porque, eu fui amigo do pai dela [João Lyra] e do tio dela [Fernando Lyra], que foi um grande parceiro. Esse país precisa de paz”, concluiu o presidente