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Uma palestra sobre gênero e sexualidade oferecida aos pais de alunos do Colégio São Luís, tradicional escola católica da capital, provocou polêmica nas redes sociais e fez a instituição de 150 anos ser alvo de críticas de internautas, que chegaram a organizar um abaixo-assinado online contra o evento. A repercussão, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, levou o reitor do colégio, padre Carlos Alberto Contieri, a enviar uma carta aos pais, prestando esclarecimentos, mas ressaltando que a atividade seria mantida.

O convite para a palestra, ministrada pelo médico Drauzio Varella, foi publicado na página do colégio no Facebook na segunda-feira, 18. O evento faz parte de uma série de conferências voltadas para pais de estudantes do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio sobre temas diversos, como bullying, drogas e internet. O colégiotem mais de 2,5 mil estudantes.

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Após a postagem do evento, alguns internautas começaram a acusar o colégio de promover a chamada ideologia de gênero. As críticas, no entanto, eram minoria. A maioria dos mais de 2 mil comentários era de pais de alunos parabenizando o colégio pela iniciativa e reprovando o posicionamento dos que discordavam do evento.

As críticas, porém, não ficaram restritas às redes sociais. No site O Fiel Católico, ligado à Fraternidade Laical São Próspero, um texto fazia a mesma acusação ao colégio e criticava Varella. Pedia que os católicos incomodados enviassem e-mail para a Arquidiocese de São Paulo, solicitando que o evento fosse cancelado.

Os críticos também criaram uma petição online endereçada à Rede Jesuíta de Educação e à Comissão de Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nela, afirmam que a palestra vai "promover a agenda de gênero - cultura de morte, assim são João Paulo II chamava -, que já foi condenada pelo Santo Padre o Papa Francisco, por atacar à identidade humana naquilo que o ser humano tem de mais belo, a sexualidade".

Até as 23h30 desta quinta-feira, 21, a petição já contava com 1,8 mil das 2 mil assinaturas almejadas pelos organizadores.

Resposta

Na carta elaborada pelo reitor e enviada aos pais na noite de quinta, em resposta às queixas, o padre Carlos Alberto Contieri destaca que não há intenção de tratar de ideologia de gênero e critica os internautas que puseram o colégio como alvo. "Todos sabemos que os humanos são uma espécie que se divide apenas em dois gêneros, por razões genéticas. Portanto, a palestra não tratará de ideologia de gênero, apenas de questões que afetam a vida humana, especialmente os jovens, relacionadas à sexualidade", disse. "O apoio declarado ao evento supracitado, vindo de todas as partes, é infinitamente maior do que o ataque rancoroso, agressivo e ofensivo oriundo de um grupo ‘sem rosto’ que talvez pretenda uma religião sem Deus e a fé cristã sem o Evangelho da Misericórdia."

Em sua mensagem, o reitor utiliza o conceito de um historiador italiano para definir os grupos que atacaram o colégio como "cibermilícias católicas". Ao Estado, ele diz que todas as críticas vieram de pessoas não ligadas ao colégio. "Não registramos nenhuma reclamação de pais, alunos ou ex-alunos. Os ataques vêm de fora, de pessoas que não falam a verdade e não são capazes de mostrar o rosto nem sua verdadeira identidade", afirmou ele, referindo-se a supostos perfis falsos no Facebook.

Ele contou que, com a repercussão, foi procurado pelo bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Educação, dom Carlos Lema Garcia, para dar esclarecimentos. "Acordamos que manteríamos o assunto em pauta e o encontro. A Companhia de Jesus goza de confiança e de credibilidade. Jamais faríamos algo que contrariasse a Igreja", disse o reitor.

Em grupos de WhatsApp de pais de alunos, a palestra tinha apoio maciço, segundo um pai ouvido pelo Estado, que não quis se identificar. "Essas palestras são promovidas há anos e costumam ser interessantes. Não vi nenhuma manifestação negativa nos grupos. Pelo contrário, os pais ficaram revoltados com as críticas porque queriam ter a oportunidade de ver a palestra", contou ele.

Contieri afirmou que o apoio foi "tão grande" que as 300 vagas oferecidas para a palestra de Varella se esgotaram rapidamente e tiveram de ser ampliadas para 500.

A reportagem enviou mensagens por meio do Facebook e do WhatsApp para o grupo O Fiel Católico e para outros críticos da palestra. Mas não obteve nenhuma resposta até as 23h30 de quinta-feira.

O Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro-PE) está acusando o Colégio São Luís, localizado no Recife, de praticar ações antissindicais. De acordo com a acusação do grupo sindical, o estabelecimento educacional está impondo que os professores saiam da greve nesta terça-feira (11).

O departamento jurídico do Sinpro-PE já está ciente do caso. Segundo a advogada Mercia Carvalho, além anunciar o retorno das aulas antes do fim da paralisação, o São Luís mandou mensagens de texto para os educadores ordenando que eles voltassem para o trabalho, sob ameaça de demissão e descontos salariais. Ainda de acordo com a acusação, o Colégio informou aos pais dos alunos que as aulas serão realizadas normalmente.  “A prática de coação e violação ao direito de greve são claras. Ela fere o 5° artigo da constituição Federal, além do artigo 98 da OIT. A greve não foi considerada ilegal, ela obedece aos trâmites legais. Estamos ajuizando uma ação coletiva de danos morais contra a instituição”, disse Mércia, conforme informações da assessoria de comunicação do Sinpro-PE.

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Para o coordenador do Sindicato dos Professores, Jackson Bezerra, com essa acusação, o São Luís está manchando sua história como promotor da educação em Pernambuco. “O Colégio São Luís, que tem mais 100 anos, está  assediando moralmente os professores. Em um único dia a instituição conseguiu desfazer todo seu legado histórico de construção da educação em Pernambuco. A prática que o São Luís estabelece é de perseguição aos professores, que tem o direito legítimo de participar do movimento grevista, por melhores condições de trabalho e valorização profissional”, falou Bezerra, também segundo a assessoria.

De acordo com a assessoria de comunicação do Colégio, não houve ameaça de demissão aos professores. O que ocorreu foi uma conversa, que, segundo a assessoria, o próprio Sindicato sabia da reunião. De fato os professores retornaram ao trabalho, mas, de acordo com o Colégio, por vontade própria. No site do São Luís, é possível visualizar um informe sobre o retorno das aulas.







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