Quem pretende se tornar piloto de avião pode optar por dois caminhos: se capacitar através de um curso em algum aeroclube ou, ainda, optar por uma graduação de aviação civil oferecida por instituições de ensino reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC). Porém, uma das vantagens de quem tem formação superior nesta área é que, na hora de contratar pilotos, as grandes companhias aéreas exigem menos horas de voo e estes ingressam mais rápido no mercado de trabalho do que os formados em aeroclubes.
A UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau, que implantou, desde o início de março deste ano, a graduação de ciências aeronáuticas é, segundo o coordenador do curso, Dino Lincoln, a única faculdade do Estado que oferece essa formação. Até então, o curso conta com uma turma de 30 alunos motivados pelo prazer de voar.
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O conteúdo do curso de aviação civil inclui disciplinas relacionadas à física como aerodinâmica de voo, navegação, meteorologia e regulamento de tráfego aéreo. A duração é de três anos. A graduação também habilita o profissional a trabalhar em áreas administrativas como gestor de aeroportos ou de empresas aéreas. “O corpo de professores conta com especialistas, como controladores de voo, agentes de segurança de voo, médicos e engenheiros aeroespaciais. Todos em conformidade com as exigências da Anac e também do MEC”, ressalta Lincoln.
Segundo o coordenador, o grande diferencial do curso é que a graduação inclui, não só a formação teórica de nível universitário para os estudantes que desejam operar aviões, mas também para os que almejam pilotar helicópteros. “Enquanto o comum é vermos cursos à parte para quem quer pilotar helicópteros, o nosso já disponibiliza conhecimentos sobre os dois transportes aéreos, permitindo, assim, que o aluno decida melhor em qual carreira irá se aprofundar diante da vasta amplitude de opções que o mercado aeronáutico fornece”, diz.
Para os estudantes que optarem seguir carreira de aviador, ele aconselha: “A partir do segundo ano, eu já sugiro que o aluno se matricule em alguma escola de aviação homologada, pois é uma maneira dele pôr em prática todo o conteúdo teórico dado em sala de aula. É uma forma também de se motivar na carreira, voando”. “É essencial também que o aluno faça, paralelamente à graduação, um curso de língua estrangeira, com foco principalmente no inglês, visto que boa parte dos cursos profissionalizantes são feitos nos Estados Unidos. Ter domínio numa segunda língua também facilita futuros trabalhos em companhias internacionais”, explica.
Sobre a procura e o sonho, cada vez mais frequente, de muitos brasileiros pela carreira de piloto, o coordenador ressalta que, ainda assim, há um déficit considerável no setor. “Apesar do Brasil ter a maior frota de avião do mundo, ficando apenas atrás dos EUA, dados do Icac registraram uma falta de cerca de 25 mil pilotos para suprir a demanda global nos próximos dez anos”, conta. “Na verdade, o mercado desse segmento é instável. Às vezes, falta cargo para piloto, como também, há momentos em que as vagas encontram-se todas preenchidas. Porém, eu sempre enfatizo junto aos alunos que, o profissional que estiver se capacitando e se qualificando na área, sempre será locado em uma das empresas. Nunca vai faltar oportunidade”, completa. O salário varia de acordo com a área de aviação, podendo chegar a uma remuneração de até R$ 25 mil.
Para ter a licença de piloto ou copiloto de aeronaves civis registradas no Brasil, é preciso ter carteira de habilitação, que são conseguidas através das escolas de aviação. Ao menos que a pessoa seja titular e esteja portando uma licença de piloto com suas habilitações, expedida em conformidade com regulamento da Anac, e Certificado de Capacidade Física (CCF).
Estudantes que sonham em voar alto
O estudante Fernando Alves (dir.), 26 anos, cursa o primeiro período da graduação de ciências aeronáuticas e conta que trancou o curso técnico em eletrônica para realizar o sonho que tem desde criança. “Eu sempre quis seguir a carreira de aviador. É um desejo que tenho desde os tempos de infância, e que, só agora, estou podendo realizar, pois, finalmente, surgiu um curso superior nessa área”, comemora Alves.
Até o momento, o jovem mostra-se estimulado com o curso: “Estou apenas no primeiro período, mas estou curtindo e aproveitando tudo. Realmente, é um curso estimulante e muito rico em conteúdo. Aí, junta o meu sonho com a boa vontade em aprender, o que resulta no meu encantamento e motivação”.
O aposentado, pela companhia aérea Varig Nordeste, Eliseu Batista, 60 anos, não está começando a carreira no segmento, mas quis se aperfeiçoar e ingressou no curso. Em seu currículo, ele carrega o cargo de comandante e, atualmente, trabalha como checador de sistema, o que resulta um tempo de 40 anos na área de aviação e o acúmulo de mais de 18 mil horas de voo. E foi na graduação de ciências aeronáuticas que Eliseu encontrou uma maneira de reciclar os conhecimentos já adquiridos durante sua longa carreira profissional. “Você não pode parar. A aviação é uma ciência que vive em constante evolução. Em cinco anos você anda 50, e a faculdade é uma forma de me atualizar, sem dúvidas, pois, quem não vai atrás de novos conhecimentos, fica atrás dos demais”, frisa.
Sobre os jovens que pretendem ingressar na carreira de aviador, Eliseu deixa claro: “É preciso ter, antes de qualquer coisa, vocação. Você tem que gostar do que faz. Além disso, é importante se dedicar e estudar. É uma carreira muito boa e se eu tivesse 20 anos, faria tudo novamente”.
Cursos profissionalizantes para quem almeja ser um comissário de voo ou aeromoça
Para ser aeromoça ou comissário, é imprescindível, primeiramente, gostar de pessoas e ter prazer em se relacionar e atender. Já em termos de formação, é necessário apenas possuir ensino médio completo e os salários variam de R$ 3 mil a R$ 5 mil. A altura também é posta em questão: a depender das exigências de cada companhia aérea, mulheres devem ter no mínimo 1,58m e homens, 1,65m.
Ao contrário do que muitos pensam, o comissário de voo ou aeromoça, não são garçons. Eles são profissionais responsáveis pelos passageiros e pela segurança de voo. “Durante o curso, os alunos fazem um treinamento prático de sobrevivência na selva, onde fazemos uma breve simulação em que eles ficam dois dias sem comida, sem água e tem de aprender a fazer fogueira, caçar e montar acampamentos para auxiliar os passageiros. Assim, eles já ficam preparados para situações de emergência, em que se tenha que fazer um pouso rápido numa selva, ou qualquer outro lugar”, conta o diretor e sócio Marcelo Magalhães, da escola de aviação NAV Treinamentos, que atua há 30 anos no mercado.
“Além disso, eles aprendem como sobreviver na água, como combater incêndios e técnicas de pré-atendimento, caso o passageiro tenha algum ataque cardíaco, princípio de enfarte ou entre em trabalho de parto. O papel dele é manter tudo sob controle até um profissional de saúde assumir os procedimentos necessários. Sendo aprovado, o futuro comissário presta o exame da Anac e, passando, já está apto para exercer a profissão”, afirma Magalhães.
O curso é, geralmente, realizado durante três meses e meio e, assim como a formação de piloto, o comissário também aprende noções de física como aerodinâmica, meteorologia, navegação aérea, além de aula em simuladores de voo (cabines instaladas nas dependências da escola). “Complementando as disciplinas teóricas, a escola procura realizar uma série de visitas práticas que objetivam aperfeiçoar e ratificar os conteúdos apreendidos em sala de aula. Para isso, os alunos visitam o Aeroporto, empresas aéreas, aeronaves, o Cindacta III (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo III) e uma empresa de Catering”, enfatiza o diretor.
“Diferentemente da maioria das outras profissões, na aviação não é necessário experiência, o que acaba se tornando um facilitador para jovens que estão em busca de uma atividade”, concluiu Magalhães.
A NAV Treinamentos fica na Rua Dona Benvinda, 266, Paissandú, no Recife. Os interessados em saber outras informações podem entrar no site ou ligar para o número (81) 3222.3394.
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