Um jovem branco matou nove pessoas a tiros nesta quarta-feira em uma igreja da comunidade negra de Charleston, Carolina do Sul (sudeste dos Estados Unidos).
O atirador fugiu e a polícia prossegue com a busca do suspeito, um homem branco com idade por volta de 20 anos, sem barba e que vestia calças de estilo texano.
O suspeito é "muito perigoso" e permaneceu durante quase uma hora entre os fiéis que estudavam a Bíblia na igreja, antes de abrir fogo, afirmou o chefe de polícia de Charleston, Gregory Mullen, em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira.
A polícia estadual pediu reforços ao FBI e à polícia da capital, Washington.
A polícia de Charleston divulgou imagens do atirador, obtidas com câmeras de segurança. O suspeito aparece abandonando a igreja em uma carro.
"Havia oito mortos dentro da igreja. Duas pessoas feridas foram levadas (ao hospital) e uma faleceu", disse o chefe da polícia de Charleston na quarta-feira à noite.
"No momento, temos nove vítimas fatais deste crime espantoso", completou.
"Acredito que foi um crime de ódio", afirmou Mullen.
Uma das vítimas fatais foi o pastor da igreja, Clementa Pinckney, também senador estadual da Carolina do Sul, segundo a imprensa local e parentes.
O ataque ocorreu por volta das 21H00 locais (22H00 de Brasília) contra a Emanuel African Methodist Episcopal Church, uma das mais antigas igrejas da comunidade negra de Charleston.
O homem abriu fogo durante uma sessão de estudos bíblicos, muito frequentes nas igrejas do sul dos Estados Unidos, tanto durante a semana como aos domingos.
Apesar da grande mobilização policial, que incluiu helicópteros, o suspeito, que a polícia considera muito perigoso, ainda não foi localizado várias horas depois do ataque.
"Vocês podem imaginar que encontramos um cenário muito caótico quando chegamos", disse o chefe de polícia.
As forças de segurança procuram o homem com a ajuda de cães farejadores para "garantir que não está na região para cometer outros crimes", completou Mullen.
- Tensão racial -
O crime representa um novo golpe para a comunidade afro-americana nos Estados Unidos, que nos últimos meses foi vítima de crimes aparentemente motivados por racismo, em particular homicídios cometidos por policiais brancos contra homens negros desarmados.
Este foi o caso de Ferguson em 2014 e o de Baltimore há algumas semanas, além de vários crimes similares ao cometido em Charleston que provocaram uma grande tensão racial no país.
Após o tiroteio em Charleston, a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, fez um apelo aos moradores.
"Minha família e eu oramos pelas vítimas e pelos parentes afetados pela tragédia sem sentido desta noite" na igreja, disse a governadora.
"Enquanto ainda ignoramos os detalhes, sabemos que jamais entenderemos o que motiva uma pessoa a entrar em um dos nossos locais de oração e tirar a vida de outros".
Jeb Bush, pré-candidato republicano à Casa Branca nas eleições de 2016, que deve participar de um comício em Charlotte, na Carolina do Norte, escreveu no Twitter que "nossos pensamentos e orações estão com os indivíduos e famílias afetadas pelos trágicos fatos de Charleston".
A pré-candidata democrata Hillary Clinton, que participou na quarta-feira de um ato eleitoral na cidade, escreveu no Twitter: "Notícias terríveis de Charleston. Meus pensamentos e minhas orações estão com vocês".
Mike Huckabee, outro republicano que sonha com a candidatura à Casa Branca, também expressou pêsames.
As emissoras de TV da região chegaram a anunciar a detenção do suspeito e mostraram imagens de um homem parecido com a descrição da polícia, mas as autoridades informaram pouco depois que ainda procuravam o autor do crime.