Tópicos | continente perdido

Paleontólogos descrevem na edição de quarta-feira da revista Proceedings B, da Royal Society britânica, o fóssil de um estranho dinossauro com chifres descoberto no sudoeste dos Estados Unidos.

Batizado de Nasutoceratops titusi, esta criatura viveu no Cretáceo Superior, há cerca de 76 milhões de anos, no que era então o continente de Laramidia.

Ele pertence à família dos ceratópsios, grupo de dinossauros herbívoros, cujo membro mais conhecido é o Triceratops de três chifres.

Seu crânio, descoberto quase intacto, é formado por um focinho muito grande, extremamente longo, e dois chifres virados para a frente sobre os olhos.

Nasutoceratops titusi mediam cerca de quatro metros de comprimento, incluindo chifres e cauda.

Todos os ceratópsios são caracterizados por um focinho proeminente, mas o Nasutoceratops é um campeão neste quesito, sem que saibamos exatamente o porquê.

"O nariz avantajado do Nasutoceratops não tinha, provavelmente, nada a ver com um olfato aguçado, já que os receptores olfativos estavam localizados mais atrás da cabeça, perto do cérebro, e a função desta característica estranha permanece desconhecida", explicou o principal autor do estudo, Scott Sampson, da Universidade de Utah, dos Estados Unidos.

Seu colega Mark Loewen explicou, por sua vez, que seus "incríveis chifres" "eram provavelmente usados como sinais visuais de dominação, e quando isso não era suficiente, como armas para lutar contra seus rivais".

No Cretáceo Superior, o continente norte-americano não tinha sua configuração atual. Um grande braço de mar cobria a parte central da América do Norte, formando dois continente: a oeste o chamado Laramidia e a leste o Appalachia.

Laramidia foi um terreno fértil para os dinossauros: tiranossauros, hadrossauros, dromaeosaurids, troodontídeos e ceratópsios. Muitos espécimes fósseis foram encontrados nos estados de Alberta, Montana e Alasca.

"Nós ainda estamos tentando entender como diferentes tipos de animais gigantes conseguiram coexistir em um pequeno continente", ressaltou Mark Loewen.

Nasutoceratops titusi foi descoberto em 2006 no parque natural de Grand Staircase-Escalante, no sul de Utah.

Uma expedição do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) com a cooperação da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar (Jamstec) deixou pesquisadores mais perto de concluírem que a Elevação do Alto Rio Grande, região mais rasa localizada a cerca de 1,5 mil quilômetros da costa do Sudeste, é uma parte da Plataforma Continental Brasileira, que se desprendeu e afundou com o movimento das placas tectônicas.

Nesta segunda-feira (6), representantes da Jamstec, da Embaixada do Japão no Brasil e do governo brasileiro se reuniram no Píer Mauá para celebrar a cooperação entre os dois países e para dar início à exposição "A Nova Fronteira do Conhecimento", que ficará aberta ao público hoje e receberá alunos de escolas públicas amanhã (7).

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As novas conclusões foram obtidas a partir do apoio do submergível japonês Shinkai 6500, capaz de descer a 6,5 mil metros de profundidade, e que foi usado para coletar material da região do Alto Rio Grande. Por meio de dragagem, pesquisadores brasileiros já tinham encontrado granito na região e agora confirmaram a presença da rocha com os mergulhos possibilitados pelo veículo. Menos denso que as rochas normalmente encontradas no fundo do oceano, o granito está mais associado aos continentes. O Pão de Açúcar, por exemplo, é feito de granito.

"O fato de haver um continente naquela região, nos abre outras possibilidades. Até que ponto foi uma extensão de São Paulo que se desgarrou e ficou para trás? Isso nos leva a pensar no que fazer para a região. Não só conhecer, mas requerer essa área", disse Roberto Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais do CPRM. Ele conta que o Alto Rio Grande tem sido chamado de Atlântida no órgão, em referência ao mitológico continente que teria afundado no oceano.

O tamanho do Alto Rio Grande ainda não foi definido com clareza, mas Ventura estima que seja comparável ao estado de São Paulo. O diretor conta que países como Rússia e França já requereram áreas no Atlântico Sul, onde a China também realiza pesquisas, o que torna o estudo estratégico para o Brasil, que possui a maior costa do oceano. A longo prazo, segundo o geólogo, a região pode se tornar um ponto de mineração submarina, com a perspectiva de extração de ferro, manganês e cobalto.

O Shinkai 6500 custou cerca de US$ 130 milhões ao governo japonês e faz pesquisas em águas profundas desde 1991. Também foram investidos US$ 100 milhões no navio Yokosuka, para adequar a embarcação para transportar o submergível. Hiroshi Kitazato, pesquisador japonês que coordenou os trabalhos da Jamstec na expedição, destacou o interesse do país asiático em pesquisar o oceano: "Essa é a região que menos foi explorada no mundo inteiro. Então, acreditamos que é muito importante pesquisá-la. Antes, o Shinkai fez expedições mais próximas ao Japão, no Índico e no Pacífico".

Roberto Ventura conta que um submergível como o Shinkai e um navio como o Yokosuka são tecnologias que "não podem ser compradas em prateleiras", pois precisam ser desenvolvidas e operadas por pessoal capacitado, condições de que o Brasil ainda não dispõe. O pesquisador criticou a burocracia a que estão submetidas pesquisas científicas, que precisam de importações de peças. "O nosso amadurecimento precisa ser na questão burocrática também. Para a gente competir, do ponto de vista tecnológico, em ciência, a gente precisa ser muito mais ágil", destacou.

O pesquisador do CPRM Eugênio Frazão esteve em um dos sete mergulhos em grande profundidade. O pesquisador levou cerca de uma hora e meia para atingir a profundidade de 4,2 mil metros. O mergulho durou cerca de oito horas. Ele destaca que, além de rochas continentais, foram encontradas espécies não conhecidas em situações muito adversas, e até um coral com caraterísticas específicas de águas profundas.

A expedição Iatá-Piuna “Navegando em Águas Profundas e Escuras", em tupi-guarani, teve início em 13 de abril, na Cidade do Cabo, na África do Sul e percorreu, no primeiro trecho, a Elevação do Rio Grande e a Cordilheira de São Paulo. No segundo trecho, será explorado o Platô de São Paulo. Seis pesquisadores brasileiros acompanham o navio que depois de pesquisar o Atlântico Sul, segue para o Mar do Caribe.

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