Tópicos | controvérsias

O uso do termo "pau de arara" para se referir a assessores nordestinos e o equívoco ao mencionar o Estado de origem de Padre Cícero são os episódios mais recentes de uma série de controvérsias que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem colecionado ao falar sobre o Nordeste. A maior rejeição à reeleição do chefe do Executivo no País vem justamente dessa região, principal reduto eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas o histórico das declarações de Bolsonaro não reúne apenas gafes, inclui também diversos afagos aos nordestinos.

Nesta sexta-feira (4), Lula repercutiu a fala do presidente e destacou que migrou de Garanhuns (PE) para São Paulo em um pau de arara, caminhão adaptado de forma improvisada para transportar passageiros. Sem mencionar diretamente o chefe do Executivo, o Instituto Lula publicou em uma rede social sobre a viagem, que teria durado 13 dias.

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Em julho de 2019, ao fazer uma crítica ao governador do Maranhão, Flávio Dino (então no PC do B), o mandatário resumiu todos os Estados do Nordeste ao termo "Paraíba", fala que foi considerada pejorativa. "Daqueles governadores de 'Paraíba', o pior é o do Maranhão; tem que ter nada com esse cara", disse o presidente na ocasião.

A declaração gerou reação dos governadores nordestinos, sobretudo de Dino, que manifestou "espanto e profunda indignação". Poucos dias depois, Bolsonaro tentou reverter o desgaste em sua imagem ao inaugurar um aeroporto em Vitória da Conquista, na Bahia. No evento, o chefe do Planalto chegou a usar um chapéu tipicamente associado à cultura nordestina.

Ainda naquele mês, o presidente afirmou que o Nordeste é "sua terra" e que ele se sente à vontade para andar por qualquer lugar do território brasileiro. "Sou amigo do Nordeste, poxa. Por que essa história? Vocês mesmos da mídia querem separar o Nordeste do Brasil. O Nordeste é Brasil, é minha terra e eu ando qualquer lugar", disse. Em outra ocasião, provocado a comentar a repercussão de sua fala preconceituosa inicial, ele replicou: "tem algum nordestino ofendido?".

Em agosto daquele ano, ainda comentando a declaração contra Flávio Dino, Bolsonaro disse ao Estadão que, em seu entendimento, governadores do Nordeste agiam para "dividir o País", enquanto ele trabalharia para unir.

Em novembro de 2020, o presidente cometeu mais uma gafe e errou a localização de duas cidades enquanto visitava a região. Ao explicar por que seu voo não pousaria em determinado lugar, o chefe do Executivo afirmou que o município de Paulo Afonso ficava em Alagoas, mas a cidade é na Bahia. Em seguida, o mandatário se confundiu novamente e disse que a cidade de Piranhas ficava em Sergipe. Esta, sim, fica em Alagoas.

No fim do ano passado, o presidente foi muito criticado por não interromper sua viagem a lazer em Santa Catarina para acompanhar pessoalmente o resultado das chuvas na Bahia, que deixaram desabrigados e mortos. O ato repercutiu entre personalidades e políticos e se somou à lista de controvérsias do mandatário envolvendo os Estados da região. Após as críticas, diante de tragédia semelhante em municípios de São Paulo, o presidente esteve no Estado para anunciar apoio às cidades mais atingidas.

Nesta quinta-feira (3), Bolsonaro afirmou que Padre Cícero, grande referência religiosa no País, especialmente para os nordestinos, era natural de Pernambuco, em vez do Ceará. O presidente também disse que o local onde estava era "cheio de pau de arara".

O Nordeste lidera o ranking de beneficiados pelo Bolsa Família, programa que substituiu o então Fome Zero em 2003, no primeiro ano do governo Lula. Com cerca de 40,5 milhões de eleitores e Estados governados por políticos de esquerda em sucessivos mandatos, a região é um dos principais desafios para os adversários de Lula. Bolsonaro aposta no Auxílio Brasil de R$ 400 para avançar na preferência do eleitorado nordestino.

O irmão da princesa Diana tentou impedir a exibição no Reino Unido de um documentário que fala sobre a vida amorosa e o fracasso do casamento da princesa de Gales com o príncipe Charles, afirma o jornal Mail on Sunday.

O Channel 4 confirmou que o conde Charles Spencer, irmão de Diana, entrou em contato com a emissora. Mas o canal ressaltou que exibirá o documentário, como previsto, no próximo domingo.

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O documentário "Diana: In her own words" foi feito a partir de imagens gravadas entre 1992 e 1993 por Peter Settelen, professor de dicção da princesa falecida no dia 31 de agosto de 1997 em um acidente de carro em Paris.

A produção foi exibida em 2004 pelo canal americano NBC após uma longa batalha judicial, mas ainda não foi exibido pela televisão britânica, ainda que seja possível assistir em plataformas como o YouTube.

Com a aproximação do 20º aniversário da morte de Diana, a imprensa britânica luta para conquistar a atenção dos leitores com grandes manchetes sobre as "revelações" do documentário.

Nele, a princesa conta, entre outras coisas, que pensou em fugir do Palácio de Buckingham nos anos 1980 com seu guarda-costas Barry Mannakee, por quem se apaixonou e que morreu em um acidente de moto em 1987.

Mais adiante, ela sugere que o segurança pode ter sido "eliminado".

O Channel 4 insiste na exibição do documentário por causa da sua dimensão histórica.

O discurso de que a reforma da Previdência trata todos os trabalhadores de igual para igual foi colocado em xeque, segundo economistas, principalmente depois das últimas flexibilizações acordadas entre o governo e o relator, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA). Uma série de categorias continuará a ser privilegiada com regras mais brandas, como políticos e servidores públicos.

Em diferentes ocasiões, o relator e representantes do governo têm destacado pontos que serão comuns à maioria dos brasileiros caso a proposta seja aprovada pelo Congresso, como a limitação do valor da aposentadoria ao teto do INSS (R$ 5.531,31). Mas outros aspectos da reforma não se aplicam de fato a todos.

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Um deles é a regra de transição. Embora a reforma preveja que os políticos seguirão as mesmas exigências de idade mínima de 65 anos e tempo mínimo de contribuição de 25 anos, isso só valerá para os novos eleitos. Para conduzir os que hoje exercem mandato ao novo modelo, o texto diz que os próprios políticos deverão propor e aprovar sua regra de transição, só que não há prazo para isso. Até lá, eles continuam com as regras atuais: 35 anos de contribuição e 60 anos de idade.

"O governo deixou muito solto. Ficou muito no simbólico, talvez mais para discurso do que uma coisa realmente estruturada", diz um economista na condição de anonimato. "O texto também é muito silente em relação a acúmulo de benefícios por políticos. Não vejo o texto sendo autoaplicável a eles, teria de ter alguma interpretação judicial."

Nos últimos dias, o relator também lançou a ideia de permitir que os políticos tenham um plano de previdência complementar, assim como os servidores. A iniciativa exigiria que a União pagasse contribuição igual à do beneficiário, de até 8,5% sobre a parcela do salário que está acima do teto do INSS. Hoje, nenhum funcionário que exerça cargo de confiança ou político pode aderir a fundo de previdência complementar patrocinado pelo governo.

Servidores

Após um lobby intenso de professores e policiais civis e federais, que hoje têm regras especiais de aposentadoria, o governo e o relator desistiram de igualá-los aos demais trabalhadores. Com isso, eles terão de cumprir idade mínima menor, de 60 anos. O argumento oficial é que outros países mantêm a diferenciação para essas profissões, mas a decisão implica retirar do texto a proibição de qualquer caracterização de exigências por categoria.

"Isso, do meu ponto de vista, não é um demérito do governo, mas sim da sociedade", diz o economista Paulo Tafner, do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). "Em todas as áreas, tudo o que se ouve é ‘queremos reduzir desigualdade’. A hora que tem uma proposta com enorme igualdade de tratamento, o que acontece? Grupos organizados dizem ‘queremos igualdade sim, mas para os outros’. Trata-se, do meu ponto de vista, de uma esquizofrenia social."

A economista Ana Carla Abrão, ex-secretária de Fazenda de Goiás e filha da senadora Lúcia Vânia (PSB-GO), também acredita que o regime previdenciário brasileiro precisa ser mais justo do ponto de vista social. Ela, que é contra a diferenciação de idade mínima entre homens e mulheres, defende a unificação das regras. "Há privilégios que tornam a Previdência regressiva, ou seja, ela beneficia os mais ricos em detrimento dos mais pobres. Isso tem de mudar."

A retirada dos servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência também foi vista como manutenção de privilégios, além de privar os Estados de uma solução para suas finanças. A medida, anunciada como sinal de respeito à autonomia federativa, é considerada uma "excrescência" por técnicos estaduais e economistas. Ninguém garante que os Legislativos aprovarão as regras de aposentadoria nos Estados - a solução seria o relator fixar um prazo para isso, que certamente expiraria e resultaria na extensão das regras da União a todos.

O temor é que eles acabem cristalizando seus privilégios e desidratem ainda mais a reforma da Previdência.

Os privilegiados

Políticos 1 - Idade mínima de 65 anos valerá apenas para novos eleitos. Os próprios políticos terão de propor e aprovar uma regra de transição para os que têm mandato, mas não há prazo definido para isso. Sem a transição, eles mantêm as regras atuais.

Políticos 2 - Relator quer permitir que os políticos façam adesão à previdência complementar, que viabiliza aposentadoria acima do teto do INSS. O acesso ao Funpresp hoje é vedado aos que exercem cargo de confiança. União paga contribuição igual à do beneficiário.

Servidores estaduais e municipais - Foram excluídos da reforma após pressão de parlamentares, embora os Estados enfrentem situação fiscal bastante delicada.

Policiais (não militares) e professores - Terão direito à idade mínima menor, de 60 anos, embora o governo tenha enviado o texto original proibindo caracterização por categorias na hora de formular regras especiais.

Militares - Forças Armadas, policiais militares e bombeiros ficaram de fora da proposta. Governo ainda estuda as mudanças.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O sínodo ou assembleia de bispos que será inaugurado no domingo (4) no Vaticano abordará os mesmos temas delicados que geraram, há um ano, uma forte controvérsia dentro da Igreja católica, uma batalha que marcará família católica do século XXI. A questão que mais agita os debates é a permissão de comunhão para os divorciados que se casam novamente ou que vivem uma nova união.

Este assunto suscita um debate de caráter teológico complexo, quase inexplicável para uma parte dos crentes, que não compreendem por que não se pode comungar nesta situação, como se o divorciado em uma nova união fosse um "adúltero" imperdoável. A chamada "indissolubilidade" do casamento divide a opinião de conservadores e progressistas, que chegaram a pedir modificações na doutrina para que esses católicos recebessem permissão à comunhão.

Com uma decisão astuta, o papa Francisco simplificou em setembro os procedimentos legais para a anulação do casamento e é possível que em alguns anos os casos se reduzam significativamente em todo o mundo.

Oferecer uma palavra oportuna aos casais católicos do mesmo sexo é um dos pontos em que os participantes concordaram no último sínodo. Mas, reconhecer o "valor moral" que existe entre esses casais ainda provoca discórdia. O sínodo vai condenar sem dúvida as leis que legalizam o casamento gay, bem como a chamada "teoria do gênero". Outro fenômeno muito atual que será abordado é o da família monoparental e a disseminação das barrigas de aluguel.

Uma das novidades do sínodo de 2014 foi o reconhecimento como um fenômeno muito comum entre os católicos, sobretudo entre os mais jovens, da convivência. Não é mais condenada. Há propostas para que haja um incentivo à convivência estável antes de um casamento católico, de maneira que o casal esteja consciente e certo de que se trata de uma união para sempre.

Há dois setores, muito mobilizados e identificáveis: os ultra-conservadores e os progressistas. Entre os dois sobrevive uma maioria com posições mais moderadas, matizadas segundo o assunto, com uma tendência em geral conservadora.

"O campo alemão", liderado pelos cardeais Walter Kasper e Rainhard Marx, tem o apoio de teólogos progressistas alemães, suíços, americanos. Prelados europeus, canadenses, australianos, asiáticos e latino-americanos se identificam com esse movimento. Outro grupo de prelados é hostil a qualquer mudança na doutrina, especialmente os do sul do planeta, como os africanos, apoiados pelos americanos, italianos e poloneses.

É uma batalha de alto nível entre os que defendem a mudança e aqueles que se opõem fortemente a ela. O papa Francisco deverá elaborar com base nos debates um documento papal, que geralmente não reflete a vontade da maioria. Assim foi com Paulo VI com o tema da pílula anticoncepcional em 1968. Enquanto o papa condenava seu uso em sua encíclica, a maioria dos católicos do mundo aderiu ao "cisma estendido" do cardeal Kasper

O que é um sínodo

O inventor do sínodo foi Paulo VI, há 40 anos, em 1965. Do grego, "caminhar juntos", a assembleia convida os bispos de todo o mundo a estudar os problemas da Igreja e aconselhar o papa. Não tem poder legislativo.

Este é um dos momentos mais democráticos introduzidos na instituição milenar, já que todos podem expressar livremente as suas opiniões. Enquanto decorre a portas fechadas, os jornalistas são informados por um porta-voz sobre as discussões. No final dos debates, o Papa, que costuma frequentar as reuniões, recebe um relatório, com base no qual faz uma exortação apostólica. Quarenta cardeais, 166 bispos, 22 de rito Oriental, 17 pares de leigos, 23 especialistas religiosos, 25 chefes de ministérios da Cúria (governo central) e representantes de outras confissões cristãs irão participar.

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