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Histórias marcadas pelo mundo do crime, jovens inseridos numa triste realidade, cercados por grades e muros que os excluem da liberdade. Esse universo já não é novidade para muitos brasileiros. O número de jovens infratores abaixo de 18 anos de idade é grande e permeia justamente uma faixa etária que deveria ser preenchida com educação social e escolar, aliada a preparação para um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Geralmente, os indivíduos que entram num contexto criminoso, acabam prejudicando a condição de se tornarem profissionais bem sucedidos, seja pela não aceitação dos empregadores, ou por falta de capacitação.

Vivendo um contexto social oposto aos desses jovens, estudantes do sexto período do curso de sistemas de informação da Universidade de Pernambuco (UPE) assumiram o desafio de levar capacitação para dentro das celas, deslumbrando uma vida melhor para jovens que buscam a ressocialização. Eles realizaram um curso de informática básica e CorewDraw, na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), na unidade da cidade pernambucana de Caruaru.

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As aulas iniciaram no dia 15 de abril deste ano e foram finalizadas na semana passada, com 20 alunos de 14 a 18 anos. De acordo com o gerente do projeto denominado UPEDUCA, Roberto Medeiros (foto à esquerda), que também é um dos estudantes da UPE, “o objetivo é que eles usem as ferramentas que aprenderam como um meio de trabalho fora da Funase”. Medeiros aponta bons resultados após as aulas. “Avaliamos o curso como positivo, e sobre questão do aprendizado, eles acharam ótimo”, comenta o gerente. Puderam participar do curso os socioeducandos que sabiam ler e escrever, bem como tivessem conhecimentos básicos em informática e frequência escolar nas aulas do ensino fundamental que existem na própria Funase. Todos os participantes receberam certificados após a conclusão das aulas. 

Para a coordenadora técnica da Funase de Caruaru, Simone Henrique Custódio, a unidade sempre buscou projetos com o perfil do UPEDUCA. “É algo que interessa muito os socioeducandos. A gente queria e eles pediam. O curso foi muito bom, pois os meninos interagiram bastante com os professores”, destaca a coordenadora. Segundo Simone, a maioria dos alunos que participaram da graduação respondem por tráfico de drogas, assaltos e homicídios.



Esperança além das grades

F.S. foi capturado por acusação de homicídio e já passou por várias unidades de detenção. Com 19 anos, e há um ano e cinco meses privado de liberdade, o jovem encontrou no UPEDUCA uma maneira de se preparar para o mundo fora das grades. “Espero trabalhar lá fora com o que conheci no curso. Aprendia desenho, formas e realmente caí encima do curso”, diz F.S.

Correntes no pescoço, boné na cabeça e com o rosto de quem acabara de acordar. Quando chegou para conversar com a reportagem do Portal LeiaJá, E.J., 17, outro socioeducando que participou da capacitação, avisou que não tinha nada para falar e que queria voltar a dormir. Com um olhar de desconfiança para nossa reportagem, mas atento a nossa proposta, pouco a pouco ele foi compreendendo e respondendo as perguntas. “Foi muito boa a aula de informática. Aprendi coisas novas. Isso pode ser uma mudança de vida para todos nós”, relata o socioeducando.

O jovem L.H., de 19 anos, que também é acusado de assassinato, estava muito disposto a conversar com a nossa reportagem. De acordo com ele, o diálogo o ajudava a “tirar as perturbações da mente”. L.H. fez o curso e tem um motivo especial para refletir sobre a sua vida após o tempo trancado. “Tenho uma filhinha de três meses e agora é uma nova vida para mim. O curso foi uma oportunidade de mudar a minha vida”, conta.   

(Os socioeducandos que participaram da reportagem não podem ser identificados, a pedido da Funase)

Funase – A fundação recebe jovens com idade de 12 anos até antes dos 18. Quem entra na Funase antes dos 18 anos, pode ficar na fundação até os 21.  Atualmente, a unidade de Caruaru tem 175 socioeducandos.

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