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O ex-presidente da Camargo Corrêa e delator da Lava Jato, Dalton dos Santos Avancini, afirmou aos investigadores da operação ter se encontrado em 2010 com o empresário Aldo Guedes Álvaro, e ex-sócio de Eduardo Campos, no shopping Iguatemi, em São Paulo. No encontro, teria acertado suposto pagamento de propina de R$ 20 milhões da empreiteira para abastecer o caixa 2 da campanha à reeleição do então governador de Pernambuco. Eduardo Campos morreu em um acidente aéreo em Santos, no litoral paulista, em agosto de 2014, durante a campanha à Presidência da República.

A primeira citação aos R$ 20 milhões havia sido feita pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato - ele citou deputados, senadores, governadores e ex-parlamentares que teriam sido beneficiários por recursos ilícitos tirados de contratos de empreiteiras com a estatal petrolífera.

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Aldo Guedes Álvaro é investigado pela Polícia Federal por suspeita de ser o verdadeiro dono do jatinho usado na campanha de Campos no ano passado e também foi alvo de buscas durante a Operação Politeia, desdobramento da Lava Jato que investiga políticos no Supremo Tribunal Federal. Após a operação, em julho, o empresário deixou o cargo de presidente da Companhia Pernambucana de Gás, Copergás, estatal de Pernambuco, Estado atualmente administrado por Paulo Câmara (PSB), herdeiro político de Campos.

Homem de confiança de Campos, Guedes era seu sócio na Fazenda Esperança, área de 210 hectares, e na Agropecuária Nossa Senhora de Nazaré, em Brejão (PE). Ele também é casado com uma integrante da família Campos.

'Contribuição'

No encontro, relatou Avancini, Aldo teria cobrado a "contribuição" de R$ 20 milhões e afirmado que ela havia sido prometida pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. O valor deveria ser pago pelas empresas que tinham conseguido contratos nas obras da Refinaria de Abreu e Lima, megaempreendimento da estatal no Estado de Pernambuco, dentro do esquema de corrupção instalado na Petrobras.

Na época diretor de Óleo e Gás da Camargo, Avancini afirmou a Aldo que a empresa não teria condições de arcar com este valor, o que teria deixado o empresário contrariado. Ele teria dito "que isso não era o combinado", mas acabou aceitando a proposta e mencionou que o "valor deveria ser disponibilizado rapidamente", relatou Avancini aos investigadores.

O ex-executivo respondeu que não poderia fazer a transferência tão rápido pois "iria ser estudada uma forma de realizar o repasse". Apesar de contrariado, Aldo Guedes acabou aceitando.

Posteriormente, segundo o delator, a tarefa de viabilizar o repasse da propina foi encaminhada ao então gerente de contrato da Camargo Corrêa para a RNEST, Paulo Augusto Santos da Silva. O valor repassado para o caixa dois teria sido, então de R$ 8,7 milhões por meio de um contrato de fachada da empreiteira com a empresa Master Terraplenagem.

Defesas

A Camargo Corrêa afirma que vem colaborando com as investigações da Lava Jato e tem evitado comentar as delações de seus executivos. O PSB disse, por meio de nota, "que todos os recursos que financiaram as campanhas de Eduardo Campos para o governo de Pernambuco foram arrecadados legalmente. Inclusive, a conta referente a 2010 foi aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco."

A reportagem tentou contato por telefone com Aldo Guedes Álvaro, mas o empresário não atendeu as ligações e nem retornou as mensagens. A reportagem também entrou em contato com o escritório do advogado de Aldo, mas não conseguiu falar com ele.

O ex-diretor-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini reafirmou à CPI da Petrobras que foram pagos R$ 110 milhões em propina para os diretores das áreas de Abastecimento e Serviços da estatal. Os recursos eram encaminhados aos operadores Júlio Camargo e Alberto Youssef, que se encarregavam da destinação final aos partidos políticos. "Pagamos propina, mas não como doação eleitoral", afirmou.

O ex-diretor-presidente disse que não tinha relacionamentos políticos e que não conhece os políticos envolvidos na Operação Lava Jato. Seu contato era com os operadores e com empreiteiros como Ricardo Pessoa (UTC), com quem conversava sobre o cartel das empresas que prestavam serviços à Petrobras. "Pelo sistema de cadastro da Petrobras, sabíamos quais eram as empresas convidadas", completou.

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Em vários momentos, Avancini se disse arrependido de ter participado do esquema e de não ter denunciado a situação. Segundo ele, havia um entendimento de que o esquema era uma "regra" e que era algo normal.

O executivo afirmou que projetos básicos ruins na estatal abriam brechas para a corrupção. "Isso causa fragilidade no processo como um todo", declarou.

O ex-diretor-presidente da Camargo Corrêa S.A., Dalton Avancini, disse na tarde desta quarta-feira, 20, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras na Câmara que o pagamento de propina era contabilizado no balanço da empreiteira como "custo da obra". Avancini afirmou que o repasse às diretorias da estatal era assunto "restrito" dentro da empreiteira e que só alguns diretores sabiam da prática.

"Não era objeto de divulgação", ressaltou. Ele afirmou que o doleiro e empresário Alberto Youssef era o operador do PP e que este participou ativamente para realização de pagamentos para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras. De acordo com Avancini, Youssef punha-se como um "facilitador" e eles se encontraram "algumas vezes".

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"Você, às vezes, pedia uma agenda com o Paulo Roberto (Costa, ex-diretor de Abastecimento da petrolífera), demorava. Você falava com o Alberto Youssef e ele viabilizava. Tinha bastante poder (como facilitador junto a Costa)", afirmou. O ex-diretor-presidente da Camargo Corrêa S.A. disse que não sabia do "histórico de crimes" do doleiro e empresário. "Foi um erro brutal induzido pelas circunstâncias dos fatos", declarou. No depoimento, Avancini também apontou o empresário Júlio Camargo como outro operador do esquema de corrupção.

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, Dalton Avancini, ex-diretor-presidente da Camargo Corrêa, afirmou que o grupo de empresas envolvidas no esquema de corrupção já era conhecido e que a estatal poderia ter forçado uma concorrência maior entre as empresas com medidas técnicas para evitar o "conluio". "Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras) tinha condições de saber que havia combinação entre as empresas. Ele poderia ter tomado medidas (contra o cartel)", concluiu.

Avancini disse que outras empreiteiras, como a Odebrecht, estão envolvidas no esquema investigado pela Operação Lava Jato. "Não tenho sentimento de vingança contra a Odebrecht ou qualquer outra empresa. Infelizmente a verdade é um pouco mais dura do que eles estão dispostos a assumir", declarou, lembrando que já há uma investigação em curso sobre o envolvimento de outras empresas.

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Avancini relatou que a propina era incluída no preço das obras contratadas pela Petrobras, embora o custo dos empreendimentos ficasse abaixo do teto estabelecido pela estatal. Segundo o ex-diretor-presidente, a propina era cobrada independentemente se as empreiteiras tinham prejuízo ou lucro com as obras porque já havia um acerto inicial com as diretorias de Abastecimento e Serviços.

O ex-diretor-presidente da Camargo Corrêa Construções e Participações Dalton Avancini, afastado do cargo porque foi preso pela Operação Lava Jato, declarou à Justiça Federal que, ao assumir uma das áreas da empreiteira, foi informado sobre um "compromisso" de propina para as diretorias de Abastecimento e de Serviços da Petrobras, então sob comando, respectivamente, dos engenheiros Paulo Roberto Costa e Renato Duque.

"Quando assumi a área a informação que se tinha é que existia um compromisso com as (outras) empresas de pagamento de 1% (de propina) para cada uma (diretoria da Petrobras) e que esse valor era para os partidos", afirmou Avancini, citando o PT e o PP, ao responder indagação, em audiência, se tinha conhecimento dos pagamentos para diretorias da estatal petrolífera.

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Avancini depôs nesta segunda feira, 18, em Curitiba, base da Lava Jato. Ele foi preso em novembro de 2014 pela Operação Juízo Final, fase da Lava Jato que alcançou o braço empresarial do esquema de corrupção montado na Petrobras entre 2003 e 2014. Para se livrar da prisão fez delação premiada e ganhou regime domiciliar, com tornozeleira eletrônica.

Segundo ele, na ocasião, "o que se dizia" é que a soma equivalente a 1% sobre cada grande contrato firmado com a Petrobras era repassada à Diretoria de Serviços, "em atendimento para o PT que a apoiava" e à Diretoria de Abastecimento, "a partir do PP".

Ante a pergunta sobre "como funcionava essa ideia de compromisso", Avancini afirmou. "Não havia explicitamente essa troca toma lá dá cá de coisas pontuais, havia um sistema que funcionava e que, aparentemente, esses diretores apoiavam e deixavam acontecer. O que eu acho é que, de fato, acontecia. Eles (diretores) faziam vistas grossas e isso funcionava para que as mesmas (empresas) fossem vencedoras, para que a licitação acontecesse dessa maneira."

Os pagamentos iam para os partidos e para os diretores?, foi perguntado ao empresário. Segundo ele, havia contratos com as empresas do lobista Julio Camargo, a Piemonte e a Treviso - empresas de fachada, segundo a Lava Jato, pelas quais fluía o dinheiro da propina. Julio Camargo é outro delator da Lava Jato. Ele seria o elo das empreiteiras com a diretoria então comandada por Renato Duque.

"Essas empresas (Piemonte e Treviso) eram usadas para pagamentos à Diretoria de Serviços. Eram a Piemonte e a Treviso, eram contratos de consultoria. A partir disso eram feitos os pagamentos como consultoria e o Julio Camargo repassava para a Serviços", disse o ex-presidente da Camargo Corrêa Construções e Participações.

Ele disse que a Camargo Corrêa "tentou não pagar durante um bom tempo", mas houve pressão para que os pagamentos fossem realizados. "Os contratos de consultoria tinham como finalidade só pagamento dessas comissões."

Segundo ele quem ficava responsável pelos repasses aos partidos políticos era o próprio Julio Camargo. "Ele cuidava (dos repasses aos partidos). Nosso contato era exclusivamente com ele e ele fazia dali para frente, ele cuidava do que era para os partidos."

Foi perguntado a Avancini que se ele tinha conhecimento de eventual participação do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto nos recebimentos de propinas para o PT. "Não conheço", declarou o empresário. Segundo ele, esses pagamentos aos partidos políticos se davam porque os partidos mantinham os diretores na Petrobras.

"O sistema funcionava dessa maneira. Os diretores colocavam que isso era uma obrigação e as empresas respeitavam isso como um dever. Os próprios diretores revelavam que tinham o apoio dos partidos. Eles diziam: para que se mantivessem (com os contratos em vigor com a Petrobras), as empresas deveriam fazer essas contribuições. Assim, cada empresa resolvia o seu problema individualmente."

O juiz Sérgio Moro, que conduziu a audiência, perguntou a Avancini se o pagamento de propinas era usual ou foi pontual. "Era usual em todos contratos nossos. Isso era uma exigência. Já existia isso e me foi passado quando assumi a área."

Ele disse que tem conhecimento que outras empresas efetuavam o pagamento de propinas. "Sim, efetivamente pagavam. Todos comentavam que isso existia."

Segundo Avancini, o porcentual incidia não apenas sobre o valor dos contratos, mas também sobre os aditamentos. O ex-presidente da Camargo Corrêa disse que a empresa "sofreu pressão" para pagar propinas.

"No caso da RNEST (Refinaria Abreu e Lima), quando assumi a área, havíamos acabado de vencer a licitação e percebemos um movimento interno para que o contrato não fosse assinado por parte da Diretoria de Serviços, principalmente. Houve reuniões com a Diretoria de Serviços para entender o porque (da demora na assinatura do contrato). Eu estive numa reunião, no final de 2009, estava o (Renato) Duque e o Eduardo Leite (ex-diretor da Camargo Corrêa). Ele (Duque) colocou uma série de problemas, mas ficou muito claro que não tinha motivo para retardar o contrato, a assinatura. Quando houve aproximação com o Julio Camargo o contrato foi assinado."

Segundo Avancini, "o poder que eles (diretores) têm é muito grande". "Basta não colocar na reunião da diretoria um aditivo, pode retardar por muitos meses algo que poderia ter sido resolvido com mais agilidade", afirmou Avancini. "A regra geral era pagamento de propina em todo aditivo. Nós éramos cobrados por dívidas com essas duas diretorias."

Ao ser questionado se os valores iam para os diretores (Costa e Duque), ele disse. "Era colocado para os partidos."

A CPI da Petrobras marcou dois depoimentos para esta quarta-feira (20). Serão ouvidos o diretor-presidente da Camargo Corrêa Engenharia, Dalton dos Santos Avancini, e o executivo da Galvão Engenharia Erton Medeiros Fonseca. A audiência está marcada para as 14h30, no plenário 14.

As oitivas foram requeridas por 16 deputados. Eles querem apurar a participação das empresas no chamado "clube" de empreiteiras que combinavam preços para a concorrência em licitações da Petrobras.

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“Segundo denúncia do Ministério Público, um consórcio criminoso era favorecido em contratos com a Petrobras por diretores corruptos da estatal. Em troca, o consórcio pagava propina a ‘operadores’ indicados por partidos da base do governo com o objetivo de financiar campanhas eleitorais”, explicaram os parlamentares Ivan Valente (Psol-SP) e Edmilson Rodrigues (Psol-PA) no requerimento.

Avancini seria um dos articuladores do cartel. Já Erton Fonseca teria efetuado pagamentos ao empresário Shinko Nakandakari para evitar que a Galvão Engenharia fosse prejudicada em contratos que mantinha com a estatal. Nakandakari é apontado como operador da Diretoria de Serviços da Petrobras, à época comandada por Renato Duque.

Com informações da Agência Câmara.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações criminais da Operação Lava Jato, acolheu pedido da CPI da Petrobrás e autorizou depoimento do empresário Dalton Avancini, da Camargo Corrêa, alvo de investigação sobre corrupção, propinas e cartel na estatal petrolífera. Mas ele impôs restrições importantes - como Avancini tornou-se um dos delatores da Lava Jato e revelou detalhes também sobre conluio de empreiteiras em outras áreas do governo, o magistrado limitou seu relato ao esquema na Petrobrás.

"Quanto a Dalton Avancini, para não prejudicar investigações em andamento nesta Vara, autorizo-o a responder apenas questões sobre crimes praticados no esquema criminoso envolvendo diretamente a Petrobrás, especificamente sobre os fatos já denunciados, ficando vedada, por ora, a revelação de outros crimes ou o fornecimento de informações sobre crimes ainda em investigação perante este Juízo", assinalou Sérgio Moro.

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O magistrado da Lava Jato ressaltou que "a medida não visa coibir o poder de investigação a CPI, mas preservar o sigilo sobre investigações ainda em trâmite perante este Juízo, sendo ele necessário para a eficácia das diligências".

Avancini, diretor-presidente da Camargo Corrêa Construções e Participações, foi preso no dia 14 de novembro de 2014 pela Operação Juízo Final, sétima fase da Lava Jato, que desmontou o braço empresarial do esquema de corrupção na Petrobrás.

Em fevereiro de 2015, após 103 dias preso, o empresário fez delação premiada e obteve o benefício da prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica. Também fez delaçao Eduardo Leite, vice da Camargo Corrêa.

O empreiteiro Dalton Avancini, diretor-presidente da Camargo Corrêa Construções e Participações, deixará a Custódia da Polícia Federal em Curitiba (PR) na tarde desta segunda feira, 30, e seguirá escoltado por agentes direto para sua residência, em São Paulo, onde aguardará o processo da Lava Jato em regime de prisão domiciliar. A exemplo de seu colega de empreiteira, Eduardo Leite - vice-presidente da Camargo Corrêa -, Avancini também vai ter a companhia de uma tornozeleira eletrônica.

Avancini fez 11 depoimentos nas últimas semanas no âmbito de delação premiada. O acordo foi homologado pela Justiça Federal no Paraná, base da Operação Lava Jato.

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O empreiteiro foi preso no dia 14 de novembro de 2014 pela Operação Juízo Final, sétima etapa da Lava Jato que mirou o braço empresarial do esquema de corrupção que se instalou na Petrobras.

A força tarefa da Lava Jato descobriu que o cartel tomou conta de contratos bilionários da Petrobras no período entre 2003 e 2014. Em troca de propinas para políticos - pelo menos 50 deputados, senadores e governadores estão sob investigação - e para ex-dirigentes da estatal petrolífera, as empreiteiras distribuíam valores, inclusive para o caixa de partidos.

Avancini relatou aos investigadores detalhes da ação do cartel na Petrobras e também em outras áreas do governo federal.

Há duas semanas, Eduardo Leite foi removido para casa, em São Paulo, de tornozeleira eletrônica. Na tarde desta segunda feira, Avancini fará o mesmo roteiro e com o mesmo equipamento preso ao tornozelo, por meio do qual ficará sob monitoramento dia e noite.

Ele assumiu o compromisso de continuar colaborando com a Justiça, prestando novos depoimentos sempre que intimado.

"Dalton Avancini colaborou e vai continuar colaborando com a Justiça", disse o criminalista Pierpaolo Bottini, que defende o empresário. "O importante é que Dalton Avancini vai para casa. É o fim de um tormento."

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