Tópicos | Defesa da Lava Jato

A poucos dias do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo Tribunal Regional Federal da 4ª região, por crimes investigados pela Lava Jato, o Movimento Ética e Democracia lançou um manifesto “em defesa do pleno funcionamento das instituições, do cumprimento do calendário e da independência da Justiça no Brasil”. 

No texto, o grupo composto por acadêmicos, empresários e pessoas da sociedade civil pernambucana defende a Lava Jato e pondera que os valores foram invertidos, ao afirmar que a Justiça vem sendo “afrontada”, inclusive, segundo o movimento, por Lula, com os questionamentos de falta de provas contra o ex-presidente.  

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“A estratégia vem sendo adrede preparada, e teria a mão do próprio réu na organização da campanha de afronta ao Judiciário. Tática escorada no desgaste do presente governo, que, apesar de ter trazido de volta a racionalidade da política macroeconômica e significativa redução de inflação e da taxa básica de juros, faz rasa e pífia governança, e tem vários componentes investigados pela Lava Jato”, argumenta o documento.

Veja o manifesto na íntegra:

É temerário o jogo feito pelas defesas de acusados e culpados nos grandes escândalos de corrupção que vêm sendo investigados, julgados e condenados pelas instituições brasileiras. Na impossibilidade de contestar, tecnicamente, argumentos inequívocos da polícia federal, dos tribunais de contas e da procuradoria, subvertem a lógica e passam a fabricar a versão de que a Justiça está acabando com a Democracia brasileira. A História, no entanto, deverá registrar o avanço institucional representado por investigações contra poderosos, que ocorrem há algum tempo e que culminam com a Lava Jato (desde 2014). A maioria da sociedade reconhece tal avanço e apoia a Justiça. Mas desde que próceres do PT passaram a ser investigados e condenados, veio a germinar o discurso de “não há provas”, “politização da Justiça”, e agora “país assaltado pelos próprios poderes da República”. Tivemos prisão e condenação de José Dirceu, Marcelo Odebrecht, Eduardo Cunha, Sérgio Cabral (ex-governador do Rio) e Antônio Palocci (ex-ministro da Fazenda). E outros ilustres, do PMDB e do PSDB, virão em breve a ser bola da vez. Portanto, não era “só o PT” – outro mantra da campanha de mistificação.

Há a centralidade da figura do ex-presidente Lula, agora bem próximo da primeira condenação em segunda instância. Então ficam mais nítidas e mais ousadas, na mídia, a tese de politização e a tentativa de constranger e desafiar a Justiça. Invertem-se valores democráticos: afronta-se a Justiça, alardeando-se a falsa tese de “condenação sem provas” para pôr o julgamento sob suspeita. Aparentemente não se trata apenas de tosca ginástica argumentativa solta no ar, tipo “se colar, colou”. Ora, todos os já condenados tiveram os processos transitados nas devidas instâncias, sem significativas contestações de caráter técnico. Por que tudo seria tão falho quando se trata do ex-presidente, investigado e julgado sob o mesmo padrão de transparência, e de normalidade do funcionamento das diversas instâncias judiciárias?

A estratégia vem sendo adrede preparada, e teria a mão do próprio réu na organização da campanha de afronta ao Judiciário. Tática escorada no desgaste do presente governo, que, apesar de ter trazido de volta a racionalidade da política macroeconômica e significativa redução de inflação e da taxa básica de juros, faz rasa e pífia governança, e tem vários componentes investigados pela Lava Jato. Repetem-se mentiras e criam-se falsas verdades, inclusive com base em pesquisas de opinião viciadas, que incluem perguntas indutoras de respostas “convenientes” – a tentar convencer parte da população de que a Justiça atropela a democracia. Ora, a História é prenhe de exemplos de desvios do papel constitucional da Justiça: em regimes de exceção, civis ou militares. No Brasil, como todos sabemos, há pleno funcionamento constitucional e democrático.

A Justiça estaria a impedir a candidatura de um cidadão, apoiado por tanto por cento da população; portanto, suspenda-se o julgamento, porque a Justiça é suspeita, diria a voz popular. Ignora-se que estão sendo respeitados todos os direitos constitucionais de defesa e de recursos contra decisões judiciais, até que se esgote o processo. Portanto, neste caso – e só neste caso, porque não tem sido assim com outros poderosos já condenados – pergunte-se ao povo o que fazer; portanto, anulem-se a Justiça e anos de investigação.

Conclamamos a sociedade brasileira, e outros grupos organizados da sociedade civil, a se manifestarem em defesa do pleno funcionamento das instituições, do cumprimento do calendário e da independência da Justiça no Brasil. O país avançou bastante desde a redemocratização. O trem já saiu da estação e nada será como antes, como disse um ministro do Judiciário.

ASSINAM ESTE DOCUMENTO:

Aécio Gomes de Matos – Engenheiro e Pós-Graduado em Psicologia

Afranio Tavares da Silva – Engenheiro

Alcides Pires – Empresário e Economista

Ana Olimpia Gurgel – Psicóloga e professora IES

Cesar Garcia – Professor aposentado da UFRPE

Chico de Assis Rocha Filho – Advogado e Poeta

Clemente Rosas Ribeiro – Advogado e Procurador Federal aposentado

Edmundo Morais – Advogado e Executivo de empresas

Francisco José Araújo – Engenheiro

Gustavo Gesteira Costa – Advogado

João Rego – Engenheiro e Consultor

Jorge Jatobá – Economista, Professor aposentado da UFPE

José Arlindo Soares – Sociólogo

José Claudio de Oliveira – Engenheiro e Empresário

José Vasconcelos Neto – Advogado

Leonardo Guimarães – Arquiteto e Urbanista

Luiz Rangel – Arquiteto e Urbanista

Marcia Maria Guedes Alcoforado de Moraes – Engenheira Elétrica e Professora da UFPE

Mirtes Cordeiro – Pedagoga

Olímpio Barbosa de Moraes Filho – Médico e Professor da UPE

Sérgio Buarque – Economista e Consultor

Plinio Augusto Duque – Médico

Sergio Alves – Professor da UFPE

Silvio Ernesto Batusanschi – Sociólogo

Socorro Araújo – Pesquisadora.

Tarcisio Patricio de Araujo – Economista, Professor do Departamento de Economia, UFPE

Teógenes Leitão – Engenheiro

Após uma investida a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o movimento Vem Pra Rua realiza novas manifestações em todo o país no próximo domingo (26). No Recife, o ato vai acontecer na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul, com concentração a partir das 10h, em frente a padaria homônima. O foco dos atos desta vez é em defesa da Lava Jato, contra a reforma política e a favor do fim do foro privilegiado. 

Em conversa com o LeiaJá, a líder do movimento na capital pernambucana Maria Dulce afirmou que a expectativa é de que a participação da população no ato seja “maciça”, pois segundo ela há uma “insatisfação” com a classe política e a condução de alguns assuntos em debate no Congresso Nacional.

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“Nós vamos mais uma vez para as ruas contra a corrupção, em favor da Lava Jato e contra, principalmente, esta reforma política que condiciona o voto a lista fechada. Neste molde, os caciques dos partidos vão fazer uma lista de políticos, que nem sabemos quem são, para receber o nosso voto. Somos literalmente contra, além de não ter a menor transparência é antidemocrático”, salientou. 

Maria Dulce também fez críticas ao Supremo Tribunal Federal e destacou que o Vem Pra Rua é contra o foro privilegiado. “Vemos um STF moroso, onde os processos permanecem engavetados até prescrever. Em 3 anos [de Lava Jato] STF não condenou nenhum político. Daquela lista de [Rodrigo] Janot apenas cinco viraram réus”, destacou. 

Indagada se desta vez a manifestação vai receber apoio político, já que nos últimos atos - pelo impeachment - nomes do PMDB, DEM e PSDB estiveram presentes, ela ressaltou que o movimento é “suprapartidário”. “Não apoiamos pessoas, eles [os políticos] vieram como cidadãos para as passeatas. O político é um cidadão comum e é para isto que estamos lutando que sejam julgados como cidadãos comuns. Não são todos os políticos, claro. Falo isso dos citados pela Lava Jato”, ponderou. 

Além do Vem Pra Rua, no Recife o protesto também vai contar com a participação do Movimento Brasil Livre (MBL), Avança Brasil e Somos Mais Brasil. De acordo com Maria Dulce, o ato segue os mesmos moldes anteriores, com a participação de trios elétricos, vendas de material de apoio, exposição do boneco do juiz Sérgio Moro e a passeata seguirá até a praça do 2º jardim da Avenida Boa Viagem. 

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