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O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta segunda-feira, 29, que o corticoide dexametasona "salva vidas" de pacientes graves da Covid-19. Um dia antes de se completarem seis meses desde o primeiro caso relatado do novo coronavírus, a entidade estabeleceu cinco novas diretrizes para os países enfrentarem a pandemia. Em uma delas, intitulada "salvar vidas", Tedros citou o medicamento.

"Identificação precoce dos infectados e cuidados clínicos precoces salvam vidas. Dar oxigênio e dexametasona a pessoas com casos graves da covid-19 salva vidas. Dar atenção aos grupos de risco, inclusive aos idosos e pessoas de cuidados prolongados, também salva vidas", afirmou o diretor.

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O líder da organização comentou sobre o ressurgimento de casos em países que reabriram a economia e ressaltou que muitas pessoas ainda estão suscetíveis à covid-19. De acordo com o diretor, a pandemia ainda se estenderá por um longo período.

"Muitos países implementaram medidas nunca antes vistas para suprimir a transmissão e salvar vidas. Essas medidas tiveram sucesso, mas não interromperam completamente a doença. O vírus ainda tem muito espaço para se disseminar. Todos queremos o final disso. Todos queremos que a vida continue. Mas a dura realidade é: não estamos nem próximos do final. Embora vários países tenham progredido, globalmente a pandemia está acelerando", alertou.

Além do tópico sobre preservação de vidas, a OMS estipulou outras quatro orientações: empoderamento das comunidades, supressão da transmissão, aceleração das pesquisas e liderança política.

"Independentemente do estágio em que o país se encontra, essas cinco prioridades, se executadas consistentemente e coerentemente, podem fazer toda a diferença. A questão crítica que todos enfrentarão nos próximos meses é como conviver com esse vírus. Este é o novo normal", disse Tedros.

A empresa farmacêutica sul-africana Aspen Pharmacare disse, nesta sexta-feira (19), estar disposta a "acelerar" sua produção de dexametasona, um potente corticoide, considerado eficaz para tratar os doentes mais graves de Covid-19.

"Somos capazes de acelerar a produção, se a demanda exigir", disse à AFP um dos diretores do grupo responsável por sua comercialização, dr. Stavros Nicolaou.

"Sempre estamos avaliando qual pode ser a demanda mundial" deste medicamento - acrescentou - "e, claramente, se aumentar muito, teremos dificuldades".

Os responsáveis pelo ensaio clínico britânico Recovery anunciaram, na terça-feira, que a dexametasona reduzia os falecimentos em um terço entre os pacientes sob ventilação mecânica, e em 20% os que estavam menos gravemente afetados, com oxigênio, ou intubados.

A dexametasona é fabricada na forma de comprimidos em uma planta em Aspen, na Alemanha, e também na forma de injeções, produzidas em vários países por meio de acordos comerciais.

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, celebrou nesta quarta-feira, 17, notícias de "resultados iniciais positivos" no ensaio clínico Recuperação, do Reino Unido, sobre o uso da dexametasona contra a covid-19. Durante entrevista coletiva da entidade, ele disse que o medicamento, "um esteroide comum", mostrou efeito benéfico em pacientes graves com a doença, no estudo britânico.

Ghebreyesus disse que, de acordo com conclusões preliminares compartilhadas com a OMS, para pacientes que estavam no oxigênio apenas, o tratamento reduziu a mortalidade em cerca de um quinto. Para aqueles que já estavam com respirador, a mortalidade caiu em um terço. "A dexametasona, porém, não mostrou efeito benéfico para aqueles com sintomas mais leves da doença, que não precisavam de apoio respiratório", explicou, dizendo que ainda são necessárias mais terapias que possam ser usadas para enfrentar o vírus, inclusive para aqueles com sintomas leves.

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De qualquer modo, Ghebreyesus afirmou que a notícia era "bem-vinda" para os pacientes em estado grave. De qualquer modo, enfatizou que ela só deve ser usada sob "supervisão clínica próxima". Também presente na coletiva, Janet Díaz, diretora de Cuidados Clínicos da OMS, ressaltou que no caso dos pacientes leves "não houve benefícios". O diretor executivo da entidade, Michael Ryan, disse que ela tampouco é um tratamento preventivo, servindo apenas para casos graves. Segundo Ryan, esse medicamento é um dos vários instrumentos de que será preciso lançar mão, ao enfrentar a doença, e ele também disse que a entidade aguarda dados mais detalhados sobre o estudo britânico com o remédio e também sua revisão por outros cientistas.

A OMS já começou a coordenar uma análise e a avaliar dados de vários ensaios clínicos com pacientes graves, para entender melhor o quadro. Ghebreyesus informou que em breve a organização atualizará sua diretriz clínica "para refletir como e quando a dexametasona deve ser usada para tratar a covid-19".

Assim como qualquer remédio tarjado, o corticóide dexametasona só deve ser utilizado com prescrição médica, afirmaram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Conselho Federal de Farmácia (CFF). O medicamento, que é um forte anti-inflamatório e imunossupressor usado em doenças reumatológicas e alérgicas, se mostrou, em pesquisa, eficaz no tratamento de doentes graves de coronavírus.

"Porém, os resultados positivos observados referem-se apenas a pacientes graves e sob suporte respiratório, não havendo benefício aparente entre aqueles pacientes leves e moderados de covid-19", escreveu o CFF sobre o estudo batizado de Recovery, que ainda não foi publicado em nenhuma revista científica.

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A Anvisa lembrou que para incluir a eficiência contra o coronavírus na bula do dexametasona, que é utilizado em doenças como reumatismo e asma, é preciso que haja a comprovação por meio de estudos desenvolvidos pelos laboratórios farmacêuticos. "Atualmente, existe um estudo aprovado e em desenvolvimento no Brasil para o uso de dexametasona no tratamento de covid-19. O tempo para o desenvolvimento destes estudos depende do patrocinador da pesquisa e das instituições de pesquisa envolvidas", disse em nota.

Efeitos colaterais

O dexametasona tende a diminuir a produção natural do cortisol ou hidrocortisona, dois hormônios reguladores do corpo, além de induzir uma queda de imunidade, escreveu o sanitarista Gonzalo Vecina Neto em sua coluna no Estadão.

O Grupo DPSP, que detém as Drogarias Pacheco e a Drogaria São Paulo, disse que ainda não notou aumento na demanda do medicamento em suas redes e esclareceu que o papel do farmacêutico é orientar os clientes sobre o risco de automedicação e que o uso de remédios deve ser feito sempre com orientação médica.

Atualmente, não existem tratamentos ou vacinas aprovados para a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus que matou mais de 440 mil pessoas em todo o mundo. No Brasil já são mais de 45 mil vítimas.

Mas, até o início de junho, havia 153 drogas e vacinas sendo testadas em 1.765 estudos com pacientes que contraíram Covid-19. A maioria dos remédios, porém, ainda está em fase muito inicial dos estudos. Alguns dos trabalhos que mais avançaram foram com os antimaláricos cloroquina e a hidroxicloroquina, mas os resultados são pouco animadores. As drogas têm se mostrado pouco eficazes para tratar a doença.

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"Diferentemente da cloroquina, a dexametasona é um medicamento com plausibilidade biológica para que seja adjuvante no tratamento da Covid-19. Os resultados anunciados mostram diferença expressiva de mortalidade. No entanto, para que essa medicação seja realmente tão efetiva na vida real quanto foi no estudo científico, os cuidados intensivos oferecidos em nossas UTIs precisam ser de alta qualidade. O básico precisa ser bem feito para que a dexametasona possa realmente salvar um terço dos tratados", afirma o médico e pesquisador Ricardo Schnekenberg, que tem acompanhado os estudos clínicos contra a doença.

Outra droga que chama atenção é o antiviral remdesivir, usado originalmente contra o ebola. Estudo preliminar publicado em 22 de maio no New England Journal mostrou que o tempo de recuperação em pacientes hospitalizados por coronavírus foi menor (11 dias) para aqueles que tomaram o medicamento em comparação com os pacientes que receberam placebo (15 dias). A mortalidade foi menor, mas não significativamente.

Também se destaca o tocilizumabe, que impede a chamada tempestade inflamatória, mas o estudo feito com o remédio até agora teve poucos pacientes. O Brasil também está testando o medicamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O medicamento dexametasona tem salvado pacientes da Covid-19, dizem especialistas da Universidade de Oxford. O tratamento com a droga reduziu o risco de morte em um terço em pacientes em ventiladores mecânicos e em um quinto para aqueles que precisam de oxigênio apenas. Os resultados foram anunciados nesta terça-feira (16) e o estudo deve ser publicado em breve.

Os pesquisadores calculam que caso a dexametasona tivesse sido usada no início da pandemia mais de cinco mil vidas teriam sido salvas. O esteróide também é barato e amplamente disponível. 

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 A dexametasona é utilizada para reduzir inflamações em uma série de outras doenças. Ela parece interromper uma parte do dano no sistema imunológico que tenta combater o novo coronavírus.

No estudo, 2.104 pacientes administrados com o medicamento foram comparados com 4.321 que não receberam. Para pacientes em ventiladores, o risco de morte tem redução entre 40% e 28%. Para os pacientes que precisam de oxigênio suplementar, a redução vai de 20% a 25%.

Para o investigador chefe Peter Horby, é um resultado extremamente bem-vindo.  "Esta é a única droga até agora que tem mostrado reduzir mortalidade. E reduz significantemente. É um grande avanço", disse.

Segundo o pesquisador líder Martin Landray, os pacientes nos hospitais deveriam ser medicados com dexametasona sem demora. Entretanto, ele alerta que a população não deve comprar para sua casa. A droga não parece ter efeito em sintomas leves da Covid-19. 

Os testes de medicamentos são realizados desde março. A hidroxicloroquina estava entre as drogas analisadas, mas foi abandonada por preocupações de que aumentava mortes e problemas cardíacos. A pesquisa é financiada por agências de saúde governamentais do Reino Unido e doadores privados, como a Fundação Bill e Melinda Gates.

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