A eleição do presidente da República italiana por parte do Parlamento desencadeou, nesta sexta-feira (28), um duro confronto entre os blocos, que não conseguem encontrar um candidato de consenso após cinco dias de votações.
Com a esperança de que finalmente surja uma personalidade que obtenha o apoio necessário, o Parlamento estabeleceu duas rodadas de votação, em vez de uma só.
Devido às restrições pelo coronavírus, foi programado inicialmente apenas uma rodada de votação por dia.
No entanto, a votação dupla não resolveu a situação, já que a maioria dos legisladores anunciou que vai votar em branco ou na abstenção devido ao fato de não terem chegado a um acordo sobre o candidato que vai suceder Sergio Mattarella, cujo mandato termina em 3 de fevereiro.
Apesar de todos os partidos políticos com representação no Parlamento, com exceção o Irmãos da Itália de extrema-direita, fazerem parte da coalizão do governo liderado por Mario Draghi, a direita, esquerda e o Movimento 5 Estrelas (M5E), a divisão reina, o que deixa a eleição em ponto morto.
Para a quinta rodada desta sexta-feira, iniciada às 11h hora local (07h00 em Brasília), o bloco de direita (Liga de Matteo Salvini, Força Itália de Silvio Berlusconi e o partido de extrema-direita Irmãos da Itália) apresentou como candidata a atual presidente do Senado, Elisabetta Casellati, simpatizante de Berlusconi.
Como a direita não possui maioria absoluta, a senadora, católica anti-aborto de 75 anos, não obteve os votos da esquerda nem dos antissistema do M5E.
"Poderia ser a primeira mulher presidente. É a melhor candidata possível e atualmente é o segundo cargo mais importante do país depois do presidente a República (...). É curioso que a esquerda tenha optado por se abster", afirmou Salvini com tom de provocação em uma entrevista coletiva.
A proposta de Salvini, feita sem consultar os rivais políticos, gerou ruptura com o Movimento 5 Estrelas.
"Estão forçando a situação. Queremos um candidato com um grande perfil, acima das partes, compartilhado e não imposto", disse irritado o líder dos antissistema, Giuseppe Conte.
O resultado das eleições presidenciais italianas, sem candidatos oficiais e com votações secretas, é notoriamente difícil de prever.
O presidente é eleito para um mandato de sete anos por voto indireto por uma assembleia formada por membros dos dois ramos do Parlamento, além de representantes das regiões. No total, mais de mil "grandes eleitores".