Demitido pelo São Paulo nesta semana, o técnico Doriva garante que não se arrepende de ter deixado a Ponte Preta, onde fazia um bom trabalho, para assumir o time do Morumbi em um momento conturbado. "A vida é feita de oportunidades. Quando saí da Ponte, a meta de livrar o time do rebaixamento eu já tinha alcançado. Eu vislumbrei a possibilidade de dar um salto na minha carreira", disse.
O argumento usado pela diretoria para tirá-lo do comando não convenceu o profissional, até porque ele via grandes possibilidades de terminar o Campeonato Brasileiro no G4. "Me disseram que queriam criar um fato novo para o time ter condições de chegar à Copa Libertadores. Acho que o São Paulo tinha, e tem, condições de chegar. Torço para isso", afirmou.
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Como não tinha multa contratual, a saída de Doriva foi simples, mas repentina. "Eu imaginava que, se levasse o São Paulo para a Libertadores, teria chance de continuar na equipe. Lamento a decisão da diretoria do São Paulo, acho que ela se precipitou. O trabalho teve início e meio. Mas não tenho qualquer sentimento de raiva ou mágoa. Só acho que a avaliação tinha de ser feita no fim. Fui surpreendido, pois foi sem critério".
Doriva evita criticar os dirigentes. Prefere elogiar o diretor executivo do clube, Gustavo Vieira de Oliveira, e o vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, e revela que muitos jogadores mandaram mensagens de apoio após sua saída como Rogério Ceni, Alexandre Pato e Wesley. Quem não falou com ele desde então foi o presidente do clube, Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco. "Não tive contato com ele depois da minha saída".
A renúncia do ex-presidente Carlos Miguel Aidar também ajudou a precipitar a demissão, pois foi ele quem contratou Doriva, mas caiu pouco depois. "Quando tomei a decisão, ele era presidente do clube. Quando saiu, eu já estava inserido e não dava para voltar atrás. Sabia que o momento era conturbado, mas não sabia que teria esse desfecho", lamentou.
Doriva foi jogador do São Paulo e viveu um bom período lá na década de 90, quando conquistou a Copa Libertadores e o Mundial Interclubes. "O clube evoluiu como estrutura, mas regrediu como gestão. Pela marca que é, deveria ser mais blindado. Quando o ambiente é bom, as coisas fluem melhor. É um clube que tem uma história linda, da qual eu faço parte", comentou o treinador.
Ele lembra que recebeu uma sondagem de um clube logo que saiu do São Paulo, mas prefere esperar terminar a temporada para decidir o seu futuro. Apesar do golpe que tomou, Doriva garante ter motivação para continuar trabalhando no futebol. "Não tenho mágoas. Vou dar sequência à minha carreira e quero continuar trabalhando. Vou ver jogos, isso ajuda a tirar ideia. Acho que não tenho motivos para estar desmotivado. Sou sério, honesto e não temo nada. Estou olhando para frente, sacudindo essa poeira", concluiu.