Tópicos | Encontro de Governadores do Nordeste

JOÃO PESSOA (PB) - Os governadores eleitos dos 9 Estados do Nordeste publicaram, na tarde desta terça-feira (9), uma carta direcionada ao Governo Federal, intitulada 'Carta da Paraíba', com anseios da região. São, ao todo, 15 pontos debatidos durante o Encontro dos Governadores Eleitos do Nordeste.

Em todos os pontos, está explícita a necessidade de maior investimento nos Estados em várias áreas, a exemplo de saúde, educação, infraestrutura e empresas públicas. Pede-se ainda maior celeridade para que a Lei dos Royalties do Petróleo entre em vigor.

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Anfitrião deste primeiro Encontro, o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, explicou que a busca é pela redução das desigualdades sociais e regionais. “O Nordeste tem problemas e desafios em comum e é preciso trabalhar políticas integradas como, por exemplo, no turismo e na economia”.

Segundo Ricardo Coutinho, mesmo com as dificuldades, o Nordeste cresce em ritmo maior que o Brasil. Na última década, a participação da região no Produto Interno Bruto (PIB) nacional passou de 13% para 13,6%, com uma população que representa 28% de todo o País.

Dois novos encontros foram marcados. Em fevereiro, em Brasília, a reunião será com todos os deputados federais e senadores nordestinos, no Congresso Nacional, para debater a saúde e a segurança pública. Já em março será realizado o Fórum de Governadores do Nordeste, em Natal, capital do Rio Grande do Norte. 

Confira a Carta da Paraíba na íntegra:

"Os governadores eleitos dos Estados Nordestinos, reunidos em 09 de dezembro de 2014, na cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, renovam o compromisso de buscar políticas sociais que distribuam renda e estabeleçam mobilidade social ascendente para milhões de pessoas, produzindo dignidade. Vamos trabalhar pela melhoria dos indicadores sociais e econômicos  da Região, na busca pela redução das desigualdades existentes. Temos a ciência de que se faz urgente a necessidade de superar, definitivamente, esse abismo que o Nordeste vive há séculos, mas isso só será possível com a integração de todas as forças, um trabalho que precisa funcionar de forma pactuada com a União. Nossa proposta é por uma nova agenda positiva para o Brasil, baseada no desenvolvimento econômico e social, e da sua infraestrutura física e intelectual.

O Nordeste trilhou, nos últimos anos, avanços significativos no setor econômico. De acordo com cálculos do Banco Central, a economia da Região cresceu 2,55% no segundo trimestre do ano, em comparação com o primeiro (que já havia registrado expansão de 2,12%). Importante ressaltar que nenhuma das demais regiões obteve dois trimestres consecutivos de alta. Enquanto o Nordeste cresceu, a economia do Brasil encolheu 0,2% de janeiro a março e 0,6% de abril a junho.

A Região modernizou a infraestrutura, atraiu investimentos privados, reduziu desigualdades, gerou empregos, expandiu a rede de ensino superior e  profissionalizante, mas, mesmo com esses avanços, ainda apresenta indicadores sociais preocupantes. No tocante à criminalidade, à medida que o Nordeste cresceu economicamente, na contramão das demais regiões do país, os índices de violência chegaram a níveis extremos. Em alguns Estados, a Organização Mundial de Saúde trata a situação de segurança como problema “endêmico”.

Na construção dessa agenda positiva e convergente a todos os Estados do Nordeste, algumas questões se sobressaem e precisam ser vistas de modo prioritário e urgente pelo Governo Federal, as quais são apresentadas em seguida:

1.Defendemos novas fontes de financiamento para a saúde que garantam a elevação do patamar de atendimento à população, que tem se tornado cada vez mais difícil, bem como a ampliação dos serviços contemplados com as atuais fontes de financiamento. O Governo Federal e o Congresso Nacional precisam abrir uma discussão que traga recursos financeiros para o custeio do Sistema Único de Saúde, com o direcionamento prioritário dos recursos para a Média e Alta Complexidade, possibilitando eficiência com a implantação de novas formas de gestão.

2.      Solicitamos aos Ministros do Supremo Tribunal Federal a votação do mérito da ADIN 4917, permitindo, assim, a entrada em vigor da Lei dos Royalties do Petróleo (Lei 12.734/2012), legitimamente aprovada no Congresso Nacional.

3.Pleiteamos a redefinição do papel da União com a construção de uma política nacional que contemple a modernização das Forças de Segurança (polícias militar, civil e bombeiros) dos Estados, bem como a elaboração de um plano nacional integrado de combate às drogas e armas, e a imediata implementação do Programa Crack: é Possível Vencer, que, apesar de anunciado pelo Governo Federal, ainda não foi totalmente implantado, bem como a criação do Fundo Complementar para a segurança pública;

4.Reivindicamos investimentos na infraestrutura e logística de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos do Nordeste, visando ao fortalecimento da integração regional como fator fundamental de competitividade e a inclusão de estudos que viabilizem a implantação de uma malha aeroviária da Região;

5.    Defendemos a criação de uma linha de crédito especial, PROINVESTE NORDESTE, já no primeiro semestre de 2015, para investimentos em infraestrutura dos Estados, nos moldes do Proinveste atualmente em execução;

6.Solicitamos a conclusão do projeto de modificação da tributação das operações interestaduais não presenciais, inclusive aquelas realizadas na modalidade de comércio eletrônico (compras pela internet), destinadas ao consumidor final, que precisa ser finalizado este ano no Congresso para entrar em vigor em 2015. O Nordeste não pode continuar a conviver com as perdas decorrentes do atual modelo de tributação do comércio eletrônico;

7.Reivindicamos a manutenção dos juros praticados pelo BNB abaixo daqueles de outras instituições de crédito, como instrumento de desenvolvimento regional;

8.       Pleiteamos um reforço à política educacional de qualificação do ensino básico e de expansão do ensino técnico e superior, com construção de novas universidades, institutos tecnológicos e escolas técnicas, fortalecendo a formação profissional e a empregabilidade dos jovens nordestinos. O País precisa pensar uma geração adiante, pactuando a universalização da educação integral como meta a ser conquistada, ampliando os investimentos em ciência & tecnologia, com a criação de centros tecnológicos em áreas estratégicas para a Região. Rever a transferência do FUNDEB, levando-se em conta a proporcionalidade entre alunos que usam escola pública versus escolas privadas, com a criação de uma comissão para apresentar proposta, considerando que, com o comprometimento do teto de 5% da RCL, quando a partir daí passaria a receber uma complementação;

9.        Apoiamos as investigações dentro do Estado de Direito e o combate incessante à corrupção, com a punição de todos os culpados em quaisquer casos. Porém, entendemos que o Brasil não pode ser o País da agenda negativa e única. É preciso convergir esforços para superar os problemas e construir soluções que coloquem o País num cenário de crescimento, competitividade, aumento e distribuição de riquezas. O Brasil precisa de uma nova agenda política e econômica; 

10.     Defendemos uma ampla Reforma Política, pela qual se preservem e construam os espaços de participação popular. A Democracia Representativa depende do interesse qualitativo do povo e isso só poderá ser garantido com a participação efetiva das pessoas;

11.    Defendemos a existência de instrumentos diferenciados de incentivos com objetivo de construir políticas públicas regionais que aproximem e desenvolvam os Estados nordestinos, criando um novo ciclo de industrialização. Queremos a convalidação dos incentivos fiscais existentes para as empresas instaladas na nossa região. Em nome de um combate a uma suposta guerra fiscal, não se pode deixar toda uma região sem instrumentos legítimos e necessários para atrair e manter empresas, preservando e aumentando o comprovado potencial econômico do Nordeste;

12.   Solicitamos a desoneração do PIS e CONFINS sobre o faturamento das companhias estaduais de Saneamento básico;

13.    Pleiteamos políticas a serem implementadas junto ao setor sucroenergético, dentre as quais: regulamentação do programa INOVAR; inclusão do setor sucroenergético no programa REINTEGRA; desoneração do custo previdenciário da folha de salários; restabelecimento da CIDE sobre os combustíveis fósseis; assegurar condições de competitividade para a energia da biomassa da cana nos leilões de aquisição; e o cumprimento das Leis 12.999/2014 e 13.000/2014;

14.   Defendemos o fortalecimento e a maior eficiência das instituições nacionais de governança, fomento e apoio às políticas públicas, tais como, Banco do Nordeste, SUDENE, DNOCS, CODEVASF e CHESF;

15.     Reivindicamos o apoio junto ao Congresso Nacional para a aprovação da PEC 57/1999, que cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento do Semiárido, em tramitação na Câmara Federal.

          Anunciamos a recriação do Fórum dos Governadores do Nordeste como espaço de articulação, discussão e encaminhamento das questões comuns relativas à Região e ao Brasil. Entendemos que o diálogo interfederativo é um passo importante, e decisivo, para ajudar a tornar o Nordeste mais forte, mais igual e mais justo. 

          Faremos o próximo encontro em Brasília, no Congresso Nacional, no mês de fevereiro, tendo como convidados todos os senadores e deputados federais da região Nordeste, propondo como pauta inicial e emergencial as questões da saúde e da segurança pública.

João Pessoa, 09 de dezembro de 2014.

 

 

RICARDO VIEIRA COUTINHO

Governador do Estado da Paraíba

 

PAULO HENRIQUE SARAIVA CÂMARA

Governador eleito do Estado de Pernambuco

 

ROBINSON MESQUITA DE FARIA

Governador eleito do Estado do Rio Grande do Norte

 

JOSÉ RENAN VASCONCELOS CALHEIROS FILHO

Governador eleito do Estado de Alagoas

 

 

 

RUI COSTA DOS SANTOS

Governador eleito do Estado da Bahia

 

CAMILO SOBREIRA DE SANTANA

Governador eleito do Estado do Ceará

 

FLÁVIO DINO DE CASTRO E COSTA

Governador eleito do Estado do Maranhão

 

JOSÉ WELLINGTON BARROSO DE ARAÚJO DIAS

Governador eleito do Estado do Piauí

 

BELIVALDO CHAGAS SILVA

Vice-governador eleito do Estado de Sergipe"

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JOÃO PESSOA (PB) - Cortes orçamentários foi os assuntos mais abordado pelos governadores e vice-governadores eleitos nos Estados do Nordeste nas Eleições deste ano. Em suas declarações à imprensa, os eleitos falaram sobre as empresas públicas da região e os investimentos necessários.

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Para o governador eleito do Maranhão, Flávio Dino, defender as políticas sociais e de desenvolvimento regional é proteger o Nordeste de cortes. “Banco do Nordeste, Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), mecanismos de desenvolvimento regional hoje sediados no Nordeste, devem ser preservados de contingenciamento e de cortes orçamentários exatamente para permitir que de um lado se supere a marca da desigualdade regional e de outro que o Nordeste continue a ajudar o Brasil”, afirmou Dino.

Ele ainda acrescentou que a região passou a “servir de locomotiva desse processo de retomada do crescimento econômico do Brasil”. “Se a economia brasileira não cresce, o Nordeste quer crescer, pode crescer, sabe crescer”, declarou.

E, para subsidiar este crescimento, o governador eleito da Bahia, Rui Costa, afirmou que existe uma necessidade de rever alguns atributos. “Para que possamos garantir o desenvolvimento econômico do Nordeste, precisamos resolver questões como o incentivo fiscal, o ICMS do comércio eletrônico. Hoje, os estados do Sudeste ficam com esses impostos pagos pelos nordestinos. É preciso corrigir isso de forma urgente”, enfatizou.

O governador eleito de Pernambuco, Paulo Câmara, acrescentou que para que a região cresça é preciso ter união. “Nós, governadores do Nordeste, temos que estar muito unidos para que as políticas efetivas aconteçam e que a Região possa crescer mais e se tornar competitiva com as outras regiões do País”, pontuou.

O governador reeleito da Paraíba, Ricardo Coutinho, também defendeu o maior investimento. “Não dá para colocar como dogma, exclusivamente, o equilíbrio fiscal, pois não se pode deixar de investir em infraestrutura, educação, ciência e tecnologia e comprometer uma população que representa 28% de todo o país”, detalhou.

Questões como saúde, turismo, segurança e emprego também serão debatidos durante todo o dia. O encontro acontece em João Pessoa e conta com todos os governadores eleitos no Nordeste.

Recursos hídricos

O governador eleito do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, demonstrou preocupação com a falta de água e afirmou que “esse é o assunto número um”. “Vamos falar da integração das bacias, integração das águas. O objetivo é buscar alternativas para suprir o colapso da falta d’água em várias cidades da região”, salientou.

Paulo Câmara assegurou a conclusão das obras federais que estão em andamento e que envolvem toda Região, a exemplo da Transposição do Rio São Francisco e a Transnordestina, serão objeto de cobrança à União. “São enfoques que temos que cobrar do Governo Federal para que não haja nenhum tipo de restrição em relação a recursos federais para essas obras”.

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