O suspeito de assassinar sete de seus colegas trabalhadores rurais em duas fazendas da Califórnia se declarou culpado e acredita ter problemas mentais, disse ele à rede de televisão NBC.
"Ele admitiu que o fez", afirmou a jornalista Janelle Wang, que nesta quinta-feira (26) disse ter conversado com o suspeito, Zhao Chunli, na penitenciária onde o homem está detido pelos ataques em Half Moon Bay, uma comunidade rural ao sul de San Francisco.
Wang explicou que foi à penitenciária durante o horário de visita. Depois de se identificar como jornalista e receber a autorização de Zhao, ela falou com o suspeito por quinze minutos em mandarim.
"Ele se arrepende e diz que não estava com suas plenas capacidades mentais quando atirou em oito pessoas", relatou Wang.
Zhao Chunli foi detido pela polícia de Half Moon Bay na segunda-feira, poucas horas após os ataques. Cinco chineses (três homens e duas mulheres) e dois mexicanos morreram. Outro homem, de nacionalidade mexicana, ficou ferido, mas sobreviveu e está hospitalizado na cidade de Palo Alto.
"Perguntei a ele o motivo, e ele disse que sofreu anos de bullying, que tinha muitas preocupações. Disse que tinha longas jornadas de trabalho excessivo sobre as quais apresentou reclamações, mas não foi atendido", completou Wang.
- Saúde mental -
Zhao compareceu ao tribunal na quarta-feira, mas não se pronunciou sobre as acusações.
A pedido da defesa, a justiça anunciou uma nova audiência em 16 de fevereiro para a leitura das acusações.
Zhao "acredita sofrer de algum tipo de doença mental contra a qual luta há algum tempo".
Wang acrescentou que Zhao confirmou que mora com a esposa em Half Moon Bay e tem uma filha de 40 anos na China.
A jornalista afirmou que o homem parecia "confuso" e "ansioso" com o processo legal.
Zhao terá que responder por homicídio múltiplo com agravantes. Se condenado, ele pode pegar prisão perpétua ou até a pena de morte.
"Não sei se ele realmente entendeu o que está por vir e que enfrenta sete acusações de homicídio", disse Wang.
O jornalista comentou que Zhao parecia animado para conversar e deu detalhes sobre como se entregou à polícia na segunda-feira.
As autoridades disseram na quarta-feira que estão trabalhando para proteger a esposa de Zhao, temendo represálias, pois o casal vivia na fazenda de cogumelos onde ocorreu o primeiro ataque.
Enquanto isso, parentes e amigos de algumas das vítimas expressaram sua perplexidade.
"Marciano era um homem bom, sempre defendeu os trabalhadores (...) Isso foi uma tragédia e uma grande perda para a comunidade de Half Moon Bay", escreveu em uma página de doação um colega de Marciano Martínez Jiménez, falecido no ataques.
- Sequência trágica -
O massacre em Half Moon Bay ocorreram menos de dois dias depois de outro ataque com arma na Califórnia.
Na noite de sábado, um homem, identificado pela polícia como o imigrante vietnamita Huu Can Tran, abriu fogo dentro de um salão de dança em Monterey Park, cidade com grande população asiática a poucos quilômetros de Los Angeles. Onze pessoas foram mortas.
O suspeito se suicidou ao ser cercado pela polícia. As autoridades informaram na quarta-feira que não têm indícios sobre a motivação do crime, que chocou a comunidade.
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, visitou Monterey Park na quarta-feira e se reuniu com as famílias das vítimas.
"Devemos pedir aos líderes de nossa nação que têm a capacidade, o poder e a responsabilidade de fazer algo para agir", disse Harris.