Tópicos | Festival Internacional Janela de Cinema

Foto: André Dib/Divulgação

O Janela de Cinema foi palco de uma expressiva manifestação dos realizadores e do público do festival em prol da digitalização do Cinema São Luiz. O público foi convidado a ir até a frente da tela do cinema para sinalizar seu apoio ao movimento, que irá protocolar nesta segunda-feira (3) uma carta e um abaixo-assinado ao Governo do Estado. Durante toda a noite, foi possível aos presentes assinar o manifesto.

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A intenção é adaptar o sistema de projeção do São Luiz para exibir filmes digitais, algo importante para que a sala possa oferecer ao público filmes pernambucanos, brasileiros e internacionais o ano inteiro e não dependa apenas de grandes distribuidoras, que podem lançar filmes em 35mm (formato exibido no cinema) e digital.

Segundo Pedro Severien, presidente da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas-PE/Associação Pernambucana de Cineastas (ABD/APECI), o governo se comprometeu em vários momentos a fazer essa atualização, inclusive com dois processos licitatórios sendo quase realizados. Em função disso, o grupo acredita que há condições da modernização ser concluída ainda no ano que vem.

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"A indústria já decretou o fim da película. É preciso que um cinema público tenha equipamento digital para exibir filmes produzidos no mundo todo sempre, não apenas em festivais", afirmou Pedro. Segundo o cineasta, a intenção é pressionar, mas também manter o São Luiz vivo como patrimônio. "Este cinema tem a função de não apenas alimentar a cadeia cinematográfica do Estado, como também oferecer à cidade produções de qualidade, que hoje são produzidas principalmente neste formato", finalizou.

A falta de um equipamento adequado numa sala de tamanha importância para a cidade como o São Luiz faz com que festivais e eventos tenham que trazer os equipamentos, o que consome boa parte do orçamento. "Um festival de cinema tem que ser tecnicamente perfeito e isso custa caro. O São Luiz precisa estar bem equipado o ano inteiro. Desde que o Janela chegou aqui, em 2010, venho tocando nesse assunto", comentou Kleber Mendonça Filho, organizador do Festival Internacional Janela de Cinema.

Confira a carta pública abaixo:

Recife, 02 de novembro de 2014.

Pela instalação do sistema de projeção digital no Cine São Luiz

Ao Governo do Estado de Pernambuco

Excelentíssimo Senhor Governador João Soares Lyra Neto

Os cineastas, produtores, técnicos e artistas que compõem a cadeia produtiva do audiovisual de Pernambuco, através de suas entidades representativas,  agradecem o inquestionável, histórico e justo apoio do Estado ao segmento audiovisual. 

O cinema pernambucano vem traçado uma curva ascendente e hoje é reconhecido como referência em qualidade e ousadia, conquistando repercussão nacional e internacional, apesar dos seus desenhos de produção de baixo custo.

É importante destacar que esse cenário positivo é fruto da confluência de vários fatores. A começar pela vocação criativa do povo pernambucano, mas também pela garra e organização de seus realizadores e pela sensibilidade e apoio do Estado, que atendeu o pedido da classe ao instituir o Funcultura Audiovisual e  em seguida tornar esse instrumento de incentivo em Lei. 

A construção da lei Nº 15.307, de 04 de junho de 2014, é um exemplo de como a participação da sociedade civil em diálogo com o poder público pode consolidar ações de desenvolvimento social e cultural. Atendidos nas duas instâncias, o cinema pernambucano deu em retorno visibilidade, geração de emprego e renda, e mantem-se intensamente ativo na pesquisa e projeção da nossa identidade cultural. 

Para continuarmos avançando, acreditamos ser necessário o fortalecimento dos equipamentos culturais, essenciais pontes de acesso à produção. Viemos, através desta carta pública, assinada por realizadores, cidadãos e amantes do cinema em geral, solicitar que o Governo do Estado garanta ainda no orçamento de 2014 os recursos necessários para a digitalização do sistema de projeção do Cine São Luiz. 

É emblemático que um público de mais de 10 mil pessoas tenha passado por esta sala nos últimos dias durante o festival Janela Internacional de Cinema do Recife. Esse público vivenciou em sua integralidade filmes contemporâneos e clássicos da história da sétima arte em cópias digitais. Dos 130 filmes exibidos,  apenas 05 (???) foram projetados em 35mm, o restante teve exibição em formato digital de alta definição. Atualmente, todos os eventos realizados no São Luiz são obrigados a alugar equipamentos digitais. Na maioria dos casos, os recursos aplicados neste item são oriundos do próprio Estado via Funcultura Audiovisual. 

A indústria cinematográfica mundial já decretou o fim da exibição em película, as fábricas de película anunciaram o fim da produção em larga escala e toda a cadeia exibidora comercial está em fase avançada de transição para o digital. É importante manter a projeção em 35mm para garantir a exibição de milhares de títulos de catálogo disponíveis nesse formato, mas hoje um cinema público, de rua, depende de um projetor digital para democratizar-se permanentemente. 

Para que o nosso templo do cinema, como é carinhosamente denominado o Cine São Luiz, possa manter a sua função, é necessário equipá-lo. Sem isso, paira um risco grande demais já que esta sala histórica, patrimônio de todos os pernambucanos, deve manter-se respirando junto com a cidade e seus cidadãos diariamente. Isso só será possível com uma programação de qualidade, exibida com regularidade. Para isso, é necessário acessar e exibir os títulos do cinema pernambucano, brasileiro e mundial, disponíveis atualmente apenas no formato digital. 

Os signatários deste documento solicitam, portanto, que esta medida seja tomada com a maior brevidade possível. Entendemos que essa ação representa um compromisso prioritário, coerente e agora urgente do Governo do Estado com a sociedade. 

Nós, realizadores, sociedade civil organizada e cidadãos, nos colocamos juntos à disposição para contribuir para esta construção.

Atenciosamente,

Associação Brasileira de Documentarias /  Associação Pernambucana de Cineastas - ABD/APECI

Associação de Produtores e Cineastas do Norte e Nordeste – APCNN

Federação Pernambucana de Cine Clubes - FEPEC

Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Cinematográfica – Stic (Grupo Gestor)

Associação Brasileira de Cinema de Animação - ABCA

(Foto: André Dib/Divulgação)

A editora Cesárea lança dentro do Festival Janela de Cinema o livro digital Utopias da frivolidade - ensaios sobre cultura pop e cinema. O livro reúne textos de Ângela Prysthon, doutora em Critical Theory And Hispanic Studies pela Universidade de Nottingham, e é organizado por André Antônio (UFRJ). No título, a autora faz questão de lembrar a sociedade vê nascer uma espécie de cibercinefilia, uma relação de consumo e de crítica de cinema mediada pela internet. O trabalho foca em nomes como Derek Jarman e Joseph Losey, além de problematizar a cultura pop em que a sociedade se insere.

O lançamento acontece no Porto Mídia, às 14h. Na ocasião também haverá um debate com a presença da autora, o organizador do livro e Thiago Soares (UFPE). O livro já pode ser adquirido no site da Cesárea, em formato digital.

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Serviço

Lançamento do Livro Utopias da frivolidade, de Ângela Prysthon
Quarta-feira (29) | 14h
Portomídia (Rua do Apolo, 181 – Bairro do Recife)

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O Cinema São Luiz foi palco para a abertura da 7ª edição do Festival Internacional Janela de Cinema, evento que exibe até 2 de novembro mais de 130 produções do Brasil e do Mundo, nesta sexta-feira (24). Pernambuco, como de costume, abriu oficialmente o festival com dois representantes: Sem Coração, parceria de Nara Normande com Tião, e Brasil S/A, do cineasta Marcelo Pedroso. Em anos anteriores a programação do evento foi aberta por filmes como Febre do Rato e Tatuagem.

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“Os filmes do Estado não estão no festival porque eles precisam de uma forcinha para serem conhecidos pelo público. Eles estão aqui porque são bons e o público entende a presença dessas produções ao assisti-las”, comentou Kleber Mendonça Filho, curador do festival, ao LeiaJá. O discurso da qualidade do cinema de Pernambuco continuou na fala do cineasta ao abrir oficialmente o Janela.

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O curta Sem Coração, feito por Nara Normande e Tião, foi vencedor do prêmio de melhor curta-metragem na Quinzena dos Realizadores de Cannes e trouxe ao público pernambucano uma história sobre liberdades e descobertas. O elenco, formado por não-atores, veio conferir na telona a produção, motivo de satisfação para Nara. “Para mim é emocionante exibir o filme no Recife, principalmente em um festival que acompanho desde a primeira edição”, contou a cineasta. 

O elenco veio de Maceió e Porto das Pedras e para muitos era a primeira vez num cinema. “Achei muito legal participar do filme. Nunca pensei que ia fazer algo do tipo, mas apareceu a oportunidade e eu aproveitei”, disse Marcos Lopes, de 15 anos. Segundo o jovem, assistir a si mesmo na tela grande pela primeira vez será uma experiência muito legal. “Minha mãe vai adorar”, comentou.

Kleber Mendonça Filho, criador do festival, diz que a escolha dos filmes para abrir a programação não deu trabalho. “Os dois filmes são ótimos. Sem Coração é belíssimo, nunca exibido por aqui. Já Brasil S/A é político, mesmo sem levantar bandeiras”, comentou o cineasta. 

A fila no cinema para assistir a abertura do festival foi grande, mas longe do stress da longa espera para conseguir ingressos antecipados. Brasil S/A foi um dos mais esperados e conta uma história barulhenta, dura e cruel do que se entende por progresso. O som do desenvolvimento dói nos ouvidos e nos olhos e é isso que o longa de Pedroso realça, com planos longos, acústica pesada e uma história irônica, bem aos moldes dos trabalhos anteriores do cineasta.

“O filme foi gestado no Recife, mas fala de todo o Brasil e mostra o dia a dia e as contradições que existem. Esse trabalho dialoga com Em Trânsito (curta anterior do cineasta, lançado em 2013), mas numa escala maior”, contou Pedroso. Segundo o cineasta, participar da abertura do festival é a oportunidade de dividir. “Estar no festival hoje é compartilhar com o público as inquietações que me fizeram criar o filme. Aqui (no São Luiz) há pessoas que também ajudaram a construir o filme, de maneira prática e ideológica”, afirmou o pernambucano, que levou para casa cinco prêmios no Festival do Rio, incluindo melhor diretor.

Para muitos, é a oportunidade de finalmente ver filmes do Estado que vem se destacando nacionalmente e em outros países. “Eu sempre venho ao festival. Gostei bastante da programação deste ano. Pra mim é legal poder ver Brasil S/A, filme que despertou meu interesse desde o ano passado”, contou a historiadora Veruska Lima. Entre os outros filmes na lista dela, Paris/Texas e Sangue Azul. “Acho importante o festival como um todo, principalmente por trazer tantas opções de filmes e pela contextualização de movimentos e estilos cinematográficos diferentes”, afirmou Veruska.

Para muitos cineastas, exibir seu filme no festival também pesa no lado afetivo. Leonardo Lacca, que exibe seu primeiro longa-metragem (Permanência) no Janela, participa do festival desde a primeira edição. “Eu acho fenomenal passar meu longa aqui. É exatamente onde queria exibir, na minha cidade e no Cinema São Luiz”, afirmou o cineasta. O filme conta a história de um fotógrafo pernambucano que vai participar da abertura de sua exposição na cidade de São Paulo e precisa ficar hospedado na casa de um antigo amor. A ideia do filme surgiu há cerca de 8 anos e começa sua carreira nos festivais agora, depois de ser exibido no Festival do Rio.

Para os interessados em conferir a produção local de cinema, o Janela de Cinema ainda exibe Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro; Prometo um dia deixar essa cidade, de Daniel Aragão; Sangue Azul, de Lírio Ferreira e A História da Eternidade, de Camilo Cavalcanti.

Confira a programação da mostra competitiva do festival e também das mostras convidadas.

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