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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (29) duas novidades na Lei de Drogas: a importação legal de produtos derivados de maconha para uso medicinal e a definição de uma quantidade mínima para diferenciar usuário e traficante. As mudanças foram apresentadas pelo senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e ainda dependem da aprovação de outras quatro comissões de senadores para ser colocada em votação no plenário da Casa para virar lei nacional.

O senador defendeu a liberação de derivados de Cannabis - o princípio ativo da maconha - para fins terapêuticos como uma tendência médica já reconhecida pelo Poder Judiciário, que tem dado ganho de causa a pacientes que processam o Estado para tratamento de doenças. "Optamos por seguir a tendência que já vem sendo encampada pelo Judiciário, que é de permitir a importação de 'canabinoides' para uso medicinal, em casos específicos de certas doenças graves", disse.

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A importação de remédio à base de maconha foi discutida em uma série de seminários promovidos pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado. A regulamentação dos medicamentos, contudo, caso aprovada a importação pelo plenário, deverá ser regulamentada pelo Ministério da Saúde. A abertura legal também vai permitir que os medicamentos possam ser produzidos no País.

A definição de uma quantidade mínima ainda será debatida. O critério adotado foi de cinco dias de consumo por pessoa, sem definir valores. Os senadores concordaram que a proposta era importante para diferenciar juridicamente consumidor e traficante. O tema foi incluído por Valadares para acompanhar sugestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O ex-presidente sugeriu dez dias de consumo individual, conforme prevê a legislação de Portugal.

Para baixar o custo da mão de obra e agilizar o mercado de trabalho, o governo federal quer flexibilizar a contratação de trabalhadores temporários pelo setor privado. Inicialmente prevista somente para contratações visando a Copa do Mundo, a Medida Provisória (MP) em preparação vai permitir essas contratações flexíveis, sem registro em carteira, para todos os setores da economia, em qualquer momento do ano, em todo o País.

Segundo minuta da medida, à qual o Estado teve acesso, as empresas poderão fechar um contrato de trabalho de 14 dias, renováveis (com intervalo de sete dias corridos) até o limite de 60 dias por ano. No governo, a futura medida provisória é apelidada de "MP do Magazine Luiza", dada a influência da empresária Luiza Trajano na gestação do mecanismo, inicialmente proposto pelo Planalto, e formulado no âmbito do Conselho de Relações do Trabalho (CRT), que conta com integrantes do governo, do setor privado e dos sindicatos.

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Os técnicos do governo Dilma Rousseff avaliam que os setores de comércio varejista e serviços em geral serão os principais beneficiários com a criação do novo regime de contratação temporária. O instrumento de flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) está sendo fechado entre o Ministério do Trabalho e o próprio Palácio do Planalto.

Os "minicontratos temporários" não terão registro em carteira. A empresa deverá inserir as informações dos contratos firmados com os trabalhadores temporários em um sistema eletrônico único, que será operacionalizado pelos ministérios da Fazenda, do Trabalho e da Previdência Social. Assim, a declaração "substituirá a obrigatoriedade de entrega de todas as informações, formulários e declarações a que está sujeito o contratante, inclusive as relativas ao recolhimento do FGTS", como estipula a minuta da MP.

Punição

Adicionalmente, o projeto prevê que todos os encargos trabalhistas e as contribuições ao INSS e ao FGTS serão recolhidas em um documento único. Caso haja qualquer infração, a empresa será obrigada a pagar uma multa fixa, de R$ 2 mil, ao trabalhador.

Na visão do governo, a MP vai permitir um "salto" na contratação formal de trabalhadores no País, ao reduzir o custo da mão de obra para a empresa e, principalmente, por agilizar a contratação dos trabalhadores. Contratando um trabalhador dessa maneira, a empresa economizaria porque não precisaria pagar um mês integral de salário. Por outro lado, o trabalhador terá direito ao pagamento de férias e 13.º proporcionais ao tempo em que desempenhar a função.

Os planos iniciais de permitir a flexibilização somente nos períodos dos grandes eventos, como a Copa do Mundo (entre maio e julho de 2014), e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (entre julho e setembro de 2016) foram abandonados nas últimas semanas. Os especialistas do governo veem no projeto uma forma de manter aquecido o mercado de trabalho - que vem desempenhando o papel de mola propulsora do crescimento econômico e aumento de renda da população há praticamente uma década. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Irã está pronto para mostrar flexibilidade nas conversações nucleares com o objetivo de reduzir as preocupações do Ocidente com seu controverso programa nuclear, afirmou neste sábado (13) o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast. A decisão ocorre após o aumento das tensões entre a república islâmica, Israel e o Ocidente.

Os comentários de Mehmanparast, publicados na agência de notícias oficial, IRNA, dão ênfase à tentativa de Teerã de retomar as discussões com os líderes mundiais, após a constatação de que as sanções estão pressionando a economia e a União Europeia pondera um boicote ao gás natural iraniano.

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"O Irá está pronto para mostrar flexibilidade e remover as preocupações com a estrutura legal, mas essas medidas devem ser recíprocas", afirmou Mehmanparast. "A outra parte precisa tomar medidas para reconhecer totalmente os direitos nucleares do Irã e sua disposição aos propósitos de paz".

As informações são da Associated Press.

Como parte da agenda para aumentar a competitividade da economia, a presidente Dilma Rousseff ensaia entrar num terreno pantanoso para um governo do PT: a flexibilização das normas trabalhistas. A Casa Civil analisa proposta de projeto de lei pelo qual trabalhadores e empresas poderão firmar acordos com normas diferentes das atuais, baseadas na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em vigor há 69 anos.

Na prática, o projeto permite que os salários e a jornada de trabalho sejam reduzidos de forma temporária em caso de dificuldades econômicas. Ele abre caminho também para a utilização mais ampla do banco de horas, pelo qual os trabalhadores cumprem horas extras sem receber adicional, e compensam o tempo trabalhado a mais com folgas.

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Os acordos entre empregados e empresas seriam firmados por meio do Comitê Sindical de Empresa (CSE), segundo prevê o projeto de lei. As normas à margem da CLT comporiam um acordo coletivo de trabalho. Empresas que concordarem em reconhecer no CSE seu interlocutor e os sindicatos que aceitarem transferir ao comitê o poder sindical terão de obter uma certificação do governo.

O papel dos sindicatos, nesse sistema, seria o de atuar nas empresas que optarem por continuar sob o "modelo CLT". Eles também selariam com as entidades patronais as convenções coletivas - por meio das quais empregados e patrões definem, anualmente, aumentos salariais. Todos os membros do CSE terão de ser sindicalizados.

A proposta em análise foi elaborada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, baseada no modelo alemão e foi entregue ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Recentemente, a Casa Civil, que auxilia Dilma na elaboração de normas legais, pediu para analisar o projeto. Mas ainda não está certo se o governo adotará o projeto como seu e o enviará ao Congresso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A adoção de políticas flexíveis na área trabalhista pode ser uma alternativa às demissões durante crises econômicas. Mas, para utilizá-las, o Brasil teria que fortalecer o mecanismo das negociações coletivas para permitir entendimentos entre patrões e empregados que não seguissem estritamente a legislação vigente e permitissem soluções alternativas e que não sejam questionadas na Justiça, como acontece hoje.

A conclusão é de um estudo feito pelo professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP) José Pastore, que preside o Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), e pelos pesquisadores Werner Eichhorst e Paul Marx, do Instituto de Estudos do Trabalho de Bonn, na Alemanha.

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A pesquisa comparou as relações trabalhistas do Brasil e da Alemanha e a experiência de cada país para lidar com a crise financeira de 2008, considerando que ambas as nações sofreram impactos reduzidos. Na Alemanha, o desemprego, que estava em 7,8% em 2008, foi para 8,1% em 2009 e voltou para 7,7% em 2010. No Brasil, o desemprego estava em 7,9% em 2008, aumentou para 8,1% em 2009 e caiu para 6,7% em 2010.

De acordo com Pastore, a principal diferença entre Brasil e a Alemanha reside no fato de que as relações de trabalho são acertadas por negociações coletivas, enquanto no Brasil tudo é decidido pela lei e, caso seja firmada, uma negociação pode ser cancelada caso algum trabalhador entre na Justiça contra seus efeitos.

De acordo com o estudo, negociações coletivas na Alemanha permitiram a adoção de medidas flexíveis, como ajustes na jornada de trabalho, reduções salariais, banco de horas, afastamento temporário e contratos com prazo determinado. Essas medidas mantiveram taxas de desemprego mais baixas no país do que em outros integrantes da União Europeia, como a Espanha, que chegou aos 20%. No Brasil, a opção foi pela expansão do crédito, redução de impostos e subsídios para habitação popular, entre outras medidas.

Para Pastore, o fortalecimento das negociações são uma alternativa que pode servir ao País. "Não há nem dúvida, esse é o caminho mais urgente e mais viável para o Brasil. Quando se usam medidas negociadas, flexíveis, de entendimento, bom senso, dá para superar as crises com menos dor", afirmou. "No caso da crise de 2008, não houve tanto desemprego para as empresas que fizeram negociações. Agora, para aquelas que não fizeram, a dor foi intensa mesmo. A recomendação que tiramos é que precisamos prestar mais atenção a essas medidas flexíveis e dar mais apoio e segurança jurídica para que tanto empregados quanto empregadores as utilizem na hora de necessidade".

Uma das medidas mais ousadas utilizadas na Alemanha foi um modelo de flexibilização que uniu jornadas reduzidas a diminuição dos salários. A renda, porém, era complementada por um fundo, semelhante ao seguro-desemprego, mas que recebe contribuições dos empresários, do governo e também dos trabalhadores. No período em que a jornada era reduzida, os trabalhadores fizeram cursos de qualificação. O programa vigorou por até nove meses e o estudo estima que ele foi uma das maiores contribuições para evitar que a taxa de desemprego chegasse a algo entre 10% e 15%.

Presente ao debate, o senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE), ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirmou que a experiência alemã é uma referência que deve ser levada em conta, mas com ressalvas. "Eu acho que, nesse caso, é bom conhecer a experiência, mas temos que verificar o impacto fiscal disso, porque se hoje o Brasil tem limitações do ponto de vista do gasto público, é preciso verificar que impacto isso teria", afirmou. "Mas não há dúvida nenhuma que é uma compreensão muito adequada da questão, ou seja, antes de você gerar o desemprego, o Estado tem como atuar para evitar o desemprego. Eu acho que isso é um sistema inteligente, em que você não acode apenas no incêndio, mas evita o incêndio".

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, embora a realidade brasileira seja muito diferente da alemã, o princípio da preservação dos empregos é o mesmo. "Acho que quando os mecanismos de flexibilidade são implementados por atores representativos, por sindicatos e empresariado fortes, quando a negociação é acompanhada e é objeto de debate com os trabalhadores, que se envolvem e acreditam em um acordo feito de boa vontade, a experiência é bastante positiva", afirmou.

Na avaliação de Nobre, o problema é que, no Brasil, muitas vezes a representatividade do sindicato dos trabalhadores e mesmo do patronal é questionada, de forma que o Judiciário passa a regular as questões tendo em vista a lei. "Isso torna a negociação coletiva quase proibida no Brasil. Tudo é engessado pela lei e ninguém consegue avançar com a negociação coletiva.", afirmou.

Nobre disse ainda ser favorável à adoção de políticas flexíveis, que, segundo ele, podem ser mais efetivas na proteção do emprego. "O Brasil apostou no campo financeiro, de você criar uma multa de 40% sobre a indenização dos trabalhadores para inibir as demissões. Mas a crise de 2008 mostrou que isso não inibiu, as empresas de alguma maneira incorporaram esse custo e não houve dificuldade para ter as demissões", disse. "Nosso grande desafio é construir um mecanismo que nos permita atravessar um ano e meio ou dois de crise sem ter demissões. O caso alemão mostra isso, saíram rapidamente da crise porque preservaram empregos e o poder de consumo das famílias".

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