Tópicos | fovernador

Neste fim de semana, os partidos dos candidatos mais bem avaliados ao Governo de Pernambuco realizam suas convenções e devem anunciar o trio de indicados a compor a chapa da disputa estadual e no Senado. As convenções simbolizam a largada da corrida eleitoral, que neste ano apresenta um cenário bastante acirrado.

Cinco candidatos à frente nas pesquisas articulam alianças dentro do próprio estado para romper a hegemonia do PSB, representada pelo deputado Danilo Cabral. A consolidação da Frente Popular do litoral ao interior é o principal obstáculo para a oposição.

"É uma das campanhas mais difíceis de Pernambuco nos últimos tempos por termos pré-candidatos com bastante representatividade. Um representando a máquina pública que já está na mão de um grupo há mais de 16 anos e os outros candidatos representando uma certa inovação para esse cenário", sintetizou o cientista político Caio Souza.

##RECOMENDA##

 Essa multiplicidade de palanques se caracteriza pela aposta dos partidos em perfis jovens, representantes da renovação geracional das lideranças políticas do estado. Outro realce se dá no fortalecimento de candidaturas femininas, com destaque para Marília Arraes (Solidariedae) e Raquel Lyra (PSDB), que podem valorizar a representatividade para atrair a maior fatia do eleitorado de Pernambuco, onde 54% dos eleitores são mulheres.

“São jovens candidatos, dos quais três ex-prefeitos de importantes cidades (Jaboatão dos Guararapes, Caruaru e Petrolina) renunciaram aos seus mandatos com boas aprovações e reeleição consolidada. São de famílias tradicionais, mas trazem novas ideias", sublinhou o cientista político Marconi Aurélio e Silva.

Souza enxerga Marília como uma figura promissora, sobretudo pela escolha de Sebá Oliveira (Avante) como vice para alcançar votos no interior. Contudo, o deputado federal declarou voto no presidenciável do seu partido, André Janones, que, apesar da afinidade com Lula, choca com os esforços de Marília para vincular sua campanha à imagem do ex-presidente. Sem o suporte do líder petista, que faz campanha para Danilo Cabral, seu desempenho pode ser limitado. 

Ainda assim, a estratégia de conversar com partidos mais afastados da esquerda pode lhe render bons frutos. Não à toa que, em um eventual segundo turno, não será surpresa vê-la ao lado dos atuais concorrentes. "Marília não conseguiu angariar o apoio do PP e do Pros como gostaria, tendo apenas o apoio do Avante e do senador André de Paula (PSD). São nichos bem distintos, então, ela tem uma boa aliança", avaliou.

Sem tanta popularidade na Região Metropolitana do Recife, Danilo "depende muito de seus padrinhos para que tenha seu nome alavancado", tanto que tem a atual vice-governadora, Luciana Santos (PCdoB), como vice de chapa. Apoiado por Lula, mesmo tendo votado pelo impeachment de Dilma Roussef, o deputado vai precisar de jogo de cintura diante do relacionamento abalado entre PSB e PT herdado nas últimas eleições municipais. 

"Toda a quebra de confiança de 2020 fez com que parte da ala petista não concorde com a candidatura de Danilo e tenha maior simpatia de Marília", comentou o estudioso.

Com uma composição de apoiadores no Agreste, Raquel Lyra (PSDB) aposta na solidez da sua vice, Priscila Krause (Cidadania), para conquistar votos na capital. Por outro lado, como representam uma vertente mais centralizada da direita, "apesar da popularidade adquirida ao longo da carreira política, elas não conseguem atrair votos do bolsonarismo para compor sua votação", compreende.

No outro eixo da polarização nacional, Anderson Ferreira (PL) montou uma chapa 'puro sangue' ao lado de Izabel Urquiza. Além disso, o ex-prefeito tem o ex-ministro do turismo e pré-candidato ao Senado, Gilson Machado, no seu bloco eleitoral.

Para o cientista político, o voto evangélico será, mais uma vez, uma das principais bases da sua campanha. "Anderson não conseguiu fazer uma linha de alianças muito grande. No entanto, tem o presidente como seu principal aliado, além da máquina de Jaboatão e de alguns prefeitos", considera.

Na mesma linha de composição de chapa, Miguel Coelho (União Brasil) anunciou como vice Alessandra Vieira. Atrás dos demais concorrentes nas pesquisas, Souza explica que as forças políticas do estado ainda não agregaram seu nome.

"Ele tem um bom cabo eleitoral na figura do pai [o senador Fernando Bezerra Coelho], mas sem o piso de um apoio que venha lhe dar mais sustentação [...] A campanha majoritária depende de personagens fora da localidade para dar volume na votação", complementou o especialista.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando