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Não se assiste ao filme “Serge Gainsbourg – O homem que amava as mulheres” sem conhecer, minimamente, a atmosfera boêmia que envolveu sua carreira. Nem que isso signifique, apenas, saber de seus romances e excessos com cantoras e atrizes famosas, como as francesas Juliette Greco e Brigitte Bardot.

O filme do diretor Joann Sfar, que chega à sua segunda semana em cartaz no Cinema da Fundação, no Derby, apresenta fragmentos do que foi a vida de Serge Gainsbourg. E que pese a palavra fragmentos: o excesso deste elemento empobrece um pouco a narrativa, mas talvez evidencie exatamente o que Serge foi durante sua vida – nem 100% filho, nem 100% pai, pintor ou compositor.

Talvez a única coisa que ele realmente tenha sido, sem titubear, foi um amante (daí, a escolha do subtítulo não poderia ter sido melhor). Apesar de sua aparência, digamos, pouco “favorável”, o mistério e a criatividade de Serge seduziam as mulheres (e, novamente, não apenas “mortais”, como já citado...) como um estalar de dedos. Fui ali e me casei com Jane Birkin.

Um dos pontos altos do filme é o uso de animações que dão um tom de realismo fantástico à trama (o diretor Sfar é também quadrinista), criaturas fantásticas frutos da mente geniosa de Gainsbourg, que o acompanham desde sua infância conturbada (quando ainda era Lucien Gizbourg, seu nome de batismo) até os dias internado no hospital com câncer no pulmão.

Destaque para o Serge garoto, em cenas fantásticas que tentam passar o conflito e a audácia de um menino precoce, paquerando a torta e à direita uma modelo-viva da escola de artes, na qual fora matriculado pelo seu pai, que sonhava que ele fosse um pianista.

Aliás, o que em um primeiro momento pode parecer uma “obrigação” para o garoto, como o fato de ter que aprender piano, mostra-se, a posteriori, como o fio condutor da vida de Serge – a partir da música ele foi capaz de superar a estranha aparência de ser narigudo e orelhudo, conquistar mulheres (as mais belas da praça) e deslanchar em composições que, se o espectador não conhecia, vai ficar com muita vontade de conhecer (Je t’aime...Moi non Plus, e La Javanaise, por exemplo).

As atuações, de maneira geral, estão bastante convincentes. A semelhança do ator Eric Elmosnino (que ganhou o César, considerado o Oscar francês de melhor ator) com o compositor judeu, a incrível Laetitia Casta e suas “caras e bocas”, como Brigitte Bardot, e a espantosa semelhança da atriz britânica Lucy Gordon (foto) como Jane Birkin, a “americana” andrógena e meio moleca que conquistou o coração de Serge, mãe da atriz Charlotte Gainsbourg (que está em cartaz com o filme “Melancolia”, de Lars Von Trier, pela 5ª semana, também na Fundaj).

Inclusive, este foi o último papel da jovem atriz Lucy Gordon em vida, pois ela foi encontrada enforcada em seu apartamento, em Paris, após as filmagens do filme. Sfar dedica a película à ela.

A impressão que dá no desfecho do filme, com a ida de Gainsbourg à Jamaica para gravar um reggae (?), é que o filme tenta, desesperadamente, dar conta dos fatos cronológicos ocorridos ao longo de uma vida turbulenta (como toda e qualquer vida), o que soa um pouco cansativo. O filme termina com o recado do diretor/roteirista: “Eu amo demais Gainsbourg para tentar trazê-lo à realidade. Não são as verdades em torno dele que me interessam, mas suas mentiras”. Fica a dica.

Aproveitando a deixa da estreia do filme "Gainsbourg - O homem que amava as mulheres" (amanhã, na Fundaj), a Aliança Francesa do Recife promove o Festival da Canção Francesa, nesta quinta-feira (25), às 22h, sob o repertório do compositor e ator judeu Serge Gainsbourg. Os ingressos serão distribuídos com uma hora de antecedência do evento.

Doze artistas do Norte e Nordeste do país irão participar desta seletiva, que acontece no Teatro Barreto Junior, no Pina. Os dois primeiros colocados disputarão a grande final, em novembro, no Rio de Janeiro. Eles concorrem ao prêmio final de uma passagem e hospedagem de uma semana na capital francesa.

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O francês Franck Rivet estará presente na seletiva, e prestará uma homenagem no final ao compositor, mesclando ritmos nordestinos às suas canções.

Serviço

Festival da Canção Francesa
Quando: Quinta-feira (25), às 22h
Onde: Teatro Barreto Junior (R Estudante Jeremias Bastos, s/n, Pina)
Informações: 81 3202-6262

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