Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 2004, o Círio de Nazaré é uma das festas religiosas mais importantes do Brasil e envolve devotos há mais de dois séculos. A grande manifestação de fé que se espalha pelas ruas centrais de Belém no segundo domingo de outubro encanta pelo fervor e produz imagens impressionantes, captadas pelas lentes de fotógrafos profissionais e amadores.
Nos registros de círios passados estão os momentos de dor e sacrifício, de louvor e devoção, de renúncia e emoção pelo contato com a imagem da santa, que certamente se repetirão na romaria deste domingo (11). Em entrevista ao portal LeiaJá, quatro fotógrafos falam da riqueza cultural e da força religiosa que estão presentes no Círio de Nazaré.
##RECOMENDA##
[@#galeria#@]
“O Círio tem uma carga enorme de sentimentos e emoções, uma energia muito positiva e uma indescritível mistura de cores, sabores e cheiros. Impossível ficar indiferente a todo esse momento ímpar. E, por esta razão, outros sinais de devoção fazem a fotografia dos Círios ser um momento único ver a procissão além do duo berlinda-corda: é navegar no mar de gente e mostrar a graça alcançada por meio do objeto que o promesseiro traz na cabeça; é fazer (e se) emocionar com o registro da vontade de pagar uma promessa com os joelhos no chão; é o banho involuntário com a água lançada por bons samaritanos que estão sempre dispostos a ajudar os romeiros, numa chuva de bênçãos e fé; é o testemunho da devoção do alto de sacadas e janelas, enfim. É guardar aquela manifestação singela e se emocionar por todo o ano, esperando ansiosamente o próximo Círio para tudo isso acontecer novamente." Madson Melo, fotógrafo freelancer.
“Nos últimos cinco anos, durante as inúmeras imagens capturadas, posso dizer que já vi de tudo um pouco. No meu ponto de vista, quando falo do Círio, penso nele como um todo: plantação de mandioca, brinquedos de miriti, gastronomia, festas e as procissões. Como disse, o Círio é uma excelente oportunidade para os fotógrafos devido à grande diversidade e possiblidades de olhares múltiplos. Vejo diversos pagadores de promessas, voluntários, fogos, festas, cores e fé. Mesmo com todos os riscos de levar os equipamentos para um aglomerado de pessoas, vale o risco. Pois digo sempre: cada Círio tem sua beleza, sua diversidade e enquanto tiver forças estarei participando e fazendo as minhas imagens." Wildes Lima, jornalista e fotógrafo.
“A princípio, a ideia de registrar o Círio me incentivava a dar passos mais longos na fotografia e abria dessa forma horizontes ainda inexplorados por mim. O primeiro impacto foi na Trasladação, quando tive contato direto com os romeiros que acompanhavam a pequena imagem na berlinda. Só então eu pude confirmar as expectativas que já idealizara anteriormente. Quando entrei em ação, instintivamente me coloquei como peregrino: descalço e com uma pequena mochila nas costas, onde guardava todos os meus pertences, era tudo o que eu tinha além das ideias que fluíam a todo momento. O que me ajudou a conseguir fotografar essa grande festa não foi o equipamento ou o meu conhecimento sobre fotografia, mas sentir o que qualquer devoto pode sentir durante a procissão, me maravilhando com cada homenagem e me emocionando com a fé transbordante de cada alma reunida naquele lugar." Kevin Hendrix, fotógrafo.
“Fotografar o Círio de Nazaré é um misto de sensações. É poder navegar em águas nunca antes exploradas, é sentir o pulsar de vários corações unidos na fé. Não é uma tarefa fácil, pois a concentração de pessoas é muito grande e intensa. São pais, mães, filhos com seus pedidos diversos. Casas, velas, pés, livros ou mesmo lágrimas como promessas alcançadas em união de vários para uma só, a mãe do Filho de Deus.” Jefferson Ferreira, coordenador de arte de jornalismo.