Tópicos | General Paulo Sérgio Nogueira

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa criticou, na madrugada desta quinta-feira (7), as declarações do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, sobre a segurança das urnas eletrônicas e o interesse de grupos antidemocráticos em atacar o sistema eleitoral brasileiro. Em uma série de publicações no Twitter, Barbosa comentou a fala de Nogueira dada durante uma audiência na Câmara dos Deputados.

“Convido as pessoas com um mínimo de conhecimento da trágica história política brasileira a um exame sereno e lúcido da frase do ministro da Defesa, um general que faz parte do grupo de auxiliares do primeiro escalão do Presidente da República:  Disse o general Paulo Sergio Nogueira: 'As Forças Armadas estavam quietinhas em seu canto e foram convidadas pelo TSE…'. Ora, general, as Forças Armadas devem permanecer quietinhas em seu canto, pois não há espaço para elas na direção do processo eleitoral brasileiro”, disse Joaquim Barbosa.

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Durante a audiência no Congresso, o ministro bolsonarista foi questionado pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-RJ) se as equipes de inteligência das Forças Armadas monitoram "grupos armados ou pessoas mal-intencionadas [que possam tentar] interferir e tirar a paz no processo eleitoral".

À ocasião, a parlamentar usou como comparação a invasão ao Capitólio, nos Estados Unidos, e demonstrou preocupação com o ato antidemocrático servir de referência ao mesmo tipo de grupo, mas no Brasil. O chefe da Defesa se mostrou despreocupado com a possibilidade de ataques antidemocráticos acontecerem.

"A preocupação que a senhora expõe no comentário em relação ao emprego da inteligência internamente e, não sei se foi essa a intenção, no que diz respeito ao processo eleitoral, eu nego e não existe esse tipo de preocupação [reedição da invasão do Capitólio no Brasil]."

Na audiência, o ministro disse que não tem questionado a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro. Ele afirmou, no entanto, que nenhum sistema está imune a falhas ou fraudes e que as urnas eletrônicas podem ser aperfeiçoadas.

"Nenhum sistema informatizado é totalmente inviolável, sempre haverá riscos, até mesmo em bancos que gastam milhões [de reais] em sistemas de segurança. Não se trata de qualquer dúvida em relação ao sistema eleitoral."

O questionamento em tom mais ameno não passou despercebido pelo ex-chefe da Suprema Corte: “Insistir nessa agenda de pressão desabrida e cínica sobre a Justiça Eleitoral, em clara atitude de vassalagem em relação a Bolsonaro, que é candidato à reeleição, é sinalizar ao mundo que o Brasil caminha paulatinamente rumo a um golpe de Estado. Pense nisso, general”, concluiu Joaquim Barbosa.

O general Paulo Sérgio Nogueira assumiu o comando do Ministério da Defesa, nesta sexta-feira (1º), durante cerimônia de transmissão de cargo na sede da pasta, em Brasília (DF). O evento contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro e dos comandantes da Marinha, Almir Garnier Santos; do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior.

  "Honrado com a distinção de ter sido nomeado, agradeço ao senhor presidente da República por confiar à minha pessoa a condução das políticas setoriais de uma das áreas essenciais para a soberania e para a própria existência do Estado brasileiro. Recebo essa missão com entusiasmo e muita vibração", afirmou o novo ministro. 

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Nogueira substitui o também general Walter Braga Netto, que assumirá um cargo na assessoria especial do presidente da República. Braga Netto é cotado para concorrer às eleições como candidato à vice-presidente na chapa de reeleição de Bolsonaro. 

 Ontem (31), o presidente Jair Bolsonaro havia dado a posse a nove ministros e outros integrantes do governo que se desincompatibilizaram dos cargos para concorrem a cargos eletivos nas eleições de outubro deste ano. A Lei Eleitoral exige o afastamento dos cargos até seis meses antes do pleito. 

  Perfil

O novo ministro da Defesa é natural de Iguatu, no Ceará. Ele ocupava o Comando do Exército desde o ano passado, até ser convidado para assumir o primeiro escalão do governo federal. 

 Nogueira ingressou na força pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em 1977, tornando-se aspirante a oficial da Arma de Infantaria em 1980. Como general, chefiou o Estado-Maior do Comando Militar do Oeste, em Campo Grande (MS); a 16ª Brigada de Infantaria de Selva, em Tefé (AM); o Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia, em Manaus (AM); o Comando Logístico do Hospital das Forças Armadas, em Brasília (DF); e o Comando Militar do Norte, em Belém (PA).

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