O papa Francisco recebeu, neste domingo (10), no Vaticano, a freira colombiana Gloria Cecilia Narváez, que foi libertada no sábado (9) depois de ter sido sequestrada por extremistas islâmicos em 2017 no Mali, anunciou o porta-voz da Santa Sé.
"Esta manhã, antes da celebração da Santa Missa de abertura do Sínodo dos Bispos, o papa saudou a irmã colombiana Gloria Cecilia Narváez, sequestrada em 2017 e recentemente libertada", disse Matteo Bruni em um breve comunicado.
De acordo com a agência especializada do Vaticano I-media, após a celebração, o papa Francisco foi até ela para abençoá-la.
A irmã Gloria Cecilia Narvaez foi mantida refém com o padre italiano Pierluigi Maccalli, que foi libertado no ano passado, de acordo com a mesma fonte.
Originária do departamento de Nariño, no sudoeste da Colômbia, a irmã Gloria integrava a congregação suíça das Irmãs Franciscanas de Maria Imaculada, criada em 1893 no país sul-americano e com presença em 17 países.
Ela foi sequestrada em 7 de fevereiro de 2017 perto da cidade de Koutiala, 400 quilômetros a leste da capital, Bamako. Na época, trabalhava como missionária havia seis anos na paróquia de Karangasso.
De acordo com a presidência do Mali, sua libertação foi fruto de "quatro anos e oito meses de esforços combinados dos serviços de inteligência".
"Agradeço às autoridades do Mali, ao presidente, a todas as autoridades do Mali, pelo esforço que fizeram para que fôssemos libertados, que Deus os abençoe, que Deus abençoe o Mali", disse a freira no sábado em declarações à televisão estatal ao lado do presidente interino do Mali, o coronel Assimi Goita, e do arcebispo de Bamako, Jean Zerbo.
"Estou muito feliz por ter tido boa saúde por cinco anos, graças a Deus", acrescentou a freira de 59 anos.
O arcebispo Zerbo assegurou à AFP que a freira "está bem". "Rezamos muito pela sua libertação. Agradeço às autoridades do Mali e a outras pessoas boas que tornaram possível esta libertação", acrescentou. A freira embarcou em um avião para Roma na noite de sábado.
- Anos de negociações -
Uma fonte próxima à delegação que trabalhou pela libertação de Narváez garantiu à AFP que a freira não foi maltratada durante o sequestro e que ela conheceu o Alcorão. "Não vamos dar detalhes. As negociações duraram meses, anos", acrescentou a fonte.
A vice-presidente e ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Marta Lucía Ramírez, disse estar feliz com a libertação, que atribuiu ao governo e a um trabalho de "múltiplas conversas e pedidos de ajuda internacional" com vários líderes da África e da França.
De acordo com a polícia colombiana, seis comissões foram para Gana e Mali durante os quatro anos de cativeiro.
Em diferentes entrevistas à AFP, alguns colaboradores próximos de Narváez manifestaram negligência por parte do governo no caso da freira sequestrada. A mãe da freira faleceu em setembro de 2020 aguardando a libertação de sua filha.
Os sequestros são comuns no Mali, mergulhado numa grave crise de segurança, especialmente no centro do país, um dos focos da violência islamita. Desde março de 2012, várias áreas são controladas por grupos ligados à rede Al-Qaeda.
O presidente Aissimi Goita aproveitou a libertação de Narváez para garantir a seus cidadãos e à comunidade internacional que "está trabalhando muito" para libertar todas as pessoas sequestradas neste país do Sahel.
Durante o cativeiro, quatro evidências de que Narváez estava viva foram reveladas, segundo a polícia colombiana. A última foi uma carta datada de 3 de fevereiro de 2021 e divulgada em julho por seu irmão Edgar.
Num documento de "onze linhas, de próprio punho, com letras maiúsculas porque sempre usou maiúsculas", a freira implorava por sua libertação.
Segundo a polícia colombiana, "embora publicamente" o grupo que a mantinha cativa não exigisse "determinada cifra, foi possível estabelecer que o objetivo final" era "econômico".
Em recente entrevista à AFP, a irmã Carmen Isabel Valencia, superiora das Irmãs Franciscanas de Maria Imaculada, destacou a "coragem" da freira na hora do sequestro.
De acordo com Valencia, homens armados estavam prestes a sequestrar duas freiras mais jovens, mas Narváez se entregou aos sequestradores dizendo "eu sou a superiora, me levem".
"Ela é uma mulher de uma qualidade humana muito especial, da mais alta qualidade humana, sacrificada para morrer, movida pelo amor pelos pobres", disse Valencia.