Tópicos | Heitor Dhalia

O filme Faroeste Caboclo, de Rene Sampaio, foi o grande vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, entregue nesta terça-feira (26), à noite, no Teatro Municipal do Rio. O longa, inspirado na música homônima de Renato Russo, ganhou sete troféus, incluindo o principal, de melhor filme; depois dele vieram Flores Raras, de Bruno Barreto, com quatro, e Serra Pelada, de Heitor Dhalia, com três.

O prêmio é realizado desde 2002 pela Academia Brasileira de Cinema e é considerado o Oscar brasileiro. Curiosamente, numa noite que tinha um prêmio novo e especial só para comédias, nenhum dos três se enquadra na categoria.

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As escolhas foram feitas por 200 sócios, representantes da indústria e críticos. O público votou para escolher melhor filme nacional, estrangeiro e documentário: ganharam Cine Holliúdy, Django Livre e Elena.

A noite foi de homenagem ao cineasta Domingos Oliveira, cujo primeiro filme, Todas as Mulheres do Mundo, de 1966, norteou o roteiro. Ele foi aplaudido de pé pelo Municipal ao fim da cerimônia e agradeceu dizendo que "tem recebido homenagens desproporcionais". "Não admito que ninguém diga que tem uma vida melhor do que a minha", brincou.

Tudo começou como um suvenir de infância. Garoto, em Pernambuco, nos anos 1980, Heitor Dhalia ouvia na TV as histórias de Serra Pelada, um lugar mítico - Eldorado? - em que se misturavam homens rudes em busca do ouro e mulheres gostosas como Rita Cadillac. Com o garimpo, enterrou-se a ditadura e hoje, com o distanciamento provocado pelo tempo e pela reflexão, o diretor pode dizer que ali, naquele buraco gigantesco, foram lançados os fundamentos do Brasil moderno. Depois de duas experiências internacionais, À Deriva e Gone, e disposto a retomar suas origens brasileiras, Serra Pelada se impôs como tema, como paisagem, como sonho.

Foram cinco anos de trabalho intenso, insano, duro, mas a miríade está completa. Serra Pelada encerra oficialmente, depois de amanhã, 8, o 15.º Festival do Rio. No dia seguinte ocorre a cerimônia de premiação, com a entrega dos prêmios aos vencedores do troféu Redentor. E uma semana mais tarde, no dia 18, será o lançamento, grande como o próprio filme. Não se pode pensar pequeno a propósito de Serra Pelada, mas Dhalia, que já pensava grande, não tinha a dimensão de como seria difícil viabilizar a história que queria contar.

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"Desde o início era uma história de amizade, de Juliano e Joaquim, dois amigos que partem em busca do Eldorado e conhecem o inferno", explica o diretor. Ele teve uma parceira decisiva no processo - a roteirista (e também diretora, embora não aqui) Vera Egito, que encarou com Dhalia o desafio de concentrar em duas horas todos os excessos de Serra Pelada.

Sexo e poder, ouro, violência. E, ao mesmo, contando a história de Serra Pelada, o filme dá conta do Brasil, do que ocorria no regime militar, de como o País via o garimpo, com os olhos do Jornal Nacional, da Globo. Encontrada a maior pepita do mundo - e a cada anúncio, mais gente partia em busca do ouro. Criou-se um formigueiro humano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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