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O resultado de 14 anos de estabilidade monetária, no período entre 1995 e 2009, ainda expressa uma reduzida participação do rendimento do trabalho na renda nacional. A análise é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que divulgou hoje o estudo "Evolução da parcela do rendimento do trabalho durante a recente estabilidade monetária". O estudo ressalta que essa reduzida participação do rendimento do trabalho na renda nacional permanece baixa, "apesar da recuperação observada entre 2002 e 2009". O Ipea é uma fundação pública vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de analisar o comportamento da parcela do rendimento do trabalho na renda nacional em três momentos distintos: nos anos de 1995, 2002 e 2009, explica o instituto. "Tendo por referência o período recente da estabilização monetária, que resultou da implantação do Plano Real, em 1994", cita o trabalho. As análises resultam da sistematização de informações primárias geradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O Ipea destaca que a distribuição da renda nacional estabelece o peso relativo do conjunto dos rendimentos do trabalho no total do Produto Interno Bruto (PIB). Assim, a parcela do rendimento do trabalho indica o quanto da renda nacional é absorvida por todos aqueles que exercem as mais diversas atividades laborais assalariadas.

O estudo aponta que, entre 1995 e 2002, a participação do rendimento do trabalho passou de 48% para 42,4% da renda nacional, com ligeira alta depois, chegando a 43,4% em 2009. Apesar da recuperação entre 2002 e 2009, o instituto destaca que "a participação do rendimento do trabalho na renda nacional encontra-se ainda 9,6% abaixo do observado em 1995, início da recente estabilização monetária no Brasil".

O estudo também apresenta dados regionalizados. Em 2009, as regiões Sudeste (com 50,8%) e Sul (17,8%) registraram os maiores índices de participação relativa, seguidos pelo Nordeste (16,1%), Centro-Oeste (9,3%) e Norte (6,0%). Em 1995, era maior a força do Sudeste (56,7%), com menor peso das demais regiões: Sul (17,6%); Nordeste (14,5%), Centro-Oeste (7,3%) e Norte (3,9%).

"O Sudeste foi a grande região que decresceu continuamente sua participação na renda do trabalho, enquanto as demais melhoraram as suas posições relativas durante a estabilização monetária", cita o estudo do Ipea. As regiões Sudeste e Sul, juntas, ainda concentram mais de dois terços de toda a parcela nacional do rendimento do trabalho.

A economia brasileira pode crescer entre 3,5% e 4% em 2012, acima de 2011, que deve mostrar taxa em torno de 3% a 3,5%, nas palavras do diretor adjunto da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Dimac/Ipea), Cláudio Amitrano.

Embora tenha ressaltado que as projeções numéricas do instituto para este ano ainda não foram fechadas, o especialista classificou o nível de crescimento para 2012 como "bastante provável", caso não ocorra piora na crise europeia. "Mas este ainda não é o número fechado. Precisamos avaliar o que vai acontecer no último trimestre de 2011 para ter uma visão melhor", frisou, lembrando que o PIB do quarto trimestre do ano passado ainda não foi anunciado.

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Durante divulgação do Comunicado 130 do instituto, "Algumas Considerações sobre a Desaceleração do PIB em 2011", Amitrano explicou que o informe do Ipea projeta diferentes fotografias para o ambiente da economia brasileira em 2012. Ele admitiu que o pior cenário seria a transformação da crise europeia em crise financeira global, aos moldes da registrada em 2008. "Seria um cenário tenebroso", disse.

Embora tenha destacado que esta não é a hipótese mais provável, admitiu que, caso ocorra, teria profundos impactos negativos na economia brasileira este ano. Na análise do especialista, para que tal cenário ocorra, seria preciso ação equivocada ou atrasada do Banco Central Europeu (BCE) e das autoridades europeias nas soluções de pagamento das dívidas soberanas de países em mau estado econômico, como Itália e Grécia. "Assim, a crise ainda restrita ao espaço da zona do euro transbordaria para outras esferas", afirmou. "É uma possibilidade. Não é a mais provável, mas é uma possibilidade."

Amitrano comentou que, em sua avaliação, as autoridades europeias estão cientes do risco e não devem permitir a ocorrência do pior cenário. No entanto, lembrou que as instituições também lidam com o "imponderável", como fatores políticos não controláveis. Foi o caso do plebiscito grego para aprovação popular do acordo sobre a dívida daquele país - mesmo após árduas negociações entre os países europeus, no âmbito da União Europeia (EU), para formulação do acordo. "Mas eu sou um otimista. Acredito que a situação externa vai melhorar", afirmou.

O estudo "Presença do Estado no Brasil: Federação, suas Unidades e Municipalidades", divulgado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que os Estados da Região Norte têm os piores índices de estudantes que abandonaram a escola no ensino médio do País. Em todos eles mais de 60% dos jovens de 15 a 17 anos deixam a escola antes de completar esse nível de ensino. A pior situação se encontra em Rondônia, onde a taxa de evasão é de 68,4%. Por outro lado, o Distrito Federal apresenta a menor taxa, de 31,2%.

Os sete Estados do Norte ocupam as sete piores colocações no ranking de frequência escolar no ensino médio. Além de Rondônia, figuram na parte de baixo da tabela Acre (66,7% de evasão), Amazonas (65,6%), Roraima (63,9%), Pará (63,5%), Amapá (62,3%) e Tocantins (61,8%). Maranhão (60,4%) e Piauí (60,1%) completam a lista das unidades da federação cuja evasão escolar no ensino médio é superior a 60%.

De acordo com o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, a renda baixa é um dos elementos que contribui para a evasão escolar, mas ele diz que o problema econômico é insuficiente para explicar os níveis de abandono da escola no ensino médio. Pochmann cita que em São Paulo, o Estado mais rico da federação, a taxa de abandono é de 45,6%. "O problema da escola não é apenas de ordem econômica. A forma como a escola incorpora o aluno é outro elemento importante", afirmou.

O quadro do ensino fundamental não é muito diferente, com os Estados do Norte e do Nordeste dominando as dez últimas colocações. Nesse nível escolar, o Pará apresenta a pior situação, com uma taxa de abandono por crianças de 6 a 14 anos de 12,8%. Dentre as dez piores colocações aparece o Rio de Janeiro, com taxa de evasão de 10,8%. O Mato Grosso do Sul aparece, segundo o Ipea, como dono do menor índice de abandono no ensino fundamental - 5,6%. O estudo do Ipea utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2009 feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

CORPO DOCENTE - O documento do instituto chama atenção para a falta de qualificação dos professores das escolas públicas brasileiras. O número de docentes com formação superior não chega a 40% do total em Estados como Roraima, Maranhão e Bahia. Apenas em Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal essa proporção ultrapassa os 80%.

"No Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), a qualificação do docente constitui um de seus pilares de sustentação, com a criação do piso salarial nacional para o professor e o estímulo e a ampliação do acesso dos educadores à universidade", afirma o estudo. No entanto, "os baixos salários pagos em média aos docentes da educação pública têm dificultado a manutenção dos melhores profissionais nos quadros do magistério".

Um estudo divulgado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a nova Lei da Política Nacional de Mobilidade Urbana, sancionada no último dia 3 pela presidente Dilma Rousseff, pode ser considerada uma conquista da sociedade do ponto de vista "institucional", mas depende de engajamento político dos gestores municipais para garantir os seus efeitos. As novas regras priorizam o transporte público e coletivo sobre o individual, mas não entrarão em vigor até a Copa do Mundo de 2014, porque os municípios têm prazo até 2015 para se adequarem a elas.

A nova lei exige que os municípios com população acima de 20 mil habitantes elaborem planos de mobilidade urbana, a serem revistos a cada dez anos. Pela regra atual, essa obrigação é imposta apenas aos municípios com mais de 500 mil habitantes. Com isso, o número de cidades brasileiras obrigadas a traçarem políticas públicas de mobilidade urbana sobe de 38 para 1.663 municípios. As cidades que não cumprirem essa determinação serão penalizadas com a suspensão dos repasses federais destinados às políticas de mobilidade urbana.

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Os autores do estudo salientam que caberá aos prefeitos, vereadores e demais gestores municipais regulamentar a lei e adequá-la à realidade de cada município. Eles alertam para a necessidade de que a lei efetivamente saia do papel, em face do atual modelo de mobilidade urbana que "caminha para a insustentabilidade". Apontam como falhas deste modelo a baixa prioridade e inadequação da oferta do transporte coletivo, o uso intensivo de automóveis - que favorece congestionamentos e a poluição do ar - e a carência de investimentos públicos no setor.

Na visão dos técnicos do Ipea, um dos principais avanços da nova lei é garantir fundamento legal para que os municípios implantem políticas de taxação (novos tributos) para priorizar modos de transporte mais sustentáveis e coletivos, como pedágios urbanos e cobrança de estacionamento nas vias públicas. Um dos alvos dessa cobrança, segundo o Ipea, seriam os "beneficiários indiretos" do transporte público, como empresas que o utilizam indiretamente para o deslocamento de funcionários e clientes, por exemplo.

O Ipea aponta lacunas na lei, entretanto, como a falta de especificação das fontes de financiamento dos benefícios dirigidos a determinadas categorias de usuários, como estudantes e idosos. Destaca, ainda, a falta de mecanismos permanentes de financiamento da infraestrutura de transporte urbano, a não regulamentação do transporte urbano em cidades históricas e a omissão quanto às condições de acesso a fundos, empréstimos e financiamentos para aquisição e renovação de frotas.

 

São Paulo – A taxa de brasileiros que estão otimistas quanto à situação econômica do país ficou em 67,2% em dezembro, 3,5 pontos percentuais a mais do que em novembro e maior do que o apurado no mesmo período de 2010 (64,6%). Segundo o Índice de Expectativa das Famílias (IEF) divulgado hoje (5), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 78,2% das famílias indicaram estar melhor financeiramente atualmente do que há um ano, número maior do que o analisado no mês anterior (74,7%).

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A pesquisa revelou ainda que 86,6% das famílias têm expectativas positivas para a situação familiar este ano. Outras 57,4% acreditam que o momento é ideal para adquirir bens de consumo, enquanto 39,2% consideram que não é o momento de ir às compras.

De acordo com o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, o otimismo das famílias brasileiras deve-se à confiança de que o país continua crescendo mesmo que em um ritmo menor e que, ainda assim, o crescimento registrado permitiu a ampliação dos postos de trabalho, além da elevação da renda, principalmente nos segmentos que constituem a base da pirâmide social.

“Ao mesmo tempo, dezembro é um mês em que se recebe o décimo terceiro salário e em que se ampliam as vagas de trabalho temporárias, dando a perspectiva de que esse tipo de situação possa ter continuidade ao longo do ano de 2012”.

Pochmann ressaltou que as pessoas com maior grau de escolaridade são as mais otimistas enquanto as de menor grau de escolaridade são as mais pessimistas. Os dados indicam que, entre os otimistas, 73% possuem grau superior, acima dos 63,2% registrados no mês de novembro. Entre os pessimistas, estão 57,7% que não têm escolaridade, menos do que no mês anterior (59%). A classe sem escolaridade teve crescimento das expectativas negativas, para os próximos 12 meses, de 26,4%, registrados em novembro, para 30,3%, em dezembro.

O presidente do Ipea disse também que o segundo semestre do ano passado foi um momento em que as famílias decidiram fazer ajustes quanto ao seu endividamento. Os dados mostraram que, em dezembro, 56,1% das famílias afirmaram não ter dívidas, mais do que o registrado no mês anterior (55,6%). “A elevação da taxa de juros no ano passado, de certa maneira, serviu como processo educativo para as famílias não tomarem tanto crédito quanto vinham tomando”, observou Pochmann.

De acordo com os números, 92,3% das famílias não planejam tomar empréstimo ou financiamento para adquirir algum bem nos próximos três meses. Em novembro, esse índice era de 89,8%.

A taxa de investimento público no Brasil está hoje em cerca de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), indica o estudo "Como anda o investimento público no Brasil?", do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado hoje, em Brasília. O porcentual é menor que o verificado no último trimestre de 2010, de 2,9% do PIB. Segundo o Ipea, a queda recente na taxa de investimento público pode ser resultado de um comportamento cíclico, registrado em períodos pós-eleitorais. "Não se pode rejeitar a hipótese de que a evolução do investimento no ano de 2011 não está sendo atípica, mesmo que existam fortes indícios de desaceleração", diz o estudo do Ipea, lembrando que a maior parte dessa redução parece ser explicável pela influência do ciclo eleitoral e dos ajustes fiscais comuns aos primeiros anos após as eleições de governadores e presidencial. "Vale lembrar que no início do ano o governo federal anunciou cortes orçamentários da ordem de R$ 50 bilhões com intuito de cumprir a meta cheia de superávit primário no ano de 2011 e, no final do mês de agosto, manifestou a intenção de superar essa meta (o que ainda não foi aprovado) e realizar uma economia extra da ordem de R$ 10 bilhões", reitera.

O documento do Ipea diz ainda ser provável que a taxa de investimento público em 2011 não retorne aos níveis observados no fim de 2010. "Mas ainda não é possível concluir, ao menos por enquanto, que tenha havido uma interrupção da tendência de retomada do investimento público iniciada em 2004, após serem eliminados os efeitos cíclicos e sazonais. A manutenção da tendência de expansão do investimento público, que como vimos guarda correlação com o crescimento econômico, dependerá das decisões a serem tomadas futuramente e da capacidade das autoridades de criarem espaço fiscal para os investimentos." E o estudo destaca que o próprio governo federal tem manifestado reiteradamente a intenção de preservar dos contingenciamentos orçamentários os investimentos considerados prioritários, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

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O Ipea identificou queda nas taxas nos anos de 1999, 2003, 2007 e 2011, todos na sequência de anos eleitorais. "Os anos subsequentes às eleições presidenciais e dos governadores estaduais normalmente coincidem com quedas muito fortes da taxa de investimento público, relacionadas a programas de ajustes fiscais, que posteriormente são revertidas no decorrer do ciclo eleitoral", afirma o estudo.

Outra característica identificada pelo Ipea é a de que os investimentos públicos aumentam no último trimestre do ano. "Esse padrão sazonal está relacionado à própria lógica de execução orçamentária, cujas despesas discricionárias do ano-exercício (que coincide com o ano-calendário) tendem a ser efetivadas com certa defasagem em relação à arrecadação, e os cronogramas de liberação de limites da execução orçamentária pelos órgãos de planejamento são usualmente flexibilizados nos últimos meses do ano", detalha o documento.

Brasília - O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulga hoje (21) estudo que revela como os brasileiros percebem o problema da pobreza no país. A primeira edição do Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips) será divulgada às 14h30, na sede do Ipea, pelo diretor de Estudos e Políticas Sociais do instituto, Jorge Abrahão, pelas técnicas de Planejamento e Pesquisa Ana Cleusa Mesquita e Maria Paula dos Santos e pela chefe da assessoria técnica da Presidência, Luciana Acioly.

O Sips ouviu 3.796 pessoas em todo o país entre os dias 8 e 29 de agosto. Os entrevistados responderam  perguntas sobre as causas da pobreza e possíveis soluções. As opiniões colhidas mostram se os brasileiros percebem uma redução nos níveis de probreza nos últimos anos e como eles classificam a importância desse problema em relação a outros como violência, desemprego, educação e saúde.

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O Sips é um sistema de indicadores sociais que verifica como a população avalia os serviços de utilidade pública. Os dados apurados servem como guia para o setor público estruturar suas ações. Já foram divulgadas edições sobre justiça, educação, cultura, segurança, igualdade de gênero, bancos, mobilidade urbana, trabalho e renda, e saúde.

A economia brasileira deve apresentar um crescimento moderado no quarto trimestre do ano, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), graças a uma recuperação da atividade em novembro. Em 2011, a expansão no Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar em torno de 3%, dificilmente acima desse patamar, informou o instituto, que divulgou hoje a última Carta de Conjuntura do ano, em que analisa a atividade econômica no País.

"No quarto trimestre, a economia vai apresentar algum crescimento, mas moderado, por ter começado mal em outubro", avaliou Leonardo Carvalho, pesquisador do Ipea. "Mas alguns dados já mostram uma recuperação de setores em novembro, como o varejo. Houve aumento no licenciamento de automóveis novos. E, na produção industrial, indicadores antecedentes também mostram uma retomada", contou.

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Carvalho estima que o PIB brasileiro termine o ano entre 2,8% e 3%. "Se a gente crescer 0% no quarto trimestre, o PIB fecha o ano em 2,8%. Se o crescimento for 0,5%, o PIB cresce 3%", calculou o pesquisador.

Já o coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Ipea, Roberto Messenberg, está mais otimista para o PIB no último trimestre do ano. "O resultado do PIB no quarto trimestre deve ficar entre 0,5% e 1%".

Uma pesquisa do economista Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou indícios de manipulação nas estatísticas oficiais de criminalidade do Rio de Janeiro que mostraram suposta queda no número de homicídios no Estado desde o início do primeiro governo Sérgio Cabral (PMDB).

Os números oficiais apontam diminuição de 28,7% nos assassinatos entre 2007 a 2009, mas o estudo de Cerqueira, doutor em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ) mostra que o Estado pode ter ocultado do número total as mortes com causa externa indeterminada, nas quais o motivo não é definido entre homicídio, suicídio e acidente. Os óbitos externos sem motivação determinada passaram de 1.857, no período de 2000 a 2006, para 4.021 entre 2007 e 2009.

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O estudo mostra que o perfil das vítimas do homicídio é bem diferente dos mortos em acidentes e suicidas. Os assassinados são jovens com cerca de 20 anos, pretos ou pardos, estudaram no máximo até o ensino fundamental e 80% são mortos por armas de fogo na rua. Já o suicida típico é branco, tem em torno de 45 anos e morre enforcado em casa. Vítimas de acidentes violentos são comumente idosos, entre 70 a 80 anos, com pouca escolaridade. Na maioria das mortes catalogadas como "causa indeterminada" no Rio a vítima é jovem, estava na rua e foi morta a tiros - perfil típico da vítima de assassinato - o que pode ser indício da manipulação.

O número de mortes indeterminadas, cujas vítimas foram vítimas de Perfuração de Arma de Fogo (PAF) cresceu 263% nos últimos três anos no Estado. Apenas em 2009, 2.797 pessoas morreram sem que o Instituto Médico-Legal sequer apontasse a causa. A pesquisa de Cerqueira, "Mortes violentas não esclarecidas e impunidade do Rio de Janeiro" foi divulgada no site do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Inconsistências nas estatísticas de mortes por causas externas não determinadas no Rio já tinham sido apontadas pelo jornal O Estado de S.Paulo em sua edição de 7 de junho.

Responsável pela divulgação dos índices de criminalidade no Rio, o Instituto de Segurança Pública (ISP) não se manifestou sobre o assunto. O órgão é dirigido por oficiais da Polícia Militar desde 2008, quando a ex-diretora, a antropóloga Ana Paula Miranda foi demitida após recorde de pessoas mortas pela polícia nos autos de resistência (suposto confronto entre agentes e criminosos). Na ocasião, ela acusou a Secretaria de Segurança Pública do Rio de "fabricar a queda de homicídios".

Desde março, após o Ministério da Saúde cobrar explicações, a Secretaria de Saúde e o ISP formaram um convênio para esclarecer os casos de morte de "intenção indeterminada". No entanto, nenhum resultado foi divulgado até o momento. A Polícia Civil do Rio informou que se pronunciará apenas amanhã sobre o estudo. O Ministério da Saúde apenas informou que não recebeu a pesquisa e que a responsabilidade sobre o preenchimento dos registros é dos Estados.

O número de trabalhadores com rendimento médio per capita familiar de até meio salário mínimo caiu de 17 milhões em julho de 2002 para 12,8 milhões em julho de 2011 em seis das principais regiões metropolitanas do País, de acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado hoje. A redução foi de 24,8% no período, segundo o instituto, que se baseou em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para fazer o levantamento.

Neste período de nove anos, a maior redução no número de trabalhadores de baixa renda ocorreu em Belo Horizonte (MG), que passou de 2 milhões para 1,2 milhão de trabalhadores, uma queda de 40,5%. Em seguida aparece Porto Alegre (RS), com uma diminuição de 32,7%, de 1,3 milhão de pessoas para 860 mil. Em São Paulo (SP), a redução foi de 32,5%, de 6,3 milhões de trabalhadores para 4,2 milhões. Em Salvador (BA), a diminuição foi de 16%, de 1,7 milhão para 1,4 milhão. No Recife (PE), a queda no número de trabalhadores de baixa renda foi de 12,4%, de 1,9 milhão de pessoas em julho de 2002 para 1,7 milhão em julho de 2011. O pior resultado foi apurado no Rio de Janeiro (RJ), onde a diminuição foi de 11,3%, de 3,8 milhões para 3,3 milhões.

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Segundo o estudo, a taxa de pessoas ocupadas de baixa renda nas seis regiões metropolitanas (relação entre a população com renda inferior a meio salário mínimo e a população economicamente) caiu 30,7%, de 39,1% em julho de 2002 para 27,1% em julho de 2011. A maior redução ocorreu em Belo Horizonte, onde a taxa caiu 47,6%, de 45,6% para 23,9%. Em São Paulo, a proporção de ocupados de baixa renda caiu 36,9%, de 35,2% para 22,2%. Em Porto Alegre, a redução foi de 36,7%, de 34,6% em 2002 para 21,9% em 2011. Em Salvador, a redução da taxa foi de 32,1%, de 55,2% em julho de 2002 para 37,5% em julho de 2011. No Recife, a taxa caiu 21,2% no período, de 58,1% em julho de 2002 para 45,8% em julho de 2011. No Rio, a queda da taxa foi de 15,3%, o pior resultado entre as regiões, de 33,9% para 28,7%.

De acordo com o Ipea, a região metropolitana do Rio foi a única a apresentar elevação absoluta relativa no número de trabalhadores de baixa renda entre os meses de julho de 2010 e 2011. No período, a taxa de pessoas de baixa renda ocupadas subiu 4,4%, de 27,5% para 28,7%; e a quantidade de trabalhadores aumentou 5,1%, de 3,1 milhões para 3,3 milhões. Também segundo o instituto, no período analisado, a participação relativa das regiões no total da população ocupada de baixa renda caiu em São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte e subiu no Rio, Salvador e Recife.

Apesar do recrudescimento da crise internacional, o Brasil deverá continuar sendo um dos principais destinos para o capital estrangeiro sob a forma de investimentos diretos (IED), de acordo com estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) junto a agentes internacionais. Segundo dados do chamado Monitor da Percepção Internacional do Brasil, o indicador que mede a tendência do País em receber esses recursos passou de 35 pontos positivos em maio para 43 pontos em agosto.

Segundo o Ipea, para 70% dos entrevistados, o Brasil estará entre os cinco maiores destinos de IED no mundo nos próximos 12 meses. Na pesquisa anterior, essa resposta havia sido dada por apenas 56% dos consultados. Em 2010, o Brasil ocupou exatamente o quinto lugar nesse ranking, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China, Hong Kong e Bélgica.

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Na semana passada, o diretor de política monetária do Banco Central, Aldo Mendes, estimou que o ingresso de recursos estrangeiros nessa conta deve chegar à quantia recorde de US$ 70 bilhões em 2011. A estimativa oficial da autoridade monetária - que deve ser revisada no fim deste mês - ainda é de US$ 55 bilhões. Se confirmada, a nova cifra representará um salto de 44,5% em relação ao resultado do ano passado.

A pesquisa também mostra uma melhora da avaliação dos agentes internacionais em relação à condução da política econômica do País. O indicador, que estava positivo em 5 pontos em maio deste ano, passou para 20 pontos em agosto. O movimento reverteu a tendência de declínio nesse índice que vinha sendo registrada desde outubro do ano passado.

Da mesma forma, o indicador que mede a avaliação sobre a inflação chegou à neutralidade (zero pontos) após ter ficado negativo em 24 pontos na pesquisa anterior. Já as perspectivas sobre o crescimento do PIB caíram de 44 pontos para 30 pontos positivos. Segundo o Ipea, 40% do entrevistados esperam uma expansão da economia brasileira abaixo de 3,6%. Ontem, o FMI revisou de 4,1% para 3,8% a estimativa de crescimento do País em 2011, mas a previsão oficial do governo ainda é de 4,5%.

O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, disse hoje acreditar que o Brasil manterá a trajetória de crescimento econômico durante toda essa década. Segundo ele, o Estado selou um "pacto" com o crescimento de modo que o País passou a não aceitar mais, tendo em vista a conquista do eleitorado, "um voo de galinha" na expansão da economia. "O crescimento se manterá principalmente por causa do pacto político que foi construído e que vê no crescimento a possibilidade de expansão de todos, do lucro, do emprego, do salário e, como consequência, dos votos", disse, após participar do debate "Crescimento Econômico e Distribuição de Renda no Brasil", realizado hoje na capital paulista.

Pochmann explicou que o governo hoje oferece garantias à iniciativa privada para dar segurança nos investimentos. "Por meio de suas políticas, o governo diz ao empresário: 'Pode investir que eu garanto energia, mão de obra qualificada e crescimento do mercado interno'", disse, ao afirmar que nem um agravamento da crise internacional vai tirar o Brasil desta perspectiva. "Há um entrelaçamento entre o investidor e o Estado. E as crises nos têm sido favoráveis, porque levou o País a tomar decisões que não tomaria se não fossem as dificuldades econômicas internacionais."

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Nesse sentido, a decisão inesperada do Banco Central no final do mês passado - que reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual para 12% ao ano - pode estar alinhada com o "pacto com o crescimento econômico". De acordo com Pochmann, o BC do governo Dilma Rousseff mostra uma mudança de postura em relação à administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "No governo Lula o Banco Central olhava a inflação do passado. Agora, olha a inflação sob a perspectiva futura", afirmou.

Ele explica que as decisões do BC só terão efeito sobre a economia brasileira cerca de seis meses adiante. "O BC avaliou que o cenário daqui a seis meses é de pressão natural para redução da inflação. E não dá para esquecermos que o ano que vem tem eleição. Viemos de um crescimento de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) ao ano e em 2011 o crescimento deve ser de 3,5%. Qual será o crescimento no ano que vem com o agravamento da crise?", questionou. "O governo da presidente Dilma quer crescer", completou.

Com propostas de renovação do PT paulista e pressões para evitar prévias em cidades estratégicas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a moldar o partido para as eleições municipais de 2012. Depois de liderar, na capital, a campanha pela candidatura do ministro Fernando Haddad (Educação), Lula pretende emplacar o economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Campinas.

Políticos novatos em disputas municipais passam a substituir candidatos derrotados em eleições anteriores, em um movimento de formação de novos quadros. Em Campinas, terceiro maior município do Estado, Pochmann ajudaria o PT local a superar um momento delicado.

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O ex-presidente teme que as denúncias de fraudes na gestão do prefeito cassado Dr. Hélio (PDT) e do atual Demétrio Vilagra (PT) frustrem as pretensões eleitorais do partido na cidade. Pochmann, técnico do Ipea e professor da Unicamp, seria apresentado como nome "anticorrupção". "Ainda não queremos discutir nomes, mas há uma simpatia muito grande pelo Pochmann", afirmou uma liderança do partido, que reconheceu a influência de Lula na indicação.

O apreço do ex-presidente por candidaturas inéditas é reflexo da estratégia de renovação defendida por ele e pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu. Esse pensamento norteou o lobby de Lula pelo ministro Fernando Haddad na capital paulista, em disputa com a senadora Marta Suplicy, que perdeu a última eleição municipal para Gilberto Kassab (hoje no PSD).

Novatos são apostas em outras duas cidades. Em Mogi das Cruzes, o candidato petista deve ser Marco Soares, presidente da OAB local. Em Ribeirão Preto, o partido pretende lançar o juiz aposentado João Agnaldo Donizeti Gandini, que presidiu o processo que acusava o ex-ministro Antonio Palocci de fraudes em licitações quando o petista era prefeito do município.

Lula também decidiu trocar um candidato derrotado por um novo nome em Santo André. O deputado Vanderlei Siraque pretendia disputar novamente o cargo de prefeito, mas foi pressionado a abrir caminho para o ex-sindicalista Carlos Grana, amigo de Lula e frequentador do Palácio da Alvorada na gestão passada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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