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Mensagens de WhatsApp que estavam no celular de Wesley Batista indicam que partiram do próprio empresário as ordens para compra de dólares no mercado futuro, segundo a Polícia Federal. As conversas pelo aplicativo compõem as provas apresentadas para sustentar que o presidente da JBS, valendo-se de informação privilegiada, lucrou indevidamente nos mercados de câmbio e de ações. O celular do empresário foi apreendido na Operação Lama Asfáltica, deflagrada em maio. A pedido da PF, Wesley está preso desde quarta-feira.

Wesley começa a falar sobre operações de dólar no dia 29 de abril, aponta a PF. Na ocasião, ele pergunta a Rafael Harada, diretor de controle de risco da JBS, sobre o que era necessário para iniciar a compra de contratos a termo. "Se nós quisermos voltar a usar, é coisa que tem que aprovar ou é coisa que está pré-aprovado nos bancos?".

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Segundo a PF, o caráter atípico das operações é reforçado pela frase " voltar a usar". A JBS também iniciara compra de contratos futuros de dólar na Bolsa. Esses dois tipos de operação equivalem ao compromisso de compra e venda de dólar numa data futura. Na ocasião, Wesley apostava que o dólar subiria.

No final de abril, Wesley e seu irmão Joesley estavam em estágio avançado de negociação com a Procuradoria-Geral da República e haviam assinado o pré-acordo de delação. Em 3 de maio, foi feita a assinatura formal da colaboração premiada.

As mensagens indicam que Wesley seguiu monitorando pessoalmente o ritmo de compra de contratos de dólar. No dia 5 de maio, ele enviou nova mensagem a Harada: "Como é que ficou Goldman, como é que ficou Morgan Stanley?". No dia 9 de maio, o presidente da JBS e Harada trocam "diversas mensagens" e Wesley determina a compra de mais contratos, diz a PF. "Faz mais os 50mm (milhões) do Itaú e os 140 do Bradesco ainda hoje", ordenou Wesley, após ser informado sobre os limites dados pelos bancos.

No dia seguinte, a JBS intensificou as compras de dólar no mercado. A PF aponta que se tratava da véspera da homologação do acordo pelo STF, que veio dia 11 de maio. Em 17 de maio, a JBS fez mais compras de contratos de dólar. O dia terminou com o jornal O Globo noticiando a delação dos Batistas.

Segundo a PF, como consequência das ordens de Wesley, a JBS elevou sua posição comprada em dólar (apostando na alta) de US$ 77 milhões em 2 de maio para US$ 2,814 bilhões em 18 de maio. Todos os limites oferecidos pelos bancos foram usados, indica a investigação.

Em depoimento antes de ser preso, Wesley disse que as operações ocorreram porque havia entendimento dentro do grupo de que a cotação do dólar subiria. Segundo ele, esse cenário foi apresentado em reunião do comitê financeiro da JBS, que ocorreu em fevereiro ou março.

Ações

A PF também recuperou e-mail que confirmaria ter vindo de Wesley a ordem para comprar ações da JBS no mercado. A mensagem foi enviada por Felipe Bianchi, do setor de risco da JBS, em 24 de abril, dia em que a empresa iniciou um programa de recompra de ações. "Recebemos a ordem do Wesley para comprar o equivalente a 50 milhões de reais em ações da JBS no mercado", disse.

Em nota, a JBS diz que se trata de um jargão do mercado financeiro e que é errado concluir que "ordem de compra" se relaciona a uma "ação mandatória".

A J&F, por meio da FB Participações, que pertence aos Batistas, havia iniciado venda de ações da JBS, a pedido de Joesley, poucos dias antes. Para os investigadores, os irmãos queriam se antecipar à esperada queda no preço das ações da JBS após as revelações da delação, o que eles negam. Em depoimento, Joesley disse que a J&F precisava de dinheiro, por isso, a venda dos papéis. Negou ainda ter combinado com Wesley de vender ações nas mesmas datas que a JBS as comprava.

Os advogados dos Batistas ingressaram ontem com pedido de Habeas Corpus para tentar libertar Wesley. Segundo pessoas próximas, a família aguarda o desenrolar das tentativas de libertação do empresário para definir a nomeação de um substituto no comando da JBS. O advogado Pierpaolo Bottini afirmou: "É injusta, absurda e lamentável a prisão preventiva de alguém que sempre esteve à disposição da Justiça, prestou depoimentos e apresentou todos documentos requeridos". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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