Uma equipe do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) do Distrito Federal soltou uma cobra píton indiana, espécie exótica originária do Sul Asiático, em uma região de cerrado, após confundir o animal com uma jiboia. O caso ocorreu na quarta-feira (6), próximo ao Balão do Periquito, na região do Gama.
A polícia ambiental chegou a publicar a soltura como sendo de uma jiboia (Boa constrictor), serpente não peçonhenta que se reproduz nas Américas e está presente em biomas brasileiros. No entanto, o erro foi apontado por diferentes biólogos nas redes sociais, revelando que o animal era, na verdade, uma píton (Python bivittatus) com mais de dois metros de comprimento e sem família reprodutiva no Brasil.
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A falsa jiboia virou notícia exatamente pelo tamanho, mas isso acontece porque a píton indiana é uma das maiores serpentes do mundo e a segunda maior da sua espécie. A PM informou que a equipe analisou o animal e, como aparentava estar em boas condições, ele foi solto.
O biólogo especialista em cobras e serpentes Henrique Abrahão-Charles, conhecido como “O Biólogo das Cobras”, foi um dos especialistas a alertar sobre o equívoco. De acordo com o profissional, a cobra solta é uma píton “com enorme potencial de invasão”. Confira o vídeo de soltura:
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De acordo com a Fundação Jardim Zoológico de Brasília, a píton indiana tem um padrão de escamas com manchas dorsais quadrangulares alongadas e pode apresentar o padrão albino ou pigmentado, com tamanho médio de 4,5 metros. Apesar da confusão entre as espécies ser comum, a píton não possui o mesmo padrão que a jiboia. Nesses casos, uma espécie invasora, ainda que não peçonhenta, pode desequilibrar a cadeia alimentar do bioma.
A Polícia Militar, que já confirmou as buscas, deve encaminhar o animal a um centro ambiental adequado para averiguar a relocação ou permanência da espécie. Em nota, a assessoria comunicou que a píton é calma e pode ter sido criada em cativeiro. Confira o posicionamento na íntegra:
"A Polícia Militar do Distrito Federal, por meio do Batalhão de Policiamento Ambiental, realiza um trabalho de excelência o qual tem resultado em altos índices de produtividade. Apenas nesses três primeiros meses de 2022, 126 cobras foram resgatadas. Em 2021 foram 512 cobras.
Com o apoio do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetas) e contando, muitas vezes, com a boa vontade de clínicas privadas, o batalhão realiza o manejo desses animais na tentativa de salvar a todos de forma que voltem saudáveis ao seu habitat natural.
O Batalhão, juntamente com o Zoológico e demais órgãos ambientais, já está à procura da Píton. Informamos que a referida cobra era extremamente calma, sendo indício de que era criada em cativeiro. Ressaltamos que alguns estados já estão autorizando o comércio desse animal."